Eu pensei e repensei naquilo que Ludmila acabara de me mostrar. Qual é, aquilo REALMENTE era um ameaça? Esse plano não me parecia realmente inteligente, ainda mais para Ludmila e Jade que tinham um certo talento para o mal.

– Esse plano me parece meio furado, Ludmila. Eu não estou grávida e todos vão ver isso algum dia.

Ludmila me encarou feio, suspirou e então olhou para Jade para falar algo:

– Eu sabia que essa garota era persistente, mas não pensei que chegaríamos ao ponto extremo. Jade, mostra pra ela.

– Tudo bem, garotinha. – Jade falava já olhando para mim. – Se você não quer colaborar conosco, eu vou ter que ser extrema...

– Fala logo o que é Jade. – Eu disse em um tom debochado.

Então para a minha surpresa, Jade tirou algo do seu bolso. Eu não estava nem ligando para a palhaçada daquelas duas quando notei que o que Jade já manuseava era uma arma, e Jade estava realmente com uma cara de psicopata, o que me assustava muito. Quando eu já estava ofegante e no meu extremo medo, ela finalmente começou a falar:

– Tudo bem então, se você não ficar teu namoradinho morre. – Ela finalmente disse, me deixando apavorada. –Mas veja pelo lado bom, se você ficar aqui na Espanha, eu posso poupar a vida dele.

Eu engoli em seco enquanto tentava formular as palavras na minha cabeça.

– Mas por que o León? E o que você ganha com isso, Jade? Aliás, eu ainda não entendi porque você está nessa com Ludmila. – Lágrimas já faziam questão de cair do meu rosto enquanto eu dizia aquilo com a voz mais chorosa possível.

– Ainda não? – Ela disse e então revirou os olhos. – Garota, eu posso até parecer, mas não sou burra. Eu sei que se seu pai voltar para Buenos Aires ele e Angie vão se casar, e teu pai NÃO PODE casar com aquela sirigaita. – Ela disse enquanto rangia os dentes de tanta raiva. – E você sempre foi o meu problema, sempre foi quem atrapalhou TUDO na minha vida, então eu estou pagando na mesma moeda, eu sei que o seu ponto fraco é aquele garotinho ridículo.

– DEIXA O LEÓN FORA DISSO! – Eu finalmente gritei.

Jade deu uma risada maléfica ao perceber que eu já estava alterada.

– E eu quero saber, como você sabe disso tudo? – Continuei falando. - Você sequer esteve conosco durante esse tempo.

– Você tem certeza disso, garotinha? Durante todo esse tempo que vocês estiveram aqui, eu também estive. Logo que soube que vocês iriam se mudar pra cá eu me mudei. Mas lógico, você estava ocupadinha e apaixonadinha demais para perceber que eu estava te seguindo, não é mesmo? – Ela riu mais maleficamente ainda. – Sabe a noite que seu pai esteve na prisão por fraude de documentos? QUEM VOCÊ ACHA QUE O DENUNCIOU? – Ela finalmente gritou. – Tem escutas e câmeras por toda a sua casa, até nas suas roupas, amor.

Eu estava realmente surpresa com o que Jade acabara de me revelar. Aquilo não podia ser simplesmente pelo suposto amor que ela tinha pelo meu pai, aquilo era uma doença, aquela mulher era louca. Então eu engoli o choro e limpei as lágrimas que ainda escorriam em meu rosto, não ia perder a minha dignidade.

– Você é louca. – Eu finalmente disse. – E o fato de permanecermos aqui não significa que o papai vai querer ficar com você, ele vai ficar com a Angie de qualquer jeito.

– Eu não teria tanta certeza disso, queridinha. Quando estamos apaixonados somos capazes de fazer tudo. – Ela me respondeu.

– Isso não é amor, é psicopatia. – Retruquei brevemente.

Ela revirou os olhos.

– De qualquer forma, você já sabe. Qualquer coisa que acontecer com você, ou que você falar, e isso inclui até denuncias para a polícia, eu vou ficar sabendo. Daí você pode dar adeus ao seu namoradinho. E lembre-se que eu não estou brincando, Violetta. E você sabe disso. – Ela disse enquanto já se retirava do local juntamente com Ludmila, que fazia aquele sorriso sarcástico de sempre.

Logo que elas saíram eu não aguentei e desmoronei. As lágrimas caíam do meu rosto involuntariamente e eu sequer conseguia enxergar de tanto que chorava. Eu não chorava simplesmente pela tristeza, ou pela ameaça que acabara de receber, mas sim porque eu me sentia completamente inútil, sentia que dessa vez eu realmente não poderia fazer nada para impedir que essas coisas ruins acontecessem e finalmente ser feliz alguma vez na vida.

Tentei formular os passos que estava dando enquanto ainda caminhava por trás do palco. O que me surpreendeu é que justamente aquela hora NINGUÉM havia aparecido para me defender ou algo do tipo, parecia até que as coisas estavam friamente calculadas. Eu continuava a caminhar por ali quando eu me dei conta de que não conseguiria mais, então meus joelhos falharam e eu caí no chão em prantos, quando eu senti alguém chegando por trás de mim e me abraçando.

POV FRANCESCA

Tudo havia corrido muito bem no show. Todos os alunos do Studio estavam radiantes e felizes devido ao sucesso que havia sido, afinal, aquilo era um gigante passo a frente na nossa carreira. Estávamos eufóricos, comemorávamos incansavelmente enquanto a plateia ainda gritava pedindo bis. Eu definitivamente nunca tive um momento tão feliz na minha vida.

Depois que o show havia acabado, todos os alunos haviam combinado de ir para uma pizzaria a fim de comemorar este último momento radiante juntos, e então nós nos dirigimos para a saída do teatro. Porém o que foi estranho é que nós havíamos deixado León junto com Violetta lá nos bastidores enquanto nós saíamos, mas de repente León me apareceu sem a mesma, e claro, eu não pude deixar de me preocupar.

Dei uma desculpa qualquer para as meninas e adentrei o teatro a fim de achar Violetta. Não caminhei durante muito tempo quando para a minha surpresa, a encontrei caída no chão e chorando como eu nunca havia visto antes, logo eu fiquei MUITO preocupada, pois este era um momento pra estarmos felizes e não era normal estar chorando daquele jeito. Logo eu corri para abraça-la.

– Violetta! Amiga, o que aconteceu?

Pude notar que Violetta ficou assustada ao perceber que havia mais alguém ali, mas se tranquilizou ao me reconhecer. Ao fazer isso, ela não me respondeu nada, só ficou olhando para a minha cara enquanto permanecia chorando.

– Algum problema com León? – Eu perguntei, pois León foi a última pessoa que esteve com ela.

– Não, não é isso. – Ela finalmente me respondeu. – Não exatamente.

– O que foi então? – Eu já estava ficando desesperada.

– Eu não posso falar! – Ela disse aquilo e então tratou de chorar mais.

Então eu pensei bem, se Violetta não podia falar era porque se tratava de algo muito grave, e eu não ia deixar a minha melhor amiga na mão.

– Violetta, fala. – Insisti.

– Não dá, estou sendo vigiada! – Ela sussurrou para mim.

Vigiada? O que ela queria dizer com aquilo? Será que era no sentido literal da palavra? De qualquer forma, eu estava preocupada demais para deixar o assunto de lado, então eu peguei um papel qualquer que estava jogado no chão e uma caneta que havia guardado em meu bolso e a entreguei. Violetta abriu um certo sorriso ao ver aquilo, e então tratou de escrever.

Fiquei esperando algum tempo enquanto ela escrevia, e estava demorando um pouco, o que me deixava preocupada. Depois de um longo tempo, Violetta me entregou o papel de volta, e quando os meus olhos se fixaram nas palavras, eu me surpreendi ao ver que tinha tanta coisa escrita:

“ Amiga, eu não estou falando isso diretamente para você porque tem escutas na minha roupa, eu estou sendo vigiada.

Ok, deixa eu te explicar melhor, mas bem resumidamente... É importante que você não conte NADA do que está escrito aqui para NINGUÉM, isso é caso de vida ou morte, estou falando sério.

A Ludmila está grávida do Tomás – Sim, eu também fiquei muito surpresa ao saber disso. -, e a mesma quer me obrigar a ficar aqui na Espanha para que ela fique aqui junto com ele esconder a cagada dela, mas lógico que eu não tinha aceitado isso, afinal a culpa é deles. Só que então ela se juntou com a Jade para bolar um plano que me obrigasse a ficar aqui, e a Jade se interessou muito, pois ela sabe que se nós voltarmos para Buenos Aires meu pai e a Angie vão se casar em menos de um mês, pois esta era a condição que meu pai tinha dado para voltarmos pra lá.

Você deve estar pensando qual o problema nisso tudo, me deixe explicar.

Jade acabou de me ameaçar. Ela revelou para mim que estava sabendo tudo o que está acontecendo na minha casa – E inclusive sabe que eu pedi para voltarmos para Buenos Aires. -, pois colocou câmeras e escutas por toda parte, inclusive escutas nas minhas roupas, e disse que se eu não obrigar o meu pai a ficarmos permanentemente aqui, ela mata o León, até me mostrou a arma. E ainda teve a cara de pau de me dizer que está fazendo tudo isso por que está APAIXONADA pelo meu pai.

Pelo amor de Deus, Francesca, não conte isso pra NINGUÉM, principalmente para o León. Eu o conheço e sei que ele sairia quebrando tudo, e essa situação é muito delicada. ”

– Ai amiga, eu não sei nem o que te falar... – Eu disse.

Eu fiquei de boca aberta com o que acabara de ler. Tudo estava muito resumido, mas eu compreendi bem o que Violetta quis dizer, e não iria deixar a minha amiga na mão, afinal, ela podia estar sendo vigiada, mas eu não estava. E logo que chegasse na faculdade faria questão de denunciar a Jade, e se tivesse sorte eu poderia usar o bilhete da Violetta como prova.

Fiquei um tempo refletindo e então abracei mais a Vilu. A coitada estava muito triste.

Depois de um tempo ali, ela finalmente parou de chorar e se recuperou. Me disse que não estava com vontade de ir para a pizzaria e então eu a acompanhei até a sua casa. Depois daquilo tudo eu também nem tinha mais vontade de comemorar, então voltei para a faculdade a fim de pensar em alguma estratégia para ajuda-la.

Chegando lá, sentei na minha cama e já fiz questão de pegar o meu celular e olhar na agenda para ver se tinha algum contato que poderia ser interessante, quando eu achei o numero de um amigo do meu pai que era policial. Então me lembrei de pegar o bilhete que Violetta me escrevera para descrever bem a situação para ele antes que eu ligasse.

Então quando eu coloquei a minha mão no bolso a fim de acha-lo, percebi que o mesmo já não estava mais ali. Entrei em choque, eu não podia ter perdido aquele bilhete, ele era a única esperança da minha amiga, e se este tivesse caído em mãos erradas, eu poderia prejudica-la ainda mais. Entrei em desespero ao pensar na possibilidade de eu poder ser a culpada por mais alguma coisa ruim que acontecesse com a minha amiga.