Eu tenho mesmo que me apresentar? Aff, que saco.

Oi, meu nome é Valentina, mas pode me chamar de Val, porque eu ODEIO O MEU NOME! É muito mulherzinha, minha mãe vive querendo me emperequetar, eu odeio coisinhas femininas demais, cresci jogando futebol, brincando com bolinha de gude e pulando muro do vizinho pra pegar a bola com o Bê, Bernardo, o melhor amigo do mundo, crescemos juntos, moramos em frente ao outro, ele sempre esteve comigo em todos os momentos, me ajudando a sair da detenção na escola, tentando consertar as merdas que eu falo, e a maior barra da minha vida, quando eu perdi o meu pai num acidente de carro, foi horrível.

FLASHBACK

Bom, estava eu linda e impaciente esperando o meu papaizinho lindo vir me buscar, já que eu não tinha permissão pra ir pra casa sozinha só por eu ser uma pré-adolescente de 11 anos que pode ser atacada por um estuprador qualquer na rua (palavras da minha mãe), VIDA INJUSTA. Enfim, eu saía 12h30 e já eram quase 13h20, eu tava começando a ficar puta e decidi ir à secretaria pedir que ligassem pro meu pai, porque eu tinha deixado o meu celular voar da minha janela sem querer, me empolguei com o joguinho, hehe sabe como é né, enfim. Cheguei na secretaria e pedi pra Vânia-cara-de-perereca-vencida ligar pro meu pai, aí ela com aquela vozinha de nojo disse que tava ocupada e mandou eu esperar, me controlei pra não mandar ela se f... 

Ela depois de uns 5 longos minutos ligou, só que tava dando caixa postal, fiquei bolada da minha vida e pedi pra ela ligar pra minha casa. Nada feito, ninguém atendia também. PORRA ESQUECERAM QUE EU EXISTO SÓ PODE, pensei e engoli o abandono. Fui em direção a saída e falei com o Mathias, o porteiro mais engraçado que eu conheço, cheguei pra ele e saí mandando bala

– Olha só seu Mathias eu sei que o senhor não gosta muito de mim, mas a situação é a seguinte, meu pai me esqueceu e ninguém em casa me atende, ou o senhor deixa eu sair ou o senhor me alimenta, tem 5 aliens no meu estômago pra serem alimentados, FAÇA ALGUMA COISA HOMEM! – Falei aceleradamente, quase não respirando. Ele simplesmente olhou pra minha cara e disse

– Eu não posso fazer nada. – Olhei pra ele revoltada, e o empurrei, saí correndo da escola em direção a minha casa. Ele ficou me gritando e mandando eu voltar

– MENINA VOLTA AQUI, VOCÊ NÃO PODE SAIR, AI MEU DEUS   DO CÉU 

Ele pirou um pouquinho, e eu saí correndo mas parei na esquina, tive uma crise de riso por causa da cena, meu coração tava acelerado por causa da corrida, fui andando mais devagar e chegando na esquina da padaria tinha um acidente horrível, tinha um carro totalmente destruído e outro capotado. Tava meio zonza por causa da acelerada mas quando fui analisar o carro capotado era o mesmo do do meu pai, eu achei uma coincidência mas quando cheguei mais perto era ele mesmo, reconheci pelo adesivo da empresa do meu pai, que tava todo arranhado, mas era ele mesmo. 

Meu coração acelerou, a única coisa que eu fiz foi sair correndo em direção ao acidente e perguntar o que tinha acontecido e aonde estava o meu pai.

– CADÊ O MEU PAI? CADÊ? O QUE ACONTECEU? O QUE ACONTECEU? – Gritei e depois fraquejei me debulhando em lágrimas, um dos bombeiros tinha vindo me afastar e veio me explicar o que havia acontecido.

– Se acalma, não há mais nada pra fazer, o carro perdeu a direção e se chocou de uma maneira tão forte que fez capotar, seu pai infelizmente não resistiu, quando fomos retirá-lo do carro ele já estava inconsciente, os paramédicos tentaram que ele acordasse com o choque, mas ele não reagiu a nada. Eu sinto muito – Ele disse de forma sutil querendo me consolar. Eu não conseguia ouvir mais nada, meu coração estava em pedaços, desmaiei e acordei na casa do Bê, já era tarde e eu queria continuar dormindo, não queria acreditar que aquilo fosse verdade.

Ele ficou comigo todos os dias, me acompanhou no enterro, me ajudou a comer e tentou me distrair de todas as formas possíveis, não só ele como a Lily e a Mina, esqueci de falar delas, mal aê galera a bonita aqui não tem obrigação de lembrar de tudo só porque vocês tão interessados na minha vida, ih brincadeira, não bola não tá? A Lily e a Mina são da minha sala, Lily é totalmente mãe, chata e controladora, ela acha que é a minha mãe também e vive me dando lição de moral, na boa, eu sei que ela não faz por mal e que eu sou meio piradinha mesmo. Já a Mina é maluquinha igual a eu, ela é a minha companheira de detenção, sempre me defende quando algum professor é mais abusado do que eu e acaba as duas na detenção, ah que que eu posso fazer? Eu odeio que pisem no meu calo, não levo desaforo pra casa não, e não tenho medo de ninguém.

Falando em odiar que pisem no meu calo, quero que vocês fiquem cientes sobre a INSUPORTÁVEL DA FANI, essa garota problemática cisma em implicar comigo, ela tenta me ofender de todas as formas possíveis, só porque eu sou meio largada em relação a moda, não uso maquiagem e uso umas roupas meio largas, não ligo mesmo, uso o que eu sinto confortável e não tô aqui pra agradar ninguém. Não é porque eu uso uma camisa largona que eu deixo de ser mulher, eu hein no dia que ela me pegar estressada ela vai levar uma surra daquelas, ô garotinha insuportável, feia que nem o cão, se acha por causa da sua bunda arrebitada, os meninos todos ficam em cima dela como se ela fosse um banquete grátis, exatamente, os meninos atacam o que é fácil né? Não os culpo não.

Bom a minha mãe se chama Angélica, propositalmente ela é um anjo mesmo, nunca vi pessoa mais doce quanto ela, tirando o fato de que ela tenta de qualquer jeito que eu use um vestido, ela cisma que eu sou linda, mas que devia ressaltar a minha beleza, eu não me acho isso tudo, tenho os olhos cor de mel, cabelo cor de chocolate, meio ondulados nas pontas e meu corpo é normal, minha barriga e coxa são definidas por causa do futebol, ponto pra mim? Não sei, porque eu não tô dando a mínima pra isso, tem mais coisa importante pra eu me preocupar do que com estética, aff, que coisinha inútil.