Muito Bem, Parabéns, Aqui Estamos. escrita por bksbm


Capítulo 4
4º Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Mas ando de saco muito cheio com essas coisas. De repente tô trabalhando num lugar que me obriga a ir contra tudo que penso e sinto. Não sei como resolver tudo isso. Mas tudo bem, tô calmo e ponderado, embora a vontade seja de agredir todo mundo, dizer meia dúzia de verdades e sair pisando duro. Não vou fazer nenhuma loucura.



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Dois meses e meio antes...

“- Eu te amo Kate, e se você se importa comigo, de alguma forma, não faça isso.

- Se eu me importo com você? Você fez um acordo pela minha vida. É a minha vida. Você não tem o direito de decidir.

- Se você continuar com isso, eles é quem vão decidir. Eles virão atrás de você, Kate.

- Deixe que eles venham. Eles mandaram o Coonan, e ele está morto. Eles mandaram Lockwood, e ele está morto. Eu ainda estou aqui, Castle. E estou pronta.

- Pronta para que? Morrer pela sua causa? Isso não é mais uma investigação de assassinato Kate, eles te trouxeram para uma guerra.

- Se eles querem uma guerra, eu lhes darei uma guerra.

- Então acho que não há nada que eu possa dizer. Certo, ahn... Você está certa. É a sua vida, Kate. Pode jogá-la fora se quiser, mas não estarei por perto para ver, então está acabado. Estou cheio.”

            O tom de voz dos dois era assustador. Era como se eles estivessem numa guerra. Uma guerra de sentimentos, de necessidades, de medo e aflição. E foi aquele o ultimo contato nos últimos meses. A discussão sincera e verdadeira os tinha afastado por um tempo.

Dentro deste intervalo de tempo, como de costume, ela já tinha estado literalmente a beira da morte, já tinha sido dispensada e tinha pedido demissão, e tentava incessantemente conversar com ele. Era como se os papéis estivessem invertidos. Como se tudo que ela o fez passar, estivesse voltando de alguma forma.

Nem ela mesma sabia como aquela discussão tinha acontecido. Ele estava certo. O que era aquele ‘segredo’ perto de tudo que ele fez por ela? E no fim, ele estava apenas sendo ele, completamente apaixonado e arriscando sua vida para protegê-la. Mas de certa forma ele também estava errado. Ele tinha sido um idiota, e ela tanto quanto. Mas talvez fosse isso que eles precisassem para, finalmente, abrir os olhos e perceber quem são, e de quem precisam por perto.

Principalmente ela. E talvez Lanie esteja certa. Talvez seja o momento para esquecer-se do mundo e pensar em si. Esquecer-se da opinião dos outros e arriscar a vida de uma forma boa, já que, por quase 10 vezes em quatro anos, arriscar a vida não vinha sendo tão romântico assim. E se não fosse para dar certo, ao menos eles teriam tentado e dado a chance para que o destino os fizesse descobrir a verdade.

A única coisa que passava pela sua cabeça era aquela frase: “Estou cheio”. Durante todo esse tempo, foi sempre sobre ela. Sobre os problemas dela, sobre a necessidade dela de ajuda, sobre os riscos que ela corria, e como ele mesmo disse, ele sempre esteve ali. Como assim ele estava cheio? Durante meses a pergunta se repetia constantemente. Estava cheio dela? Sim. Talvez não a quisesse encontrar nunca mais. Talvez ela devesse desistir. Mas não – ela pensou – ele teria desistido? Se não desistiu depois de tanta coisa, por que ela deveria desistir por uma discussão, mesmo tão séria quanto aquela? Era sua chance de correr atrás e mostrar que ela não era tão fissurada pelo seu ‘crime não resolvido’ a ponto de abrir mão da companhia dele.

Para ele, a discussão tinha uma perspectiva diferente. De fato, não existiam mais segredos entre eles. Sua consciência estava mais leve, mas não seu coração. Vê-la ignorar seu senso protetor fazia tudo mais pesado, o deixava ainda mais preocupado. Mas era assim que ela queria, não era? Ele tentou. Estendeu os braços mais uma vez, e ela o empurrou ainda com mais força. Seria difícil, mas não impossível.

O arquivo estava apagado, e era o primeiro passo para tirar os pés da vida dela. Naquele momento, ao seu redor havia apenas as luzes da sala refletindo no loft. Os vestígios da beca de formatura da Alexis, enquanto ela aproveitava com os colegas o dia da formatura. Sua mãe nos Hamptons, provavelmente ensaiando mais alguma de suas produções. E ele ali. Sozinho.

Lembrou-se do começo da semana, quando a convidou para assistir um filme com ele naquele dia. E ela tinha dito que adoraria ir. Ele tentou, mas esconder a surpresa não era tão fácil assim. Ela sabia. E, obviamente, ele sabia que ela sabia. Porém, daí a dar um passo como esse, ainda havia muito caminho.

Lembrou-se novamente da briga. Das palavras grossas e desconsideradas que tinha ouvido. Lembrou-se de ter aberto o seu coração e ter-se feito vulnerável, mesmo quando sabia que ela não daria a mínima. E viu seu telefone tocar novamente. O dedo parou próximo ao botão verde, como todas as outras vezes, e mais uma vez desviou no ultimo momento.

Dali em diante, não foram poucas as tentativas e as quase respostas recebidas. Não foram poucas as horas em que pensaram um no outro, e no que poderiam estar fazendo se tudo estivesse bem. Não foram poucas as perguntas de: “Nenhuma resposta?” ou “Ainda não conversaram?”. Muito pelo contrário. Parecia que um redemoinho de pessoas tentava aproximá-los a cada segundo, porém o que deveria ser o centro estava fora de órbita.

E, depois de todo esse tempo, só o futuro diria o que poderia acontecer. Era hora de arriscar de verdade. Arriscar sorrindo e com a certeza de estar fazendo a coisa certa. 


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