“Prefiro ser maluco e viver minha própria realidade do que ser normal pra viver a realidade dos outros...”

POV CLARIE*

Eu podia sentir cada parte do meu corpo doer, cada músculo gritar de agonia, minha cabeça latejava de dor, meu estomago pulava, implorando por comida.

Abri meus olhos lentamente, e fixei as sete bandejas de comida que “ele” me trouxe, eu me recuso á comer qualquer coisa que venha “dele”, não, Rose me ensinou a ser forte, e eu morrerei, mas não comerei nada que venha “dele”.

Gemi alto ao tentar me levantar, meu corpo estava tanto tempo parado, que por breves segundos, esqueci como fazer para andar, ou falar, a ultima vez que falei foi á...Seis dias atrás, eu não pronunciei nenhuma frase desde então.

—Clarie...Princesa. —Ouvi “ele” cantarolar meu nome, e pude ver a imagem “dele.”—Você não comeu...—“Ele” disse fixando as bandejas, fazendo uma afirmação, depois me olhou com um olhar de raiva, eu automaticamente me levantei e me encolhi no canto daquele cubículo. —Porque você não comeu ?

Abaixei minha cabeça, e a cobri com minhas mãos, eu podia senti “ele” se aproximando, e isso me deixava mais agitada e com medo, logo senti “ele” se sentar ao meu lado e suspirar profundamente.

—Responda Clarie. —“Ele” ordenou com um tom de voz suave.

—Não estou c-com fome...—Sussurrei com a voz meio rouca, fiquei tanto tempo com minha boca fechada, que acho que se fosse possível minha garganta estaria empoeirada.

—Não esta com fome?...Não seja orgulhosa igual sua irmã Clarie, sei que esta morrendo de fome, coma. —“Ele” disse se levando, pegando uma das bandejas, e a trazendo para mim.

—Não...—Murmurei fechando meus olhos, meu estomago roncou ferozmente.

—Coma. —“Ele” ordenou dessa vez com a voz carregada de ódio e impaciência.

—Eu realmente não estou com fome...—Falei sussurrando levantando minha cabeça para encará-lo, e acidentalmente lagrimas rolaram molhando minha face.

—Oh criança...Não precisa resistir para mostrar que é teimosa e forte igual sua irmã...Agora coma, ou eu mesmo irei obrigá-la a comer. — “Ele” disse com a voz impaciente.

Fixei a bandeja e analisei os alimentos, um pedaço de carne que não identifiquei qual era, uma porção de arroz com feijão e salada, um copo de algum liquido laranja, e uma garrafa de água.

Logo meu instinto de sobrevivência falou mais alto e eu ataquei aquela bandeja, eu podia sentir os alimentos batendo em meu estomago que ficou vazio por tanto tempo, e isso causava uma dor desconfortável, mais a fome falava mais alto, então ignorei a dor e continuei comendo, comendo e comendo, sem em importar se tinha mostrado fraqueza, eu sou fraca, nunca vou ser forte o bastante como Roselie, eu sou uma criança, mais um dia, serei igual a Roselie.

Será que haverá “um dia” para mim, quer dizer...Quanto tempo eu vou durar? Quanto tempo eu ficarei aqui? Será que a Roselie vai vim me salvar? Ou ela já esta convencida de que eu estou morta?...

POV ROSELIE*

Acordei com um par de mãos me balançando e uma voz feminina me chamando, por breves segundos pensei ser minha mãe, mas a pessoa que me chamava me xingou de vadia e mandou eu acorda, então com certeza não é minha mãe.

Me virei e fiquei surpresa ao ver quem estava ali, eu esperava que fosse Amber, ou Isa...

—Megan ?! —Falei sussurrando surpresa, esfreguei meus olhos para acordar e me certificar de que não era um sonho...Ou pesadelo.

—Caramba, ate que enfim consegui te acorda ! —Megan disse levantando as mãos para cima, como se tivesse descoberto a cura para o câncer.

—Como sabe aonde moro? E como entrou aqui? —Falei me levantando, olhando para o relógio, ainda era cedo...Muito cedo.

—Braian me falou aonde você mora, e sua mãe abriu a porta para mim, agora vai tomar um banho e se arrumar, daqui a pouco temos que ir para a escola. —Megan disse pegando o ursinho que Clar havia me dado.

—Daqui á pouco? Falta duas horas para o portão da escola abrir...Você me acordou duas horas mais cedo...Cara...Você é uma vadia.—Falei incrédula, me levantando e indo em direção ao armário.

—Sem elogios Roselie, vou esperar lá embaixo. —Megan disse fixando rapidamente meus braços que estavam descobertos e deixavam minhas cicatrizes á mostra, logo ela desviou o olhar e saiu do quarto.

Suspirei cansada dessa reação de, “Tadinha dela”, abri o guarda-roupa e fixei as roupas...peguei uma calça jeans escura, uma blusa preta de manga cumprida com o desenho de uma caveira dourada no centro, peguei minha jaqueta de couro preta e meu all star preto com bolinhas brancas.

Entrei no banheiro e me despi, liguei o chuveiro e entrei embaixo da água, o ardor dos cortes rapidamente surgiu, só que dessa vez era suportável e fraco, me perguntei, quando será que os cortes iram cicatrizar?

Logo eu já estava me secando, fixei a lâmina e por segundos podia jurar que a ouvi me chamando, balancei minha cabeça e coloquei a calça jeans, depois a meia e o sapato, coloquei o sutiã e a blusa de manga cumprida com a caveira dourada no centro, joguei a jaqueta de couro preta por cima, deixando a mesma aberta, deixando assim a caveira dourada da outra blusa á mostra.

Sai do banheiro e fui em direção á cômoda, escovei meu cabelo com a escova que estava em cima da cômoda e os deixei solto, passei lápis, rímel e blush bem forte como sempre, fui ate o espelho e fixei meu reflexo...

É...Ate que eu estava apresentável, peguei meu skate e meu Ipod, desci as escadas e ouvi vozes.

—Bom dia filha. —Minha mãe disse sussurrando, sorrindo.

Olhei para ela e senti a tristeza me invadir, ela estava horrível, cabelos embranquecidos e fracos, estava quase careca, pele pálida, tão pálida que eu conseguia ver suas veias, seus olhos mostravam o tanto que ela estava cansada, olheiras fundas, tão fundas que chegavam a formar crateras embaixo de seus olhos, sua boca estava ressecada e rachada, ela também estava magra...Muito magra, eu conseguia visualizar cada osso...

Ela esta morrendo...

—Oi mãe...—Foi só o que consegui dizer, a idéia de que eu perderia minha mãe me perturbava.

Sorri para ela para lhe mostrar que eu estava bem, fui ate a cozinha e abri a geladeira, peguei duas maçãs e andei ate a sala, joguei uma para a Megan, e a mesma murmurou um obrigado, sorri e liguei a TV, estava passando jornal, eles estavam falando sobre desgraça e tragédia... “QUE NOVIDADE” (Isso foi ironia)

—Amber e Isa disseram que vão te encontrar na escola. —Megan disse assim que acabou de devorar a maçã.

Assenti e dei a ultima mordida na maçã, olhei no relógio e faltava uma hora para o portão abrir, mais eu queria sair de casa logo, continuar vendo minha mãe assim estava me deixando agitada e com medo, só de saber que á qualquer momento ela vai me deixar...

—Vamos? —Perguntei jogando a maçã no lixo e apanhando meu Skate.

—Agora? Mais é muito cedo. —Megan disse juntando as sobrancelhas confusa.

—Vamos logo. —Murmurei pegando no braço dela e a arrastando ate a porta. —Tchau mãe. —Acenei abrindo a porta.

—Tchau Sra. Wengs ! —Megan disse sorrindo.

Ouvi minha mãe sussurrar um “tchau queridas”, joguei o Skate no chão e comecei a andar em cima dele lentamente, porque megan estava comigo.

—Então megan, porque você veio ate a minha casa e me acordou ? —Perguntei sem rodeios, afinal, ela não iria na minha casa me acordar só porque gosta de mim, tem algo á mais nisso.

—Oras, porque eu gosto de você, é tão difícil de acreditar assim ? —Mergan perguntou fingindo um tom ofendido.

—Você vai continuar fingindo ou vai falar logo o real motivo? —Falei revirando os olhos, pegando o Skate na mão e andando normalmente ao lado de Megan.

—Ta bom...É que eu quero saber coisas sobre o Hugo, e você é a única que o conhece bem o suficiente para me ajudar.—Megan disse sorrindo feito boba, fixando o vazio.

—Ta falando sério? Deixa eu ver se eu entendi...Você venho ate a minha casa, me acordou duas horas mais cedo atrapalhando meu precioso sono, só para me perguntar uma coisa que você poderia ter perguntado na escola !? É isso mesmo!? —Perguntei indignada, parando de andar, automaticamente Megan também parou e me encarou.

—Nossa, do jeito que você fala ate parece que eu fiz alguma tragédia catastrófica. —Megan disse revirando os olhos, suspirando logo em seguida.

—Atrapalhar o meu sono é uma tragédia catastrófica ! —Falei gesticulando com as mãos, meu qual é o problema dessa garota !?

—Roselie, é serio, eu preciso mesmo saber mais sobre o Hugo eu...Gosto dele. —Ela falou meio hesitante em um tom de súplica.

—Oh...Ta, o que quer saber? —Falei suspirando derrotada.

—Tudo, quero saber a cor preferida dele, comida preferida, o que ele ouve, o que ele assiste, o que ele pensa sobre o mundo, quero saber sobre a família dele, sobre o passado dele, o que ele gosta de fazer, o que ele não gosta de fazer....—Megan disse jogando uma torrente de coisas em cima de mim, me deixando desnorteada.

—Ta, calma, Megan, Respira. —Falei tapando a boca dela, suspirando.— Ta bom...A cor preferida do Hugo é Azul, ele ama lasanha, apesar de ele ter um visual meio gótico, ele não gosta de musicas deprimentes, ele gosta mais de pop e musicas agitadas, ele gosta bastante de assistir á programas de comédia, ele odeia baladas, ele é do tipo que prefere assistir filme agarradinho, a família dele é do tipo que parece que saiu da TV, sabe a mãe sempre com avental e cozinhando comidas exóticas, o pai é empresário e só vem para a casa de noite, sempre com um sorriso e dizendo que ama sua família, a irmã dele é a típica filha perfeita, estuda, faz serviço comunitário, faz caridade, é um saco...Ele gosta de meninas que conseguem misturar romantismo com ironia, ele gosta de meninas que são carinhosas mais não muito pegajosas, ele odeia meninas ciumentas, ele é super divertido, e adora ver os outros rindo... —Falei voltando a andar devagar, sorrindo á cada detalhes que eu relatava á Megan.

—E o passado dele? —Megan disse com uma cara de paisagem.

—Bom...Isso eu prefiro deixar para que Hugo te conte...Sabe, eu acho que se ele realmente gosta de você, ele vai confiar em você o bastante para lhe contar o passado dele.—Falei voltando a ficar seria, afinal, Hugo era um “capanga” de Dereck que é irmão de Megan, suponho que quando ela souber...As coisas iram mudar entre Hugo e ela.

—Tudo bem...Acho que posso esperar.—Megan resmungou sorrindo logo em seguida.

Assenti e voltei a andar sobre o Skate, Megan falava, falava e falava, serio eu estava preste á dar um soco nela para que ela calasse a boca, minha cabeça já esta explodindo, será que ela nunca cansa da falar e falar!?

Assim que chegamos ao portão da escola eu desejei que um buraco se formasse para que eu pudesse me enfiar dentro...Eu avistei Amber e Isa, elas estavam rindo e conversando com o...Peter.

É, Peter estava ali, sorrindo ironicamente quando Amber falou alguma coias que fez Isa corar.

“Caramba...Peter esta diferente.”

Estava usando calças jeans escuro, uma blusa de manga curta apertada, deixando seus músculos á mostra, estava usando uma corrente dourada com uma caveira no centro, confesso que amei o colar, uma pulseira no pulso escrito, estava com um visual um pouco diferente do visual que ele usava antes....

—Roselie, esta tudo bem? —Megan perguntou me fixando com um olhar de preocupação.

Só então percebi que eu havia parado de andar, eu estava tremendo, mais não de medo, e sim de outra coisa que não consegui identificar, uma sensação de...Vontade de abraçar Peter e implorar perdão.

—To bem...Eu tenho que ir ao banheiro. —Sussurrei em um fio de voz, andando em direção á porta de trás da escola, aonde é a entrada dos funcionários.

—Não pode fugir para sempre dele, Roselie. —Megan falou percebendo o real motivo pelo o qual eu não queria entrar pelo o portão principal.

—Não estou pronto...E eu preciso mesmo ir ao banheiro. —Falei sem me virar para encará-la, eu preciso sair dali.

POV AMBER*

Peter estava encabulando Isa, falando que um tal de Fernando estava afim dela, Peter estava um pouco mais...Sei lá, solto talvez?

Ele estava usando a ironia muito freqüentemente, logo o Peter que sempre evitava a ironia,ele falava que a ironia escondia os reais sentimentos.

—Peter você esta brincando comigo, e isso não é legal. —Isa disse fazendo uma cara de irrita para Peter que a encarava com um sorriso fraco.

—Estou falando serio Isa, Fernando te chamou para sair, ele é meio...Tímido e me pediu para te entregar esse recado, agora a questão é você aceita ou não? —Peter perguntou parecendo impaciente com a inocência de Isa.

—Ta...Ta eu aceito. —Isa disse empolgada e envergonhada ao mesmo tempo.

—Ninguém merece...—Resmunguei revirando os olhos.

—E então...Cadê a Wengs ? —Peter perguntou com a expressão sombria.

—Você quis dizer a Roselie?...Bom não sei, Megan disse que iria ir na casa dela hoje. —Falei franzindo o cenho com o sorrisinho de desgosto que nasceu na face de Peter.

—Bom, a Megan esta ali, mais a Roselie não. —Peter disse apontando para Megan que se aproximava de nós.

—Oi povo, e ai Peter ta diferente, gostei do visual, —Megan disse sorrindo, nos cumprimentando com beijos na bochecha.

—Obrigado. —Peter murmurou sorrindo se sentindo o galã.

—Onde esta Roselie ? —Perguntei a procurando com os olhos.

—Foi no banheiro. —Megan disse me lançando um olhar, e percebi que ela havia fugido isso sim.

—Banheiro? Pena, queria ver o olhar dela. —Peter disse por breves segundos ficando serio, mais logo em seguida sorrindo ironicamente de novo.

—Olhar? Como assim? —Isa perguntou confusa.

—O olhar de traidora...—Peter falou sorrindo ao ver alguém atravessando a rua.

—Oi gente...—Braian murmurou fixando Peter com intensidade.

—Oi Braian, nossa, você esta horrível. — Megan resmungou fazendo uma careta.

E ela tem razão, Braian esta com olheiras profundas, pele pálida, quem o vê assim tem a nítida impressão de que ele não dormiu o suficiente.

—Obrigado pela a sinceridade Megan. —Braian murmurou, forçando um sorriso.

—De nada. —Megan murmurou não notando a ironia no tom de voz de Braian.

—Noite ruim Braian? —Peter perguntou com sarcasmo.

—Um pouco, mais tudo bem, faz parte. —Braian perguntou com a expressão serio, o clima ficou tenso entre nós.

—É, como ser traído pela a sua namorada e seu melhor amigo...Mais tudo bem “Faz parte”.—Peter disse sorrindo com desgosto, repetindo a frase de Braian e fazendo aspas. —Tchau meninas, vejo vocês na sala. —Peter disse acenando, ignorando o desconforto estampado na cara de Braian.

—Gente. —Megan disse olhando para os lados, com os olhos arregalados.

—Pois é, te apresento o novo Peter. —Murmurei sorrindo com desgosto.

—Gostava mais como ele era antes...—Megan murmurou, puxando eu e Isa para dentro da escola, Braian nos seguiu com a expressão cansada.

POV ROSELIE*

Ta, vocês devem estar pensando, “A Roselie é uma covarde fugindo do Peter desse jeito”, não me julguem ok? Eu só não estou pronta para enfrentar Peter agora, primeiro eu quero fazer outra coisa, depois vou falar com Peter, primeiro eu preciso...Acertar umas contas.

Sai do banheiro e vi que todos já estavam indo em direção ás salas de aula, segui o trajeto ate minha sala, e assim que entrei todos os olhares viraram em minha direção, eu podia sentir o ódio estampado na cara de cada um...ótimo !

—Droga...—Sussurrei indo em direção ao meu lugar de cabeça erguida.

Assim que me sentei Amber, Isa Megan e Braian chegaram, todos eles estavam sorrindo e falando sobre algo que não quis saber o que era, o que me deixou puta de raiva é que ninguém olhou para Braian com raiva...Que injusto, afinal ele também traiu Peter !

Isso é tão...ARGH !

—Oi Princesa. —Braian sussurrou no meu ouvido, se sentando logo em seguida ao meu lado.

Sorri fracamente, já que percebi que olhares raivosos estavam sobre mim, bufei e coloquei minha cabeça entre as mãos, hoje vai ser um dia muito, muito longo...

—Bom, então, a guerra da vacina não era assim tão...Boa para a sociedade. Alguém concorda comigo ? —A professora de história perguntou, anotando algo no quadro negro, ou lousa, como preferirem.

—Braian. —Sussurrei virando a cabeça sutilmente para ele que prestava atenção na aula.

—Fala?—Ele disse olhando para mim com um pequeno sorriso dançando no canto dos lábios.

—Eu preciso que você faça um favor pra mim. —Falei sorrindo maliciosamente.

—Que tipo de favor? —Braian perguntou levantando uma das sobrancelhas desconfiado.

—Chame a Layla para ir para fora da sala, disfarçadamente, para que a professora não perceba, depois, leve ela para a sala 18, é uma sala abandonada da escola ninguém nunca vai lá, enrole ela, e distraia ela, eu vou logo em seguida. —Falei fixando Layla que lixava as unhas, distraída;

—Para que? O que você vai fazer Roselie? —Braian perguntou agora serio, com o cenho franzido, não gostando nada daquilo.

—Confia em mim ta legal? Mais eu não quero que você toque nela ouviu? —Falei apontando acusadamente para ele.

—Ok...—Braian disse revirando os olhos.

—To falando serio, nada de tocar nela, nem beijar ela, nem cheirar, olhar, e muito menos pensar em como seria beijá-la, ta ouvindo Braian Christopher Albuquerque !? —Falei cruzando os braços, o olhando com um olhar acusador.

—Calma, tudo bem...—Braian disse levantando as mãos em forma de rendição, e logo em seguida começou a rir.

—Ta rindo do que? —Perguntei confusa, descruzando os braços.

—Você fica linda quando esta com ciúmes. —Braian disse agora sorrindo.

—Não to com ciúmes !! —Falei mais alto do que eu queria, atraindo alguns olhares para mim.

Braian sorriu e virou para frente, bufei e me virei também, a aula passou normalmente, a professora falava e falava sobre guerras e mais guerras, como se alguém quisesse saber sobre aquilo PUF, minhas unhas batucavam a mesa, meu pé não parava quieto,meus lábios estavam vermelho de tanto que eu os mordia, eu estou muito ansiosa.

Olhei para o Braian e ele olhou para mim, assenti levemente e ele piscou para mim, respirando profundamente.

—Professora, posso ir ao banheiro? —Braian perguntou sorrindo para a professora, talvez sorrindo mais do que devia.

Céus, o que ta acontecendo comigo !

“Ciúmes querida, ciúmes”

Vai se danar Pilha, eu não to com ciúmes !

—Claro querido, pode ir. —A professora disse sorrindo terrivelmente para Braian.

—Mais que vadia...—Resmunguei cruzando os braços.

Vi Braian levantar e dar uma ultima olhadela para mim, logo ele se abaixou perto de Layla e sussurrou algo no ouvido dela, Layal se remexeu e deu um beijo na bochecha de Braian, logo ele saiu da sala, Layla se virou, e deu uma olhada do tipo “Viu vadia, ele me ama”.

Mais, essa garota ta pedindo pra morrer !!

“E agente vai atender ao pedido dela com prazer !”

Eu vou espancar ela, afogar, enforcar, queimar, cortar, esfaquear e depois, só depois matá-la.

“Bom, provavelmente ela morreria no espancamento mais...Tudo bem, continue, não quero ser estraga prazeres”

Revirei os olhos e percebi que Layla esperou alguns segundos e então fez o mesmo pedido que Braian havia feito para a professora...Falta de criatividade, sorri ao ver ela saindo da sala, logo meu sorriso sumiu ao pensar que Braian poderia tocá-la.

Se ele fizer isso, mato ele junto com ela !

“Serio, você tem que parar de assistir Revenge !”

POV BRAIAN*

Cheguei á sala 18 e me sentei em um cadeira qualquer, coloquei meus cotovelos apoiados nas pernas e fechei minhas mãos em punhos, eu vou mesmo participar disso? Não sei o que Roselie pretende com isso, mais não irei admitir que ela passe dos limites,por mais que eu queira.

—Amor? —Ouvi alguém sussurrar assim que abriu a porta.

—Aqui Layla. —Acenei, forçando o meu melhor sorriso.

—Braian...Nunca pensei que você me chamaria para ficar sozinha contigo. —Layla falou vindo na minha direção.

—Pois é, nem eu. —Falei sorrindo e me levantando.

—Estou tão feliz, finalmente largou aquela vadia. —Layla disse vindo me abraçar.

Meu instinto foi me afastar, mais minha mente me fez ficar imóvel, sentir os braços de Layla enroscados em mim me deu náuseas, balancei a cabeça tentando me concentrar, tomara que Roselie não demore muito.

—Também..To...Feliz. —Falei mentindo, a afastando de mim delicadamente.

Layla sorriu e acariciou minha face, OH NÃO, eu conheço muito bem esse olhar, eu sei o que ela vai fazer...Ela vai...Me beijar.

Arregalei meus olhos ao vê-la fechando os olhos e se aproximando mais de mim, o que eu faço agora? Se Roselie chegar e ver isso, ela vai surtar.

—Layla...Acho melhor irmos devagar. —Falei me desviando dela.

—O que? Como assim? —Layla perguntou visualmente irritada com meu desvio.

—Primeiro vamos começar com uma amizade, sabe, eu nem te conheço direito. —Falei passando minha mão na nuca, sorrindo desajeitado.

—Conhecer? Braian, desde quando você precisa disso? —Layla disse colocando as mãos na cintura.

—Desde que eu mudei, vai, me conta sobre você. —Falei fixando o chão, concluindo que eu realmente mudara, se fosse antigamente, eu teria agarrado Layla e teria tirado proveito disso, mais agora, não, eu realmente mudei....Só me resta saber se isso é bom ou não.

—Ta...Gosto de rosa, minha comida preferida é macarronada com ervilhas, gosto de assistir filmes de romance, não curto esse lance de ser a garotinha perfeita, mais também não sou rebelde, meus pais moram na Florida, e só vejo eles uma vez por mês, moro com meu tio, não trabalho porque sou rica, quero fazer uma boa faculdade, e seguir a carreira do meu pai, empresária, quero casar e ter dois filho, uma menina e um menino, e...Gosto de você.—Layla disse se aproximando de mim, com um sorriso calmo no rosto.

Ótimo, lá vem ela querendo beijo de novo, essa garota é insistente, meu Deus !

—Layla. —Resmunguei a segurando pelo o ombro.

—O que foi Braian? O que ta acontecendo? Porque não quer me beijar? Você nunca foi assim...—Layla falou me fixando como se eu fosse um estranho.

Suspirei e a fixei nos olhos, se eu a beijasse ganharia mais tempo, mais Roselie foi muito clara em relação á isso, mais se eu não a beijasse agora provavelmente ela iria embora...

Eu sei que vou me arrepender por isso...

Em questão de segundos, meus lábios já estavam colados aos dela, Layla no começo ficou sem reação, mais logo começou a retribuir, tentei pensar em Roselie, pensar que era Roselie quem eu estava beijando, mais eu sabia que não era a Roselie, beijar uma pessoa sem interesse é a pior coisa do mundo, pode acreditar.

—BRAIAN !! —Ouvi alguém gritar, me separei de Layla rapidamente e encarei quem estava ali na porta.

Droga !

—Roselie...—Falei olhando para Layla que tinha um sorriso de satisfação, olhei para Roselie que tinha os olhos transbordando raiva, os punhos cerrados, e me encarava como se fosse me matar ali mesmo.