Os Mortos Também Amam - Livro 1 escrita por Camila J Pereira


Capítulo 37
Desejo de Transformação


Notas iniciais do capítulo

Espero que voltem a ler a fic.
Decidi terminar de postá-la com as modificações que disse qu efaria no início.
Espero encontrá-los novamente aqui.
Beijos



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Estavam todos concentrados nos detalhes da execução do plano que se formava. Bella desconfiou da super empolgação de Alice, provavelmente por ter uma festa a vista. Aquela sua amiga era mesmo de outro mundo. Pelo menos se sentiu confiante, pois pela empolgação dela sabia que até então o plano daria certo, caso contrário, não a veria tão feliz. Todos estavam discutindo bebendo o whisky que foi servido por Esme. Damon estava inclinado para frente e tinha libertado a mão de Bella.

Ela viu a garrafa da bebida em sua frente e a pegou, desejosa de um gole. A quanto tempo não bebia? Lembrou-se da festa de Ângela, a que tinha preparado em surpresa com Jéssica. Sentiu saudades das amigas e mais vontade de dar um longo gole. Pegou um copo vazio para se servir.

– O que pensa que está fazendo? – Stefan perguntou severo. Ela ergueu o olhar e viu que Helena também a estava observando.

– Só um pouco. – Ela afirmou dando de ombros. Mesmo com o olhar desgostoso do tio ela se serviu de uma dose.

– Bella, já falamos sobre isso. – Stefan insistiu.

– Stefan, ela não está bebendo a garrafa toda. – Damon contemporizou.

– Ainda sou eu o responsável pela educação dela. – Stefan disse duro.

– Que exagero. – Falou e levantou-se indo em direção a cozinha, mesmo caminho que viu Edward fazer a um minuto atrás.

– Deixe-a um pouco. – Ouviu ainda a voz de Damon falando com seu tio.

Ela caminhou bebendo o whisky até chegar à soleira da porta da cozinha e se recostar olhando Edward de costas preparando alguma coisa. Nossa... Edward parecia tão mais hot! Ombros largos, costas bem definidas e o bumbum... Ops! Que nojo! Isso foi quase um incesto! Será que o whisky já estava fazendo efeito? Estava tão fraca para bebida assim?

– Também não gosto que beba. – Ele falou sem se virar. Ela suspirou chateada pelo rumo da conversa.

– Ás vezes vocês parecem os chatos que Damon tanto diz. – E então foi a vez dele soltar o ar. Ela tinha sempre que tocar no nome dele? - Não é tipo... Estou me embebedando. É só um copo. – Ele então virou para encará-la, já sabendo o que sentiria ao fazê-lo. Sim... Seu coração vacilou.

– Sim, é só um copo e não está bêbada, mas já esteve... Algumas vezes. – Afirmou mostrando em cada linha de seu rosto o quanto desaprovava aquela atitude dela.

– O seu dom de ler a mente dos outros, pode ser um saco. Por que você não pode ficar longe das mentes dos meus tios e de todas as lembranças que você desaprova?

– Ás vezes, eu gostaria muito de me tornar ignorante sobre tudo o que faz. De qualquer maneira, isso é impossível. – Ele virou novamente e levou até o pequeno balcão um prato com um sanduíche que parecia muito apetitoso e um copo com suco. – Não está com fome? – Falou atencioso e Bella sentiu seu estômago reclamar.

– Muito! – Ela sentou-se e trocou o copo de whisky pelo suco e sanduíche. Edward bebeu o resto do líquido que ela deixou. – Delicioso... – Ela saboreou o lanche e ele riu, sentando-se ao seu lado.

Quando estava quase acabando ela se lembrou de por que ter procurado Edward naquele instante. Queria saber o que se passava com ele. Seu rosto tornou-se compenetrado ao analisar Edward ao seu lado olhando para o nada e limpou os lábios em um guardanapo que ele teve a delicadeza de dispor.

– Ed, o que está preocupando você? – Ele a encarou meio surpreso.

– O que a faz pensar que estou preocupado?

– Eu sinto que está. – Ela afirmou parecendo óbvio.

– Não estou. – E lá estavam seus lábios em linha reta comprimidos. Ela olhou em seus olhos verdes, tinha uma mensagem neles, mas não sabia codificá-la.

– Está mentindo. – Da maneira que falou, ele não tinha nem como negar. Ela sabia que estava mentindo, da mesma forma que ele sabia que ela escondia algo.

Edward aproximou-se dela e com carinho pôs uma mecha rebelde de seus cabelos por trás de sua orelha. Ele aproveitou e roçou o seu dedo polegar em toda a extensão de sua orelha. Bella arrepiou-se, aquilo tinha sido... Bom.

– Preocupo-me com você. – Começou baixo e intenso. – Não é fácil para mim, vê-la em perigo o menor que seja. Também não é fácil ter que lidar com todos os pensamentos a volta. –Ele fez um gesto com a cabeça apontando para a sala. – Porque todos te amam e estão também preocupados. E é quase impossível... – Ele iria falar ‘vê-la nos braços de outro’, mas preferiu mudar um pouco o rumo da conversa. – É quase impossível para mim, vê-la se colocando em perigo.

– Não estou me colocando em perigo. – Ela mentiu, ele riu torto.

– Também sei quando está mentindo. – Bella desviou do olhar dele olhando para o chão, mas Edward tocou em seu queixo com o indicado para que ela o encarasse. – Alice teve um deslize e eu vi. – Bella ficou curiosa e um tanto preocupada com o que as lembranças da amiga revelaram. Edward pegou um guardanapo e mexeu no bolso da calça tirando uma caneta, escreveu e depois virou para que ela lesse. “Eu sei sobre o penhasco”. Ela o encarou, estava um pouco envergonhada. Pelo menos parecia que ele não queria revelar nada aos seus tios.

– Foi legal. – Sussurrou incerta. Ele balançou a cabeça em negação.

– Eu tenho um pressentimento e espero estar errado. – Via-se angustia nos olhos dele. – Por favor, Bella, nunca ceda a nada que Klaus venha impor a você. Mesmo que ele ameace seus amigos, mesmo que ameace a nós. Porque nada é mais importante que você. – Olhando para ele e vendo todo o seu desespero em pedir aquilo a fez sentir-se uma traidora, mas talvez não fosse tudo preto no branco, pois da mesma maneira que ela era importante para eles, eles eram para ela.

– Eu discordo. – Ele franziu levemente o cenho. – Nada é mais importante que vocês. – Edward acariciou o rosto dela com carinho e foi assim que Damon os viu da soleira da porta.

– Bella. – Ele a chamou. Bella levantou afastando-se do toque de Edward e ficou em pé assim como ele. – Estamos indo. – Ele informou.

– Ah sim. – Ela virou-se novamente para Edward e sorriu, depois o abraçou se despedindo. – Nos vemos depois. Obrigada pelo lanche, estava muito gostoso. – Ele assentiu e ela foi para sala se despedir dos outros. Damon continuou no mesmo local encarando Edward.

– Quando vai tornar pública a nossa rivalidade? – Damon falava entre dentes, querendo muito ofender aquele vampiro que ousava se intrometer entre ele e Bella.

– Nossa rivalidade? – Edward manteve a voz calma, mas ele mesmo parecia querer gritar. Damon sorriu diabólico.

– Qual é! Amamos a mesma garota. Quando vai admitir isso? Estou louco para ter um motivo oficial para te dar uns socos. – Agora foi a vez de Edward rir.

– Não seria tão fácil assim, Damon. – Edward pareceu tão sombrio como Damon.

– Damon, vamos! – Stefan o chamou atento a conversa que se desenrolava, assim como todos os outros.

Todos estavam preparados para um combate físico, conseguiam sentir a tensão entre os dois da sala. Damon se encaminhou até lá, Bella já estava em seu carro esperando-o. Ele passou apressado sem se despedir e sem demora ligou e deu partida no carro levando Bella. Edward apareceu em seguida na sala, Stefan e Helena se despediram dele, preocupados com mais este fato. Quando os amigos foram embora todos pareciam tensos.

– Que diabos foi essa conversa? – Emmet perguntou sendo direto como sempre era.

– Acho que a conversa foi esclarecedora. – Falou sem querer entrar em detalhes.

– Tipo... Você tá afim da Bellinha? – Insistiu.

– Emmet! – Rosalie e Esme o repreenderam. Todos ali queriam compreender a nova descoberta.

– O que foi? – Emmet perguntou inocente, parecendo não notar a gravidade da situação assim como os outros.

– Você já sabia disso? – Alice perguntou parecendo muito chateada para Jasper. Ele apenas passou a mão pelo rosto prevendo a avalanche. – Você já tinha notado com certeza e não me disse nada? Deixou-me no escuro sobre isso?

– Isso parece totalmente errado. – Rosalie disse. Edward a encarou de repente irado por aquele comentário e por tanta reprovação de seus familiares. Não precisava daquilo naquele momento.

– Errado? É errado amar uma pessoa? – Então de repente ele tinha admitido em voz alta que a amava pela primeira vez. E ficou de repente desconcertado.

– Não é isso... É que se trata da Bella. – Rosalie respondeu vacilante.

– Nós a vimos crescer, você a viu crescer. – Esme disse.

– E eu a amo muito desde sempre e esse amor se transformou assim como ela. Bella já não é uma criança e de tantas maneiras ela... Fascina-me. – Todos pareciam agora convencidos e muito assustados com os sentimentos de Edward para com Bella. Esme parecia temer pelo filho, Carlisle havia sentado para digerir a notícia.

– Ela é como se fosse nossa irmãzinha. – Rosalie não conseguiu ficar calada. Edward riu amargo.

– Não seja hipócrita. – Disse áspero. – Para a sociedade somos irmãos adotivos, mesmo aqui entre quatro paredes nós nos tratamos assim, no entanto, você ainda está com o Emmet e Alice com Jasper. – Todos calaram. Edward olhou para cada rosto desconcertado pela última vez e foi para o seu quarto. Jogou-se na cama tentando esquecer os últimos momentos e anular cada pensamento que parecia mais gritos em seus ouvidos. Emmet e Alice entraram em seu quarto sem bater e sentaram em sua cama. – Sei. – Ele considerou seus pensamentos antes mesmo de abrirem a boca.

– Desculpe ter ficado chocada. – Alice começou. – Só foi no primeiro instante, depois eu percebi que não teria outro jeito. Você e Bella... Algo os conecta.

– Eu não poderia culpá-lo de maneira alguma. Bellinha está mesmo hot! – Emmet riu.

– Emmet! – Alice lhe deu um tapa no ombro, mas todos riram.

– Eu não disse que ela ficaria linda? – Alice falou.

– Ela está mesmo deslumbrante. – Edward concordou. – E também namorando a última pessoa que eu poderia imaginar. – Ele se calou triste, os irmãos ficando tristes também. – Estou condenado, esse amor é impossível. – Disse resignado.

*****

De volta a sua casa, Bella correu para tomar um bom banho. Tinha voltado da reunião na casa dos Cullen com a mente fervilhando. Tudo tinha piorado depois da conversa com Edward. Sua preocupação, sua angustia a atingiu profundamente. Odiava provocar tais sentimentos nele. Mas naquele momento parecia impossível fazer com que o amigo relaxasse, ela estava mesmo escondendo algo podre. Duvidava que ele desconfiasse de quão podre esse segredo era.

Aquilo a fez lembrar a troca de sangue com Klaus e sentiu-se enojada como sempre quando recordava o fato. Instantaneamente esfregou forte a curvatura entre seu pescoço e ombro, onde ele a tinha mordido. Esforçava-se por esquecer aqueles momentos, mas estavam cravados em sua memória e os flashes viam sem que ela convocasse.

Saiu do banho e encontrou a casa silenciosa. Foi até a sala e Damon estava lá sozinho, olhando através da janela para o lado externo da casa parecendo pensativo. Ela se aproximou e tocou levemente em seu ombro direito. Ele acariciou sua mão ali e depois a ergueu para depositar um beijo nela. Pegou-a pela cintura e a trouxe para a sua frente, Bella agora estava entre ele e a janela.

– Divida seus pensamentos comigo. – Ele sorriu.

– Estou ansioso por acabar com aqueles cretinos e principalmente com Klaus. Quero eliminar essa ameaça que paira sobre você e ter sossego para vivermos algo juntos. - Aquilo parecia muito promissor para ela. – Estive pensando... Bella alguma vez pensou em se tornar como nós? – Damon estava perguntando o que ela pensava que ele estava perguntando?

Ficou um pouco abobalhada naquele momento e surpresa pelos seus tios não romperem na frente deles naquele instante e dito muitos desaforos ao seu namorado apenas por supor algo desse tipo. Lembrou-se da primeira vez que Damon jantou com eles e da menção a ela se tornar vampira. Seus tios não queriam aquilo. Mas e ela... Ela queria? Vasculhou com o olhar a sala e não vendo ninguém perguntou:

– Meus tios não estão em casa? – Ele riu divertido.

– Não. – Riram, mas imediatamente ele voltou a ficar sério. – Eles foram caçar. – Damon suspirou. - Responda-me agora. – Pediu.

– Quer saber se alguma vez pensei em me tornar vampira? – Ele assentiu. Ela tomou fôlego para continuar. – Não exatamente. Já me imaginei algumas vezes com a velocidade e força. Mas na verdade... – Ela hesitou.

– O que?

– Não sei se conseguiria lidar com a sede. – Foi sincera. – Eu iria querer a morte antes de machucar alguém. – Damon acariciou a sua cintura.

– Você poderia tentar alternativas. – Bella o olhou ficando interessada. – Há o sangue doado. – Bella fez uma careta de nojo. – E sempre há animais por aí. Pode servir-se de uma dieta ‘vegetariana’ assim como seus tios. Eu até tentei...

– Tentou?! – Bella perguntou muito atenta no momento.

– Sim, quis ser um bom menino. – Bella lembrou-se do sumiço dele depois que revelou o encontro com Klaus. - Fiquei enjoado. – Foi ele quem fez a cara de nojo dessa vez. Bella sentiu-se um pouco orgulhosa ao saber que mesmo chateado ele tentou algo legal. Aquilo refutava a teoria de Edward de que Damon não mudaria.

– Qual foi o animal? – Tentou esquecer todo o resto e se concentrar nos fatos que lhe eram revelados.

– Interessa tanto?

– Na verdade parece que sim. Parece que cada vampiro prefere um animal diferente. – Bella lembrou-se da conversa que tivera a algum tempo atrás, era bem menina, mas insistiu tanto com Edward que ele revelou algumas coisas. Como por exemplo, que ele preferia leões. – Damon a olhou surpreso pela nova informação.

– Foi um urso. Fui bem para as montanhas, o mais rápido que pude para voltar logo e ficar perto de você. – Ela sorriu com mais uma revelação romântica e lembrou que ursos eram os preferidos de Emmet.

– Você deve ter viajado a noite toda e no final para ter uma refeição ruim.

– A pior de todas. – Ele afirmou.

– Tente outro animal. – Ela sugeriu.

– Vou pensar bastante antes de repetir isso. – Ele riu.

– Mas... – Ela começou tentando voltar a conversa inicial. – Você gostaria que eu me tornasse vampira? – Ele parou um pouco, pensando se era isso mesmo que queria.

– Bella, eu a quero para sempre. É claro que para isso existem algumas consequências e.... Tenho que respeitar o seu desejo. – Aquilo a fez pensar. Gostaria de viver o quanto pudesse ao lado de Damon, felizes assim como seus tios, Esme e Carlisle, Rosalie e Emmet e Alice e Jasper. Eles pareciam tão completos e tranquilos em seu amor. Queria isso para ela também.

– Eu acho... Eu acho que também gostaria de ter você para sempre. – Ela sorriu. Damon pareceu decifrar as palavras ditas bem lentamente e quando o fez sorriu largamente.

– Sério? – Perguntou feliz.

– Sim. – Ela teve certeza.

Ele a beijou e ela aproveitou cada movimento de seus lábios nos dela, cada toque da sua língua em sua boca, cada sensação causada pelo contato de suas mãos no corpo dela.

– Por que não agora? – Falou nos lábios dele e então o sentiu ficar tenso afastando-se em seguida.

– Agora? – Ele a fitou analisando suas reações.

– Pouparia muita coisa. Não seria a parte fraca da história. Poderia lutar com vocês contra os aliados de Klaus e até contra ele. – O pensamento de vê-la lutando contra qualquer outro vampiro, muito menos com Klaus o fez arrepiar de horror.

– Não vai se pôr em perigo, não vai lutar com ninguém.

– Damon, eu poderia ajudar...

– Cale-se! – Ele quase gritou com ela, mais um motivo para enfurecê-la.

Odeio quando me manda calar a boca! – Ela gritou. – Qual o problema em ajudar? – Ela diminuiu o tom de voz.

– Já disse, não quero que se ponha em perigo, não quero ter que ver você se machucar.

– Estou cansada de ouvir todos dizendo isso. Se me transformar agora pararei de ser uma inútil a quem todos devem proteger. – Damon quase se arrepende te ter mencionado o assunto.

– Não. – Ele negou veementemente olhando bem para seus olhos. – Mesmo que não existisse a ameaça de Klaus e seus capangas, eu não iria te transformar agora. – Aquilo deu um nó na cabeça de Bella. Fora ele quem sugeriu que ela pensasse no assunto, não? Estava ficando louca?

– Por favor, me diga por quê.

– Você ainda é muito jovem. – Respondeu ele.

– Completei 16 anos. – Ela falou como se não acreditasse.

– Já ouvi isso um milhão de vezes.

– E ainda assim não entrou em sua cabeça. – Falou irritada.

– Bella... – Ela o cortou erguendo uma das mãos impedindo-o de continuar.

– Estou farta de todos me acharem uma criança e de todos se preocuparem. – Bella subiu as escadas quase correndo e fechou a porta do quarto em seguida, ficando encostada nela.

Era engraçado como nenhum de seus amigos acreditavam nela, nem seus tios e nem seu namorado. O único que não a fez se sentir uma inútil ou uma criança, foi Klaus. Bella caminhou até a janela e sentou-se em um banco ainda admirando a noite lá fora. Desde a noite em que trocaram sangue ele não a procurou, mas descobriu esta noite que ele a vigia através de Riley.

Estava tão cansada de tudo. Cansada da ameaça sobre os seus amigos, cansada de se sentir indefesa, cansada de parecer uma criança aos olhos de todos. Estava muito mais cansada de mentir para todos. Como a sua vida tinha mudado tanto tão de repente? Mudou-se com seus tios para se esconderem em uma cidade pequena e distante e foi exatamente nela que o perigo os encontrou. Pelo menos as suas outras amigas, Jéssica e Ângela estavam seguras.

Não o tinha visto entrar no quarto, nem ao menos um ruído tinha escutado. Apenas viu o seu reflexo no vidro da janela. Sobressaltou-se um pouco, mas não virou, não queria ter que vacilar mais ainda. Estava exausta. Sentiu o toque de sua mão gelada em seus ombros, estava colocando seus cabelos para o lado e a acariciou ali. Suas mãos deslizaram para seus braços e ele a ergueu delicadamente, virando-a para ele em seguida. Seus olhos azuis a fitaram brilhantes e humildes neste momento.

– Desculpe se te ofendi. – Damon falava baixo e cheio de ternura. - Te falei que não parecia ter a idade que tem, mas são apenas 16 anos. – Ele a acariciou mais uma vez antes de continuar. – Só acho que posso esperar mais um pouco. Sei que depois você não vai gostar de ter estacionado nesta idade. – Seu olhar ficou divertido. – Que eu saiba as mulheres gostariam de parar aos 18. Eu posso até esperar um pouco mais.

– Com quantos anos você estava quando se transformou? – Perguntou curiosa.

– Tinha 23 anos. – Ela pensou no que ele disse. – 23 anos? Mesmo que ele não tivesse quase duzentos anos nessa idade, ainda assim estariam fazendo algo que seria comentado por muita gente, pois ela infelizmente ainda era menor de idade e ele não. – Já deve saber que seu tio se transformou aos 18 assim como sua tia. – Ela assentiu. – Depois que me transformei, amaldiçoei cada minuto da minha existência. Sentia repudia... De mim. – Bella o quis confortar, tocou em seus ombros com carinho. – Neste momento, Bella, eu agradeço por ter suportado até aqui. Por que essa maldição me fez conhecer você. Eu te amo. – Ela não conseguiu dizer nada. Estava tão vulnerável e aquelas palavras a tocaram profundamente. Seus olhos marejados, seus lábios entreabertos e trêmulos assim como o seu coração acelerado eram respostas mais que suficientes para ele.

O beijo que se seguiu não foi calmo e nenhum pouco cândido. Damon reclamava o seu poder sobre ela, subjugando-a com seu beijo explorador. Era incapaz de evitar se sentir entregue e vulnerável a ele e seus desejos. Nem ao menos viu quando a levou para cama, deitando-se por sobre o seu corpo quente e sequioso de mais. E para a sua surpresa ele a estava dando. Sentiu o aperto de sua mão em sua coxa enquanto ele roçava seu corpo no dela. Pôde sentir o volume por baixo de sua calça, aquilo desencadeou uma série de reações em seu corpo. Seu coração acelerou, sentia a sua veia pulsando rapidamente em suas têmporas, uma sensação gostosa e ansiosa em sua virilha, não soube quando, mas envolveu-o o corpo dele com suas pernas prendendo-o ainda mais colado no seu próprio corpo.

Aquela com certeza era a experiência mais íntima que tiveram e a mais prazerosa. Sentir os lábios carnudos dele em seus pescoço e colo, suas mãos a acariciando completamente, ele estava totalmente sem pudor. Seus seios, barriga, virilha, coxas não eram esquecidos por ele. Bella queria retribuir, mas estava presa em seu colchão e Damon a segurava firme como se precisasse mantê-la assim. Ele percebeu sua intenção e ajudou-a, virou seu próprio corpo junto com o dela e de repente Bella estava por cima dele.

Ela sorriu pela gentileza, por ele estar proporcionando a ela aquele momento e por todo o resto. Damon nunca tinha visto sorriso mais sexy naqueles lábios vermelhos pelos seus beijos. Os olhos dela estavam ainda mais brilhantes, o rubor em sua face ainda mais visível. Tocou nos cabelos desgrenhados e charmosos dela. Se ela soubesse o quanto o deixava louco. Estava completamente excitado naquele momento. Ela deveria não só porque estava com os olhos negros e caninos alongados, mas principalmente porque estava agora sentada em sua ereção.

A roupa que ela estava não adiantava para o seu auto controle. Aquela camiseta branca transparente que revelava um sutiã escuro, aquele micro short que deixava toda sua perna de fora. Era tudo para deixá-lo naquele estado. Não imaginaria que tudo poderia piorar, mas piorou simplesmente quando a sua namorada pantera começou a rebolar em cima dele. Agarrou-se prontamente nas laterais da cama. Ela estava louca? Queria matá-lo?

– Não... Bella... – Como pedir que parasse se estava delicioso?

Ela acariciou a sua barriga, seus olhos demonstravam o quanto ela queria aquilo e o quanto ela sabia o que estava fazendo. Debruçou-se sobre ele e o beijou nos lábios, começou a descer pelo queixo, e fez o caminho até sua orelha. O que era mesmo aquilo que ela estava fazendo nele com a língua? Sua mente não podia lhe trair assim, sentiu-se agoniar ao imaginá-la fazendo algo do tipo em outras partes de sua anatomia.

– Maldição... – Estava mesmo perdido com aquela garota. A queria naquele instante, queria possuí-la como ela esperava que ele o fizesse, queria entrar e sair dela repetidas vezes e queria muito seu sangue. Sua boca estava seca, sua garganta ardia, seu sexo estava dolorido. Bella o beijava sem parar de rebolar nele. Apertou ainda mais a lateral da cama, depois do ruído sentiu os fragmentos da cama que acabara de quebrar. Bella afastou-se para olhá-lo.

– O que foi isso? – Sua voz estava rouca.

– Isso... É você me deixando louco. – Bella sorriu ainda mais safada. – Onde diabos aprendeu essas coisas?

E então tinha dado a ela maior confiança para o que ela fez em seguida. Ergueu sua camiseta e revelou o sutiã preto que emoldurava seus seios fartos. A sua pele era tão branca e leitosa, parecia feita de porcelana. Damon não pôde evitar o que fez em seguida. Ele a jogou novamente sobre a cama, porém dessa vez deixando-a de costas para ele.

Damon tocou-a na altura dos ombros com delicadeza por um instante e depois Bella apenas sentiu a pontada no mesmo local. Ela soube que ele a estava provando no momento, sentir seus lábios quentes em sua pele, a fez fechar os olhos de prazer. Não havia mais dor, apenas a sensação boa de estar compartilhando aquela experiência com ele. Sentia amor, carinho e todo o desejo vindo dele e retribuía da mesma forma, aquilo fez Damon ficar tonto. Mesmo tonto sentiu ainda mais ímpeto de tomar mais sangue dela, era tão quente e agridoce como a sua personalidade. Sentiu o corpo dela relaxar, mesmo assim ainda não sentiu vontade de parar, só o fez longos minutos depois.

A respiração dela era suave, estava em sonolência. Damon acariciou o local mordido, tinha sido mais demorado do que a primeira vez, mas ainda queria mais, o que o lembrava do perigo que era fazer aquele tipo de coisa. Ele a virou delicadamente novamente com remorso daquilo. Como da primeira vez ele mordeu seu próprio pulso e segurou a nuca dela para que bebesse do seu sangue. A cor tinha voltada para seu rosto mas ela ronronou, virou de lado e dormiu. Ele sabia como fazer com que ela acordasse, mas preferiu que descansasse. Bella estava passando por muita coisa e precisava dormir um pouco. Vestiu-a novamente e deitou ao seu lado.

Damon duvidou que um dia voltasse a sentir algo como o que estava sentindo por Bella. Temia que algo acontecesse com ela, era difícil imaginá-la ferida. Se Klaus tivesse a audácia de colocar as mãos nela, ele o mataria, mas não antes de fazê-lo sofrer. Também temia que Bella um dia não o quisesse mais. Não queria perder o seu amor para os possíveis encantos de um topetudo. Também era capaz de acabar com a raça do tal Cullenzinho se ele se pusesse em seu caminho. Ah maldição! Não poderia fazer isso, ela o odiaria. Ficou ali ainda tentado em acabar com Edward abraçado à Bella, mas não demorou muito ouviu seu irmão e Helena chegarem. Como não conseguia desconectar e pegar no sono, desceu para recebê-los.

– Bella dorme. – Avisou-os.

– Isso é bom, ela esta mesmo precisando. – Helena disse aliviada.

– Conseguiram se satisfizer tão rápido com algum pobre esquilo? – Damon cruzou os braços e sorriu divertido.

– Não queríamos demorar. – Helena lançou um olhar para Stefan que Damon achou suspeito.

– O motivo por acaso seria eu? – Ergueu uma sobrancelha de maneira desdenhosa. Stefan parecia não estar disposto a respondê-lo.

– Damon, estamos muito preocupados com a segurança da Bella, apenas não queríamos ficar longe dela. – Helena respondeu.

– E nem deixá-la muito tempo sozinha comigo.

– Damon... – Helena tentou contemporizar.

– Não vamos entrar nessa de querer me enganar. – Falou ofendido.

– Talvez você fique chateado, Damon, mas você está certo. – Stefan soltou. – Estamos em um momento delicado, a segurança de Bella está ameaçada e a sua vida também. Momentos como esses te levam a cometer ações... Drásticas e não queremos isso. – Damon ficou parado por um momento pensando nas palavras do irmão.

– Vamos ver se eu entendi. – Damon começou. – Vocês não querem que eu a transforme. – Sorriu torto, sem poder ser menos sarcástico. - E não farei isso. – Helena aliviou a sua expressão tensa, mas Stefan ficou confuso. – Não a transformarei agora.

– Não agora? – Helena parecia incrédula.

– Isso não diz respeito a você, Damon. Somos os tios dela, os responsáveis. – Stefan tinha dificuldades de manter o tom de voz pacifico.

– Ela não terá 16 anos para sempre. Um dia Bella será responsável por ela mesma. – Damon riu esperançoso. – E eu ainda estarei por aqui. – Falou como uma promessa.

– Não irá convencê-la a isso. – Seu irmão disse ainda se contendo.

– Convença-se que também faço parte da vida dela agora. Não tem como mudar isso. – Damon ficou bastante irritado com aquela conversa e foi embora.

Era óbvio para ele aquela atitude do irmão. Ele preferiria deixá-la humana a vê-la passar por tudo o que passaram. Stefan arrependera-se de não respeitar a sua própria decisão a muitos anos quando fizeram aquela idiotice de duelarem por Katherine. Os dois se feriram mortalmente por uma vadia sem coração que tinha cansado de brincar com os dois irmãos e fugiu. Ele e Stefan tinham em seu corpo sangue dela, por isso retornaram dos mortos. Só havia um problema, para que a transformação fosse completada eles deveriam se alimentar de sangue humano, Damon tomara a sua decisão, não passaria pela transformação. Escolhera a morte. Stefan parecia relutante no inicio, mas depois afirmou que o seguiria em sua decisão. Stefan o traiu.

Nunca pôde esquecer o momento em que seu irmão levou uma jovem para o abrigo onde se esconderam depois de acordarem dos mortos. Ele lhe falou da força, da velocidade, das percepções aumentadas e de toda a influência que podia exercer sobre os humanos. Ele queria que Damon experimentasse que ficassem juntos para sempre. Até aquele momento tinha lamentado ter sido tão fraco e ter sucumbido. Tinha encontrado Bella e toda a sua existência fazia sentido. Todo o resto foi esquecido, toda a amargura, todos os anos de maldição que tinha prometido ao irmão e cumprido por um longo tempo. Ali era o seu lugar, Bella era sua e não a perderia nem para a mortalidade. Ele a ajudaria no processo e ficariam bem.

*****

Aquela sensação era muito boa, estar ao lado de Edward a tranquilizava. Estava novamente na clareira, o céu parecia mais bonito, as flores pareciam mais coloridas, as árvores pareciam maiores e lustrosas, o vento parecia mais sutil, a mão que tocara agora ainda era gélida, mas muito agradável. Bella olhou para o lado e fitou os olhos verdes de Edward que a observavam. Por um momento aqueles olhos a detiveram em uma espécie de hipnose, então o som de seu sorriso a fez piscar e ela então viu seus dentes extremamente brancos, era um belo sorriso.

– Eu te amo. – Ela não conseguiu entender porque se sentiu estranha naquele momento. Não foram as palavras ditas, mas todo o sentido delas. Edward parecia querer dizer muito naquelas palavras, era diferente das outras vezes em que ele disse que a amava. Então foi com assombro que viu Edward se transformar em Damon. O sorriso ainda era bonito, mas não tinha a inocência do outro. – Eu te amo. – Ele disse e daquela vez, com ele, não parecia estranho.

Bella se pôs por cima do seu corpo e o beijou. Gostou da sensação, ele ainda não estava pondo resistência para suas carícias ousadas. Pelo contrário, Damon também investia com seus lábios, língua e mãos. Parecia que tinha multiplicado o número de mãos, as sentia por todo o corpo e era muito bom. As mãos deles no momento estavam no seu bumbum e então devagar ele pôs uma em sua virilha.

– Hummmm... – Gemeu de prazer. Tudo o que ela podia pensar era que queria mais.

– Bella?! Bella?! – Alguém lhe chamou e ela acordou assustada ficando sentada na cama. Sua cabeça girou por ter levantado tão depressa. – Sente-se bem? – Helena perguntou já sentada ao seu lado. Bella olhou para a tia sem acreditar.

– Fiquei tonta por ter levantado tão rápido. – Pôs a mão na testa para tentar aliviar a náusea.

– Desculpe ter te assustado, mas você gemeu tão alto, pensei estar sentindo dor. – Parecia muito culpada.

– Gemi? – A tia assentiu e ela corou. Claro, agora sabia o porquê de tudo estar mais bonito e da coisa estranha de Edward dizer que a amava com aquela intensidade e dele ter se transformado em Damon. Mas a parte do namoro com Damon... Sim! A noite passada eles tiveram um momento daqueles, tinha sido maravilhoso. De repente lembrou que pegou no sono, mas que ele ainda estava ali com ela. Olhou por todo o quarto e não o viu.

– Onde está o Damon? – Perguntou prontamente.

– Foi embora quando chegamos.

– Não o mandaram embora, certo? – Desconfiou por ele ter ido e tê-la deixado sozinha naquela oportunidade.

– Claro que não. – Helena respondeu prontamente.

– Onde está o meu tio?

– No banho e você deve se apressar ou se atrasará. – Avisou e quando estava levantado para sair do quarto, viu pedaços triturados de uma madeira parecida com a da cama da sobrinha. – Mas o que é isso? – Bella ficou em alerta. A tia encontrou uma falha na cama e olhou para ela com olhos arregalados e os lábios entreabertos. Bella se lembrou do ruído que escutou a noite enquanto estava com Damon. Helena cobriu os olhos com as mãos, bestificada. - Diga que é coisa da minha cabeça. – Sussurrou e depois a encarou. – Ficamos fora por 3 horas e perde a virgindade? – Bella ficou entre a incredulidade de estar ouvindo aquilo e a irritação por sua tia estar falando de sua vida sexual como se ela fosse dona, como sempre ela pendeu para a irritação.

– Vamos falar mesmo da minha vida sexual? Eu não acredito que além de todo o resto vocês também querem tomar conta da minha vida intima com o Damon! – Explodiu.

– Abaixe o tom de voz, mocinha! – Helena reclamou a sua autoridade. – Não queremos tomar conta de sua vida, como disse. Queremos preservá-la de futuros transtornos catastróficos que com certeza se meteria sem a gente.

– Isso é totalmente injusto! – Helena respirou fundo para se controlar.

– Não me preocupo só por você ser muito jovem para esse tipo de experiência, o problema é todo o resto que vem junto. Vampiros expressam-se de maneira muito peculiar. – Bella recordou os olhos negros e os dentes de Damon sempre que os dois ficavam juntos como na noite anterior. – Damon é capaz de...

– Machucar-me? – Era isso que sua tia temia?

– Não queremos que se machuque.

– Ele não é capaz disso. – Pelo menos quando ele a mordia era doce e tentava ser delicado.

– E não queremos que ele a transforme. – Já tinha ouvido que seus tios não queriam que ela fosse transformada, mas agora era diferente, ela realmente tinha pensado na ideia e estava totalmente inclinada a se transformar. – Você conhece a nossa história, a história dos Cullen, sabe das escolhas erradas que fizemos o que nos custou tudo, sabe do nosso sofrimento.

– Sim, eu sei. – Bella sabia, mas mesmo assim...

– Não queremos que passe pelo mesmo. – Helena acariciou seu rosto.

– Não aconteceu nada esta noite. – Garantiu. Helena sorriu aliviada.

– Tem que se arrumar.

Foi arrumar-se para o colégio pensando nos prós e nos contras de se tornar uma vampira. Quando saiu de casa com seu tio seu mesmo estando nublado pareceu que o mundo tornou-se mais claro e quente. Damon estava a sua espera, como sempre encostado no carro de braços cruzados e sorriu com ela. Correu para seus braços e o abraçou.

– Pensei que acordaria com você. – Fez beicinho e ele adorou vê-lo.

– Você se acostuma facilmente. – Ele a acusou brincalhão.

– Por você sim.

– Eu também. – Beijou-a nos lábios e ela soube que realmente queria e podia passar pela transformação.


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