Pingos De Bella. escrita por Agridoce
Notas iniciais do capítulo
Comentem!!!
A lamina em minha pele era o único meio de retirar toda a dor que sufocava meu peito.
Sentia meu coração disparar e perder os sentidos por alguns segundos, e então, a dor voltava.
Com toda a força.
A lamina era inserida em meu corpo, assim como uma agulha, e quanto a retirava mais pingos escuros eram achados no piso claro do banheiro.
Observando cada pingo que saia de dentro de mim, eu sentia a paz que jamais senti em toda a minha vida.
A paz que mocinhas em livros ou filmes descreviam como a melhor possível quando estavam com seus amados.
Eu conseguia sentir, apenas, quando algo cortante adentrava em alguma parte sensível de meu branco corpo.
Batidas na porta fizeram a lamina escapar de minhas mãos e parar ao lado de algumas gotas.
- Isabella !
Charlie, o homem que era para ser um pai mas era um monstro, me chamava.
- Sim ?
- Por quê a demora ?
- Ah... - Um sentimento de desespero apossou meu corpo quando escutei a fechadura tentando romper. - Eu... Já estou saindo. - Em um pulo, eu já me encontrava de pé e tentando achar um bom esconderijo para as minhas, digamos, melhores amigas.
O último lugar que as escondi era agora uma rede insaciável de drogas que minha mãe usava sempre que estava de saída para seu trabalho.
- Isabella, abra a porta.
A voz firme de meu pai ordenou e senti um arrepio.
Esse era o tom de voz que ele sempre usava quando desejava algo a mais de sua filha.
- Eu... Estou abrindo.
As escondi atrás do vaso sanitário e corri em direção ao lavabo, tentando, de uma maneira ou outra, limpar meu corpo ensanguentado.
- Anda, Bells, seu papai está com fome.
Mordi meu lábio.
Eu tentava, em vão, segurar o inicio de um choro enquanto destravava a porta.
Me analisando de cima a baixo, ele grunhiu em desaprovação.
- Quantas vezes falei para não usar jeans enquanto estou em casa ?
Seus dedos circularam meu pulso com força enquanto me puxava para fora do banheiro.
- Pai. - Murmurei receosa.
Eu odiava este olhar.
Esse olhar que ele mantinha toda a vez que fazia algum mal para mim ou meu corpo.
O olhar que ele castigava minha mãe por não trazer dinheiro o suficiente para a casa.
Tentei soltar meu braço mas isso rendeu apenas mais uma marca da cor escura.
- Pare de show, Isabella. - O seguindo em direção ao quarto de casal da casa, senti um calafrio por minha espinha dorsal quando o trinco da porta entrou em ação.
Sussurrando palavras indesejáveis para mim.
Isso era o que saia de sua carnuda e escondida por uma barba longa.
- Pai... Não.
Segurando com uma força exagerada para uma mulher, ele falou aquelas palavras que mudaram a minha vida desde meus sete anos :
- Papai quer apenas brincar, Bells.
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