Fizemos inúmeras viagens explorando galáxias paralelas através dos buracos negros centrais. Nossa última parada foi na Bk-40089 onde estudávamos as composições químicas e os seres microscópicos existentes nos planetas desta galáxia de tamanho mediano, até encontrarmos um curioso sistema solar, com um número significativo de planetas em seu eixo. Como último objeto de estudo de Bk-40089, analisamos tais planetas, mas o que achamos foi surpreendente, algo completamente diferente de tudo que já havíamos visto em nossa carreira como cientistas. Os planetas eram todos abastecido com raios solares em excesso, mas um deles usava tais raios para criar vida racional.
Observando mais de perto, descobrimos que este pequeno planeta azul era dotado de não só vidas evoluídas comparadas às microscópicas de outros já estudados, mas de uma raça entre essas vidas cujas características eram incrivelmente similar à nossa. Tal raça bípede conta com a capacidade racional como seu meio de defesa, usufruindo da mesma para criar instrumentos avançados, sua fisiologia e modo de manuseio de instrumentação se assemelha em muito ao de nossa espécie.
Tal descoberta nos trouxe grande empolgação. Dedicamos nossos estudos a este planeta, criando meios de defesa bactericida, analisando os riscos da exposição à sua atmosfera e à de seu sol, até nos prepararmos para a missão mais longa já datada por nossa tripulação. Assim sucedeu-se então a missão “Irmã”.

Há 5 anos, em execução da missão “Irmã”, nos infiltramos no planeta Bk-zlc, tamanha era sua biodiversidade que eu como um pesquisador me fascinei a tal ponto de criar certa afetividade por ele. Por 5 anos tenho como principal estudo o da espécime alto denominada “humana”. Descobrimos que as bactérias vivas em nossos corpos e de outros animais de nosso planeta são extremamente agressivas às de Bk-zlc, se em contato com tal micro-organismo, o animal terrestre tende a ter sua genética modificada em questão de segundos e toda sua estrutura corporal deformada. Tivemos de trabalhar em um neutralizador para estes efeitos, tornando nossas bactérias não nocivas a eles.
Há dois anos eu me deparei com um destes Humanos, mas este era diferente, por uma peculiaridade em seu material genético, seu corpo era imune aos efeitos de nossa biologia. Para estudá-lo melhor, precisamos estabelecer contato expondo nossa presença a este único ser. Consegui estabelecer uma relação de confiança com o terráqueo, que então, nos ensinou a respeito de sua civilização.

Através de muitos estudos descobrimos também que alguns de nossa espécie eram mais sensitivos aos humanos, da mesma forma, poucos deles podiam estabelecer uma conexão mental conosco.
Demos inicio a uma segunda missão neste planeta. Como não podíamos nos expor, não foi possível a identificação dos Seres Humanos sensitivos apesar da ciência de sua existência, então começamos o procedimento: Manifestando-nos para alguns humanos, nós lhe demos a escolha de conhecer os segredos de nossa raça em troca de sua autorização como cobaia em nosso experimento, os negados eram submetidos ao esquecimento de nossa existência através de um aparelho recém-criado. 11 humanos aceitaram tais termos, iniciou-se então o experimento “avatar”. Selecionamos 11 de nossos superdotados para tentarem concretizar esta conexão intercerebral, era esperado como resultado disso a capacidade de nossa raça de controlar a mente humana, transferindo nossa consciência para o corpo terreno, sem danificar a ele ou seu cérebro. Infelizmente em 9 dos casos o cérebro humano não aguentou, levando seu hospedeiro à morte, quando que os 2 últimos conseguiram manter o controle, porém por pouco tempo, os humanos sobreviveram mas acabaram enlouquecendo pelos danos sofridos.
Apesar de em constante avanço, a missão estava para ser cancelada uma vez que não havia mais voluntários dispostos e muitas vítimas humanas, foi então que eu, o chefe do experimento decidi me tornar em uma última cobaia.
Convidei o humano mais próximo a mim para me acompanhar neste experimento, o mesmo que me ensinara sobre sua raça. Gabriel era seu nome, e juntos seríamos a experiência número 12. Através do equipamento desenvolvido por minha pequena tripulação, ampliando minhas capacidades como um sensitivo, eu tomei controle da consciência de Gabriel, mas apesar de animadores, os resultados não obtiveram 100% de sucesso. Enquanto minha consciência se instala no cérebro de Gabriel, a dele permanece adormecida, mas essa transfusão mental teve suas sequelas, tive perda de memória assim que tomei posse do corpo alienígena de Gabriel, quanto que as suas vinham à tona espontaneamente criando imagens conturbadas em minha cabeça em dados momentos.

Apesar de algumas irregularidades, o teste se manteve em andamento. Me inserindo no meio civilizado Humano, minha equipe estudou todo o meu processo de interação enquanto que ainda sem minha consciência disto. Realizei meu sonho sem saber, perambulei em meio a esta magnífica raça, criei laços e provei de seus sentimentos. Meus passos eram observados de longe enquanto trabalhavam na otimização da máquina que pudesse reparar minha perda de memória.
O teste corria bem até algo dar errado. Descobrimos que nosso neutralizador da bactéria era temporário. Não tardou, as transmutações genéticas iniciaram, tornando o campo à minha volta extremamente nocivo. Como um deles, eu sobrevivi aos ocorridos até ser atraído de volta à nave e ter minha memória restaurada. Gabriel manteve-se desacordado por semanas até se levantar sem lembrar-se de nada nesse meio tempo.

Agora aqui jazo, descansando no topo de um monte rochoso, um desertor de minha própria espécie, disposto a aprender emoções jamais conhecidas por ela. Ao meu lado, Rachel que junto a mim assisti a minha nave junto à tripulação cortar o céu em direção ao espaço, seu local de trabalho. Tendo criado algo afetivo capaz de parar os efeitos dos micro-organismos de meu corpo, tornando-me não mais uma ameaça aos espécimes deste planeta colorido, e com isso andarei em seu meio, sem que percebam minha presença.

Eu sou Leahpar-07, ex-capitão da nave de pesquisa L8-c57, do planeta Ânima, Galáxia AA-86004. Contei aqui minha trajetória desde a amnésia na floresta até o regresso à tripulação. E se você, viajante que captou esta mensagem, está neste momento vagando por entre as estrelas próximo à esta esfera azul, eu peço que não se aproxime dela, pois não vai querer voltar para casa.