Beautiful Bones escrita por loliveira


Capítulo 20
Esperar


Notas iniciais do capítulo

sinto a necessidade de dizer QUE ESSE CAPÍTULO É O MAIS FOFO DA FANFIC INTEIRA BYE



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Agora que o casamento está de pé outra vez, tenho uma última coisa para fazer. E é a pior parte: vestido de madrinha. Tem que ser aquele vestido característico que diga para todo mundo que está no recinto que eu sou a madrinha de casamento da minha mãe. É meio vergonhoso ela ter uma única madrinha, e essa ser a filha dela, mas minha mãe não quis outras pessoas como madrinhas, e sobrou para mim. Como minha mãe está ocupada, ligando para todo mundo, para avisar que o casamento ainda está de pé, eu tive que vir sozinha. Bem, não sozinha. Owen e Ramona estão comigo (COMO SEMPRE). Mas eu não me incomodo, eu preciso de uma opinião sobre o vestido. Não que eu espere algum comentário útil de Ramona... talvez Owen me ajude mais que ela. 

Nós entramos na loja de Ms. Binoche, e eu vou até o balcão. A moça, é a mesma de sempre, então ela me reconhece.

-Ms. Durieux. -Ela diz, entregando uma folhinha com o número da sala que eu tenho que ir, para provar os vestidos. Eu olho para trás, só para checar se os dois ainda estão comigo, e então eu vou em direção a sala, depois de concluir que os dois não fugiram (porém estão com cara de entediados, eu não os culpo. É sábado). 

-Vocês não precisam ficar aqui. -Eu aviso eles, me sentindo culpada. Eles devem ter coisas melhores para fazer. Ramona ri. 

-A gente está te dando carona, Willow. -Ela explica e eu rio junto, porque aí eu lembro que eles realmente estão me dando carona, então basicamente estão presos a mim. A culpa aumenta. 

-Mas se vocês quiserem, eu posso ir de táxi, não precisam ficar aqui.

-Cale a boca. -Ramona resmunga,  e eu abro a porta da sala e vejo milhares de cabides com roupas coloridas para eventos chiques. Algumas mulheres olham para mim, e uma delas anda até onde nós estamos. 

-Precisa de ajuda? -Ela pergunta, educada e sorridente. Eu dou uma rápida olhada nos vestidos. 

-Madrinha de casamento. -Ela balança a cabeça.

-Venham comigo. -E então nós seguimos ela até uma sala privada, com cabides, porém vazios. -O processo de escolher um vestido pode ser longo, eu sei, mas você pode dar uma olhada na sala, depois trazer algum que você goste para cá e provar. Sem pressa. 

-Tudo bem. 

-Precisa de ajuda em alguma coisa? -Ela pergunta, mas eu sei que ela já avistou uma nova cliente, na porta da sala, parecendo totalmente confusa. 

-Não, obrigada. -Bem, eu não ia precisar de ajuda mesmo. Eu me viro para Ramona e Owen e eles estão encarando a sala, como se tentassem entender as medidas dela ou algo assim. -Bem, vocês querem me ajudar? -Eu pergunto, hesitante. Ramona não gosta muito de procurar roupas e Owen... Owen é um menino. E meninos nunca gostam de procurar roupas, não é? Mas eles suspiram e Owen responde pelos dois.

-Já que estamos aqui... -Eu rio, do tom indiferente dele, e nós saímos da sala privada para procurar vestidas na sala maior. Isso é o inferno para alguém que odeia procurar roupas como eu, mas eu me acostumei com o passar dos anos. Nunca cheguei a fase de precisar vir achar um vestido de madrinha (o que deixa tudo um pouquinho mais emocionante), mas estou acostumada com minha mãe, sempre vindo achar vestidos de casamento. Ela está melhor agora, que Will voltou para ela. Aquele surto maluco teve fim, e ela nem parece a mesma mulher. Ela está feliz, e sorridente e nem se incomoda em me provocar por causa do meu cabelo ou algo assim. Acho que isso é uma evolução. 

Cada um de nós vai para um canto da sala. Eu procuro pelos vestidos azuis, enquanto Ramona está entre os amarelos e Owen nos vermelhos. Mal ele sabe que eu nunca vou usar um vestido vermelho na minha vida. Eu ficaria da cor do vestido cada vez que alguém olhasse para mim. Muito chamativo. Eu pego uns três. Apenas um vai até o joelho, e só o peguei porque ele tem paetês muito bonitinhos. Eu vou até a sala, e cinco minutos depois eles entram também. 

-Achei alguns bonitos. Caros demais para mim, se não eu usaria para o baile. -Ramona diz, jogando quatro vestidos amarelo-queimado no banco, junto com os meus. Depois, Owen joga mais três, vermelhos-sangue, em cima daquela pilha. Eu pego um que eu escolhi, e vou até o provador. Ele é longo, liso e cobre todo o meu braço, com um pequeno detalhe dourado na cintura. Eu troco minhas roupas por ele e ignorando a vergonha, eu saio, encarando os dois, para ver a reação deles. Ramona faz uma careta e Owen... também.

-Não. Nunca mais bote isso. -Eu me viro para o espelho e entorto a cabeça, analisando. Não é TÃO ruim assim.

-É bonitinho. 

-Claro... para uma FREIRA. -Ramona diz. -Eu não consigo ver seus peitos nisso aí. -Eu coro.

-Não vou usar um vestido para alguém ver meus peitos. -Ela me dá um olhar gelado, com uma sobrancelha levantada. 

-Por favor. Você me entendeu. Troque, agora. Tenho que fazer uma limpa nos vestidos que você escolheu. -Ela diz, jogando fora os outros vestidos azuis. Eu faço uma careta.

-Qual você quer que eu prove, então? -Ela dá uma boa olhada no monte de vestidos, e estende um amarelo. Contra a minha vontade, eu visto. Mas ela não fica satisfeita, também. Depois de provar os outros amarelos (até os azuis que ela descartou), eu estou quase perdendo as esperanças que eu vou poder usar algo que eu goste E algo que Ramona "aprove". Eu sei que eu não preciso que ela aprove, mas se isso faz ela se sentir importante, por que não? Aliás, eu sempre preciso de uma nova visão das coisas. Ainda com um dos vestidos esquisitos que ela me deu, eu sento no sofá, encarando eles. -Eu oficialmente sou um E.T.

-Por que? -Owen pergunta, divertido. 

-Nada fica bom em mim. Eu não sirvo pra usar roupas bonitas... -E então eu olho na etiqueta do vestido. -Ou super caras. 

-Bem, você ainda não provou os que eu escolhi. 

-Mas eles são vermelhos! -Eu exclamo e ele me olha confuso. 

-E daí?

-São chamativos e...

-Por favor, Willow. Você é uma garota, merece que as pessoas olhem pra você às vezes. Só vista. -E então ele joga um vestido na minha cara. Emburrada, eu vou até o provador e troco de vestidos. Esse é curto. E nem que a vaca tussa eu vou usar. 

-Não! Me dê o outro, eu NÃO vou sair assim. -Eu grito.

-Você é muito chata! -Ramona grita, mas joga o vestido vermelho número dois por cima da porta. Eu troco ele, quase perdendo as forças. Sem nem olhar para o espelho no provador, eu saio. Esse é longo e pelo menos o tecido é confortável. Duas mangas caem pelos meus braços e eu quase piso nele. Eu levanto o olhar, e os dois estão encarando surpresos. -Willow! -Ramona diz, atônita. 

-Muito ruim? Quer saber, eu vou de pijamas para o casamento. Quem liga não é? -Eu já esperava por isso. É claro, deve ter ficado horrível. Porém, Owen corre até onde eu estou e me vira, fazendo que nós encaremos o espelho maior. Minha boca se abre em choque. Esse vestido é... lindo. E eu não pareço uma vadia com ele. Ele cai perfeitamente no meu corpo, e faz parecer que eu TENHO peito. E bunda. E um corpo de uma garota de dezesseis anos decente. Eu não sei o que dizer... não parece eu. Eu olho para Owen do espelho, ele está encarando o vestido, sem saber o que dizer, também. 

-Ah, me poupem. Esse é o vestido. Você tem que usar. -Ramona vem ao nosso encontro, nos tirando do transe. Ela espalha o tecido do vestido e joga meu cabelo para trás, dando uma visão melhor da parte da frente. 

-É tão lindo. -E melhor ainda: parece certo. Não é vulgar demais, mas não é aquele vestido que ninguém iria notar. Ele é... eu? Talvez. Mas ele é perfeito. E eu estou amando. 

-É claro que é lindo. Eu que escolhi. -Eu dou um tapa quando Owen diz isso, atingindo seu braço e ele ri, me olhando. O celular de Ramona toca. 

-Já volto aí. -E então ela sai da sala e eu me viro para ir para o provador, trocar de roupa, mas a mão de Owen puxa a minha e eu me viro. 

-Tenho que falar com você. 

Aqui vão as reações que eu tenho ao ouvir isso:

1-Eu piso na parte de baixo do vestido e tropeço. Felizmente, ele está intacto. 

2-Eu coro.

3-Meu coração dispara.

4-Minhas pernas e braços tremem. Ou meu corpo todo, tanto faz. 

Essa frase me assusta. De verdade. 

-P-pode falar. -Eu digo, nervosa... mas ELE também parece tão nervoso quanto eu. 

-Você quer ir no baile comigo? -Pausa....

Pausa outra vez. 

E de novo. 

Ele acabou de perguntar o quê? 

-O que você disse? 

-Eu perguntei se você quer ir ao baile... comigo. 

-Mas nós já vamos estar lá juntos. -Eu explico e ele me olha impaciente. 

-Não quero dizer assim Willow. Você nunca foi ao baile com alguém? 

-Não. -Eu sussurro, envergonhada e ele percebe, porque a expressão dele é de remorso.

-Me desculpe, eu não quis dizer isso. Eu só quero que você entenda.

-Você quer dizer, você ir me buscar...

-....E dizer que você está linda e entrar com você. É, é isso aí. -Ele diz, rápido, como se quisesse acabar de falar de uma vez. Meu coração bate tão alto que eu posso ouvi-lo batendo do meu OUVIDO. 

-Mas... -Eu não estou entendo isso. -Mas por que você quer ir comigo? -Ele joga as mãos no ar, exasperado.

-Você não percebe? Como você pode não perceber que eu estou praticamente de quatro por você, Willow? 

-Eu... -Ele percebe o que disse e respira fundo. Eu entro em pânico, mas ao mesmo tempo, eu sinto outra coisa. Felicidade? Provavelmente. Eu não sei dizer porque... quero dizer... eu nunca me senti assim antes. Mas... mas... eu posso quase dizer que eu sinto o mesmo por ele. Se eu conseguir dizer. 

-Você não tem que me responder sobre... isso. Eu não disse só para você dizer depois. Se você não quiser... ou não sentir o mesmo eu... 

-Eu vou ao baile com você. -Eu digo, dando um passinho para frente, para poder alcançar o braço dele. Ele finalmente para de falar e me olha, indefeso. 

-Você vai? -E então ele dá um passo em minha direção. Meu coração começa a bater, eu sei o que ele vai fazer. Ele vai me beijar. Eu já vi isso antes. O namorado de Cathy fez a mesma coisa. Ele vai me beijar. E se eu não beijar bem? E se eu não for boa nisso? E se eu não estiver pronta? Eu encaro ele de olhos arregalados e prendo a respiração. Eu estou com medo. Eu não... -Feche os olhos. -Eu fecho, mas eu quero sair correndo, ou morrer, ou desaparecer. Eu estou com medo de beijar Owen. Eu gosto dele, mas... eu não estou preparada? Acho que não. Eu estou em pânico. Eu consigo sentir o calor vindo dele e me seguro para não desmaiar. Ele passa o braço ao redor da minha cintura... e me dá um beijo na bochecha. Quando ele percebe que meu corpo todo relaxa, ri. -Você estava com medo?

-Um pouco.

-Eu posso esperar. -Eu abro meus olhos, para encontrar os dele me olhando divertidos. 

-Sério? 

-Sério. Só sei que esse beijo ainda vai ser meu. -Ele me dá outro beijo na bochecha. E eu sinto a urgência de saber de uma coisa. 

-Por que você gosta de mim? -Eu estou confusa. Ele é bonito e legal. Podia ter qualquer uma que quisesse. E eu sou a esquisita. E geralmente, nos filmes, as garotas esquisitas sempre ficam com os bonitões, mas na vida real... ou melhor, a minha, isso não acontece.

-Você fica contente em apenas se sentir bonita. A maioria das garotas quer ser gostosa. E quer um garoto que faça elas se sentirem gostosas. Eu não posso fazer isso, eu acho. Mas eu tenho certeza que eu posso te fazer se sentir bonita. Porque você é bonita, e é gostosa. -Ele ri. -Principalmente com esse vestido. -Nós rimos, eu estou um pouco envergonhada ainda, mas levando até a ponta dos pés pra dar um beijo na bochecha dele também.

-Obrigada. 

-Pelo quê? 

-Por esperar por mim. -E nós ficamos abraçados por algum tempo, sem falarmos uma palavra. Mas isso parece o suficiente para nós dois. 


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Notas finais do capítulo

BYE BYE CHORA CHORA CHORA BABY