Beautiful Bones escrita por loliveira


Capítulo 18
Tentando o Certo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/342100/chapter/18

Depois de um tempo eu meio que aceitei que eu não faria nada mais de útil além de chorar (por diversos motivos) e aceitei também que ficaria chorando até a aula acabar. Eu não voltei para a sala, Catherine deixou eu ficar na sala dela pelas aulas seguintes, até o sinal tocar e todo mundo ir para o refeitório. Porém, Owen e Ramona não estavam lá, já que eles tinham reuniões por causa do último ano. Eles comeram com o pessoal da sala deles (para o provável desgosto de Ramona... e talvez de Owen). E eu fiquei no prédio do suicídio. Olhando a vista. Fica mais bonita a cada dia que a primavera fica mais evidente. Depois eu fui obrigada a voltar para as aulas, mas eu estava consideravelmente melhor então não liguei muito para isso. 

O sinal toca, e todo mundo sai correndo da sala. Eu levanto e saio no meu próprio passo, porque eu sei que Ramona e Owen vão estar me esperando. Eu ando pelos corredores apinhados de gente lentamente e chego no estacionamento. Owen e Ramona estão encostados no carro, conversando e assim que vejo Owen eu coro... e começo a chorar. Acho que uma coisa está ligada a outra, eu choro porque estou corada e coro porque estou chorando. De qualquer forma, eles me olham surpresos quando veem o meu rosto cheio de lágrimas. Eu não me dou ao trabalho de responder. Porque eu só complicaria tudo, não sabendo como responder. Então... eu só abraço os dois. Eles ficam meio surpresos, porque eu nunca fiz isso, mas acho que eles pensam que eu estou tento algum tipo de recaída emocional... ou que eu pirei de vez, porque eles não fazem nada nos primeiros segundos. Depois de um tempinho, eles me abraçam de volta, de um jeito meio esquisito, já que eu estou abraçando os dois de uma vez. 

-O que aconteceu com você?! -Ramona pergunta, meio chocada, depois que ela se solta. Owen me olha meio preocupado e seca uma das muitas lágrimas que escorrem dos meus olhos. 

-Nada. 

-Ah, só foi o vento que te deixou assim? -Ela pergunta irônica. 

-Eu tive uma conversa com a Catherine. 

-Você não está pensando em sair, está? -Ela questiona, puxando a mochila pelo ombro e indo em direção a porta do condutor. Eu entro na parte de trás enquanto Owen vai para o lugar do lado de Ramona. 

-Não. Ela me mostrou os desenhos. -Eles me olham pelo retrovisor, confusos. -Os desenhos que vocês desenharam. -Eu admito, explicando meio envergonhada, lembrando de tudo que Catherine disse sobre Owen. Mas ele não demonstra reação nenhuma. Ramona começa a dirigir, para fora da escola, então eu lembro de uma coisa que eu ando pensando. -Podemos parar em um lugar antes de irmos para a minha casa?

-Aonde? 

-Preciso ir no restaurante do Will. 

-Então você vai falar com ele? Sobre a sua mãe? -Owen pergunta. Eu sei que Ramona vai para o restaurante, porque ela não pega o caminho que sempre pega para me deixar em casa, ao invés disso, vamos pelo caminho do Flier. 

-É. Acho que vou tentar ajudar ela. Ela está um zumbi. 

-Você já imaginou como seria se ela entrasse em depressão e o bebê nascesse com autismo ou algo assim? -Ramona pergunta, sonhadora e Owen dá um tapa no braço dela. 

-Cala a boca. -Ele replica o comentário dela e eu rio, fechando e abrindo os olhos para ver se eles secam, já que eu já parei de chorar. -Você acha que vai funcionar? -Ele pergunta para mim, se virando para me encarar. 

-Não sei. Acho que Will gosta mesmo dela. E ela gosta mesmo dele. Devia funcionar não é? 

-Não sei, não. Os adultos são sempre mais difíceis que os adolescentes. Eles vão tornar tudo mais complicado. -Ramona aponta para a hipótese, mas eu prefiro ignorar, porque eu tenho esperanças que dê certo. 

-Ramona, não encha a paciência. -Owen responde a irmã, irritado. -Acho que vai dar certo. Você quer que a gente vá lá com você? -Isso me pega de surpresa, e eu não sei se é ou não uma coisa boa. Eu já tinha concluído que eles iam vir junto comigo. Não tinha nem... parado para pensar sobre isso.

-Claro. -Então eu paro, constrangida. -Quer dizer, se vocês quiserem...

-Será que ele deixa eu pegar uns pãezinhos de graça? 

-Claro, ele sempre me deixa pegar. -Eu respondo a Ramona. Ela estaciona o carro e a gente sai. Ela tranca o carro e nós entramos. E eu lembro daquele dia que Owen se virou para pedir desculpas para mim, nesse exato lugar. Eu paro, fazendo Owen esbarrar em mim, porque paro subitamente e ele não estava prestando atenção nisso. Sorte que Ramona já está lá dentro. 

-Ai. -Ele diz e depois ri da minha cara de apavorada quando percebo que machuquei ele. -Não se preocupe, não foi nada, mas você pode continuar andando. -Ela aponta para o interior do restaurante. 

-Preciso falar com você. -Eu digo. Eu preciso que ele saiba. Sobre o desenho. Sobre aquele sentimento esquisito que eu estou sentindo e sobre... os sentimentos dele? Eu não sei se ele sente alguma coisa por mim (como a Catherine disse) e provavelmente não deve sentir. Eu sou uma idiota com baixa autoestima que nunca beijou ninguém. Mas... ele me vê. O desenho realmente mostra isso. E isso deve significar ALGUMA COISA não é? Ele me olha curioso.

-Agora? -Ele responde da mesma maneira. Eu penso então coro, outra vez. O que é que eu estou pensando? Que eu vou simplesmente me declarar pra ele? Eu não tenho coragem. E se ele quiser me beijar? Não. Não posso pensar nisso. 

-Eh... depois? -Eu pergunto, meio sem graça. 

-Por mim, tudo bem. -Ramona chama a gente. E ela está com Will do lado. Eu olho culpada para Owen e nós vamos até onde eles estão. Will parece confuso, e eu não posso culpar ele. 

-Willow? -Ele pergunta, meio atordoado. -O que você está fazendo aqui? 

-Eu preciso falar com você. Tem um minuto? 

-Espere um segundo. -Então ele sai para atender mais um casal enquanto eu dou uma olhada no restaurante. As luzes e o som de conversas são aconchegantes e me fazem pensar em casa. Família. Mesmo que eu não tenha nenhuma lembrança em família que possa relacionar a esse lugar. Talvez seja por causa das famílias que passam por aqui. Quando ele volta, leva a gente até uma mesa, e nós sentamos. Um garçom passa por nós e Will o chama. -Você assume aqui? 

-Posso pedir aqueles pãezinhos? De graça? -Ramona pergunta, para Will e o garçom ao mesmo tempo.

-Claro garota, num segundo. -E então ele troca alguns olhares com o garçom e ele assente e sai. Provavelmente para pegar os pãezinhos de Ramona. -Agora... Willow? -Ele pergunta. 

-Eu quero conversar sobre a mamãe. 

-Isso não é da sua conta, com todo o respeito, Willow. -Ele diz, realmente educado. 

-Eu sei, mas você tem que me escutar. -Ele respira fundo e me encara. -Eu sei que você a ama. Eu sei. E ela também te ama. E eu sei disso porque ela nunca sofreu tanto por causa de um homem antes. E você sabe que ela já teve muitas decepções amorosas. -Eu explico.  -Eu sei que ela é uma pessoa difícil de se lidar, mas você tem que tentar. Ela te ama. De verdade. 

-Sem mencionar que ela está esperando um filho seu. -Ramona adiciona, comendo os pãezinhos que o garçom traz. 

-É menino? -Ele pergunta, subitamente super curioso. 

-Não sei. É cedo demais para falar. Mas o que eu quero dizer é que você tem que dar uma chance. Porque se você der, vai dar certo. Porque ela te ama. Você é o homem da vida dela. Aquele que ela queria que fosse meu pai, mas não é, é você. E ela gosta disso, ela quer que seja você. Porque ela te ama. 

-Willow, essas coisas são complicadas. -Owen aperta minha mão, por baixo da mesa, silenciosamente dizendo que não é para eu perder minhas esperanças. ACHO que fico vermelha. 

-Não são não. Will, isso é sério. Ela ficou com medo, por isso falou e fez aquelas coisas. E ela está grávida! Você sabe que mulheres grávidas sempre fazem coisas sem pensar. E acredite, ela fez aquilo sem pensar. -Ele pensa por um segundo. 

-Mesmo que eu fosse falar com ela, ela piraria de novo. Ou não me aceitaria. 

-Eu tenho completa certeza que ela aceitaria. 

-Como eu vou fazer para ela me escutar? -Ele pergunta e eu fico quieta, depois encaro Owen e então Ramona, a procura de ideias. Ela sorri sem mostrar, os dentes, com a boca cheia. Então termina de comer e diz:

-Acho que tenho uma ideia. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

hey guysssssss
vou dar um spoilerzinho agora: morgan e jazz aparecem no próximo.
já adivinharam o que vai acontecer? skdjhfskdjhfskdjh byeeeeeeeeee