A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Perdão, perdão por ter demorado para postar. Eu fiquei afastada do Nyah por motivos de: Colégio, Curso e falta de coerência para este capítulo.
Cuidado, ele é quase todo em diálogo e por tanto ficou pequeno em quantidade de palavras. Vou tentar postar o outro ainda esse fim de semana para compensar o tempo perdido.



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Certamente East Views era uma cidade estranha, todos estavam seguros dentro de suas casinhas e lojas durante o acontecimento que ocorreu há uns dez minutos atrás, em plena luz do dia. Chegava a ser insano. Foi incrível o quão fácil ele conseguiu levar Ana até seu carro sem que ninguém passasse pela rua e visse aquela cena. Sorte dele - e azar dela - ainda estar carregando aquele pano e formol dentro da mochila, ou só poderia ter aquela conversa com Ana a sóis muito tempo depois. Até porque não arriscaria conversar com ela no quarto do dormitório com a possibilidade de algum aluno intrometido escutar.

A viagem de carro foi silenciosa, pois ela ficara desmaiada o caminho inteiro. Ethan estava meio tenso para saber a reação da garota, já que ele não sabia se ela tinha descoberto tudo e relembrado dele ou se aquela situação ainda era confusa para Ana. Todavia, se acalmou quando chegou ao apartamento da própria e a pôs no sofá da sala. O lugar estava uma bagunça desde o dia que ele havia ido lá por as escutas para vigiá-la, ela precisava de umas aulas de organização. - As escutas tinham sido retiradas a força pela jovem que se encontrava no sofá, e no momento em que ele percebera, ela começou a acordar.

As mãos de Ana estavam dormentes, assim como seus pés. Mas conseguiu sentir que estava deitada em algum lugar, talvez uma cama? Só saberia se abrisse os olhos, porém estava com tanto pavor que acabou forçando para ficarem mais fechados ainda, o que a fez encolher. Ainda não conseguia se lembrar do que havia acontecido, somente de que estava vindo da casa do detetive, depois disso sua mente estava em branco.

Após cinco minutos forçando os olhos, ela cedeu à curiosidade de ver onde estava. Quando os abriu, a luz acabou por atrapalhá-la, entretanto reconheceu o lugar imediatamente. A bagunça deixou claro que aquela era o seu bom e velho apartamento, mas como conseguira chegar ali? Era o que ela queria saber. Segundos depois, um homem familiar saiu da cozinha e se sentou de frente para ela, esperando que ela tivesse alguma reação, porém ficou quieta tentando absorver o que tinha e o que estava acontecendo. Tudo que sabia é que tinha saído da faculdade cedo e ido à casa de James, depois fora tentar voltar para casa, e então...

E então se lembrou de tudo. Foi o suficiente para mudar a expressão de seu rosto ao reconhecer Ethan à sua frente.

— Você! – Ela gritou ao se levantar bruscamente do próprio sofá. Ficou em pé, prensando seu próprio corpo contra parede. ­– O que diabos está acontecendo?

Ethan apenas ficou parado olhando para a face assustada da garota, ele tinha compaixão e tristeza em seus olhos, mas os mudou por raiva e ódio em segundos quando ela tentou escapar. Ana simplesmente tentou correr como se ele nem estivesse ali, então a agarrou e a jogou contra o sofá novamente.

— Como se você não soubesse. – Ele rosnou. – Como se já não tivesse ligado todos os pontos só por me ver sentado em frente a você. Faça-me um favor querida Ana, qual o final do livro que eu te dei? Aquele que quando te dei, você disse que me deveria para sempre...

— Existe uma coisa chamada forma de falar! – Ela exclamou. – Você é maluco, certo? Um sádico!

— Acha mesmo que sou tão perturbado assim? É óbvio que sei o que você quis dizer, garota. Eu não queria que você me visse deste jeito. – Era como se ele tivesse gritado em um tom triste, o homem tinha mudanças de humor sobre-humanas. – Desculpe-me... Eu não deveria ter feito isso, só queria falar com você a sóis.

— Simples, seu bipolar, só me chame pra longe e pronto! – Ela engoliu em seco, tentando se controlar. Sentou-se na cadeira ao lado do sofá, mais distante dele. Afinal, estava frente a frente de um assassino em série. Pensaria em um plano. – Como conseguiu entrar aqui?

— Abri sua bolsa... – Ele riu. – E peguei sua chave.

— E por que aqui? – Ela conhecia cada parte do apartamento, quando chegasse a hora fugiria, e não seria pega desta vez.

— Porque eu tenho uma proposta a lhe fazer, e achei que aqui fosse o melhor lugar para isso. - Mas ela não sabia que Ethan conhecia o lugar tão bem quanto ela. - Não seremos interrompidos.

— E o que você possivelmente pode querer comigo? – A mão dela tremia no braço da cadeira.

— Primeiramente, feliz aniversário. - Ele se virou para trás e pegou uma caixa. Depois a colocou no colo da garota. - Segundo, é algo muito simples. Eu sei por algumas anotações de outros professores que você tentou ser escritora, mas ninguém publicou seu livro. É verdade?

Ana tinha o olhar fixo para a caixa em seu colo, por mais que toda aquela situação a deixasse atormentada, sua curiosidade para abri-la era maior que o perigo que ela cogitava estar passando. Sem responder o homem que estava a centímetros de distância, fez o que desejava e deu de cara com um livro que ela estava procurando há um tempo.

Chamava-se: “O Perfume”. A história era sobre um homem cujo olfato era mais desenvolvido do que o normal, por tanto podia sentir o odor mais imperceptível. Depois de um tempo, ele descobre que ele mesmo não possui odor. E ao perceber seu “dom” vai atrás da essência perfeita. Na busca, que se torna obsessiva, ele acaba por matar as jovens com o aroma que lhe agradava. Tinha sido adaptado para filme, mas ela nunca tinha tido a oportunidade de assisti-lo. E agora poderia ler... Já que outro assassino havia lhe dado de presente.

— Ironia, você é uma grande filha da mãe. - Ela afirmou para si mesma e depois se voltou para ele. - Sim, é verdade. Por quê?

— Jessica já lhe contou que tenho um amigo que trabalha para uma editora? Pois bem, quero que você escreva um livro sobre mim, sobre a minha vida e sobre como me tornei o que sou hoje. E depois, quando este finalmente estiver publicado, você me entrega à polícia e eu vou sem resistir.

— E qual é o sentido de tudo isso? - Ana ficou pasma. - Acha mesmo que não me prenderiam por ser cúmplice? Aliás, eu não ganharia nada. O livro nem sequer venderia uma única cópia, sabe por quê? Porque a razão de ter sido publicado seria doentia e excêntrica.

— Você aplica palavras duras de uma forma sofisticada minha querida. Pode machucar as pessoas desta forma, sabia? - Ethan perguntou retoricamente. - Enfim, eu apenas percebi que quando utilizei minha apreciação pela morte para chamar sua atenção, acabei perdendo a oportunidade de conseguir interagir com você de uma forma normal, por isso quero algo que não traga a você muito desconforto. E sim, você vai ganhar com isso. Vai descobrir o que incentivou sua mãe a se jogar da janela do próprio quarto.

— E você, certamente, sabe o motivo. - Disse ela com um tom de ironia enquanto levantava da cadeira. - Porque você, apesar de ter somente 15 anos na época, estava a par de toda a vida complicada do casal da casa mais sofisticada da cidade. Querido Blue Killer, acho melhor fazer logo sua vítima, porque é a única forma deste encontro ter algum valor. Ah, Connor sabe que o exemplo dele é um babaca?

Era suicídio, ela sabia, mas simplesmente não pode segurar as palavras que saíram de sua boca naquele momento. Não havia remota possibilidade dele saber de algo que ela tentava descobrir há anos. Algo que a remoia por dentro naquele mesmo dia, algo que nunca tinha feito sentido. Ficou irritadiça e indignada pela audácia dele de pensar que ela cairia em um plano tão sórdido. Para ela era óbvio que aquele acordo absurdo era uma forma de atraí-la para ele, porém, mesmo que fosse completamente insano, desvendar o mistério da morte de Elizabeth era algo além de suas expectativas.

Ela mordeu a boca ao perceber que, mais uma vez, Ethan mudara de humor. Agora ele estava um pouco confuso, mas ofendido e agressivo. Algo dizia a ela que poderia morrer ali, no seu próprio apartamento em um piscar de olhos. Mas se a teoria de James estivesse certa, ele tinha algum tipo de sentimento obscuro por ela, poderia sair dali se isso fosse verdade.

— Parece que sua visita ao consultor não lhe fez bem. O que ele deve ter afirmado de mim não deve ter sido nem um pouco agradável. Ana apenas se controle por uns minutos. Preste atenção no que estou te propondo, uma única oportunidade para descobrir todo o complô de catorze anos atrás. Não é o que você ansiou toda a sua vida até agora? – Ele se levantou e pegou em sua mão e a encarou nos olhos. – Você disse uma vez à Victória que não tinha medo de correr riscos, está voltando atrás?

— São situações diferentes. – Sua voz saiu trêmula. Achava que não conseguiria pensar em algo coerente naquele momento. – Aqui estou na frente de um assassino em série com uma proposta de dar calafrios, e lá eu estava tentando andar de patins. Você não percebe a diferença? Tenha raciocínio. Que tal eu sair por aquela porta e esquecer o que aconteceu? Não haverá proposta e você não irá pra polícia. Simples! Fácil!

— Mas aí eu te entregaria quando fosse pego... – Ele deu um sorriso macabro. – Não seria um final feliz pra nenhum de nós dois. E eu sou fã de finais felizes. Simplesmente não discuta comigo, anjo. Faça o que estou te pedindo, e você sai ganhando. E para não ser presa, pode dizer que eu te chantageei.

— O que você ganha com isso?! – Ela berrou. – Nada!

— Está preocupada comigo? Não me dê esperanças, Ana, é feio.

Ela congelou ao toque dele no seu rosto, nem ao menos respirou.

— Eu vou ganhar, creia nisso. Vou ganhar até muito mais do que você. Vamos, pense rápido e responda! Você tem um minuto.

— E eu achando que você era apenas um professorzinho com problemas de personalidade. – Ela suspirou.

...

Elliot era um homem ocupado, frio e solitário antigamente, mas depois que conheceu Roberta sua vida ganhou uma luz que ele havia perdido há muito tempo com a morte de Elizabeth, e era graças a ela que estava bem naquele dia. A única coisa que se perguntava era onde se encontrava Ana e por que ela tinha faltado à aula se sempre implorava para que tivesse nos outros anos. Embora tentasse ligar para garota, ela não atendia ao telefone e isso começou a preocupá-lo.

As aulas ocorriam normalmente e nenhum aluno havia perguntado algo inoportuno; só tinham se espantado por ele estar de bom-humor, o que era plausível. Elliot estava na sala dos professores conversando sobre a peça de teatro que eles pretendiam fazer, várias idéias surgiram, mas todos queriam que o professor estivesse presente quando eles fizessem a escolha. Alguns deles disseram que Ethan só chegaria dali a duas horas, pois tinha que resolver alguma coisa que não tinha nada a ver com a universidade. Não era normal ele sair sem avisar, mas como era um excelente profissional, deveria ter um motivo urgente.

— Saia do mundo da lua, diretor. – Exclamou um aluno do outro lado da sala. – Ainda temos que ter sua permissão para sugerirmos esta peça ao Ethan.

— Eu voto contra. – Disse Jéssica. – Acha mesmo que temos vozes potentes para um musical tão renomado? Vocês são muito sonhadores...

— Ana, você, Thomas e Nate têm vozes boas. – Disse Victória. – Podem pegar os papéis que necessitem potência vocal.

— Imagine! – Debochou a irmã mais velha. – Ana ou eu como Christine e Nathaniel como Erick. Faça-me um favor.

— Quem é Erick? – Perguntou Connor.

— É o nome do fantasma da ópera, idiota.

— Acalmem-se pessoal, que eu saiba ninguém aqui é menor de idade para agir como criança. – Elliot elevou a voz para cessar a discussão. – É uma peça excelente, mas muito difícil de ser executada. Não terão verbas pra isso, e o talento exigido pelas canções é enorme. Mas se conseguiram, tem a minha permissão. Se isto não ocorrer, façam... Não sei talvez Romeu e Julieta ou Sansão e Dalila. Ethan escolhe.

Uma onda de gritos comemorativos invadiu a sala de reuniões. Alguns extasiados, outros menos animados. E logicamente Jéssica Sommers de cara emburrada como em todas as ocasiões.

...

— Dez segundos e o tempo corre. Pega ou larga? - Ele estava completamente animado. - Lembre que não estou te forçando a nada aniversariante, é apenas um segundo presente de aniversário mais inusitado.

A adrenalina era gigantesca, mas ela se conteve por mais dois segundos. No final, acabou cedendo.

— Está bem! Eu aceito.


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Notas finais do capítulo

IUPI, finalmente. O que será que vai acontecer daqui pra frente?

MAS O MAIS IMPORTANTE DE TUDO É: Qual será a peça que eles vão fazer? q



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