A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Este ficou menor que o último, mas é porque eu não queria demorar para postar. Fiz com todo carinho, haha, bom capítulo.



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Era muito comum que a faculdade não “funcionasse” naquele dia em questão, até mesmo Ana pensava assim, mas um chamado do diretor do alto-falante mandou com que todos levantassem de suas camas e fossem para as aulas como fazem normalmente em meia hora. Aquilo já fora estranho o suficiente para alguns alunos e professores, mas mais estranho ainda era quando alguém se encontrava com o diretor. As pessoas pensaram que ele estaria com uma cara emburrada e com um péssimo humor, ele estava o oposto. Sorria para todos e dava um ‘Bom Dia’ com gosto.

Embora houvesse aula, Ana decidiu que iria resolver o que pensara a noite toda naquele mesmo dia, então já saíra de lá antes de ouvir o anuncio de seu pai. A aniversariante conseguiu, de algum jeito, ultrapassar os portões da faculdade sem dificuldade alguma e antes das oito já se encontrava na delegacia discutindo com alguns policiais pelo endereço do detetive Rick James. Uma informação que aparentemente não poderia ser dada por ser restrita, e apenas poucas pessoas saberem onde ele morava. Conseguiu apenas o nome da rua, mas iria bater na porta de todas as casas até ele atender se fosse preciso.

Do outro lado da cidade, em uma fábrica de roupas, John Wilson estava demitindo alguns funcionários logo cedo para diminuir gastos. Aproveitara também que o filho estava preso na faculdade para procurar algumas jóias da família que tinha escondida há algum tempo para ir penhorar. Lucas não sabia que eles estavam a beira da falência. E não era por falta de clientes, mas sim por causa do alto padrão de vida que eles costumavam levar. Não era atoa que eles possuíam uma Ferrari na garagem de sua casa de dois andares.

Ao virar na rua da loja de penhores, avistou uma figura que não via há bastante tempo. Na calçada da esquerda, Ana Smith estava com um papel pequeno na mão enquanto olhava ao redor das casas, provavelmente procurando um endereço. Ela aparentava estar um pouco ansiosa, ou nervosa, pois o papel tremia em sua mão.

John sabia o que aquele dia significava para ela e seu pai – Por mais que não gostasse de Elliot, tinha pena de sua filha. – e novamente se sentiu mal por ter pensado coisas tão ruins da garota no ano passado e ter tentado acabar com a amizade dela e de seu filho. Após Elliot ter praticamente roubado sua esposa, ele passou a ser um homem um tanto rancoroso e frio, então quando soube das possíveis ‘tendências suicidas’ de Ana e dos cortes que a garota carregava nos braços, decidiu simplesmente que ela era uma péssima influência. Apesar de seus esforços, nada adiantara. Lucas o ignorou por completo.

John saiu do carro e foi em direção a garota, esquecendo completamente das jóias dentro de seu carro. Ana estava olhando algo no celular e fazendo algum tipo de caminho no ar. Ela parou de mexer e então se virou para o lado oposto ao dele. Mesmo assim, quando se aproximou dela instantaneamente a garota virou-se novamente em sua direção, desta vez o vendo.

— Quanto tempo, senhorita Smith. – Ele carregava um sorriso forçado, mas pelo menos estava realmente tentando sorrir. – Não te vejo desde... Desde a festa de Victoria.

— É... Depois que me proibiu de ir à sua casa acabou ficando difícil nos encontrarmos além de lugares públicos e festas em que fomos ambos convidados. – Disse a menina com um tom triste. – E como Tina está? Soube que ficou devastada após a morte de Julia

— Ela está meio balançada ainda, mas está melhor. Pediu para Lucas lhe desejar feliz aniversário.

— Agradeça a ela por mim. Mm... Você, por um acaso, saberia me dizer onde Rick James reside?

— Ele reside... – Ele deu uma risadinha curta. – Naquela casa amarela bem ali.

Ele apontara para um sobrado em um amarelo bastante puxado para o âmbar, ou dourado. As janelas possuíam um vidro fumê que era imensamente escuro, alguém poderia estar te observando dali, mas você nunca saberia. De longe era possível perceber que se cultivava um jardim no gramado da frente, era relativamente bonito, mesmo sendo bem simples. O contrário da casa.

— Obrigada. – Ela já seguia em direção à residência, mas John a chamou.

— Perdão pelo meu intrometimento, mas o que você teria para falar com o detetive à uma hora dessas?

— Confirmar uma ‘teoria’ minha. – Respondeu Ana com um olhar inexpressivo. – Obrigada novamente pela informação. Até qualquer dia.

A garota virou-se novamente e voltou a andar em direção a casa amarela enquanto enfiava o papelzinho, que ainda segurava, no compartimento da frente da bolsa preta de couro que carregava. John lembrou-se finalmente do que havia ido fazer ali depois de alguns minutos, então, voltou para o carro. Ao entrar, pegou uma sacola de uma loja qualquer e pôs a caixinha de jóias que estava em seu porta-luvas nela. Saiu do carro e foi para a loja de penhores.

Quando entrou no estabelecimento percebeu que acima da porta tinha um sininho que alertava a entrada de um cliente na loja. Cinco segundos depois, apareceu uma jovem no balcão do lado e outra no balcão da frente. Ele foi em direção a mais velha, pois era ela que cuidava das coisas de alto valor. Ela possuía cabelos castanhos escuros e tinha olhos verdes azulados, estava por volta dos vinte e cinco anos de idade. Quando os olhos da menina o encararam para ouvir o que ele queria, lhe subiu um frio na espinha. Ela lhe lembrava Julia Moore, que fora assassinada brutalmente meses atrás.

Ela deu um sorriso simpático quando ele pôs a sacola em cima do balcão. A mais nova decidiu limpar a estante de livros, já que não havia mais nenhum cliente ali.

— Olá, meu nome é Jennifer Goodwin e aquela é minha irmã. – Ela apontou para a menina de cabelos curtos em frente à estante. - Em que posso ajudar senhor?

— Eu gostaria de penhorar estas jóias aqui. – Ele tirou a caixinha de dentro da sacola à sua frente e a abriu, mostrando cinco colares folheados a outro com três tipos de pedras. Dois tinham rubi, dois tinha pérolas e o outro tinha uma esmeralda. Ali também havia dois brincos, um de lápis lazúli e o outro de pérolas negras.

— Lamento informar, – Disse a menina com uma cara triste e depois apontou para a caixinha, mais necessariamente para o antigo brinco favorito de Roberta. – mas não poderemos penhorar estes brincos, pérolas negras são bastante caras e não temos todo este dinheiro. Sinto muito. Talvez na cidade vizinha...

— Está tudo bem, posso voltar com estes para casa, mas os outros eu irei penhorar aqui. Pode avaliar?

Ela sorriu e assentiu, depois pegou as peças e foi avaliar.

...

Depois de um tempo, eles acertaram todos os valores. Enquanto guardava o dinheiro em uma maleta que havia pegado dentro de seu carro, a menina se despediu e foi para o estoque, pois tinha que guardar as jóias no cofre mais seguro, que era o principal. John já estava de saída, então se virou para a porta de entrada, mas acabou dando um encontrão com um homem que acabara de entrar lá. Ele quase se desequilibrou, felizmente tinha uma mesinha pequena ao seu lado que evitou sua queda.

— Sinto muito, não tenho olhado por onde ando. Está bem? – Perguntou o rapaz cujo seu rosto era tampado pelo capuz do casaco que ele usava.

— Não foi nada.

Assim que John saiu, uma garota saiu de uma porta que ficava nos fundos da loja. Ela era bastante parecida com a menina que estava na estante, porém era mais velha e possuía cabelos longos. A mais nova tinha cabelos curtíssimos e seus olhos eram ainda mais azulados do que a da outra. Aquilo começou a perturbá-lo, mesmo que estivesse ali para fazer aquilo e a ideia de um homicídio duplo o agradar por causa da mídia enlouquecedora que chamaria a atenção de Ana, a ideia de matar jovens tão belas o deixava triste. – O que não fazemos por amor? - Ele pensou.

Jennifer saiu de trás do balcão e foi ajudar a irmã, que tinha derrubado alguns livros no chão da loja. Enquanto isso, ele tirava suas mãos do bolso e pegava a arma com um silenciador que carregava na mochila sem elas perceberem, e então, passou-a para trás de seu corpo. Percebendo sua movimentação, as irmãs se viraram juntas em sua direção com uma expressão de curiosidade. Afinal, sua aparência não era a das mais feias, pelo contrário.

— Desculpe... Mas podemos ajudar em alguma coisa? – Perguntou a mais nova.

— Você pode Claire. – A garota se assustou ao ouvir seu nome, sua irmã fazia questão de não dizê-lo para não a comprometer. – Estou procurando uma jóia muito rara, não sei se há aqui...

Enquanto ele falava, pôs a arma e sua mão direita de frente para Jennifer e Claire, que ficaram assustadas imediatamente.

— Ela muito, mas muito linda. Eu acho que até diria perfeita. Ela, de alguma forma, pensa que é obscura, quando na verdade é a mais pura somente pelo nome que possui... - Ele era calmo e sereno a falar, mesmo com uma arma na mão apontada para as duas.

— O senhor está falando da pérola negra? – Perguntou a Jennifer com uma voz trêmula.

— Sim! – Disse ele com uma enorme excitação. – Vocês a têm?

— Teríamos... – Respondeu Claire, chorosa. – Se ela não tivesse negado o dinheiro ao senhor que acabou de sair. Sinto muito...

— Ah, mas que pena. Eu que sinto, este era o passaporte de vocês para continuarem vivas.

Assim que terminou a frase, atirou na mais velha exatamente onde ficava o coração. Claire começou a chorar e tremer, com o rosto completamente abalado. – Ele bufou e atirou nela em seguida, mas na cabeça. Antes de sair, foi em direção à estante de livros e pegou um qualquer. Pôs suas luvas que tinha tirado para segurar a arma e abriu a porta. Saiu despreocupado, pois sabia que não havia nenhuma câmera na loja devida algumas jóias serem de contrabando, e muito menos na rua. O melhor era que ninguém tinha ouvido, ele se sentia orgulhoso. Tinha sido o assassinato mais fácil até o momento.

Quando se deu conta, avistava uma jovem. Ela fez seus olhos brilharem. Então lhe veio uma ideia...

...

A primeira coisa que Ana reparara na casa do detetive, foram as câmeras estrategicamente colocadas na sacada. Lá dentro, Ana e ele conversavam sobre o que ela tinha relembrado. A esposa dele não estava em casa, pois tinha cansado de passar tarde na cama e chorando por sua filha. Tinha ido trabalhar no educandário da cidade novamente, pensando que suas crianças poderiam alegrar seu dia nem que fosse por um pouco. Ela ligava de meia em meia hora para saber se a polícia dera alguma nova informação, ele sempre dizia não.

James dera várias hipóteses, algumas até um pouco absurdas, mas outras tinham bastante sentido. Porém, ela já estava grudada a aquela que ele havia dito na delegacia. Tinha certeza absoluta de quê era realmente aquilo, uma obsessão maluca que, complementando o que ela tinha lembrado, começara no dia de seu aniversário quando ela disse para um estranho qualquer que lhe devia um favor.

— Ele está querendo sua atenção, Ana. Por mais estranho que isso soe, parece que ele acha que você aprovaria este tipo de ação.

— Em um filme talvez, não na realidade. Isso é insano, além de extremamente cruel. – Disse a garota com uma mão no queixo. – Não gostaria de alguém assim nem que me pagassem.

— Se este assassino for o mesmo cara da sua festa de dezesseis anos, ele irá te cobrar o favor que você deve a ele. Sabe disso, não sabe?

— Mas é claro, não sou burra. O único problema é que minha palavra é honrada, terei que recompensá-lo de alguma forma... Bem, se ele vir até mim. E se vier de fato, antes de entregá-lo para polícia.

— Ok, então está tudo anotado. Irei guiar a polícia e comentar isso com os novos responsáveis pelo caso. Não se preocupe Ana, não deixaremos nada acontecer com você.

— Não é comigo que me preocupo... – Disse ela, praticamente sussurrando.

— Bem, acho melhor você voltar. Feliz aniversário. - Disse o detetive.

Eles desceram as escadas, ao chegarem à varanda da casa, se despediram. Depois, a menina saiu em direção ao seu Corolla preto estacionado do outro lado da rua. Ela atravessou cuidadosamente um pouco antes da faixa, e mais afastada do carro. Ela ia andando despreocupadamente, mesmo que ainda estivesse pensando na conversa que tivera há pouco tempo.

Ela estava perdida em seus pensamentos que nem notou que alguém conhecido vinha em sua direção com um olhar suspeito. E só percebeu de quem se tratava quando o mesmo tirou um pano da mochila e o pôs em sua boca. Ela só pronunciou uma palavra antes de cair nos braços dele:

— Ethan?


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Notas finais do capítulo

HOHOHO Por essa todo mundo esperava --'
Eu deixei meio óbvio, mas era porque a história em si não é descobrir e sim acompanhar o relacionamento dele com nossa queridíssima personagem principal.
Reviews?



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