Em Minhas Memórias escrita por Mary e Mimym


Capítulo 5
Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo...



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Cheguei em casa, joguei minha mochila no chão da sala, não estava mais aguentando ficar em pé. Por quê? Por que a parcela de sofrimento foi maior para mim?

Abri a porta do meu quarto e tratei de me deitar na cama, permanecer ali por um bom tempo. Meu encontro com a Elesis foi tão inesperado, tão surpreso, não sei explicar direito.

Foi como se um flash cegasse meus olhos, não vi mais nada depois que ouvi sua voz. “Ronan.” Não entendo como um sentimento pode ser tão burro! Eu a vi beijando outro, mas não... O amor insiste em querer retornar em meu peito.

Mas preciso ser forte, suportar tudo e ainda sorrir... É, fingir um sorriso durante cinco vezes na semana não é tão complicado e durante um tempo eu me acostumo. Só não posso deixar transparecer fraqueza. Não será desta vez que a vida irá me fazer aceitar suas ordens. Irei construir meu próprio destino. Mas dói, dói muito só de pensar que estou amando.

Olhar pra Elesis parecia ser como olhar de um penhasco o mais belo pôr do sol. Por que eu disse de um penhasco? Bem... Eu senti uma adrenalina percorrer meu corpo, era como se mais um movimento que eu desse, me colocaria em perigo e eu poderia cair a qualquer momento, ou melhor, poderia acordar de um sonho, mas não era um sonho, era real. Assim como o mais belo pôr do sol.

Olhei o teto. “Ronan”. Sua voz teimava em permanecer em minha cabeça. Aqueles olhos tão belos e diferentes de qualquer outro. Únicos.

Flashback ON

Fiquei mudo. Não era qualquer pessoa que estava bem ali, ao meu lado, era ela. A minha melhor amiga. A ruiva mais estressada e impaciente... Elesis...

–Quanto tempo, né? – Ela me olhou, esperando que eu respondesse.

Abri a boca, mas nada saiu. O silêncio estava tomando conta de mim. Era como se minha respiração não permitisse que saísse som, ou apenas uma palavra. Nada. Entrei em conflito comigo mesmo. Lutei para que meu corpo me obedecesse, mas eu não tinha mais controle. Estava em choque. TRÊS ANOS! Muito tempo, suportei três horríveis anos longe dela e quando a encontro não consigo dizer nada!

–Você não vai falar nada? – Elesis aumentou o volume de sua voz, questionando a minha quietude assim como eu.

–E-eu... Eu sinto muito. – As palavras saíram automaticamente.

Levantei-me e comecei a andar. Como eu disse, meu corpo não me obedecia mais. Mas relutei, parei no meio da rua. Elesis permanecia sentada na calçada. Eu não perderia essa oportunidade!

Respirei fundo. O mundo estava rodando muito rápido, porque comecei a ficar tonto. Minha cabeça parecia querer explodir.

–Vamos, Ronan, você precisa falar pelo menos um oi. – Falei para mim mesmo.

Virei-me em direção a Elesis e ela não estava mais ali. Meu coração diminuiu e eu diminuí junto. Mais uma vez eu a perco? Será que a vida me odeia tanto? Ou eu que questiono tanto e não percebo que eu sou fraco demais? Talvez fosse mais fácil eu sair correndo atrás dela. Talvez fosse mais fácil se eu fosse corajoso o bastante para falar tudo que eu sinto... Quiçá... Talvez... Possibilidades nulas de acontecerem.

Senti-me um idiota completo. Vi a menina que amo... Sim, eu a amo! Só pode ser isso, deve ser o motivo de tanto sofrimento. É claro! Senti minhas pernas trêmulas, eu estava fazendo de tudo para correr. Dei os primeiros passos e comecei a acelerar.

Elesis estava um pouco distante, quando a alcancei...

–Lass, vamos? – Essa pergunta da ruiva me fez parar, ofegante. Ela nem se quer olhou para mim, poderia nem ter me visto.

–Vamos. – Ele a beijou, aquele idiota a beijou!

Balancei a cabeça, o idiota era eu, que não corri logo para impedir que Elesis fosse embora. Ela queria falar comigo, ela precisava falar comigo. E eu a deixei escapar como a areia da praia em minhas mãos quando a onda passa. Mas agora ela se foi, junto com o Lass... Eu nem sei se terei outra chance de falar com ela como tive hoje. Ronan, seu burro! Você a deixou de novo...

Decidi não me auto crucificar mais, fui para casa, o jeito era esperar para saber o que esse ano irá me reservar... Já comecei bem mal. A chuva começou a cair, não me importei. Deixei que a água me guiasse, já que ela corria pela rua.

Fiquei pensando pra onde Elesis estava indo, mesmo parecendo óbvio que ela iria pra casa do namoradinho. Mas bem que ela poderia ir para casa, assim eu teria mais uma oportunidade de me encontrar com ela. Já que não vou mais a sua casa.

Me toquei que estava tendo pensamentos idiotas, além de eu ser um, acho que a chuva estava levando com si minha sanidade, meus raciocínios lógicos.

Flashback OFF

Como eu cheguei e me deitei logo na cama, nem percebi que a janela estava aberta. O vento forte balançou as cortinas, com certeza o chão estava todo molhado. A chuva estava sem direção. Eu estava todo molhado, então o frio do vento me incomodou. Eu pegaria uma gripe se não me trocasse logo. Mas resolvi apenas me cobrir. O que mudaria na minha vida se eu ficasse gripado? Nada. Então pra mim tanto fez, como tanto faz.

O celular anunciou que eu havia recebido uma mensagem. Reclamei em meus pensamentos, não estava a fim de levantar para ver quem era. Mas poderia ser a Arme, e ela odeia quando eu a “ignoro”.

Levantei da cama, a mesma já estava molhada também, dei os ombros e voltei à atenção para o celular. Ventou de novo e eu senti um arrepio. Olhei a tela do celular e era a Arme mesmo.

Eu te liguei, mas você não atendeu... Enfim, queria só contar que a Lire é muito legal e que moramos bem pertinho, nem sei como não a conheci. Peguei a chuva quando chegava em casa, espero que você não tenha pegado também.”

Assim que terminei de ler, fui até as chamadas perdidas e tinha duas ligações da minha baixinha. Ela deve ter ficado preocupada, já que sabe o perigo de eu pegar chuva. Eu posso ficar com pneumonia. É uma longa história, talvez depois eu conte sobre isso. Posso adiantar que já tive princípios de pneumonia um ano depois que fiquei longe da Elesis. Arme, como já era a minha amiga, ficou um pouco comigo quando eu não podia ir para a escola. Enfim, resolvi trocar de roupa.

Tomei um banho e voltei a me deitar na cama, só tinha esquecido um detalhe: o lençol estava molhado. Levantei rapidamente, tirei o lençol. A chuva começou a invadir meu quarto de novo, fui fechar a janela. Péssima hora para fechar a droga da janela! Por quê? Bem... Lass estava se despedindo de Elesis em frente à casa dela, ele colocou o casaco nas costas dela. Observei aquilo tudo com uma agonia no coração.

Os dois se beijaram e eu fui eletrocutado pela realidade. Elesis já tinha alguém que a amava, eu não tinha chance, nem se tentasse. Meus pensamentos estavam pessimistas naquele instante.

–Ronan. – Minha mãe me chamou e eu a olhei – O que está fazendo aí? Fecha a janela, o piso está todo molhado e você também.

Perdi o ânimo de fazer alguma coisa, deixei a janela do jeito que estava, saí do quarto passando pela minha mãe e fui para a sala ver se tinha alguma coisa que prestasse na televisão.

Minha mãe foi fechar a janela e viu a Elesis, ela a chamou de lá do meu quarto. Como eu sei disso? O grito da minha mãe deve ter chamado a atenção do carinha do outro lado da rua.

Resolvi deixar a televisão de lado e abri a cortina da janela da sala, que estava fechada, mas como era de vidro, dava para ver lá fora. Elesis estava na porta falando alguma coisa com a minha mãe e, quando ela foi entrar, seus olhos, por algum motivo, se encontraram como os meus. Congelei.


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Notas finais do capítulo

E então...?



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