Em Minhas Memórias escrita por Mary e Mimym


Capítulo 15
Sinto-me bem


Notas iniciais do capítulo

Oie!!
Estou de volta u.u, eu demorei... tô sabendo. Mas eu realmente não tive muito tempo para escrever esse capítulo. Enfim, deixando isso de lado, o capítulo está bem legal. Espero que gostem.
Ah! Só uma aviso: TODO flashback será narrado pelo médico, pois foram cenas na visão dele. E, quando terminar o flashback, voltará a ser o Ronan. É isso. Boa leitura!!



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Olhei para o médico e ele suspirou pesadamente. Fechei os olhos e esperei pela resposta.

–Não teoricamente, pois foi um choque que você teve em uma região sensível. – Começou ele – O Traumatismo Craniano é uma doença que pode afetar sua vida eternamente, parcialmente, ou nem se expor tanto.

–Como assim? – Quis entender melhor.

–Vou usar o seu exemplo, quando sofreu o acidente, seu estágio não era muito bem definido, pois não chegava a ser tão grave que o levasse a morte, mas também não era uma pequena lesão capaz de ser resolvida logo. Porém, isso só foi realmente esclarecido quando você, gradativamente, começou a se recuperar. Sua recuperação foi incrível, mas você havia perdido um pouco da memória. O que é normal. Você não sentia muita dor de cabeça, tonteiras, hemorragias, desmaios. Sua vida havia voltado a ser “normal”, na medida do possível.

–Ah... – Balbuciei, olhando-o, para que continuasse.

–Sendo que houve uma reversão. Como assim? – O médico fez a pergunta e a respondeu logo em seguida – Suas dores voltaram, a tontura, o desmaio súbito, até mesmo o sangramento. Sua mãe me contatou. O maior erro do ser humano é esconder o que sente. Em todos os sentidos. Não se pode omitir, porque isso, futuramente, pode se agravar. Enquanto você não acordava, sua mãe o olhava todo dia, conversava com você, lia algumas histórias, para ver se você se reanimava. Você tinha quinze anos na época. Arme, a sua amiga, chegava aqui com um sorriso esperançoso no rosto, esperando que a enfermeira dissesse que você havia acordado. Era uma cena comovente ver um sorriso cheio de fé se transformando em uma tristeza só. Ela ficava ao seu lado, contando algumas coisas, até mesmo até sobre a tua infância. Um dia... – O médico soltou uma breve risada, eu ouvia a tudo bem atento, queria poder lembrar, mas não tinha sucesso, então ele continuou – Ela disse que contaria algo que você contou à ela, era uma lembrança sua.

Arregalei os olhos. Se a Arme contou da minha infância, isso quer dizer que... Encarei o médico curioso.

–Eu estava entrando no quarto e Arme estava sentada ao seu lado...

Flashback ON

“-Ronan... Você está há duas semanas dormindo... Eu queria tanto que acordasse logo. – Arme suspirou e não permitiu que a lágrima caísse em seu rosto – Você me contou uma história, da Elesis com você. Eu lembro perfeitamente o grande sorriso que se formou em seu rosto. Hoje, não contarei sobre o meu dia, ou sobre a aula que tive na escola, ou até mesmo a matéria. Isso não vem dando certo para te reanimar, também né? Quem vai acordar ouvindo equações matemáticas?

Ela sorriu com o que disse e continuou.

–Bem... Eu sei que não gosta muito de lembrar-se da sua infância, pois tem o momento em que você e a Elesis... Enfim, eu contarei algo bom, espero que você me escute e reaja de alguma maneira. Por favor... – Ela meio que sussurrou, pois sua voz foi abafada pelo choro que estava chegando, mas Arme se manteve firme e continuou – Você me disse que estava brincando de carrinho e a Elesis te chamou para jogar vídeo game. Mas você não quis. – Arme riu – Ela então te bateu e falou que não brincaria mais com você. Eu a achei bem agressiva para uma criança e você riu. Um sorriso perfeito... Então, você não deu a mínima e voltou a brincar de carrinho. Elesis deu as costas e foi para a sua casa. Você disse que estranhou aquilo e ficou olhando para a porta. Sua mãe saiu de lá com uma expressão nada agradável. Enquanto você contava isso para mim, eu ria muito. “Ronan!”, ela te chamou e você levantou rapidamente. “Você bateu na Elesis?! Eu já te disse que não se bate em meninas! Já pra casa! Agora!”, ela gritou com você. Elesis tentava não rir. Pestinha essa menina, hein? Você olhou para a ruiva, realmente querendo bater nela. Sua mãe, irritada com o seu silêncio, mandou você pedir desculpas para a ruivinha. Foi aí que você se estressou. Lembra?”.

Flashback OFF

–Pensei que ela desistiria de te contar a história. Não seria surpresa, porque ela já havia tentado isso antes, desistir era a única opção. Mas ela me surpreendeu.

–Arme... – A ficha ainda não havia caído – Ela falou sobre a Elesis pra mim?

–Sim. Por quê?

–Nada... É que... – Fui me ajeitar na cama e acabei puxando o soro, que caiu no chão, soltando da minha mão o esparadrapo e formando uma grande mancha de sangue.

O médico rapidamente se levantou e levantou o soro, pegou algumas coisas e refez o curativo, para não deixar o soro sair. Ele foi tão rápido, que nem tive tempo para reclamar da quantidade absurda de sangue que saiu.

–Não se mexa muito, eu sei que lembrar-se disso pode fazê-lo ficar ansioso e inquieto, mas tente se controlar, ok? Estou apenas contando isso, para ver se você se recorda de alguma coisa. É como um exercício, entende?

Assenti positivamente e ele prosseguiu.

–Bem, quer que eu termine? – Perguntou ele.

–Claro! – Quase gritei, estava tão... Surpreso, que queria saber o mais rápido o final do acontecido.

Flashback ON

“Arme o olhou, passou a mão no rosto, mas não deu para perceber se chorava ou não. Acreditei na primeira hipótese.

–Bem... – Sua voz saiu trêmula e rouca, mas mesmo assim ela continuou – “Elesis, você é muito mentirosa! Eu não bati em você, nem encostei o dedo em você, conta a verdade para a minha mãe!”, você gritou nem um pouco feliz. A menina o olhou assustada. Sua mãe pegou no seu braço, “Ronan, peça desculpas a ela! Anda”, ela mandou e você olhou para Elesis, desaprovando o que a ruiva havia feito. Mas ela não parecia que iria voltar atrás na sua mentira. “Anda, Ronan! Se você não fizer isso, está de castigo!”, sua mãe não parecia brincar. Mas você não iria se rebaixar, se soltou da sua mãe e ficou frente a frente de Elesis. “Eu só vou perguntar uma vez: Eu te bati?”, Elesis pegou na sua mão, os olhos da menina estavam vermelhos, assim como o seu rosto. “Desculpa...”, ela disse e te abraçou. Sua mãe te olhou e depois olhou para qualquer outro ponto da rua. Você não foi um esnobe, ou egoísta. Pelo contrário. Você segurou a mão da ruiva e a puxou para ir à sua casa. Elesis ficou pasma e parou no meio do caminho, parando você também. “O que faremos?”, ela perguntou confusa. “Vamos jogar vídeo game”, você respondeu sorrindo. Elesis arregalou seus orbes vermelhos, ela não estava acreditando. Sua mãe, de longe, sorriu orgulhosa de saber que o filho não havia mentido.”

Flashback OFF

–Arme te olhou e você havia mexido a mão, eu fiquei surpreso e... Nossa! Você havia reagido, minha vontade foi de ter entrado no seu quarto, mas atrapalharia o que a menina estava fazendo. Arme colocou a mão na boca e deixou as lágrimas rolarem. Como médico isso é muito bom, você mostrou sinal de que poderia voltar a ficar consciente, foi algo grandioso. Mas como apenas um ser humano foi algo bem maior, foi como um milagre. É tão maravilhoso quando vemos isso, não tem vocábulo certo para explicar a minha alegria e, muito menos, a da Arme, porque foi graças a ela que você deu seu primeiro sinal de que poderia voltar a ficar bem, a viver bem.

Eu olhava para o médico e também não tinha palavras para expressar o que sentia. A Arme... Ela... Como eu queria lembrar cada momento em que minha baixinha esteve ao meu lado. Ela contou sobre a Elesis para ver se eu me reanimava e reagia. Caramba! Tem como imaginar a minha reação quando ouvi isso?! Porque eu não consigo explicar aqui, em palavras. Fiquei o tempo todo em silêncio e o médico entendeu que era para ele prosseguir.

–Bom, Arme não havia sentido a minha presença. Ela segurou na sua mão e você a apertou...

Flashback ON

“-Ronan... – Arme não sabia se continuava ou se... Eu não sei bem explicar o que a menina sentiu, foi algo tão inesperado, mas ela continuou – Como eu estava dizendo, - Disse ela, ainda segurando a sua mão – Elesis ficou estagnada te olhando, “Que foi?”, você perguntou sem entender. “Você não ficou bravo comigo?”, indagou a ruiva, paralisada. “Eu te amo...” – Arme deu uma breve pausa, respirou fundo e concluiu – “Eu te amo, Elesis”, você disse. Tão inocente, já sabendo o verdadeiro significado da palavra amar, mas não sabia o quão forte ela é. A ruiva te abraçou mais uma vez e disse: “Eu também te amo, Ronan, e eu sinto muito por ser tão sapeca.”, você apenas riu do que ela disse. “Não irei ficar te perdoando sempre que fizer isso, então não faça mais.”, você disse bem determinado. Elesis concordou e te puxou para irem para a sua casa.”

Flashback OFF

–Novamente você apertou a mão da Arme e sinais convictos que você estava se recuperando eram vitais. Percebi que a menina não contaria mais nada e adentrei o quarto. Arme se levantou com o sorriso esperançoso que ela sempre chegava quando te visitava.

Enquanto ouvia o médico, nem percebi que lágrimas escorriam em meu rosto, mas eu não me sentia menos homem por isso, ao contrário. Eu voltei a “viver” graças a minha baixinha. Graças a minha lembrança. Não sabia que em minhas memórias havia algo tão forte que me trouxesse a vida novamente. Na verdade... Elesis me trouxe de volta. Arme me trouxe de volta. Os dois grandes amores da minha vida. Minhas melhores amigas.

–Bem, acho que chega de histórias por hoje. Você ficará em observação. Iremos começar uma série de exames e fisioterapias, para impedir que o seu estado se agrave. Começará uma dieta balanceada, tomará os remédios e não esconderá, nunca mais, que está sentindo algum tipo de dor. Ou quer que a sua amiga passe novamente tudo isso? – O médico me encarou.

–Jamais, acho que o que ouvi hoje já foi o suficiente. Tomarei mais cuidado agora. Não quero ninguém sofrendo por minha causa. – Disse – Ficarei mais tempo aqui no hospital?

–Terça-feira você terá alta.

–Por que só terça? Eu tenho escola amanhã. – Eu não queria mais esperar um dia que fosse para me encontrar com a Arme. Também estava decidido a falar com a Elesis.

–Se você se importasse tanto com a escola, não faria tanta graça para cuidar da sua saúde. – O médico mudou totalmente, ele era um policial também? Uma hora fica do bem e depois aparece o do mal?

Ri em meus próprios pensamentos. Assenti e o olhei, entendendo o recado.

–Eu já me sinto bem melhor para voltar hoje mesmo para casa. – Tentei convencer, não custa nada, né?

–Você se sente bem, mas não está. Então fica quietinho aí e espere o dia da sua alta. Já disse que precisa ficar em observação. Sei que está ansioso para falar com suas amigas que estavam aqui, mas precisa ser paciente. Só dois dias. Passa rápido.

MENTIRA! Foram os dois dias mais demorados da minha vida. Como não pude usar meu celular para trocar algum sms, ou até mesmo ligar para alguém, porque ele descarregou e minha mãe não queria levar em casa para carregar; ela falou que eu estava de palhaçada, fiquei num tédio mortal vendo algumas coisas na TV, nada muito interessante.

Passei a maior parte do meu tempo pensando na Elesis e na Arme. Terça-feira finalmente chegou, meu pai já estava me esperando no carro. Minha mãe conversava alguma coisa com o médico. A enfermeira me ajudou a sentar na cadeira de rodas, achei desnecessário, mas ela disse que eu não poderia me esforçar tanto.

–Está pronto? – Perguntou a minha mãe.

–Não vejo a hora de voltar à minha rotina. – Disse, nem me importando.

–Nossa! Parece que o hospital é o pior lugar para ficar. – Reclamou o médico.

–Não foi isso que eu quis dizer, só estava entediado. – Encerrei logo o assunto.

–Bem, seu pai já está lá embaixo te esperando, vamos?

Assenti e minha mãe começou a me empurrar, me senti uma criança. Chegamos ao estacionamento e meu pai estava com uma expressão séria, veio em minha direção e me abraçou.

–Não faça mais isso, Ronan. – Fiquei surpreso, meu pai me abraçou... – Promete?

–Sim, pai. Eu prometo não desesperá-los mais com a minha teimosia.

–Acho bom. – Ele desfez o abraço e me segurou para me ajudar a levantar.

Minha mãe sorriu, meu pai pode parecer bem sério, mas ele se preocupa comigo tanto quanto a minha mãe.

Entrei no carro e fui para casa, não esperava a hora de acordar cedo e ir para a escola. Minha mãe disse que eu deveria repousar por uns dias. Pelo menos uma semana. Eu quase matei um quando ouvi isso. Mas disse que não precisava, que estava bem. Era meu último ano e não poderia perder matéria. Ainda mais agora que os professores estavam dando matérias adoidados.

Disse também que o médico havia dito para mim que não era necessário. Fiz uma cara séria, para que minha mãe não desconfiasse que fosse uma mentirinha. Mas ela deixou bem claro que se eu sentisse algo, era para ligar. Ela também disse que contaria à diretora sobre o meu caso. Assim não haveria tanto desespero caso algo de ruim acontecesse comigo.

Fui dormir, antes, tomei um remédio recomendado pelo médico, o sono não tardou a chegar. O dia seguinte prometia...


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Notas finais do capítulo

Então...? Será que é agora que o Ronan tomará uma decisão? *-*
Bem, qualquer erro...
Até o próximo!!



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