Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 41
#36 - Stop


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!
NOSSA, faz tanto tempo! Eu estava com saudades!
Desculpem ter sumido assim, mas faltava pouco pra historia acabar e eu não estava bem certa de como iria encerrá-la, então decidi fazer isto: estou postando os capítulos qua faltavam de vez. Não é muito, na verdade, esse e mais dois. Então, não vou ficar falando muito aqui. nos vemos no epílogo!



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 É estranho o modo que, quando algo diferente passa a fazer parte da nossa rotina, nos acostumamos com isso. Como incorporamos isso de uma forma que parece que sempre foi daquele jeito. É o princípio da adaptação ao meio, não é? Também é igualmente estranho como é possível sentir falta de algo que, mesmo que tenha feito parte da sua vida por pouco tempo, quando é tirado, parece que foi uma eternidade.

 Eu estava tão acostumada com o Kid... Com ter sua atenção, passar tempo com ele, discutir sobre coisas de nerd e me sentir parte de um casal. Eu adorava a sensação de seus cabelos nos meus dedos, de nossos olhares roubados no meio da aula, e de ter alguém que parecia realmente gostar de mim.

 E, então, acabou. E eu não fazia mais ideia de como ficar sem essas coisas.

 No dia depois de eu aceitar que ele não ia voltar, acordei esperando uma mensagem dele, e meus olhos lacrimejaram quando percebi que isso não ia acontecer. Quando estava tomando café da manhã com Soul, e ele me perguntou como tinha sido o cinema, eu não consegui responder. E durante todo o caminho pra Shibusen fiquei tensa, tão assustada com a ideia de vê-lo como estava com medo de não vê-lo. 

 O carro de Kid estava no estacionamento, foi a primeira coisa que notei, e assim que entrei na sala meus olhos voaram para o rosto dele. Kid estava sério, concentrado em algo que escrevia no caderno, e Patty, ao seu lado, parecia igualmente concentrada em pintar algo com giz de cera. Não dariam sinais de que haviam me notado, se não fosse o olhar de desgosto que Liz lançou a mim e ao Soul.

 Kid havia feito a coisa certa, eu sabia. Mas naquele momento, olhando para ele, eu só queria pular em seus braços e beija-lo, e concertar o que quer que estivesse errado entre nós. Havíamos realmente ido tão longe que não tinha volta? 

 Com o passar dos dias, ir para a Shibusen havia se tornado um teste para meus nervos, eu ficava ansiosa para sair de casa e vê-lo para chegar na escola, ser ignorada e ficar frustrada. Sentia falta do meu quase-namorado tanto quanto sentia do meu amigo. Ás vezes, o maior sentimento ainda era a raiva, por ele ter desistido e me deixado de lado. Construí cuidadosamente um muro ao meu redor, que disfarçassse o que eu realmente sentia, mas mesmo sem me dar conta, eu me pegava fazendo algo que fariam nossos caminhos se cruzarem. Pasar por lugares que sabia que ele passava, estacionar perto do carro dele, tentando me manter próxima, de certa forma.

 No entanto, quanto mais eu pensava, mais eu me convencia que o melhor era desistir. O que eu iria dizer? Ele queria que eu gostasse só dele, e eu não conseguia evitar ter aqueles estranhos sentimentos pelo Soul.

 O que não significava que eu fiz qualquer coisa para me aproximar do meu parceiro de forma romântica, ou incentivei ele a tentar. Eu apenas queria que a poeira baixasse. Queria não sofrer pelo Kid nem me culpar pelo Soul. Queria tranquilidade naquela área da minha vida.

 O mais difícil foi Kid, mas meus amigos me ajudaram muito nisso. Soul, Tsubaki, Black e Blair estavam sempre perto de mim, me dando atenção e me distraindo, e apesar de as vezes eu simplesmente querer ficar sozinha, eles haviam se tornado meu novo porto seguro. Um porto seguro que eu sabia que, dessa vez, não ia perder.

 Era Soul quem estava comigo quando senti o muro que construí para fingir que estava tudo bem rachar. Era sexta feira e não estávamos exatamente atrasados, mas enrolamos demais para sair de casa, e acabamos chegando um pouco mais tarde do que normalmente. Fomos na moto de Soul, e assim que desci dei uma cotovelada nele, reclamando que corria demais. Talvez um dia eu aceitasse que aquilo nunca ia mudar. Ele riu, nem um pouco preocupado, e eu olhei aí redor. Havia se tornado um hábito inconsciente pra mim, nos últimos dias, que onde quer que estivesse eu o procurasse.

 Eu o encontrei. Kid não estava muito longe, havia estacionado o carro na fileira seguinte, do lado oposto ao nosso. Parecia ter acabado de sair do carro, e estava olhando para mim. Dessa vez, ele não desviou o olhar, e senti meu rosto esquentar instantaneamente. Estava animada, mas ele estava sério, e havia algo estranho em seu olhar.

 Entendi que era mágoa quando ele relanceou Soul e virou o rosto, fechando finalmente a porta do carro e me lançando mais um olhar antes de ser afastar. Eu sabia que Kid devia estar magoado. Ele disse que achava melhor nos afastarmos porque eu também gostava do Soul, logo não era tão difícil assim adivinhar. Mas por algum motivo, ver aquela mágoa estampada em seu rosto ao vivo, enquanto ele me observava com Soul, mexer comigo de forma que nada tinha mexido ainda. Aquela ponta de desespero surgiu no meu peito, e senti vontade de ir até ele, explicar, não sei, fazer qualquer coisa. Cheguei a dar um passo antes que Soul segurasse meu pulso, me impedindo de continuar.

 Olhei para ele, surpresa, e ele sorriu para mim de leve.

 - Está na hora da aula. Você não quer fazer isso.

 Olhei mais uma vez para Kid, que se afastava agora. Suspirei. De qualquer forma, o que eu poderia dizer pra ajudar em qualquer coisa? Era melhor simplesmente ir para a sala.

 Nos dias que se seguiram, sempre que eu via Kid, ele me olhava daquele jeito magoado, ferido, e eu me sentia a pior das criaturas, e não tinha nada a fazer. E a cada dia que eu via ele, eu sabia estávamos certos em ficar separados. Eu morria de saudades, e estava arrependida de ter tratado Kid mal, mas não me arrependia de ter ficado com Soul, e Kid não merecia isso. As vezes meu coração acelerava quando estava perto dele, e sentia que não tínhamos resolvido tudo. Aquilo só me fazia sentir mais culpada ainda.

 No entanto, o tempo foi passando, e as coisas foram melhorando.

 Em algum momento, a mágoa deu lugar a cordialidade, e Kid passou a me cumprimentar quando me via. Eu me sentia aliviada e triste ao mesmo tempo. Sorria, o cumprimentava, e nunca conversávamos. Liz, quando estava junto, me lançava um ou outro olhar feio, mas não parecia mais ter uma raiva sincera de mim, e isso também era bom.

 As coisas se acalmaram para mim também. Aquela saudade, e a ânsia de falar com ele sumiram. Sentia falta, mas não necessidade. Parei de procurar por ele em cada sala que eu entrava e tentar saber de sua vida por Tsubaki. Apesar de ficar com um pouco de ciúmes quando via ele conversando com outra garota, não me sentia possessiva. Talvez, um dia, voltássemos a ser amigos. Eu secretamente torcia para isso acontecer.

 Mas sabia que, de um modo ou de outro, nunca seríamos como antes.


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