Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 36
#31 - Mensagens Não Lidas e Sorrisos


Notas iniciais do capítulo

OI MEUS AMOREEEEEESSS!!!!! A TITIA VOLTOU!!!!! S2
*atingida por um iate na testa*
Me desculpem pela demora ;-----; Nem tem como dar uma desculpa agora, eu sei... Foram tipo, oito meses sem postar? Fui uma péssima autora, mil desculpas, é serio...
Vão acreditar se eu disser que foi falta de tempo? Minha rotina está a coisa mais louca, e meu tempo livre está disputadíssimo (já que é raro), e eu não estava com muita cabeça pra escrever... Mas, hey, o capítulo saiu!!! (Se é que alguém ta aqui ainda ;-;) E eu nem revisei pra postar logo u.u Deve ter um monte de letra comida, mas depois eu corrijo xD

Tá, primeiramente, obrigada a Debsteps, Açucena, Weslem Policarpo e OverlandsWindow - FORAM QUATRO RECOMENDAÇÕES DE UMA VEZ!!!! Vocês não sabem como fiquei nas nuvens com isso *---* E como me sentia culpada toda vez que queria apagar a fic por não ter tempo (meio tipo, "eles recomendaram e eu nem agradeci e ainda vou excluir, puta falta de sacanagem"). Obrigada seus lindos, amo vocês!!!

Teve um monte de gente que comentou no último capítulo e eu não respondi - me desculpem! Falta de tempo. Vou tentar colocar tudo em dia até o próximo fim de semana. Não me odeiem muito =C

E sem mais enrolação, ao capítulo!



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A tarde passou voando.

Fiquei com as meninas conversando na frente do prédio por séculos. Depois que Tsubaki contou por alto o que havia acontecido, eu quase pirei. Não sabia se estava feliz por minha amiga, chocado porque Black*Star era virgem ou com vontade de ir atrás do garoto que havia machucado a Tsubaki no fim do fundamental – eu lembrava da fuça do idiota até hoje - e esfregar na cara dele que ela havia achado alguém bem melhor.

Por via das dúvidas, eu e Blair nos juntamos para obrigar Tsubaki a contar tudo nos mínimos detalhes. E ela reclamou, esperneou, disse que tinha vergonha, mas acabou contando. Nisso a Blair começou a dar dicas para ela, sobre o que seria legal fazer, e a Tsubaki começou a tirar dúvidas, e começaram a discutir algumas posições. Eu só fiquei lá, tipo “desculpa, eu sou virgem”. O pior foi que quando elas me perguntaram porque estava tão quieta e e eu respondi isso, a Blair começou a narrar como seria se eu perdesse a virgindade com o cara da padaria que ficava rindo para mim toda vez que aparecia lá.

Foi muito, muito estranho.

Quando finalmente subimos de volta pro apartamento, os meninos estavam literalmente jogados no chão da sala, assistindo MTV, e eu não consegui evitar olhar para o Black com aquela cara de “eu conheço todos os seus segredos”. Só que ele me olhou assim também, e diferente de mim que fiquei quietinha, ele me zoou. Zoou o Soul também, até mais que eu. Era um tal de “parabéns, soldado” que já estava me deixando louca. Até mesmo o Soul, que é muito nem aí, já estava querendo dar uns tabefes no Black. No entanto, ele e Tsubaki não ficaram muito tempo mais. Minha amiga disse que queria nos deixar descansar da viagem, já que amanhã teríamos que ir pra escola normalmente, e arrastou o namorado pra casa umas três da tarde.

Depois de acompanhá-los até o corredor e esperar o elevador fechar, entrei de volta em casa e fechei a porta atrás de mim, me apoiando nela enquanto cruzava os braços e pigarreava, lançando um olhar que eu esperava ser furioso para Soul.

Ele estava distraído com a televisão, mas quando ouviu o barulho se virou para mim. Estreitei mais olhos, e ele me imitou, parecendo confuso.

– Que é?

– Precisava ter anunciado que ficamos bem no meio do almoço?

Ele abriu a boca e balançou a cabeça, franzindo um pouco a testa em seguida.

– Ah. Isso.

– Esperem aí! – Blair pediu, se levantando do outro sofá num pulo. – Deixa eu me esconder no quarto antes que vocês comecem a discutir a relação.

– Não vamos discutir relação nenhuma, Blair. – Respondi, revirando os olhos. – Só quero saber porque o Soul pensou que seria uma boa idéia fazer isso.

– Exatamente. Isso se chama “DR”, minha pupila. – Blair piscou, já saindo da sala. – Se me dão licença...

E assim ela nos deixou sozinhos na sala, olhando um pra cara do outro. Fiquei encarando o Soul por alguns segundos, até ele sorrir de leve e bater no sofá, ao seu lado.

– Senta aqui.

Aquilo soou meio infantil. Tá, muito infantil. Apesar da sensação de ser uma garota de cinco anos, descruzei os braços, suspirei e fui me sentar ao lado de Soul, esperando que ele me desse uma explicação. O que não foi exatamente o que aconteceu.

– Você está com raiva de mim? – Ele perguntou.

– Não... exatamente. – Respondi, sincera. – Estou mais envergonhada.

Soul assentiu, distraído. Dessa vez não com a tv, e sim com uma mecha de cabelo minha, que tirou do meu ombro e começou a brincar com ela. Também me distraí por um momento com o modo que ele a passava entre os dedos, como se estivesse entrelaçando-os, mas por fim ele disse:

– Você não tem vergonha da Tsubaki. Nem da Blair.

– Tenho do Black*Star. – Esclareci.

– Maka. – Soul riu. – Não é como se o Black não soubesse nada da sua vida amorosa.

Por algum motivo, aquela frase me irritou. Me afastei um pouco do Soul, cruzando os braços novamente, e bufei de um jeito nem um pouco delicado.

– Ele fala demais! Ele vai acabar espalhando que ficamos pra escola toda!

– E qual o problema? – Ele riu.

Apenas lhe lancei um olhar irritado, me recusando a explicar algo óbvio. Soul franziu a testa parecendo confuso, mas então arregalou os olhos, só para fechar a cara em seguida.

– Medo do Kid descobrir?

Encarei-o, atônita.

– Não!

Na verdade, eu nem mesmo tinha pensado nisso. Estava evitando, com muito empenho, lidar com tudo que se relacionasse a ele, pelo menos até amanhã. Mas agora que o Soul tocou no assunto...

Droga. Eu odiaria que Kid soubesse disso por causa de um boato espalhado pelo Black, ainda mais depois de já termos brigado por causa do Soul. Tornaria praticamente impossível poder conversar com ele de novo... E eu precisava tanto vê-lo...

Passei a mão pelo cabelo, preocupada com isso, e notei que Soul fez a mesma coisa, ao meu lado.

– Bom... Acho que realmente não foi uma boa idéia. Vou pedir pro Black ficar quieto.

Dei uma olhada pra ele, imaginando se estava preocupado com a mesma coisa que eu, mas algo na voz dele e em sua postura, olhando para a mesinha de centro como se fosse algo muito importante, me fez perceber. Ele estava pensando se a Liz também ouvisse sobre aquilo.

Não é como se eu não soubesse que os dois tem – ou tinham – aquele lance, e que ele gosta dela, mas mesmo assim pensar nisso me incomodou. Não deveria, mas incomodou. Me levantei rapidamente, assustando um pouco o Soul, e comentei:

– Faça isso. É melhor que certas pessoas não saibam de nada, né?

– Quê?

– Bom, vou desarrumar a mala, depois vou tentar tirar um cochilo. Qualquer coisa você se vira, ok?

Ignorei a confusão do Soul e fui para o meu quarto. Blair estava lá, deitada de barriga para baixo na minha cama enquanto lia uma daquelas revistas adolescentes, mas a deixou de lado quando me viu para fazer um sinal de positivo.

– Nada de gritos dessa vez. Vocês estão indo bem.

Revirei os olhos, ainda irritada, e em seguida me joguei na cama de costas, ficando ao lado dela.

– Blair, eu tô ferrada amanhã. – Resmunguei.

– Isso tem sido o resumo da sua vida ultimamente. – Ela concordou, com a voz monocórdia. – Você devia era esquecer esses dois e ir pra uma balada passar o rodo.

Cheguei a considerar essa hipótese por alguns segundos, enquanto analisava cuidadosamente o teto, mas logo descartei a possibilidade.

– Do jeito que estou ultimamente, a Liz vai aparecer lá e vou me ferrar do mesmo jeito. Eu devia era me trancar no quarto até a menopausa.

– Se tiver peixe, eu faço companhia. – Foi tudo que a Blair tinha a dizer sobre o assunto.

No entanto, nem fiquei muito tempo pensando nisso. Logo minha atenção foi voltada para outro problema: o que eu diria a Kid amanhã. Eu não podia simplesmente evitá-lo pelo resto da minha vida – na verdade, eu estava ansiosa para vê-lo. Estava com raiva, e ainda achava que ele fez um escândalo por pouca coisa, e que realmente não precisava daquela reação toda, mas queria vê-lo. Estava com saudades daquele idiota. E mesmo que quisesse ficar longe dele, sabia que não conseguiria. Kid havia ligado para Tsubaki me procurando no fim de semana, depois de não conseguir falar comigo pelo meu celular, e...

Foi aí que percebi que eu não ligava o aparelho a pelo menos quatro dias.

Numa agilidade digna de ginasta, pulei da cama e fui em direção a minha mochila, que havia deixado no chão perto do guarda-roupa quando cheguei. Uma rápida inspeção no bolso lateral revelou meu celular, ainda desligado, do mesmo jeito que eu o havia deixado ali. Liguei-o antes mesmo de me jogar na cama ao lado de Blair novamente – dessa vez ela deu um miado indignado, que eu ignorei – mas ele travou antes mesmo que a tela acendesse. Deixei-o meio longe de mim, mas ao alcance da minha mão, enquanto esperava que voltasse a funcionar normalmente, mas por algum motivo eu estava ansiosa demais para não ficar com ele na mão, vigiando cada mudança na tela, então o peguei de volta e fiquei encarando a tela ansiosamente.

Ele ficou com a tela branca pelo que pareceram séculos, e quando meu papel de parede apareceu e eu decidi esperar mais um pouco pra ter certeza de que não iria travar de novo, ele começou a vibrar e a aparecerem notificações. Apenas encarei-o, atônita, enquanto via aqueles números crescerem a ponto de não fazer mais sentido. Quando finalmente aquilo se estabilizou, só pude achar que meu celular havia realmente ficado maluco.

Cinquenta e duas ligações perdidas de Kid, duzentas e treze mensagens não lidas.

Fiquei olhando para a tela, dividida entre achar que o menino havia perdido o juízo ou me sentir orgulhosa por ele sentir minha falta aquele ponto. Acabei soltando uma risada meio boba sem querer, e tapei a boca com a mão rapidamente, mal acreditando que fui eu que fiz aquele som. Eu havia gostado, talvez um pouco demais, daquilo. Ele estava com saudades de mim.

Consegui me controlar imaginando que talvez ele houvesse me ligado tanto e mandado tantas mensagens só para me xingar – não era realmente provável, mas conseguiu controlar um pouco minha euforia. Abri primeiro as notificações de ligações, só para procrastinar um pouco, mas não havia nada de importante para ver além dos horários em que foram feitas, então logo deixei aquilo de lado e fui para as mensagens.

No começo, elas realmente não eram muito boas. Iam de “não acredito que você fez isso” a “sabia que não devia ter confiado em você”. Ele parecia estar só mostrando o resto da indignação que não conseguiu falar durante a briga, reclamando um pouco de mim, dizendo que esperava mais – por um momento, até minha animação não foi suficiente para me impedir de voltar a ficar com raiva dele. Mas então, lá pela décima quinta mensagem, ele mandou o primeiro “porque você não responde?”, e o tom de tudo começou a mudar.

Haviam várias mensagens em que ele havia apenas me mandado meu nome, como se me chamasse; outras em que ele simplesmente me perguntava se eu estava sem o celular; outras em que ele se mostrava irritado novamente por eu estar ignorando-o. Mas entre todas essas, haviam outras, que foram me fazendo sentir cada vez mais como se eu também houvesse exagerado um pouco.

Dava pra ver, sentir quando ele mudou de idéia. Quando mandou o primeiro “não fica assim comigo”, “não me ignora”, “não precisa ser assim, Maka”. Kid pouco a pouco havia mudado de idéia, sentido minha falta, querendo conversar de novo. Ele me explicou em uma das mensagens que sabia que a culpa não era só minha, era mais do Soul, mas ele se sentia tão irritado de saber que outro garoto tocou na “sua garota” que nem havia conseguido pensar direito.Ele me pediu desculpas mil vezes, e a cada pedido eu o perdoava mais um pouco e me sentia mais culpada por ter deixado chegar aquele ponto. Soul não devia ter me beijado, eu não devia tê-lo magoado daquele jeito e simplesmente esperar que fosse aceitar na boa.

E então eu pensei que ia explodir na última – ou melhor, nas cinco últimas mensagens.

Kid: Maka, essa vai ser a última mensagem que vou te mandar. Acho que já lotei sua caixa de mensagens demais com tanta bobeira, tanta coisa desconexa, e dessa vez quero deixar tudo bem claro, pra não haver mal entendido depois. Nós dois estávamos errados quando brigamos. Eu por ter me irritado tanto e nem ao menos tentar te entender. Eu queria pedir desculpas por isso. Sei que exagerei um pouco, mas foi um choque pra mim. Esperava tudo, menos saber que o Soul te beijou. É muito difícil pra mim, Maka, conviver com o fato que você ainda sente algo por ele, e ele ainda sente algo por você, e vocês dois moram juntos. Ás vezes eu fico louco só pra tentar me convencer que posso confiar em você, que sei lá, ele não vai entrar no seu quarto a noite e tentar algo, ou dar em cima de você enquanto veem televisão, ou te encoxar enquanto lava a louça. Ele tem tanto tempo perto de você, mais tempo do que eu sei que jamais terei, e odeio admitir, mas é óbvio, só pelo fato de serem parceiros, que combinam. Eu sei que confiaria sua vida a ele, e isso me deixa louco. E eu não me arrependo nem um pouco desse ciúmes que tenho de você – estou certo. Me julgue como quiser, mas se eu pudesse, te traria pra minha casa e te manteria aqui, comigo, bem longe dele. No entanto, eu sei que não posso te pedir isso. Ele é seu parceiro, e como filho do Shinigami-sama, eu, dentre todas as pessoas, preciso aceitar isso. O que não quer dizer que concordo. Nem que gosto de você continuar tanto tempo ao lado dele. Então tente entender, Maka, que quando você me disse que o Soul te beijou, eu vi todos os meus piores temores se tornarem reais. Eu vi todo o medo e frustração que eu tentei tanto abafar, virem a tona. E a culpa é sua também, porque era óbvio que eu iria ficar irritado quando soubesse. O que pensou, que eu iria levar tranquilamente que o cara que eu mais sinto ciúme, que mais reprovo as atitudes, simplesmente foi lá e beijou a garota que gosto? E que ela deixou? E para piorar tudo, quando perguntei se o beijo tinha mexido com você, você respondeu que não, como se EU não te conhecesse o suficiente para saber quando está mentindo. Eu te devo um pedido de desculpas, Maka, mas você também me deve um. No entanto, não é para isso que estou te mandando esse texto. É que eu não estou satisfeito com o modo como nos separamos aquele dia. Estávamos os dois com com raiva e magoados, e dissemos coisas que não devíamos. E apesar de tudo, eu ainda te considero minha melhor amiga. Mais que isso, eu ainda gosto de você. E eu senti terrivelmente sua falta todos esses dias, o suficiente para deixar Liz e até Patty loucas a ponto de não aguentarem mais ouvir seu nome. Eu ainda não tinha percebido o quanto de falta que você faz, minha princesa, pelo menos não tão intensamente até ver como seria sem você na minha vida. Não quero que termine desse jeito. Não quero que termine. Eu gosto demais de você pra deixar tudo terminar sem ao menos tentarmos resolver nossos problemas. Então, espero que possa tentar me entender também, e que possamos conversar sobre isso quando voltar da sua missão. Não quero me afastar de você, amor. Beijos, Kid.

Quando acabei, estava chorando, a ponta de Blair ter vindo e me abraçado, preocupada com a minha reação. Apenas passei o celular para ela em resposta, enquanto tentava me controlar. Não sabia se estava chorando de felicidade, ou de culpa, ou remorso, ou os três. Kid me queria! Eu estava me sentindo nas nuvens com aquilo, toda minha raiva por ele havia simplesmente sumido – maldita mente de garota apaixonada – e só de lembrar que ele me chamou de amor, eu ficava nas nuvens.

Mas eu mal havia ganhado aquilo, e já sabia que ia perder. O Kid poderia até tentar entender que o Soul me beijou a força, mas mesmo por aquela mensagem, eu podia saber que ele não aceitaria que eu fiquei com o Soul por livre e espontânea vontade durante a missão. E não havia a opção de manter aquilo em segredo, mesmo que eu tivesse coragem de mentir para o Kid, não havia dúvidas de que a história se espalharia.

Enfiei o rosto no travesseiro, magoada, irritada, culpada, tudo. Eu havia ganhado a chance de fazer tudo voltar ao normal, tarde o suficiente para tê-la estragado.

***

Provavelmente foi a adrenalina que me acordou na manhã seguinte – porque se dependesse do meu corpo, eu poderia dormir por mais uma semana. Pareciam que os efeitos de ter invertido meu ciclo de sono e andado sem rumo a noite toda por uns dias estavam chegando agora. Eu mal me senria capaz de abrir os olhos e meu corpo todo doía – a dor era fraca o suficiente para não ser mais que incômoda, mas ainda assim era uma dor. No entanto, quando fechei os olhos numa tentativa de fingir que perdi o horário, minha cabeça se encheu de pensamentos demais para eu sequer considerar voltar aos meu sono.

Eu tinha uma nítida sensação de que os últimos dias foram um sonho, e agora eu iria voltar a realidade.

Ou quase isso.

O café da manhã com Soul foi estranho e amigável, algo que não sei explicar muito bem. Havia certa tensão entre nós, parte por causa de termos ficado a pouco tempo e parte por ter que lidar com as consequências disso agora. Eu sozinha também estava nervosa – porque a cada mínimo gesto não-hostil do Soul, por menor que fosse, eu ficava feliz. Mas não conseguia parar de pensar o que o Kid diria quando nos visse assim.

Ele havia me chamado de amor pela primeira vez.

Foi a primeira vez em muito tempo também que eu fui com Soul para a Shibusen, e a sensação de estar na garupa dele parecia estranhamente normal depois daquela missão.

Nós subimos aquela escadaria ridiculamente grande juntos, comigo olhando ao redor o mais disfarçadamente que consegui. Soul, ao meu lado, fazia o mesmo não tão disfarçadamente. Mas com exceção de um ou outro conhecido, não vimos ninguém importante até que encontrei Tsubaki na entrada do prédio. Black*Star não estava por perto, mas isso não a impediu de dar um “oi” rápido para o Soul e me arrastar pra longe dele quase imediatamente.

– Maka, que cara é essa? – Perguntou, assim que teve certeza que Soul estava longe o suficiente para não ouvir.

Dei mais uma olhada para trás, pra me certificar que Soul realmente não estava ouvindo, e Black*Star chegou bem na hora, dando um daqueles high five deles. Me virei de volta pra Tsubaki, meio confusa:

– Que cara?

– Parece que você não dormiu a noite toda. E um caminhão te atropelou.

Ela torceu o nariz, e eu também. Quando me olhei no espelho de manhã, não achei que parecia tão ruim.

– Cansaço da viagem.

– Que horas você foi dormir?

Hesitei por um segundo, imaginando que ela não gostaria de saber que foi quase duas e meia da manhã. Foi tempo o suficiente para Tsubaki revirar os olhos e me puxar em direção ao banheiro mais próximo, murmurando algo sobre eu aparentemente não conhecer maquiagem.

– Você está exagerando. – Apontei, mas não a impedi. Ela se parecia bastante com minha mãe nesses momentos.

– Não estou. – Respondeu. – Dá pra ver suas olheiras da sala do diretor.

Fiquei quieta até entrarmos no banheiro feminino, que estava quase vazio aquela hora – só haviam duas novatas se olhando no espelho e ajeitando o cabelo. Permaneci em silêncio enquanto Tsubaki revirava sua bolsa em busca da necessaire, estranhando um pouco ela trazer maquiagem para a escola. Devia ser alguma mudança por causa do Black, decidi. Não reclamei também quando ela pegou o corretivo e começou a passar nas minhas olheiras, comentando como eu tinha sorte por termos tons de pele parecidos.

No entanto, quando as meninas saíram e ficamos sozinhas, perguntei:

– O Kid já chegou?

Tsubaki parou por um momento, me olhando com uma expressão de pena que não gostei muito. Ela logo voltou ao normal, parando de esfregar a região dos meus olhos para vasculhar dentro da necessaire.

– Não vi ele. O Kid estava chegando quase na hora da aula começar durante esses dias, e se ele já sabe que você voltou, devia chegar mais cedo. Mas ele pode não saber, ou ter que esperar as meninas acabarem de se arrumar.

Assenti levemente, me forçando a lembrar que faltavam dez minutos pro início das aulas, e perguntei novamente:

– Acha que ele vai gostar de me ver?

A pergunta soou um pouco mais tímida do que eu gostaria, e novamente recebi um olhar de pena da Tsubaki. Ela me passou um batom, no entanto, e me ocupei passando ao invés de ficar reparando nas expressões dela.

Como uma boa amiga, eu havia mandado prints de todas as mensagens do Kid que achei importantes – especialmente as últimas. Isso teve o efeito colateral de fazer a Tsubaki mudar de idéia sobre eu ficar com Soul (aparentemente não foi uma idéia tão boa assim), mas foi bom poder ficar séculos reclamando com ela sobre como o Kid iria me odiar e eu não queria isso mas não conseguia me arrepender totalmente de ficar com o Soul porque por mais que aquilo fosse complicar mais minha vida, foi bom.

A Tsubaki também não concordava com essa parte. Nem queria passar a mão na minha cabeça.

– Vai gostar de te ver sim, Maka. Mas quando ele souber que você ficou com o Soul, não vai ficar muito bom pro seu lado.

Uma ótima amiga, como eu disse.

Passei rímel rapidamente, tentando não pensar demais no assunto, e logo saímos para ir a sala. Não vi Kid no caminho, e ele também não estava sentado no seu lugar, mas Black e Soul já haviam guardado nossos lugares. Subi com Tsubaki, sentindo os olhos dos garotos em nós, e recebi um sorrisinho quando me sentei ao lado do Soul.

– Você está bem melhor.

Sorri de volta, imaginando se aquilo seria um elogio, mas antes que pudesse pensar muito Black disse:

– Não vou ter que aguentar os dois dando risadinhas a aula toda, vou?

Fiquei vermelha, Soul deu uma cotovelada nas costelas do amigo e Tsubaki o encarou de um jeito que até me deixou com medo. Mas, é claro, era o Black*Star.

– Soul, eu sei que você deve estar orgulhoso de sua conquista, mas eu ainda sou o melhor aqui e nada que você fizer vai...

Black parou no meio da frase, lançando um olhar irritado á Tsubaki, que aparentemente havia chutado ele por baixo da mesa. Quando me virei para frente, vi o motivo.

Kid havia chegado. Acompanhado das irmãs Thompson.

Liz estava olhando paa qualquer lugar, menos para a parte alta da sala – evitando a mim ou ao Soul, ou talvez aos dois. A Patty estava só sendo a Patty, como sempre. E o Kid estava olhando direto pra mim.

Foi algo estranho quando nossos olhares se encontraram. Eu não sabia como estava com saudade até ver aqueles olhos âmbares me encarando. Não consegui identificar a forma como ele me olhou – mas poderia apostar que havia saudade ali também. Sorri de leve, meio tímida, e abri mais so sorriso quando ele sorriu de volta, parecendo satisfeito. No entanto, logo o doktor chegou, e Kid foi para o seu lugar. Suspirei, e arisquei uma olhada para o Soul. Ele estava olhando diretamente para frente, impassível.

Talvez a melhor opção hoje fosse ter continuado dormindo.


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Notas finais do capítulo

Prontinho ^^
Não era pro capítulo acabar assim, mas eu acabei me empolgando e ficou grande demais... Bom, pelo menos já sei o que escrever no próximo ^^
Sobre os próximos capítulos... Vou tentar postar pelo menos um por mês. Não vou conseguir estar mantendo o ritmo de um por semana, mas também me recuso a ficar tanto tempo sem postar novamente. Se vocês repararem em algum erro, me avisem pra eu corrigir.
E se você não me abandonou apesar de eu ter sido uma vaca... Obrigada!!! S2