Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 15
#13 - Encontro e Tarde das Garotas


Notas iniciais do capítulo

Ok, para tudo.
A FOFA DA GUELBS-CHAN, ESSA DIVA, RECOMENDOU START!!!!!!!!! *---------*
Adivinha quem quase teve um ataque quando estava calmamente andando na rua, foi olhar o Nyah! pelo celular e viu? Isso aí ^w^
Obrigada, fofa ^w^ Valeuzão mesmo, foi minha primeira recomendação =D
E obrigada também a quem comentou:
#MistyAlbarnEvans (Becca-chan)
#Guelbs
#Fernopolo
#Monkey D Amanda
#Akemi Senpai
#Anne Frank
#Vlad Ember
#Mari
#Breaker
#Julia Marques
#Mari the Wolf
#Reluzine

Bastante gente comentou nesse capítulo *0* Sério, vocês não sabem como me fazem feliz ^u^
Mas chega de enrolar, vamos ao capítulo, né? Nos vemos lá embaixo o/



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Maka: Tsu, posso ir aí?

Tsubaki: Desde quando vc precisa pedir? 0.o

Maka: Mas o Black tá em casa?

Tsubaki: Sim... é sobre a noite de ontem?

Maka: É, e a manhã de hoje.

Tsubaki: Ele e os garotos marcaram um jogo d basquete umas 3hrs, e deve demorar. Vem cá nesse horário. Tem até sorvete aqui. kkkkkkk

Maka: Kkkkkk te amo

Tsubaki: Vc ama o sorvete kkkkk

Maka: Amo vc tbm. ♥

Eu estava com fome, então assim que saí, fui pra padaria que ficava a umas duas quadras de casa. O legal de se ir em padarias e não em lugares tipo Starbucks ou Subway é que padarias servem café da manhã o dia todo, e café da manhã, cara, é vida.

Depois que comi meu misto com Toddynho as coisas pareceram bem melhores. Sabe, não perfeitas, mas melhores. Mandei um mensagem pra Tsubaki, perguntando se podia visitá-la, mas Black estava em casa, e eu tinha que dar mais um tempinho na rua até as três da tarde. Pedi outro misto, dessa vez com uma vitamina de morango, e assim que meu pedido chegou Liz entrou na padaria.

Ela estava com um short de lycra curto, tênis de corrida e uma camiseta grande demais pra ela, branca e de ombro caído. Usava óculos escuros e o cabelo, preso num rabo de cavalo, estava úmido de suor perto da testa. Ainda assim, estava linda.

Amaldiçoei céus e terra pelo meu azar - porque ela tinha que vir correr logo no meu bairro hoje? Ainda por cima ás duas da tarde? - e tentei comer o mais normalmente possível, assim talvez ela não me notasse. No início, funcionou. Liz comprou um Gatorade e um biscoito integral e se sentou em outra mesa pra comer, olhando o celular preguiçosamente. Talvez fosse uma boa ideia fazer o mesmo, pensei. Era um bom disfarce e eu precisava mesmo checar minhas mensagens, minha caixa de entrada estava congestionada e eu nem me dei ao trabalho de dar uma olhadinha.

Mal desbloqueei o celular e entrei no aplicativo das mensagens, Liz brotou atrás da cadeira á minha frente, com um sorriso contido.

– Posso me sentar?

NÃO! Claro que não, sua anta! Você não reparou que eu estou fingindo não te conhecer? Volta pro seu canto, aliás, volta pro útero da sua mãe!

Não falei isso, claro. Sorri de volta - tenho certeza que pareceu uma careta - e acenei com a cabeça, dizendo que sim. Ela se sentou, colocou seu lanche (só podia ser lanche, esse horário) sobre a mesa e me olhou.

Eu não fazia ideia do que falar. Por Deus, eu não sabia nem se podia considerá-la uma amiga agora! Não havia alguma lei universal das garotas que dizia que duas que estivessem apaixonadas pelo mesmo cara tinham que se odiar? Ou era só coisa da minha cabeça? Sinceramente, não sabia. Preferi, então, seguir o fluxo.

Bebi um gole da minha vitamina, estudando-a por sobre a borda do copo. Liz não me olhava, parecia nervosa, e entretida com algo no seu celular. Pousei o copo e dei uma mordida no meu misto round 2 - talvez eu pudesse comer rápido e ter uma desculpa pra ir embora antes que ela se dignasse a falar.

Infelizmente, não deu certo. Quando dei minha primeira mordida apressada, Liz quebrou o silêncio.

– Maka, eu preciso te falar algo. - disse, me fitando intensamente. - E é sério.

Olhei para ela, um pouco irritada, mas suspirei e relaxei um pouco ao notar como estava tensa. Como eu. Precisávamos mesmo conversar, era o primeiro passo pra resolver aquela cagada que me meti. Ainda assim, tentei evitar.

– Hoje não é um bom dia, Liz. - resmunguei. - Pra nada.

Ela ergueu as sobrancelhas, interessada.

– Porque? O que houve?

Preferi acreditar que Liz realmente não desconfiava de nada. Tipo, que eu gostava do Soul e eles dois partiram meu coração. Porque se ela soubesse e estivesse mesmo perguntando aquilo, depois de ter dado uns pegas no meu par, seria muita sacanagem. Se bem, pensei, que Liz não sabe que eu sei. Talvez estivesse mesmo preocupada. Eu estava lutando muito pra não odiá-la, porque se isso acontecesse sabia que não conseguiria encará-la mais.

– TPM, e das brabas. - menti. - Estou estourando de cólica.

– Então você, tipo, não devia ficar em casa?

– Soul estava comendo cereal e fazendo croc croc. - disse, irritada. - Eu tava quase arrancando a cabeça dele fora.

Era mentira apenas em parte, e Liz pareceu acreditar. Ela assentiu e depois fixou os olhos azuis escuros em mim, e disse séria:

– Maka, eu queria te fazer uma pergunta.

– Pergunta? - perguntei, automaticamente.

Liz se contorceu na cadeira, desconfortável. Não gostei disso.

– Eu... Maka, você acha que o Soul está meio estranho com você?

Que diabos de pergunta era aquela? Ela queria que eu respondesse o que? Ergui as sobrancelhas e respondi:

– Não, normal. Porque?

Ela suspirou, bebeu um pouco do Gatorade e disse:

– Sabe, Maka, eu e Soul estamos ficando... tipo, a um tempão. Desde o ano passado. E eu acho que ele está meio estranho com você.

Okay, pausa pra respirar. Os dois estão ficando DESDE O ANO PASSADO? Então tudo de legal, tudo de romântico que o Soul fez comigo, foi enquanto estava com ela? Imaginei nossas noites vendo filmes, quando eu ficava com as pernas no colo dele ou com sua cabeça no meu colo, fazendo trancinhas... Ou aquela vez que ele quis me convidar pra "jogar tênis", ou mesmo quando quase me beijou, ontem à noite. Tudo isso, enquanto estava com Liz?

Não sabia se estava com mais raiva dele, por ser um cachorro sem coração, ou da Liz, por ser a garota que ficava com ele, e minha amiga, e nunca se dar ao trabalho de me contar. Talvez ela não fosse minha amiga, no fim das contas. Nesse caso, também não ia mover um dedo por ela.

– Olha, desde que eu conheço o Soul, ele sempre foi assim comigo. Mas ele está bem mais próximo de mim, deve ser isso, não? Fazemos tudo juntos agora.

Observei quando Liz mordeu o lábio inferior, com ciúmes. Ótimo.

– Maka, é que eu gosto muito dele, sabe. Então será que tinha como você, sei lá, se afastar um pouco?

Eu não estava acreditando no que acabara de ouvir. Era uma pegadinha, certo? Liz estava me pedindo pra ficar longe do Soul? Que idiotice era aquela?

Mesmo se eu não gostasse do Soul, ele era meu parceiro, e você simplesmente não pode querer que um artesão e sua arma fiquem longe um do outro. Era loucura! Será que ela não pensava naquilo?

Balancei a cabeça de leve pros lados.

– Não, Liz.

Isso realmente a surpreendeu. Me encarou, a boca formando um O perfeito.

– Não?! Como assim?

– Porque eu também gosto do Soul.

Odiei admitir aquilo. Ainda mais desse jeito - brigada com o Soul, com Liz admitindo a relação dos dois, no meio do meu café da manhã no pior fim de semana da minha vida. Tá, mentira, já tive fim de semanas piores, mas esse realmente estava sendo um inferno.

Enfim, o importante era: eu não iria enganá-la, por mais raiva que eu sentisse. Não ia dizer que me afastaria e depois não cumprir. Eu não a trairia como ela fez comigo.

Liz apoiou os cotovelos na mesa e enterrou o rosto nas mãos, sacudindo a cabeça.

– Isso não pode estar acontecendo.

Eu a entendia. Foi um pesadelo pra mim descobrir sobre os dois, devia estar sendo um pesadelo para Liz agora. Apesar da raiva, senti um pouco de pena e, talvez, culpa. Se Liz havia chegado primeiro, eu é que era a outra ali. Mas, tecnicamente, eu o conheci primeiro. Sei lá.

– Liz, eu...

– Cala a boca! - ela gritou, se levantando de súbito, derrubando a cadeira na qual estava sentada e atraindo os olhares dos poucos clientes e funcionários da padaria. - Maka, você NÃO PODE estar apaixonada pelo Soul!

Qualquer culpa que eu estivesse sentindo se esvaiu. O tom de voz que ela usou para falar - ou melhor, gritar comigo, como se estivesse me dando uma ordem, me enojou. Ergui o queixo, desafiadora, e mantive o tom de voz normal, tentando ignorar os olhares dos desconhecidos.

– Sim, claro que posso. Porque não poderia?

Liz riu, sarcástica.

– Ele me disse que não era nada. Que você era como uma irmãzinha pra ele, e que só ficava tanto tempo com você porque estava deslocada na Shibusen. Que eu era muito melhor.

Senti como se meu coração estivesse sendo esmagado. Será que Soul diria mesmo algo daquele tipo? Ele seria mesmo tão legal comigo só por... pena? Quis chorar, mas não demonstrei. Sorri de lado e disse:

– E você acreditou?

– Cala a boca! - gritou novamente.

Respirei fundo, me controlando. Eu não queria falar com ela. Não queria olhar pra cara dela. E, definitivamente, não ia ficar ali ouvindo-a gritar comigo. Já deu pra mim.

Peguei meu misto e minhas coisas e me levantei, dizendo:

– Tá, Liz, quer ficar fazendo showzinho aí faz, mas não conte comigo. Você já disse que tinha pra dizer e já dei minha resposta. Agora, até mais.

Fui andando, saindo daquela situação tosca linda e diva, mas parei ao ouvir Liz rindo. Tipo, rindo mesmo, não uma risada hostil, ela estava gargalhando. Me virei, estranhando, e ela disse:

– Olha só pra você! Fingindo ser alguém que não é. Fingindo ser a garota forte e que está acima disso, mas nós duas sabemos que você não é tudo isso, Maka. Você enche a boca pra falar que gosta do Soul, mas nós duas sabemos quem é a garota certa pra ele. Quem ele vai escolher. Até porque, - completou. - eu e Soul temos uma história. Você não passa de uma garota bobinha que acha que, só porque sua arma te dá atenção, tem o direito de se apaixonar por ele. Mas deixa eu te falar uma coisa, sua idiota, as pessoas não são legais umas com as outras porque estão apaixonadas por elas. Soul é legal simplesmente porque você é a parceira dele, e vocês tem que ser amigos. Ou você acha que, se não fosse por isso, ele te daria atenção? Você acha mesmo, Maka, que alguém ME trocaria por você?

Prendi a respiração, chocada. Doeu. Doeu terrivelmente, porque eu me sentia assim. Por mais que uma vozinha me dissesse que já havíamos tido algo especial antes, eu sabia que era diferente. Quando conheci Soul na quinta série, éramos amigos, e só. Ele nunca havia demonstrado nada diferente por mim até agora, e mesmo assim, eu podia ser só um passatempo. Ás vezes, tudo que eu podia pensar era que se ele tivesse de escolher, a decisão já tinha sido tomada, naquele baile. Mas Liz não precisava saber disso. Engoli o nó no meu peito e sorri.

– Sério? Então porque está tão assustada?

– Não estou assustada. - disse, mas eu podia ver que estava. - É comigo que ele vai se encontrar hoje á noite.

Expirei com força. Ele ia encontrar Liz essa noite. Eu não tinha motivos pra achar que era mentira – quantas vezes ele não saía a noite nos fins de semana? Dificilmente Soul ficava em casa, e agora, eu sabia o que ia fazer. Disse a mim mesma que não me importaria com aquilo, mas meu coração estava sendo rasgado ao meio.

Ele vai sair com ela hoje. Eu realmente não importo nada.

– Faça bom proveito. – disse, me controlando o melhor que podia. – E tente não pensar muito no fato que, quando ele acabar com você, é pra minha casa que vai voltar.

Ergui o queixo e saí, sem dar importância á Liz. Parei na calçada, entrei no carro e desocupei a vaga, sem olhar pra trás, piscando furiosamente pra impedir aquelas teimosas lágrimas de ciúmes de caírem. Não sabia se estava com raiva, magoada, ou os dois.

Soul ia se encontrar com Liz esta noite.

Eu tinha que conversar com Tsubaki.

***

– Maka, eu... nem sei por onde começar. - Tsubaki disse.

Estávamos eu, ela e Blair em seu quarto, jogadas no chão, com uma bandeja de bolinhos de chuva ao alcance da mão. Suspirei, e Blair se enrolou no cobertor, deixando só o rosto de fora.

– Eu seria capaz de castrar o Soul-san. - bufou.

Reparei, com um misto de orgulho e tristeza, que Blair não o chamou de Soul-kun. Seria assim agora? Todas as minhas amigas iriam odiá-lo? Eu ficava feliz - elas estavam do meu lado - mas ao mesmo tempo não me sentia bem com aquilo. Eu mesma, por mais raiva que estivesse do Soul, não conseguia realmente odiá-lo.

Quando cheguei à casa da Tsubaki, estava com uma cara horrível, e nem precisei me ver no espelho: descobri pela sua reação ao me ver. Ela me perguntou se eu queria falar sobre isso, mas na hora minha cabeça estava tão bugada que pedi um tempo para organizar os pensamentos. Ao invés disso, tive de ajudá-la a fazer os bolinhos de chuva (que eram recheados com creme de morango).

Pouco antes de os bolinhos acabarem de fritar a Blair apareceu aqui, brigando comigo porque eu havia saído daquele jeito, que ela ficou preocupada, que Soul tava uma fera em casa, e que ela não voltava sozinha nem fudendo. Tsu riu e convidou ela pra passar a tarde com a gente, e assim fomos pro quarto da Tsubaki. Seu quarto era no estilo oriental tradiconal, então simplesmente juntamos os futons, com os bolinhos e uma caixinha de suco de uva perto, e contei tudo.

Á medida que ia falando, as garotas iam tendo a mesma reação que eu tive quando as coisas aconteceram. Foi, tipo, legal, eu não sou doida. E quando acabei, com Liz e Blair tão irritadas com Soul e Liz quanto eu, foi realmente um alívio.

– Maka-chan, acho que você devia passar um tempo aqui em casa. - Tsubaki disse, estendendo a mão e apertando a minha de leve. - Você também, Blair, se quiser.

Rí e mordi um bolinho de chuva.

– Estou bem, Tsubaki. Só um pouco confusa. - murmurei.

– E você acha que ficar na mesma casa que alguém que te deixa confusa é bom?

Fiz um muxoxo. Como ela podia falar aquilo?

– Claro que não é! Você sabe! Mas sair de casa já é demais!

– Eu acho que a Tsubaki-chan deu uma boa idéia, Maka-chan. - Blair se intrometeu.

– Claro que acha. - resmunguei. - Mas não posso simplesmente sair e deixar o Soul sozinho!

Tsubaki me encarou, incrédula.

– Está se preocupando com ele?

– Sim! - disse, exasperada. - Com ele, e comigo! Argh! Você não faz ideia da raiva que estou daquele albino desgraçado, mas Tsubaki, se eu ficar longe dele vai ser pior! Eu vou ficar o dia todo pensando no que está fazendo, com quem está, se ainda está com raiva de mim, porque por pior que ele tenha agido, eu não consigo deixar de me preocupar com ele!

Soltei o ar com força, irritada. Odiava me sentir assim. Queria simplesmente odiar o Soul, e não me preocupar - ou melhor, eu queria não ligar para com quem ele ficava. Queria que fossemos só amigos. Seria tão melhor, tão tranquilo, mas eu não conseguiria. Soul nunca, na minha vida toda, foi só um amigo pra mim. Como eu podia deixar de sentir aquilo?

Tsubaki e Blair me olharam com pena, e odiei aquilo. Mordi o bolinho de chuva com força e fiquei em silêncio, até Tsubaki falar:

– Fique aqui, nem que seja só por hoje, Maka.

– E deixá-lo saber como me afeta. - resmunguei.

– Se você falou pra Liz-san que gosta do Soul-kun, talvez a essa altura ele já saiba. - Blair ponderou.

Encarei-a, chocada. Aquilo nem havia passado pela minha cabeça.

– Acha mesmo?

– Eu não acho. - Tsu interrompeu. - Se a Liz te considera uma rival, e acha que o Soul está interessado, a última coisa que ela faria é dar um motivo pra ele ter certeza que pode conseguir algo.

– Ele não conseguiria nada comigo, mesmo. - dei de ombros.

Era uma mentira, e soou totalmente como uma. Nem Tsubaki pôde esconder a incredulidade. Insisti:

– Ah, gente, qual é? Acham mesmo que eu ficaria com o Soul depois do que ele fez?

Blair se sentou, falou abóboracadabra apontando pra garganta e, quando falou, sua voz saiu igual à do Soul.

– Maka, me desculpe. Sério. Eu sei que não fui maneiro, mas é você que eu quero. Liz foi só... não sei, algo passageiro. Nem sei o que deu em mim. Mas você sabe que eu me importo com você, sabe o que somos um pro outro. Me dá mais uma chance.

Eu sabia que era Blair falando, mas isso não me impediu de quase chorar. Era exatamente aquilo que eu queria ouvir dele, e nem tinha como negar que, se Soul me dissesse algo assim, eu iria me derreter e aceitar o pedido de desculpas. Pisquei, para tirar as lágrimas que já queriam começar a rolar, e reclamei:

– Você é cruel, Blair. E o Soul não diria maneiro, diria cool.

Tsubaki olhou de cara feia pra minha gata, que rapidamente tirou o feitiço e se inclinou pra mim, com a voz normal.

– Desculpe, Maka-chan. Mas você cairia nessa. E eu não quero que sofra.

– Estou sofrendo agora. O que teria de tão ruim no fato de ele me pedir desculpas?

– Soul parece arrependido? - Tsubaki perguntou.

Ele não parecia. Nem estava, eu tinha certeza, porque senão não teria convidado Liz pra sair hoje á noite. Soul só estava preocupado com o seu ego, porque o deixei sozinho na Shibusen. Ele podia muito bem ficar mais uma noite longe de mim.

– Okay, Tsubaki. Eu adoraria dormir aqui, mas só hoje.

Tsubaki sorriu, satisfeita.

– Ou então por umas duas ou três semanas.

– Só hoje está bom. - rí.

– Blair, vai ficar também?

– Posso vir só dormir? - ela perguntou. - Assim eu dou uma olhada no Soul e vejo se ele está se comportando direitinho.

Lancei-lhe um olhar agradecido, e Tsubaki assentiu.

– E sobre a Liz...

– Aquela vadia. - Blair interrompeu.

– ...pode ter certeza que o que é dela está guardado. - Tsubaki continuou. - Minha amiga ela também não é mais, nem da Blair. Uma garota que faz isso, e principalmente, diz coisas como as que ela te disse, não merece ter amigos.

Blair concordou, e tudo que pude fazer foi sorrir, agradecida.

– Vocês são demais. - disse.

– Sabemos. - Blair riu.

– Mas eu tenho que voltar em casa pra pegar algumas coisas. - acrescentei.

– Posso pegar, Maka-chan. - Blair se ofereceu.

Neguei com a cabeça.

– Obrigada, mas não posso te deixar fazer isso. Você poderia pegar algo errado, além disso, eu é que tenho que falar com o Soul. Não quero parecer estar fugindo agora.

Tsubaki concordou - disse que era o certo, porque mesmo se eu ficasse aqui por mais tempo não devia evitar o meu parceiro totalmente. E se a Tsu concordava, aquilo realmente era o certo a se fazer.

– Só mais uma coisa... - ela hesitou. - E o Kid? Como ele fica no meio disso tudo?

Enfiei a cabeça no travesseiro, soltando o ar com força. Kiddo-kun. Ele ainda não havia mandado nenhuma mensagem, nem me ligado hoje. Eu me perguntava se havia feito algo errado ontem, mas ele não deixou transparecer se ficou decepcionado. Na verdade, parecia tão bem quanto eu, mas então porque logo hoje ia sumir? Eu estava acostumada demais com manter contato pra digerir aquilo na boa.

Quando levantei a cabeça, Blair e Tsubaki esperavam uma resposta.

– Não sei. - admiti.

– Mas você sente alguma coisa por ele? - Blair questionou.

Inclinei a cabeça, olhando pra um ponto qualquer do futon enquanto mexia num fio solto da coberta e divagava em voz alta.

– Bom, Kiddo sempre foi meu amigo. Eu gosto dele, sabe, me preocupo com ele. Também temos muitos gostos parecidos, e Kiddo faz qualquer besteira parecer divertida. - sorri de leve, pensando em como dançamos na rua na ontem, e continuei: - Além disso, eu o acho lindo. Sabe, aqueles olhos dele me tiram do sério, e o cabelo é tão macio, dá vontade de passar a mão, e quando me abraça tenho vontade de nunca soltá-lo. Ele sempre foi tão cuidadoso comigo, e quando ficamos, foi tão carinhoso, mas ainda assim não foi aquela coisa bobinha e melada. Kiddo não me faz sentir uma adolescente de coração partido, me faz sentir uma mulher, e isso realmente é um ponto a favor. Mas...

– Mas tem o Soul. - Blair revirou os olhos. - Sério que você vai perder a chance de ficar com um cara tão tudo de bom por causa do albino desgraçado?

– O Soul é legal, Blair, você sabe disso. - suspirei, odiando defendê-lo, mas sem poder me conter. - Você mora com a gente, sabe como ele me trata. Soul também é carinhoso, faz coisas que eu nunca pediria por mim e me atura mais do que precisa.

Ou aturava, pensei.

– Soul pode ser tudo isso, e seu primeiro amor, mas foi ele que te deixou sozinha no baile pra ficar com outra, e foi Kid que ficou ao seu lado quando isso aconteceu. - Tsubaki disse, com uma cara meio triste, mas firme. - E se ele está com a Liz a tanto tempo, a escolha deveria ser óbvia.

Deveria, mas não era. Não adiantava, elas não entenderiam o que o Soul representa pra mim, só havia uma pessoa que entenderia. Não sabia nem tentar explicar. Soul era... eu podia fazer a mesma descrição do Kid para ele. Lindo, parecia que tinha um ímã nele que me atraía. Já ouvira garotas dizendo que Soul tinha uma aparência meio assustadora, mas quando o olhava, tudo que sabia era que aquele garoto não hesitaria em morrer por mim, e por mais que me zoasse, não deixava ninguém mais fazê-lo. Não era exatamente cuidadoso, mas preocupado, sempre verificando se eu estava bem, se estava comendo direito, se não estava estudando ou treinando demais - chato como minha mãe. Brigávamos também, e muito, pelo menos uma vez por dia eu enchia seu saco por causa de algo ou vice-versa, mas cara, morávamos juntos. Era normal.

Ainda assim, sabia que Tsubaki estava certa. Só não podia aceitar.

– Kiddo seria a solução se as coisas estivessem normais entre mim e Soul, mas não estão, e lidar com os dois só vai me trazer problemas. - resmunguei, enfiando a cabeça no travesseiro de novo.

– E de quem vai desistir? - Blair suspirou.

– Não quero perder nenhum deles. - suspirei de volta.

Tsubaki acariciou minha cabeça, compreensiva.

– Acho que não precisa decidir agora. Só não pode jogar com os dois.

Como se eu soubesse fazer isso, pensei.

Mas aquela não era a hora de se lidar com uma coisa daquelas. Era a tarde das garotas. Então simplesmente perguntei a Tsubaki como foi o restante do baile e ela contou sobre como foi o baile dela– com uma declaração de amor de nada mais nada menos que Black*Star.

– Ah, eu sabia! - exultei. - Ele sempre agia diferente com você! E aí? Como vocês estão?

– Bem. - Tsubaki sorriu, sem graça, mas obviamente orgulhosa. - Não mudou muita coisa, a não ser que ele fica sempre mais tímido perto de mim. E tenta me agradar mais, sabe. Mas eu não dei uma resposta ainda.

– Porque não? - Blair perguntou. - Não gosta dele, Tsu-chan?

– Acho que gosto, mas não tenho certeza. Não quero agir cedo demais e me arrepender depois.

Assenti, concordando, e perguntei:

– A diferença de altura, sabe... não te incomoda?

– Um pouco, sim. - Tsubaki admitiu, constrangida. - Mas não me impediria de ficar com ele, se tiver de ser. Perder um amor por algo tão simples assim é tão... idiota.

– Ele vai ter que subir num banquinho pra te beijar! - Blair riu.

Tsubaki riu também, e jogou seu travesseiro nela.

– Boba, não vai, não! Mas e você, Blair? - Tsubaki perguntou. - Não gosta de ninguém?

Blair deu de ombros, como se aquilo tivesse pouca importância.

– Para nós, gatos, as coisas são diferentes. Não existe "amor" desse tipo na minha espécie. - admitiu. - Eu amo a Maka, porque ela é minha amiga e é tipo um instinto maternal, também estou começando a me importar com você, gosto dos homens do cabaré porque sempre me dão atenção e são interessantes, mas não sei como é querer ser só de uma pessoa. Esse ciúmes que vocês sentem por um garoto que querem que seja só seu, eu não sei bem o que é.

Pensei naquilo por alguns instantes. Seria bem mais fácil se fosse assim com todo mundo. Mas seria horrível, nunca sentir como se pertencesse somente a alguém e esse alguém só te pertencesse.

– Parece triste, Blair... - comentei.

– Mas você sente ciúmes da Maka. - Tsubaki completou. - E a ama, e também gosta de mim - aliás, me sinto lisonjeada. Mas enfim, se você é capaz de ter sentimentos assim, pode se apaixonar, também. Só não deve ter conhecido o cara certo ainda.

Blair deu de ombros, sem parecer se importar.

– Tanto faz. Não é minha prioridade no momento.

Ouvi passos no corredor, e pouco depois Black escancarou a porta do quarto de Tsubaki, parando na soleira.

– Olá, garotas!

Ele estava de bermuda e tênis, com a camiseta jogada no ombro, e todo molhado de suor. Tsubaki levantou rápido, corando.

– Black*Star, porque está sem camisa?

Ele pareceu se dar conta disso e olhou o próprio peitoral, corando como Tsubaki. Fofos.

– Ah... estou com calor. Mas já vou tomar banho, só vim dizer oi.

Tsubaki concordou, então disse:

– A Maka e a Blair vão dormir aqui hoje, tudo bem?

– Sem problema, um cara grande como eu não se incomoda tão fácil. - ele respondeu, dando uma piscadela pra mim. - O Soul é que não vai gostar muito.

Arregalei os olhos, subitamente alerta.

– Estava com o Soul?

– É, a gente tava jogando basquete. - Black explicou. - E Soul ficou reclamando que você não parava em casa e estava agindo estranho, aí Kid disse que você não agiria estranho se Soul agisse que nem um homem. Pensei que os dois fossem cair na porrada ali mesmo, mas Kirikou falou que o jogo ia recomeçar e eles ficaram só se esbarrando enquanto jogávamos. E eu, Ox e Kid ganhamos! - completou, rindo.

Senti meu rosto esquentar, e os olhares de todos em mim. Não sabia se matava os dois, ou só Soul por ficar falando aquele tipo de coisa, ou dava um abraço em Kid por me defender. Ainda assim, era tão constrangedor...

Tentei dar de ombros e rí.

– Os dois nunca se deram bem, mesmo.

– Isso é verdade. - Black concordou. - E acho que é por sua culpa.

– Tá, agora vai tomar banho logo. - Tsubaki reclamou, expulsando o Black. - E trata de demorar mais de dez minutos! Você está imundo!

Ele concordou, desanimado, e saiu. Tsubaki fechou a porta e me olhou. Então, deixou sair um risinho.

– Devo comentar isso?

– Não! - rí, também, porque não havia nada mais a fazer. - Não acredito nesses dois!

– Achei fofo o Kid te defender. - Blair sorriu.

– E eu acho que o Soul só reclamou porque está com ciúmes. - Tsubaki completou.

Sorri, apesar de não saber direito o que fazer. Eu ia ter que lidar com os dois, também. Mas também não queria fazer aquilo agora.

– Tá, então, vamos jogar Just Dance. - anunciei, me levantando. - Quero ver se o Black sabe dançar.

Tsubaki riu, como se aquilo realmente fosse engraçado, e fomos pra sala ligar o videogame.


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Notas finais do capítulo

AOOOO, QUEM QUER MATAR A LIZ TOCA AQUI! o/
Nunca tomei Gatorade, nem sei se bolinhos de chuva recheados com creme de morango existem, mas... tá valendo xD
Ah, mais uma coisa, Kirikou: Killik. Como eu acompanho o mangá publicado aqui, tem alguns nomes diferentes e que eu não sabia, tipo, só a pouco tempo fui ver o anime e descobri que na verdade é doutor Stein e não doktor Stein. Enfim, Shinigami-sama e Shibusen eu já sabia, então se não souberem quem é um personagem que eu colocar o nome diferente, podem perguntar xD

E no próximo capítulo (isso está parecendo encerramento de Dragon Ball Z): a vida continua ;)

PS. Estão notando algo estranho na Maka?