Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 13
#11 - Confissões e Algo Mais


Notas iniciais do capítulo

Yoo gente! Cá estou eu!
Primeiramente, quero dizer que eu tô p*t@ hoje, porque fui retocar o cabelo (que estava tipo vermelho escuro, mas desbotou e ficou alaranjado) e saporra ficou castanho-avermelhado. Ok, não é problema de vocês. Ainda assim, deixa eu falar: NUNCA usem Cor&Tom 6.66, essa tinta é capirotada. Sejam mais espertas que eu e usem Koleston 6645, porque né, não sei porque inventei de trocar.

Ok, foi mal, parei.

Quero agradecer ás pessoas que comentaram no capítulo passado:
#Vlad Ember
#Monkey D Amanda
#Guelbs
#MistyAlbarnEvans
#Anne Frank
#Açucena
#Ana
#Kaila Dragneel
#Breaker
#Mari

Hahaha, vocês gostam de um drama ^^
E quem comentou no extra até agora:

#Breaker
#MistyAlbarnEvans
#Monkey D Amanda
#Mari The Wolf
#Açucena
#Guelbs
#Kaila Dragneel
#Anne Frank

O extra fez sucesso ^w^ acho que vou fazer mais extras deles =D

Okay, esse capítulo tem uma ou outra palavra de baixo calão, então fiquem avisados. E vai ter gente que vai querer me matar. =(
Então até lá embaixo xD

PS. Gente, gostaria de avisar que a Açucena é a minha beta agora xD
Tipo, ela é a minha melhor amiga e eu ficava dando spoilers pra ela, então coloquei pra fazer algo útil (e eu ainda posso dar spoilers HAHAHA)
E eu peço a opinião dela sobre o que vai acontecer na fic, então briguem com ela também kkkkkk
Ok, fui o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/341847/chapter/13

Fui até o final do corredor, desci um lance de escadas e me enfiei na primeira sala de aula que encontrei aberta, fechando a porta atrás de mim e apoiando as costas nela. Então desci lentamente, até estar sentada no chão, abraçada ás minhas coisas, sem conseguir acreditar naquilo.
Soul e Liz juntos.
Meu Deus, como pude ser tão cega? Como nunca reparei naquilo? A Liz, sempre querendo ficar perto do Soul, sempre sorrindo e tocando-o, sempre fazendo tudo por ele... Ainda lembrava da vez que marcamos de estudar lá em casa e ela levou um bolo de coco, o favorito do Soul, e disse que fez especialmente pra ele. Ou de quando fomos no shopping comprar as roupas e ela soltou que a cor favorita do Soul era amarelo antes de comprar aquela blusa de ombro caído. Ou como ela ficou de cara fechada com ele durante alguns dias depois do anúncio do baile - quando ele me convidou.
E Soul, o que eu podia dizer? Liz era tipo a garota ideal dele. Alta, loura, bonita, engraçada, simpática e sedutora. Ela era exatamente o tipo de garota que ele queria, alguém tão cool quanto ele. E por mais que ele a tratasse normalmente perto de mim, ainda havia aquele brilhinho de admiração em seus olhos. E eu, tão lerda, tão burra, nunca reparei! Como podia ter deixado aquilo passar? Como podia ter ignorado todos aqueles sinais?
Eu era uma confusão de sentimentos, que se debatiam e brigavam dentro de mim, todos querendo ocupar todos os espaços possíveis. Dor, raiva, culpa, solidão. Me sentia idiota e boba, e tão desesperada, tão arrasada. Não cabia aquilo tudo dentro de mim. Eu ia acabar perdendo o controle, sabia disso, mas não conseguia pensar em nada para me acalmar, para fazer com que as lágrimas corresem mais devagar, ou parar de soluçar e engasgar e acalmar meu coração.
Eu havia reencontrado Soul depois de cinco anos, só para ter meu coração despedaçado por ele de novo.
– Maka?
Ergui os olhos, surpresa, e me deparei com Kid sentado na mesa do professor, de frente pro quadro, mas com a cabeça virada na minha direção. Ele parecia mais incrédulo que eu, se é que isso era possível, mas sua expressão se tornou preucupada assim que notou como estava. Pulou da mesa e veio em minha direção, se ajoelhando como um cavaleiro medieval na minha frente, e tentei limpar as lágrimas, constrangida que me visse assim.
– Hey, princesa, o que aconteceu?
– Nada. - solucei, tentando esconder minha boca e meu nariz inchado com as mãos. - Eu só... não é nada.
– Maka...
– Não, sério. - insisti.
Então Kid se aproximou e puxou minhas mãos até o peito dele, logo antes de me abraçar.
Fiquei com as mãos presas entre mim e Kid, enquanto ele, ajoelhado na minha frente, me puxava delicadamente para cima, um braço ao redor da minha cintura e outro nas minhas costas. Parecia estranho, mas era bom. Kid era quente, familiar, e doce. Ele me abraçou com tanto carinho, com tanto cuidado, que não pude evitar: comecei a chorar de novo, pior que antes, me agarrando a ele. Enrosquei os braços ao seu redor, enfiei a cabeça na curva de seu pescoço e deixei tudo sair.
Kid não reclamou de eu estar sujando sua roupa, nem de estar quase convulsionando em seus braços. Ele apenas me abraçou mais forte, dizendo que tudo ia ficar bem, que já tinha passado, que ele estava ali comigo. E, quando consegui finalmente me acalmar, de algum modo estávamos sentados no chão, Kid com as costas apoiadas na porta e eu de lado em seu colo.
Me afastei um pouco, respirando mais devagar, e saí do colo dele, constrangida.
– Desculpe. Sério.
– Não sei do que está falando. - sorriu. - Aqui, tome.
Kid me ofereceu um lenço, e agradeci, dando um risinho.
– Você anda com lenços por aí? - perguntei, assoando o nariz do modo mais digno que consegui.
– Ás vezes. - concordou, rindo. - Eles são bem úteis.
– Não posso negar. Mas agora não posso devolvê-lo mais. - disse, segurando o lenço sujo entre o indicador e o polegar.
Ele deu de ombros.
– Fique com ele, você pode precisar depois. Então, - continuou, hesitante. - você quer falar sobre...?
Por um momento, considerei ficar quieta. Não queria envolver Kiddo nos meus problemas, muito menos dar um motivo concreto pra ele ficar menos amigável do que já era com o Soul. Mas, assim que esse pensamento passou pela minha cabeça, fiquei irritada. Eu ia mesmo proteger o Soul? Depois da cachorrada que ele fez comigo? Além disso, Kiddo merecia saber, ele havia me aturado. E quando uma coisa grande como essa acontece com uma garota, ela tem que contar a alguém, senão explode.
Suspirei e me sentei ao lado do Kid.
– Você sabe que eu vim com o Soul. - comecei.
– Sim. - concordou.
– E, tipo, eu... - parei, constrangida. - Meio que...
– Você gosta dele. - Kid completou, suspirando pesadamente.
Encarei-o, surpresa.
– Como sabe?
– Observação analítica. - respondeu, o que me arrancou uma risada, mas logo fiquei preocupada.
– Está tão na cara assim?
– Só pra quem te conhece. Mas não se preocupe, não contei pra ninguém.
Dei-lhe um sorriso agradecido.
– Obrigada. Mas enfim, nós viemos juntos, e eu fiquei meio esperançosa, sabe, de que ele podia sentir o mesmo. - encolhi os ombros e abracei minhas pernas. Kid passou um braço pelo meu ombro. - Sabe como é né, você convida uma garota pra um baile quando está interessado nela. Pelo menos na minha mente é assim. Só que eu fui com a Tsubaki no banheiro aquela hora, e quando estávamos saindo senti algo errado, e decidi dar uma volta na festa. Aí eu vi o Soul e a Liz juntos na varanda. - a partir daí, as palavras jorraram da minha boca. - Tipo, os dois estavam juntos mesmo! Ela beijou ele e ele correspondeu, e nem me viram lá. O pior é qu eu não consegui fazer nada, sabe. Eu não tive coragem, só consegui vir pra cá chorar. Me senti tão idiota, Kid! Porque tipo, agora que eu pensei bem, dava pra reparar que tinha algo entre eles, sabe. Eram só pequenos detalhes, mas se prestasse atenção iria reparar, mas eu não reparei. E agora estou nessa, e nem sei direito como me sinto, porque eu sei que não reparei, mas eu não estava doida, o Soul queria mesmo algo comigo, e depois simplesmente foi lá agarrar a Liz na primeira oportunidade! Eu estou com tanta raiva dele, e com tanta raiva dela também! Liz era minha amiga, cara! Eu nunca disse pra ela que gostava do Soul mas se até você reparou, ela deve ter reparado também. E mesmo que não tivesse reparado, como assim, ela decide dar uns pega no meu par no baile? Isso não se faz! Eu nem sei o que pensar direito! - completei, suspirando.
Finalmente olhei para Kid, e me assustei com o que vi. Ele estava com uma cara péssima, fechada, pior que no dia que ele e Soul quase caíram na porrada na sala. E ele não olhava pra mim, olhava pra um ponto qualquer em frente, mas não havia nada. Me inclinei, entrando em seu campo de visão.
– Oi? Kiddo?
Ele finalmente se virou pra mim, e sua expressão se suavizou um pouco, mas não o suficiente pra me tranquilizar. Kid pousou uma mão na minha bochecha e disse:
– Eu vou matar aquele desgraçado.
Arregalei os olhos, assustada.
– Como é que é?
– Ele e a Liz também. - acrescentou. - Cara, eu não... Maka... argh!
Sorri de leve, satisfeita que eu não fosse a única que achava aquilo uma cachorrada, mas assustada com a reação do Kid.
– Calma, Kiddo... Eu que sou a garota de coração partido aqui.
Ele suspirou, exasperado.
– Sim, sim, mas... - ele suspirou de novo, se interrompendo. - Eu nunca gostei mesmo desse cara.
Me senti como se devesse defendê-lo, mas engoli isso. Eu não ia ficar do lado do Soul depois daquilo.
Passei a mão pelo rosto, e me surpreendi ao tocar meu nariz. Ele parecia ter o dobro do tamanho, a pele repuxada sob meu toque era estranha. Passei os dedos sob meus olhos e eles ficaram manchados de preto. Arquejei, surpresa.
–Meu Deus! Eu devo estar horrível.
Kid riu.
– Não, está legal.
Encarei-o, incrédula.
– Só pode estar brincando.
– Nem pensar.
Revirei os olhos, e olhei em volta.
– A próposito, o que estava fazendo aqui?
Kiddo hesitou, então disse:
– Eu recebi uma ligação, tive que vir atender. Era algo pessoal, sabe. Me ligaram logo depois que você e Tsubaki saíram.
– Ah. Era algo importante?
– Coisa da Shibusen.
Parei com as perguntas por ali, se era da Shibusen podia se confidencial e eu não queria encrencar o Kiddo. Ao invés disso, suspirei.
– Acho que tenho que ir. Devo ter demorado uns 15 minutos já, Tsubaki deve estar doida atrás de mim.
– Na verdade, - Kid disse, checando o relógio. - Desde que você entrou aqui já passou meia hora.
– Mentira!
– Sério. - ele sorriu. - Quer ver?
Puxei o braço dele e olhei, já era mais de nove e meia.
– Nossa. Melhor eu ir mesmo.
Me levantei e Kid veio junto, me oferendo o braço pra me apoiar enquanto calçava os sapatos. Quando acabei, me virei pra ele, sem saber direito como me expressar.
– Kid, eu... muito obrigado. Sério. - sorri. - Por me aturar chorando e reclamando e te sujando.
– Sem problemas, Maka. - respondeu. - Você acha que eu ia perder a oportunidade de te pegar no colo?
Ri, empurrando seu ombro de leve.
– Bobo. Mas sério, valeu. Nem sei como te agradecer. Você não faz idéia de quanto me ajudou hoje.
E ele não fazia mesmo. O que ele fez por mim, me abraçando, ficando ao meu lado quando muitos teriam simplesmente ido embora sem saber o que fazer, o modo como tinha me ouvido... Ninguém poderia ter feito melhor.
Mas agora eu teria que encarar Soul e Liz, e não sabia como devia me comportar. Fingir que nada aconteceu? Acusá-los e ir embora? Eu não queria encará-los, não saberia como lidar com aquilo.
Deus, e se eu começasse a chorar na frente de todo mundo?
– Maka. - Kiddo chamou, antes que eu pudese alcançar a porta.
– Sim? - respondi, me virando.
Ele hesitou um pouco, então disse:
– Eu sei como você pode me agradecer.

***

Kid também não queria voltar pra festa. Ele disse que, pra começar, não teria vindo se a Liz não o houvesse arrastado, e que estava com vontade demais de quebrar a cara do Soul pra ficar no mesmo recinto que ele. Então, me pediu pra ir dar uma volta com ele. Aceitei, aliviada. Só pedi para parar no banheiro primeiro, pra dar um jeito na minha maquiagem (que estava bem fudida) e mandar uma mensagem pedindo pra Tsubaki avisar ao pessoal que eu havia ido embora com o Kid. Soul que fosse se ferrar. A essa altura, eu só conseguia sentir raiva.
Fomos no carro do Kid, que era preto, quadrado e alto - eu quase precisava de uma escada pra subir, mas não sabia o nome. Me preocupei com o meu Chairro por alguns instantes, mas Soul estava com a chave, e não ia voltar só pra pegá-la. Além disso, ele não seria louco de fazer algo com o meu carro.
Primeiro, fomos até um McDonalds no shopping, que ainda estava aberto. Kid pediu um Mc Lanche Feliz completo mais uma salada, e eu pedi batatas fritas e nuggets, tudo com guaraná. Ficamos lá falando bobagens - eu tava meio sem graça, porque tinha certeza que o Kid só queria me distrair - até ele dizer que havia lido Divergente, porque aí a conversa engrenou de vez. Discutimos sobre o livro, os personagens, suas personalidades, nossas impressões sobre a autora e o que essperávamos do último livro, que nenhum de nós dois havia lido ainda. Depois foi a vez de As Crônicas de Gelo e Fogo - eu só li o primeiro, Kid estava no quarto - , seguidos da série Percy Jackson, Jogos Vorazes, Feios, O Oceano no Fim do Caminho, alguns livros da Jane Austen... Os olhos dele brilhavam quando falava daquilo, e se tornavam ainda mais hipnóticos. E quando Kid disse que já havia lido Trono de Vidro e era um de seus livros favoritos, quase me ajoelhei e o pedi em casamento.
Quando acabamos o lanche, compramos sorvetes, já que o sorvete do McDonalds era coisa de outro mundo, e fomos no cinema. Tinha uma sessão especial de filmes antigos, e fomos assistir Forrest Gump, mas antes da metade do filme eu e Kid já estávamos nos remexendo, impacientes, e soltando o ar pesadamente. Aposto que tinha gente que gostava daquele filme, mas nós obviamente não éramos essas pessoas, então acabamos saindo.
Paramos do lado de fora da sala de exibição, nos espreguiçando, e Kid perguntou:
– Quer ir pra casa, Maka?
Eu não queria. Não só porque não queria ver o Soul, mas também porque naquele tempo que eu fiquei com o Kiddo eu havia realmente me divertido e esquecido. Então sorri e envolvi seu tórax num abraço, me agarrando a ele.
– Nós apenas começamos.
E passamos horas depois disso na rua. Primeiro continuamos no shopping, passeando pelos corredores cheios de lojas fechadas e olhando as vitrines de livrarias e lojas de CD. Tentávamos adivinhar o que o outro mais gostaria de ganhar daquela vitrine, e pra minha surpresa Kid costumava acertar mais que eu. Também o fiz sair correndo e deslizando pelo piso polido, e esbarramos um no outro, rimos, tropeçamos e nos embolamos no chão umas duas vezes antes de o shopping finalmente fechar.
Então, deixamos o carro estacionado lá fora e saímos andando, conversando sobre qualquer coisa que nos viesse na cabeça. Conversar com Kiddo era fácil, ele tinha aquele jeito que me fazia sentir á vontade, e me ouvia. Tinhamos muitos gostos e pensamentos parecidos, e mesmo quando discordávamos, não era algo que nos fazia brigar. Eu contei a ele como foi a minha infância, como eu admirava minha mãe e odiava meu pai por traí-la, como o divórcio foi, ainda assim, arrasador para mim. Kid me contou da infância dele, e acabei descobrindo que ele nunca conheceu a mãe, e que o pai nunca falava dela. Kid sempre foi criado somente pelo Shinigami-sama, educado especialmente para ser o próximo shinigami, e mesmo sem ser pressionado diretamente, ele se sentia esmagado pela responsabilidade que aquilo representaria.
– Você seria um perfeito shinigami. - disse, do fundo do coração.
– Mas é algo muito sério, Maka-chan. Eu terei que decidir entre a vida e a morte das pessoas. Tem idéia do que isso significa? - perguntou.
– Não muita. - admiti. - Mas não consigo pensar em ninguém melhor pra isso que você.
Kid sorriu, agradecido.
Continuamos conversando e batendo perna por um tempão, até começar a tocar We Own The Night naqueles auto-falantes que tocam rádio na rua, e Kid me puxar pra dançar. Ri, e me deixei ser girada e conduzida por ele. Kid dançava engraçado, todo duro, mas parecia tão animado com aquilo que eu apenas ria e tentava acompanhá-lo nos passos sem sentido que tentava fazer. Começamos a cantar na rua, bem alto, e quando as luzes das casas começaram a se acender agarrei a mão do Kid e saímos correndo, gritando mais ainda, ou tentando, porque gritar e rir ao mesmo tempo é super difícil. Mesmo correndo ainda demos um jeito de dançar, com Kid enlaçando minha cintura e eu segurando seus ombros, tentando correr e rodar e gritar ao mesmo tempo. Era tão idiota, mas tão divertido, até quando tropeçamos e tivemos que nos segurar num poste pra não nos estabacarmos no chão.
E então chegamos a uma praça.
Era grande, quadrada, e bem cuidada. A grama estava cortada baixa, e haviam várias árvores, todas grandes e frondosas, espalhadas por ali. Haviam uns caminhos de pedras, onde ficavam bancos de concreto, cortando o gramado, e todos levavam a um grande lago no centro, cercado por um guarda peito de madeira. Fomos até lá, ainda rindo da nossa "rebeldia noturna", e por um tempo apenas nos apoiamos no guarda peito e ficamos olhando o lago, que parecia um espelho refletindo a lua. Ali não haviam as caixas de som, estava tudo silencioso, a não ser por um ou outro carro que passava. Suspirei, satisfeita.
– Não sabia dessa praça.
– Nem eu. - Kid respondeu, ao meu lado. - A gente tá no meio do deserto, nem deveria ter um lago aqui.
Assenti, ainda olhando para a água, então me virei pra ele.
– Hoje foi legal.
Ele sorriu, meio de lado, e ergueu as sombrancelhas.
– Está me dispensando, então?
– Até parece que eu te dispensaria. - sorrí, revirando os olhos. - É só que... eu me diverti, sabe. Apesar de tudo. E queria que você soubesse disso.
– A dança da sedução funcionou, então. - ele brincou.
– Eeei! - ri, dando uma cotovelada leve nele. - Você chama aquilo de dança da sedução? Você quase caiu em cima de mim naquele poste!
Kid deu de ombros.
– Mas você gostou.
– Gostei. - admiti, e ele sorriu de novo.
Só então reparei no quanto Kid sorria quando estava comigo. Ele sempre ficava mais sério perto de Liz e Patty, e definitivamente perto do Soul, mas comigo ele sorria sempre. E eu gostava daquilo. Kid tinha um sorriso lindo, meio misterioso, e seus olhos se aqueciam.
– Você devia sorrir mais. - disse.
– Passei a noite de hoje toda rindo!
Fiz que não com a cabeça.
– Não é isso. É que você é sempre tão sério. - expliquei, olhando-o. - E tem um sorriso tão lindo... não devia desperdiçá-lo.
Ele me encarou, os cantos da boca se repuxando um pouco.
– Então você gosta do meu sorriso?
Sua voz saiu diferente dessa vez, como se aquilo significasse muito, e assenti.
– Sim. Eu gosto.
Kid sorriu de novo, mas dessa vez com os olhos meio cerrados, um olhar que me fez corar um pouco. Mas não recuei, estava hipnotizada. Continuei falando:
– E... seus olhos, Kid. Eu nunca soube lidar direito com eles. São tão, não sei como explicar, mas...
– São como se eu pudesse arrancar sua alma só com o olhar. - completou, baixinho.
Arfei, e um arrepio, que não era totalmente ruim, subiu pelas minhas costas.
– Exatamente. Como sabe?
– É assim quando olho nos seus olhos também.
Encarei-o, sem desviar o olhar, e ele fez o mesmo, se aproximando. Quando Kid levantou a mão e afastou uma mecha da franja do meu rosto, minhas mãos já estavam tremendo, e eu estava nervosa de expectativa. Ergui-as, segurando o pescoço de Kid e acariciando de leve sua nuca com as pontas dos dedos, e ele prendeu a respiração, mas ainda sem desviar o olhar. Suas pupilas estavam dilatadas, notei. As minhas também deviam estar. Eu também queria.
Ele colou nossos corpos, enlaçando minha cintura, e arfei. Nossos rostos estavam a centímetros. Ele fechou os olhos e respirou fundo.
– Eu não devia fazer isso. - murmurou, parecendo arrasado. - Você vai me odiar amanhã.
O tom de sua voz me arrasou, e por mais tímida que eu pudesse ser ás vezes, aquele era um momento que devia ser corajosa.
Toquei seu queixo gentilmente, e ele abriu os olhos. Sorri um pouco e disse:
– Eu vou te odiar se não fizer.
Foi o suficiente.
Kid me apertou mais forte contra si, mas ainda cuidadoso, e eu puxei seu queixo em minha direção. Nossos lábios se tocaram de leve primeiro, só um roçar, mas logo resolvemos isso. Quando a língua de Kid entrou na minha boca, pensei que fosse desmaiar. Puxei seu pescoço mais em minha direção e ele acariciou minhas costas, me trazendo mais pra perto também. Embolei minhas mãos em seus cabelos, e suspirei entre um beijo e outro. Era doce e intenso ao mesmo tempo. Tinha o ritmo certo. Era perfeito.
De algum modo acabei imprensada contra o guarda peito do lago. Kid não me tocou em nenhum lugar que não devia, mas ainda assim senti algo como lava derretida se empoçando no meu baixo ventre. Tentei não me contorcer e me vinguei acariaciando de volta, em todos os lugares que eu sabia que ia gostar - os braços, a nuca, o rosto, as costas. Kid grunhia contra minha boca, e eu sorria, adorando saber que podia fazê-lo se sentir igual a mim.
Perdi a noção do tempo ali. Beijávamos, parávamos por alguns segundos pra respirar, geralmente com ele me beijando no pescoço ou eu sussurrando em seu ouvido, e então começávamos de novo. Foi incrível, e quando acabou - quando ambos já estávamos sem ar definitivamente, eu mal tinha palavras.
– Uau. - ofeguei.
– É. - Kid concordou, também respirando pesado, comigo ainda em seus braços. - Onde aprendeu isso?
– Não sei. - confessei. - E você?
– Também não sei.
Ficamos ali, nos olhando por alguns segundos, então eu sorri.
– E você não queria.
– Se eu soubesse... - ele riu, pousando a cabeça no meu ombro. - Obrigado por me fazer mudar de idéia.
– Eu é que agradeço.
Kid me olhou nos olhos de novo, e então me beijou, primeiro no nariz e depois um selinho. Sorrí e segurei seu queixo, fazendo-o ficar por mais alguns instantes.
– Acho melhor irmos. - ele disse.
– Tá cedo. - respondi, sorrindo. Cara, eu estava toda boba.
Kid olhou no relógio, então riu.
– Chuta as horas.
– Meia noite? - sugeri, em dúvida.
– Três e meia da manhã.
Quase tive um ataque, o que fez o Kid rir mais ainda, e me dar um outro selinho. Acabei rindo também, abraçando-o. Nos soltamos, e eu quase caí, minhas pernas já estavam duras de ficar sem mexê-las. Kid me segurou, me apertou por uns instantes e depois me ofereceu o braço enquanto eu tirava os saltos. Então me ofereceu sua mão, e corremos como dois doidos de volta para o shopping.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Team Soul: Calma gente ~.~ A Maka merecia isso... e o Soul também u.u
Mas, como eu já disse pra alguns, eles dois vão ter a chance deles, então... Don't you worry child (8)

Team Kid: HAHAHA Soul se ferrou dessa vez u.u ele mereceu... mas nem tudo é perfeito, né?

Todo mundo: No próximo capítulo o Soul vai explicar o que aconteceu no baile... se eu estiver viva até lá e.e
Então... até mais o/

(Se vocês quiserem que eu pare de falar o que acontece no próximo capítulo avisem ok? Essa é minha primeira long, e eu não sei bem se isso é legal =x)