Gray School escrita por Sweet Death


Capítulo 13
Branca de Neve, a peça- parte III (última)


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou muuuuuuuuuuuuito grande. É que eu acabei escrevendo muito mais que deveria. E também tem bastante diálogo por isso acaba pulando bastante linha. Boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/341802/chapter/13

A porta se abriu, e cantarolando entraram 1, 2, 3 ,4 ,5 , 6, 7 anões

                -Eu vou, eu vou para casa gora eu vou!! Parararatibum, parararatibum eu vou, eu vou... – pararam ao ver a intrusa que jazia deitada no chão da sala.

                -Mas o que que é isso aí??- apontou para o “corpo” tacado na sala. Estava dormindo de um jeito todo espalhado, uma perna pra lá, outra pra cá o braço no rosto...

                -Verifica se tá respirando...- disse outro. Alguns se aproximaram lentamente e verificaram o pulso e a respiração. Respiraram aliviados ao ver que tudo estava bem.

                -Que cheiro é esse?? Comida?? É diferente da nossa sopa, será que ela...

                -Como ela entrou aqui?? Zangado!! Eu disse para trancar a porta.- o que parecia o líder, mais velho, gritou para o rabugento ao fundo.

                -Tsc. Aquele mané do Atchim melecou a chave inteira, Tsc.

                Ouviram um barulho, a moça acordara rapidamente e ficou sentada. Olhando para o nada.

                -Hã?? Kanda é você??- resmungou a garota- eu ouvi uns “tscs”. Ah- percebeu as pessoas à sua volta- Hahaha, mas que constrangedor, não? Eu não roubei nada, eu só...Bem, veja...- fazia gestos sem sentido com as mãos como se tentasse explicar, mas ao mesmo tempo não quisesse explicar.

                -Quem é você?- o mais velho se assustou

                -B-Branca de neve. Ou Allen, meu nome é Allen.

                -Ah, o nome tem tudo a ver com a aparência hahaha- riu outro mais ao fundo. O rabugento não esboçou qualquer tipo de emoção.

                -Branca de neve?? A princesa que ninguém vira??- um atravessou o monte de anões que se juntaram.- mas vejo porque era mantida escondida!! Veja só a beleza que emana da moça.

                Agora o grupo se amontoara para obsevar as feições de Allen, assustada com a aproximação. Resmungavam “hms”, o rabugento soltara mais uns “tscs”. Mas quando se afastara que veio o problema.

                -O que vamos fazer com ela?

                -Podemos pedir recompensa!!

                -Seu idiota, ela é uma dama. Muito bonita pelo que vejo heheh.

                -Se ela está aqui é porque houve algum problema no palácio.

                -Talvez tenha fugido.

                -Vamos ficar com ela ou não??

                Se calaram por um tempo. Os dedos foram pra os queixos e fizeram gestos pensativos. Olhavam para ela que estava imóvel no chão e voltavam a pensar.

                -Reunião- gritou o chefe. Logo se juntaram em um círculo, resmungando coisas que a garota não conseguia ouvir, só podia imaginar a conversa.  A decisão parecia difícil para os pequenos.

                -Ah- a garota levantou- a comida já deve estar pronta.

                -COMIDA??- pararam a discussão. Parece que ela tocou no ponto certo.

                -É mesmo. Tínhamos deixado o caldeirão fervendo a sopa!!- o anão deu um tapa em sua própria cabeça.

                -Ah, sobre isso, me desculpe eu...Joguei fora.

                -Como assim???!! A gente estava quase te aceitando, mas agora vejo que dvemos te jogar novamente na floresta para servir de comida para os animais selvagens!!

                -C-Calma- colocou as mãos na frente em sinal de pare, para impedir que se aproximassem- eu fiz outra sopa. Aquela lá não parecia tão comestível.

                Entreolharam-se em dúvida. Aceitariam ou não a garota e a sopa? Na hora o estômagos falou mais alto.

                -Tudo bem, deixe-nos experimentar.

                A garota sorriu em concordância e correu até a cozinha o mais rápido que pôde evitando que eles tivessem qualquer chance de mudar de ideia. Voltou carregando um caldeirão e o deixou no meio da sala. Os pequenos somente a observavam pegar pratos e colheres rapidamente.

                -Prontinho!!- passou a mão na testa para tirar o suor- experimentem

                Cada um, mesmo a garota, pegou um prato e se serviu da sopa. O cheiro estava delicioso.

                PLATEIA:”será que sobra um pouco pra gente?”

                Expressões felizes e contentes se formaram nos rostos dos pequenos e, em consequência, de Allen. Nunca haviam experimentado algo tão bom.

                -Vejo, que os anos em que passei cozinhando com Johnny finalmente valeram a pena.- suspirou em alívio.

                Repetiram, uma, duas, três, quantas vezes quiseram e quando o caldeirão esvaziou, mesmo Zangado fizera uma expressão triste.

                -Tudo bem pode ficar- disse o mais velho, acompanhado de urros e gritos de alegria- contanto que continue cozinhando e fazendo serviços para a gente.

                -Sim, senhor- concordou a moça- vou lavar a louça.

Enquanto isso, no castelo...

                Daisya acabara de chegar. Trazia consigo uma pequena caixa preta, com uma flecha estampada. Era ali que deveria estar o coração de Branca, mas o coração que jazia ali era de uma raposa da floresta que abatera no caminho de casa.

                Foi recebido pelos guardas e tremendo de medo foi até  a rainha que esperava em seu quarto, cantarolando de felicidade. Quando abriu a porta e revelaram o caçador com a caixa em mãos, se sentiu vitoriosa, pulou da cama, usando sua camisola de seda e correu até ele, saltitando.

                -Oh, Daisya!! Vejo que me trouxe o troféu hohoho

                -S-Sim, madame, aqui está o coração de Allen.

                -Pobre garota, tão jovem- fingiu limpar uma lágrima, mas pegou rapidamente a caixa e abriu para verificar se realmente havia algo- Eca!Leve isso!- entregou aos guardas

                Daisya, que parecia ter parado de respirar enquanto a caixa estava nas mãos de Lavi, pode expirar novamente.

                -Vou me retirar, madame- rapidamente se virou para a porta. Queria sair dali o mais rápido possível.

                -Espere!- o rapaz parou ao ouvir a ordem da mulher. Congelou. Teria sido pego?- não vai pegar o pagamento

                -Ah, s-sim claro. Volto amanhã. Estou muito cansado.

                -Claro, teve que aguentar aquela garota percorrendo a floresta inteira HAHAHAHA Não é para qualquer um. Pode ir, vou voltar para meu sono de beleza

                Agora sim. Saiu correndo daquele quarto, pensando no que faria agora. Ajudaria a menina, ou pegaria o pagamento e sumiria da vista dessa mulher arrogante. Nada poderia fazer, a rainha era muito perigosa e poderosa. Pelo menos, não por enquanto.

                -Acho que ela deve estar bem, se encontrou os 7 anões. Se bem que eles não gostam muito de companhia... Vai ficar tudo bem- resmungava para si mesmo enquanto saía do castelo.

                Havia se passado uma semana. Allen convivia com aqueles anões na maior paz e felicidade. Trabalhavam em uma mina ali perto e saíam quase todos os dias bem cedo, mas agora tentavam voltar o mais cedo possível para fazer companhia à garota. E ela gostava deles, eram simpáticos e bem gentis quando queriam, mesmo o Zangado, que tanto lembrava Kanda.

                Contara à eles tudo pelo que passara e esses respondiam com comentários ora divertidos ,ora nervosos.

                -Desgraçada essa mulher!!

                -Mas eu até entendo. Allen, você é a garota mais bonita que eu já vi!

                -O-Obrigada...

                -E esse tal Kanda?? Ele parece ser...legal? Você...Gosta dele?- perguntou de modo bem malicioso, todos os anões se voltaram para frente esperando a resposta

                -E-eu- enrubesceu extremamente e tampou o rosto com as mãos- eu acho que sim...

                -HAHAHA Eu sabia- gritou um deles- se um dia nós o encontrarmos vamos dar uma surra nele e trazer ele até aqui para ficar com você.

                -Ah, obrigada?- disse em dúvida sobre a parte da surra, mas agradeceu de verdade o gesto gentil deles. Riram, beberam e comeram até demais. Nunca havia tido tantos amigos assim. E por isso que sorriu tanto naquelas noites. Queria que nunca acabassem. Mas havia uma saudade de Kanda e dos criados do castelo que não queria abandoná-la nesses momentos.

                -Ah, até me faz sentir saudades de Johnny. Espero que ele não esteja preocupado.... Vamos dormir , já tá tarde. Cada um para sua cama. Vamos.

                Resmungando em protesto, todos subiram para dormir e estarem dispostos para trabalhar no dia seguinte.

                No castelo as coisas não corriam mais tão bem. A Rainha descobriu a farsa, mas nesse momento Daisya já não estava mais por perto. Naquele dia, se olhara no espelho e fez a mesma pergunta mesmo tendo certeza da resposta.

                -Espelho, espelho meu. Há alguém mais bela do que eu?- perguntou triunfante.

                -A minha resposta continua a mesma.

                Os olhos se arregalaram e o rosto escureceu. Não podia acreditar nas palavras que ouvira. Não podia. Socou o espelho e quebrou um pedaço. Não que ele se importasse, era mágico.

                -Não pode ser- sussurrou e foi aumentado a voz gradualmente- ela...Ela está morta!! Tenho o coração dela nesta caixa- jogou a caixa preta no chão

                -Sinto dizer, mas ela está viva. Posso sentir o coração pulsando de felicidade. Observe.- mostrou uma imagem dela, com os sete anões, todos saindo para a mina enquanto ela acenava e voltava para casa- esse coração deve ser de algum animal.- observou melhor o contudo da caixa- uma raposa, talvez.

                Virou-se de costas para o espelho, se sentindo totalmente derrotada novamente. Ela não iria escapar de novo.

                -Guardas eu quero AQUELE livro em minhas mãos, AGORA!- vestiu uma capa e se dirigiu para o porão.

                Não muito longe dali. Alguém batia desesperadamente na porta de uma casa alugada. Uma casa luxuosa, que só poderia ser alugada por ninguém menos que o nosso prícipe Yuu... Digo, Kanda.

                Krory desceu correndo para abrir a porta, enquanto Kanda se preocupava em levantar da cama. Havia acabado de acordar. Desceu correndo exalando o mal  humor e se deparou com seu amigo na porta, falando com um garoto com manchas roxas no rosto. Daisya, o caçador. Ele desviou o olhar de Krory quando viu Kanda na escada.

                -Ah, você deve ser o príncipe!!- correu até ele- por favor, você tem que me ajudar. Não. Tem que ajudá-la. Me descobriram e tenho certeza de que vão atrás dela.- falava tão rápido que ofegava.

                -Oe, calma aí, explica isso aí.

                -Branca de Neve...- disse ofegante

                Os olhos do japonês se arregalaram, o rosto tomou outra cor. O que havia acontecido com ela. Fechou os punhos.

                -Oe!! Diga logo!! O que tem ela??

                -Soube que se conheceram no baile. Acho que pode ajudá-la ela está em perigo. A rainha me mandou matá-la, mas eu não o fiz. Agora ela descobriu que ela está viva e vai matá-la de verdade. Eu, eu...- estava desesperado. Mas não tanto quanto Kanda.

                O moreno levou a mão à cabeça e olhou para os lados. Pegou no ombro do rapaz.

                -Onde...? Onde ela está??

                -Na floresta, na casa dos anões. Siga este mapa- entregou uma folha de papel- e acho que poderá chegar lá. Por favor, salve Allen.

                Kanda pegou o papel e subiu para seu quarto novamente. Pegou tudo que encontrava e colocou em uma bolsa. Roupas, comida, e claro, sua espada favorita. Desceu novamente e passou por Krory correndo.

                -O que vai fazer senhor Kanda??

                -Nem eu sei. Tsc.- correu para fora em direção à floresta, acompanhado por Krory. Daisya sorria em alívio. Tomara que agora ela esteja à salvo. Saiu da casa com um olhar melancólico e saiu andando. Sumiu daquele lugar, para sempre.

                Kanda andava pela floresta carregando o mapa. Furioso, esmagava plantas, espantava animais e cortava tudo que via pela frente. Logo atrás, Krory carregava a mala e tentava acalmar o parceiro, mas conhecendo seu amigo sabia que era impossível nessa situação. Unca o vira tão irritado. Seria por causa da tal garota?

                -Kanda. Essa tal Allen... É  a garota do baile?

                -Tsc. É, porque pergunta.

                -Hm...

                -Ei, me ajuda aqui, estou tentando ler esse mapa, mas não consgigo.

                Deu o mapa ao amigo que fez uma cara de espanto ao ver o conteúdo.

                -Você chama isso de mapa? Tem um “você está aqui” ,um monte de rabiscos e um “você chegou”, com um boneco palito fazendo sinal de joinha... Eu suponho que seja um boneco palito...

                -Tsc. Ah, FODA-SE ESSE MAPA!!!- cortou mais algumas plantas.

                -Kanda, vamos parar e pensar um pouco, não é bom ficarmos andando sem rumo, assim nunca vamos achar a sua amad... Quero dizer a garota.

                Kanda inspirou e expirou uma vez, tentando se acalmar, guardou a espada e acatou a sugestão do amigo.

                -Vamos parar mais à frente então. Trouxe comida.

                Caminharam atém uma clareira e sentaram perto de uma rocha. Estava frio, estava nevando. Kanda pensava pelo que a garota estava passando, quando ouviu uma voz cantarolando.  Uma voz feminina. Levantou desesperado.

                Era uma voz conhecida, deixou Krory pensativo e correu atrás daquela voz. Se deparou com ninguém menos que Allen, com o mesmo vestido daquela noite. À luz do Sol ela ficava ainda mais bonita. Estava com uma cesta, como se procurasse comida e cantarolava alegremente. Admirou a cena por um momento sorrindo de modo bobo.

                Pisou mais para trás e quebrou um galho. O barulho ecoou no silêncio. TRECK, a garota se assustou e tacou a cesta com força na cabeça do rapaz. Ele caiu na neve abatido.

                -AAHH, sai tarado!!!- gritou enquanto jogava a cesta. Se aproximou da vítima e verificou.

                -B-Bakanda...- sentou ao seu lado e examinou seu rosto- Ah, meu deus me desculpe

                -Tsc, moyashi- levantou com a mão esfregando a parte que fora golpeada.- você está bem?

                -Hã?- encarou-o assustada- huhuhu não seria eu quem deveria perguntar?- passou a mão no galo que fizera no rapaz- está doendo?

                -Não...

                -Venha comigo, vou te levar até a casa.

                Uma voz e passos vieram atrás. Era Krory.

                -Senhor Kanda!! Está bem? Ouvi gritos!!- ia continuar a frase, mas estava ofegante, veio correndo aos tropeços e encontrou seu companheiro bem e com uma linda garota ao seu lado.

                -Oh, desculpe atrapalhar- ameaçou sair, mas Kanda o puxou de volta

                -Não está atrapalhando nada- observou Krory encarar a garota encantado e sentiu algo queimar por dentro- CAHAM- tossiu- nós estávamos indo para a casa dela. Essa é a tal Branca de Neve. Esse é o Krory, agora vamos logo.

                Krory puxou seu amigo pela mão para ajudá-lo a se levantar, sem tirar os olhos da garota que observava Kanda levantando e ria da situação. Se cobriu com uma xarpe e pegou sua cesta de volta.

                -Vamos, a casa fica para lá.

                No castelo, Lavi lia um livro no porão, cercado de poções e vidros suspeitos. Não um livro qualquer, um livro de magia negra que roubou de uma bruxa há tempos. Planejava a morte de Allen.

                -Já vi que não posso mandar outros fazerem o trabalho- reclamou e virou a página- Cadê aquele feitiço?? Maldita menina, engana os outros para pensarem que é a mocinha.- virou mais páginas bem rápido- podia ter um sumário aqui...Achei!! Poção para dormir para sempre!! Isso mesmo. Vejamos pele de sapo, olhos de um gato preto... São 20 ingredientes, tudo bem acho que tenho tudo aqui- abriu a gaveta e a despensa e observou o que havia dentro- sim, está tudo aqui. Mas como faço para ela beber?- andou de um lado para o outro pensativa, levantou um dedo indicando que teve uma ideia- Mitarashi dango, claro, vou mergulhar alguns na poção. Sou demais. Mas quem vai entregar? Não posso deixar o serviço com mais algum incompetente... Sim, precisa ser eu, mas não eu. Eu vi em algum lugar nesse livro, sim- folheou mais um pouco- achei! Só preciso usar essa poção para ter a aparência de outra pessoa. Está tudo pronto.  Allen morrerá daqui três dias MUAHAHAHA.

                -Aqui, chegamos- Allen apontou para a casa pequena.

                Os três entraram. Kanda e Krory estranharam o tamanho de tudo, antes que pudessem perguntar, Allen riu e respondeu.

                -Os movei são pequenos, não? Afinal a casa é de anões huhuhu, eles estão trabalhando logo, logo voltam. Ah, tenho que fazer a comida. Podem sentar aí- apontou para o sofá. Os dois obedeceram e descansaram nas almofadas macias. A garota fazia barulho na cozinha e cantava a mesma música que cantara na floresta. Uma canção melancólica.

                -Senhor Kanda- Krory sussurrou- sua namorada é muito bonita.

                -N-Não é minha namorada- corou- mas bem que podia...- sussurrou para si. Observou a garota se mexendo de um lado para o outro na cozinha. O cheiro delicioso da comida subindo. Tão graciosa... Kanda olhava- a com um sorriso bobo no rosto. O sorriso não desapareceu, mesmo quando os anões entraram em casa, cantarolando outra música.

                -Eu vou, eu vou pra ca... Quem são esses??- interrompeu a canção.

                Kanda sacou a espada por instinto e apontou para os anões que estavam perto da porta. Allen veio correndo e se enfiou no meio.

                -Kanda, esses são os anões!! Abaixe a espada- o rapaz obedeceu- anões este é o Kanda, eu o encontrei na floresta.

                -Oi

                -Eae?

                -Tsc- o Zangado simpatizou na hora com Kanda. Por que será, hein?...

                -Wow, bem que você disse ele é muito bonito.

                -E-eu...Eu não disse isso!!- gritou envergonhada- quer dizer, você é, mas eu..Não..

                Kanda riu. Riu. Isso mesmo. Encarou a garota desesperada e agora surpresa. Cobrindo a boca e rindo.

                -Ah, quer dizer que eu sou bonito, Srta. Sou a Mais Bonita.

                -Eu nunca disse que concordava com esse posto. Minha madrasta nunca...

                Kanda arregalou os olhos novamente, havia esquecido. Agarrou os ombros da garota.O gesto a deixou atenta

                -Tome, cuidado!! Sua madrasta vai te matar. O caçador me avisou.

                -Daisya... Ele... Mas ela não...

                O Chefe se assustou, bateu !na mesa com o punho fechado.

                -Aquela mulher, será que nunca vai deixá-la em paz??

                -Por isso eu estou aqui- Kanda respondeu- Daisya falou que você precisava de ajuda. Já vou avisando. Não confie em ninguém. Ela me contou alguns segredos no baile enquanto estava bêbada. Parece que ela tem um livro de magia negra.

                -M-Magia??- Allen estava confusa.

                -Sim, eu já ouvi boatos- um anão sentou na mesa para falar- parece que ela mandou matarem uma bruxa aqui perto e roubou o que tinha em sua casa.

                -Talvez seja melhor não trabalharmos esses dias.

                -Não!! Vocês tem que ir! Não vou deixar que ela me atrapalhe desse jeito, hunf. Além disso- se prendeu ao braço do moreno- Kanda está aqui.

                -Se você diz... Deixamos você nas mãos desse franjinha de cuia aí- sorriu maleficamente o anão mais velho.

                -Oe! Não é porque é baixinho que eu vou deixar você escapar, anão maldito.

                Três dias se passaram, o mitarashi dango estava sendo mergulhado na solução misteriosa e mortal preparada pela rainha. Se cobriu com uma capa preta e tomou outra solução separada em um pote, houve uma pequena explosão e seu corpo fou coberto por uma fumaça roxa. Nada podia ser visto. Ouviram-se algumas tosses. A voz ia mudando e assumia um aspecto mais velho em seu tom. Quando a fumaça de dissipara, surgiu no meio uma mulher, bem diferente da rainha, a costas curvadas, aparentava uns 80 anos, o nariz grande e curvado com uma verruga na ponta, olheiras escuras e grandes jaziam abaixo dos olhos cansados, a pele coberta por rugas e manchas não parecia agradar-lhe.

                -Eca, virei uma velha nojenta- resmungou se olhando em um espelho- bem, feia desse jeito jamais suspeitarão de mim HAHAHAHAHAHA. Agora, o dango -retirou a porção do líquido viscoso, a comida estava negra, mas logo a cor se dissipara e revelou a cor normal e verdadeira, o disfarce perfeito. Colocou na cesta ao seu lado e cobriu com um pano. Subiu e foi de encontro com a mesma parede de sempre, empurrou e surgiu um espelho.

                - Espelho, espelho meu, faça de meu desejo uma ordem, e desta uma verdade, me diga, onde se encontra Branca de Neve?

                -Na floresta, junto dos anões, uma casa a 20 passos do salgueiro roxo, ao lado da pedra do gato. Não há erro. Ah, mas junto dela está...Príncipe Kanda e seu amigo.

                -O príncipe??- se assustou- Não, ele vai atrapalhar tudo. Muito bem. Vou arranjar um jeito de tirá-lo de lá. Só preciso de 3 minutos. Guardas!! Estou de saída. Quero três de vocês comigo. Tragam as espadas.- se virou e desapareceu pela porta, seguida por três homens.

                - Kanda, me ajude aqui

                O moreno levantou do sofá onde descansava. Resmungou baixinho em protesto, mas foi até a cozinha em encontro de Allen que o chamava. Este,estava em cima de uma cadeira tentando alcançar sem sucesso um pote em cima do armário.

                -Tsc. Cresça.Aí você consegue pegar.

                -Hunf, como se isso fosse tão fácil. Pelo menos segure a cadeira, Bakanda.

                -Tsc- descruzou os braços e segurou a cadeira para Allen. Ele balançava de um lado para outro. Não foi uma surpresa que ela quase escorregou.

                -Uwaah- seu pé saiu da cadeira e pendeu seu corpo para trás. Kanda foi rápido o segurou pela cintura, mas isso não foi o bastante. Ambos caíram no chão, Allen no colo de Kanda, uma cena digna de um filme romântico (ou de um teatro :P).

                -Ai, desculpa Kanda- esfregou a cabeça- te machuquei?- colocou a mão no rosto da rapaz procurando machucados.

                -Tsc. Por que você sempre cai em cima de mim?

                -Huhu, é verdade, foi assim no baile, né? Talvez você seja um ímã.

                -O que? Está simplesmente dizendo que eu te atraio?

                -Huhu, quem sabe, né?- riu baixinho. Mas foi surpreendida pelo moço, trocando de posições.- Hã?

                -Me irrita você estar sempre em cima...

                -Kanda?

                Aproximou os lábios do rosto da pessoa em baixo de seu corpo. Allen fechou os olhos. Esperava algo. Esperava algo bom. Mesmo. Mas não aconteceu exatamente o que ele pensou que fosse acontecer. Desviou os lábios e aproximou-se da orelha, deu um sorriso de canto ao ver a reação da garota.

                -Você não pegou o pote- sussurrou. Levantou-se e estendeu a mão.- Vamos, levante. Tem que terminar o serviço. Eu pego o pote.

                -Ah, sim...- desapontada, levantou mesmo assim.- por favor...Pegue o pote.

                Kanda subiu na cadeira e pegou o pote com grande facilidade. Encarou os olhos de Allen em choque. Riu suavemente, cobrindo a boca.

                -Huhuhu O que foi, achava que fosse te beijar?

                -Hã?.. eu- olhava para o nada- ...sim...- apertou os olhos de modo tão fofo que Kanda não evitou os seus olhos de encararem a face perfeita da pessoa a sua frente. Pulou da cadeira e estendeu o pote.

                -Ah, obrigada- pegou o pote, mas quando foi recuar a mão e afastá-la da do rapaz, este a puxou para um abraço e sussurrou novamente em seu ouvido. Cada sussurro provocava um arrepio na garota.

                -Não agora. Depois.- se referia com certeza ao beijo.

                Allen ia abrir a boca, mas Kanda o puxou para fora da cozinha.

                -Vamos dar um passeio.

                -O-o que? Agora.

                -Sim, precisa arejar a cabeça um pouco.Tsc. Coloque o xale. Tá cheio de neve lá fora

                -Sim -pegou o xale rapidamente e revestiu seu corpo com o tecido. Saindo às pressas pela porta para acompanhar o rapaz.

                Seguiram sem rumo.  Seguiram animais, andaram por entre as árvores, brincaram na neve. Só para descontrair. Kanda viu por todas essas horas o sorriso da pessoa mais importante para ele, e Allen também, só sorria mais ao ver Kanda exibindo um contorno nos lábios. Queria vê-lo sorrindo pela vida inteira.

                Andaram mais um pouco. Allen cantarolava a mesma canção melancólica.

                -Essa música... Por que você tanto a canta?

                -Ah, meu pai cantava para mim quando era pequena. Nós dois compusemos. Não importa onde estamos, o que sentimos, nós cantávamos essa música, era uma forma de nos aproximarmos depois da morte da mamãe, sabe, espantar a tristeza. A gente vivia saindo por aí cantando junto hahaha era muito legal- riu por um tempo, seu olhar se tornou vazio- mas agora que ele também morreu, eu canto sozinha. Para me aproximar dele. Para...Lembrar que devo ser feliz, porque o passado ficou para trás, se não passarmos a olhar para o presente e futuro, que vai olhar? Não é mesmo? A letra é triste, o ritmo é triste, mas é porque ele dizia que não devemos esquecer a tristeza, mas não é por causa dela que vamos deixar de viver. Ele dizia que parar de pensar na vida depois que ela parece traiçoeira, só traz mais desgraças. Um momento de tristeza só antecede milhõõõões de felicidades.Então... Eu estou esperando a felicidade- sorriu para o rapaz ao seu lado, mas este ao invés de sorrir de volta, fez uma cara rabugenta e apertou suas bochechas bem forte.

                -Se não vai sorrir de verdade, nem devia sorrir- observou as lágrimas caírem dos olhos da garota quando acabou de proferir as palavras. Deixou que ela chorasse e tentasse disfarçar. Não fez nada. Na verdade não sabia o que fazer. Esperou algum tempo e depois saiu andando na frente, deixando a moça derramando lágrimas silenciosas acompanhadas de soluços que molharam a neve aos seus pés. Olhou para o nada, esperando que ela parasse para continuarem o caminho, mas isso não aconteceu. Resolveu se mover.

                -Me ensine- disse sem se virar. Ouviu os soluços e fungadas desengonçadas.

                -O-O que?- tentou dizer, mas os soluços não deixavam.

                -A música. Eu canto com você de agora em diante.- virou-se para ela para observar o rosto surpreso que desabou em mais lágrimas, agora de pura felicidade- um momento de tristeza antecede milhões de felicidade, não? Eu não vou deixar mais que você tenha um momento de tristeza. Nunca mais.Já é hora de ser feliz, não acha?

                -Obrigada... Kanda- não parava de chorar. Parou no caminho. Não conseguia dar mais nenhum passo. Não conseguia dizer mais nada. Kanda voltou e pegou em sua mão.

                -Vamos logo! Tsc. Que lerda você é. Então, como é a música?- a menina ainda esfregava as últimas lágrimas, quando começou a cantar para a pessoa ao seu lado, que apertava sua mão e a guiava. Uma música triste e melancólica que também parecia ser tão feliz e alegre, somente pelo rosto da garota que a cantava, sorrindo como se nunca estivesse tão feliz. Kanda apenas ouvia e fechava os olhos para senti-la. Quando parou de cantar. Também parou de andar. O moreno se assustou com a parada repentina e quase foi de encontro com o chão, afinal estavam de mãos dadas.

                -Kanda... Esqueci o xale lá atrás!! Vou buscar, me encontre na cabana!!- saiu correndo tão rápido que o garoto nem teve tempo de responder ou impedir. Seguiu o caminho de volta, cantarolando a mesma música.

                Não tão longe dali, a albina encontrara a clareira em que estavam algum tempo atrás. Levantava galhos, descia para baixo de troncos caídos, removia neve de pedras, sem sinal do xale. Pensava em desistir quando viu algo vermelho destacado na neve branca como seus cabelos.  Não pensou duas vezes e se dirigiu em encontro como xale. Abanou no ar para se livrar da neve que se acumulara. Ia voltar para a cabana, mas quando se virou se deparou com uma mulher, coberta por uma capa, o rosto aparentava 80 anos, com um nariz e costas arqueadas. Segurava uma cesta.

                -Olhe só que garota mais bonita. Não gostaria de um dango delicioso?

Kanda corria. Corria muito rápido. Guardas o seguiam pela floresta. Sacou sua espada e parou no caminho. Agora corria em direção a eles apontando sua espada. Bloqueou um ataque rapidamente e desviou para o lado chutando o parceiro do inimigo no rosto. Iria deixar marcas. Ótimo. Não demorou para enfiar a espada no corpo do outro. Sangue jorrou quando esta estraçalhou a carne.Kanda não é o tipo de pessoa que você desafia e consegue sair inteiro depois. Sair vivo já é vitória.Não queria poupar ninguém, mas pegou o último e o segurou pelo colarinho, ameaçando com a espada, se bem que sua expressão por si só já era assustadora o bastante.

-Quem é você, o que está fazendo aqui?- observou o homem mudo e tremendo- não estou a fim de brincadeiras.- apertou a espada contra o pescoço.- Diga!

- A-a rainha, ela vai matar Allen, eu- eu não- não teve tempo de falar mais nada, Kanda bateu sua cabeça quando o jogou contra a pedra.

-Tsc. Aquela moyashi.- olhou para os lados, pensou em correr atrás dela, mas. Onde estava?

-Droga, me perdi. Tsc. Esses malditos. Tenho que chegar até ela.- seguiu para qualquer lado, na esperança de ser o certo.

                -Dango?- Allen encarava os olhos cansados cheios de olheiras da idosa à sua  frente. Kanda Haia dito para não confiar em ninguém, talvez seja melhor não- hm, acho que não desta vez...- tentou andar, mas a mulher agarrou seu pulso.

                -Calma, dê uma olhada, eu preciso de dinheiro para ajudar minha filha, ela está tão doente. Por favor, pelo menos experimente um- tirou o pano que cobria a cesta. Revelou os mitarashi dangos que tinham um aspecto tão suculento, quem resistiria?

                Allen a encarou desconfiado, olhou para ela, para a cesta, para ela, para a cesta. Apertou seus olhos raivosamente e a encarou nos olhos, suspeito, muito suspeito.

                -...Tudo bem!!- com um sorriso devorou um dango. Mastigava deliciosamente, sem tirar o sorriso do rosto. Talvez devesse levar alguns, e dividir...com...Kanda...- o que está acontecendo?

                Cambaleava de um lado para outro. A visão ficava turva. As vozes pareciam distantes. Via as cores se misturando. As pernas fracas. Se segurou em uma árvore, concentrando as forças que restavam.

                -Huhuhu, Allen Walker. Achou mesmo que poderia escapar?

                O que? Como? Como ela sabia de seu nome?

                -Ah, está confusa, não me surpreende. Sou eu Lavi!! Sua querida madrasta! Que mundo pequeno, não?

                Lavi?Mas como? Não tinha forças para falar.

                -Eu tenho um livro bem raro sabe. Magia Negra, é bem útil, não? Não se preocupe. Logo vai dormir. Não vai sentir mais essa dor, esse sofrimento, esse frio. Na verdade não vai sentir mais nada.

                Não vou sentir mais nada. Não vou sentir mais...o Kanda? Não vou cantar, com ele?Não vou dar as mãos? Não vou tocar nele? Abraçá-lo?É assim que vou terminar? No meio da floresta? Sem alcançar a felicidade que meu pai prometera? Que Kanda prometera?

                -Oh, está chorando?Não se preocupe vai encontrar sua família lá em cima.

                Minha família? É talvez isso deva acontecer, mesmo. Rever o papai, a mamãe. Uma família reunida. Por que eles morreram? Por que eu continuo viva? Por que eu sobrevivi?...Kanda. Eu quero ver o Kanda.

                -...Kanda.

                -Hm, disse algo querida.

                -...Quero...ver...o Kanda.

                -Oh, o príncipe? Não se preocupe, meus guardas cuidaram dele. Seu corpo deve estar moribundo na neve. Que desperdício. Era tão lindo. Mas se ele se encantou por você não deve ser boa coisa. HAHAHAHA

                Kanda, também...? O que me resta? Por que todos me deixam, por que...

                -Ah, já foi dormir?? Foi mais rápido que pensava... Durma bem aí na neve, a cor que mais combina com você- tirou a capa, seu rosto voltara ao normal. Balançou o cabelo e sorriu. Sorriu vitoriosamente diante da moça que dormia em um sono eterno à sua frente. Ia fugir, deixou a cesta ao lado da moça e se virou. Ia fugir. Como eu disse ia. Se 7 pessoas não bloqueassem seu caminho. Sete pessoas, pequenas.

                -Ei, o que você acha que está fazendo???- o Chefe se pronunciou.Olhou para o canto e viu Allen, jogada na árvore inconsciente. Torcia. Torcia para que não estivesse...Morta.- ela... Ela está...?

                -Hm? Ela?- a ruiva apontou para a garota- Ah, vocês devem ser os tais anões! Nossa, como admiro vocês, aguentaram essa aí sem jogá-la fora. Mereciam um prêmio.

                -Cale a boca!- Zangado, adivinha, se zangou. Empurrou os que estavam à sua frente para alcançar o campo de visão da mulher- diga o que fez.

                -Ah, ela não está morta. Se bem que, se não vai mais acordar, é a mesma coisa, não?HAHAHA

                - Ela...Ela não é um estorvo... Você é que não sabe ver o melhor das pessoas.

                -Já chega. Já chega de deixar que esta menina sofra. É melhor você correr. Acabamos de voltar das minas. E adivinha só? Trouxemos as picaretas.

                A madrasta deu um passo para trás começando a recuar. Estava em dúvida. Eles iriam mesmo...? A resposta veio quando retiraram as picaretas das costas, batendo em suas mãos como se fossem espancá-la.

                -Hm? Não correu? Melhor assim.

                Não esperou nem mais um segundo. Fugiu daquela clareira. Desviou rapidamente de uma picareta que jogaram em sua direção, passou perto a ponto de arrancar sua capa prendendo-a na pedra. Não pensou duas vezes antes de deixar o pano para trás. Precisa fugir. E rápido. Os sons dos passos e gritos se aproximando, as picaretas eram jogadas cada vez mais perto. Uma rasgou seu braço deixando um corte. O sangue marcava uma trilha na neve. Agora não poderia se esconder. Desesperada e aos tropeços e escorregões, chegou à uma parede de pedra, não havia saída, olhou de um lado para o outro e percebeu que havia. Para cima.

                Com o braço doendo segurou nas pontas de pedra que estavam no penhasco, com dificuldade. Colocou um pé. Depois o outro. Pronto estava escalando o penhasco de pedras. Quase sorriu vitoriosa, se não tivesse olhado para baixo e ,além de ver a grande altura em que se encontrava, ver os anões escalando e com mais facilidade, com ajuda das picaretas. O desgaste que sofrera com a transformação que teve com a poção começava a aparecer. O ar faltava. Os membros doíam. Mas estava chegando ao topo. Apoiou seu braço e subiu suas pernas com muita dificuldade. Descansou por segundo e levantou novamente. Teria que derrubar aqueles anões do penhasco.

                Tentou empurrar uma pedra grande, mas suas forças estavam esgotadas. Ouviu-os chegando cada vez mais perto. Aumentou a força. A pedra começava a se mexer, quando algo quase acertou sua cabeça. Uma lâmina quase cortara sua orelha fora e agora estava presa na pedra. Os anões já estariam ali? Olhou para trás e se deparou com ninguém menos que Kanda, o cabelo estava desarrumado e um braço ferido de leve. O seu olhar era o pior que podia imaginar. A mulher pulou para trás em desespero, estava cercada.

                Kanda recuperou a espada e andou na direção dela. Esta se arrastava no chão, a enegia faltava. Se aproximou e pegou-a pela gola do vestido.

                - Desde o momento em que a vi, sabia que não podia ser boa coisa- guardou a espada e a levantou no ar- nem vale a pena sujar a mugen com esse seu sangue de merda.

                -Calma, príncipe!! Você... Você foi corrompido por ela, deve me ajudar, não à ela. Eu faço qualquer coisa. Venha morar em meu palácio, eu te dou parte do meu dinheiro.

                -Tsc. Sempre a mesma coisa- se aproximava do penhasco- o que eu quero mesmo. É poder estar com uma garota branca como a neve. É poder ouvir ela cantar novamente. Não quero mais saber de sorrisos falsos de botox como o seu. Hora de retirar, madame Lavi.- soltou-a no penhasco.

                -Uwaah.-  os braços tentavam se agarrar ao ar, como se isso fosse impedi-la de cair. Mas nada impediu. E Lavi foi para seu sono de beleza...eterno.

                Os anões não comemoram. Kanda não comemorou. Voltaram à clareira, em clima de velório, pois possivelmente seria isso que aconteceria.

                Encontraram o corpo adormecido, o peito subia e descia tranquilamente. Um sono pesado. Choraram e choraram. As lágrimas virando neve, enquanto rodeavam seu belo corpo com flores e plantas que acharam por ali. Krory limpava o nariz com um lenço. Kanda observava encostado em uma árvore, sem falar nada. Ao ver o corpo pronto, cheio de flores, se aproximou devagar. Era hora de um adeus. A parte mais sofrida.

                Ajoelhou ao seu lado e contornou cada pedaço de seu rosto com a mão. Os olhos fechados. Queria que abrissem. O corpo parado. Queria que se movesse. Os braços cruzados. Queria que o abraçassem. A boca fechada. Queria que sorrisse novamente.

                Os lábios tocaram a orelha.

                - Queria ouvir sua voz novamente. Tsc.

                Se afastou um pouquinho para sussurrar uma canção. A canção do rei. A canção de Allen. A canção de Allen e Kanda, agora. Cantou para ela o que ela tanto gostava de cantar.

Soshite bouya wa nemuri ni tsuita- Then the boy fell asleep
ikizuku hai no naka no honoo hitotsu futatsu to- and one or two ambers in the fading ashes of the fire
ukabu fukurami itoshii yokogao- flared up in the shape of a beloved face
Daichi ni taruru ikusen no yume yume -Dreaming many thousands of dreams 
Gin no hitomi no yuragu yoru ni -spreading across the land

umare-ochita kagayaku omae- Your silver gray eyes shine their light 
Ikuoku no toshitsuki ga- like stars falling down from the night sky
ikutsu inori wo -Even though countless of years 
tsuchi e kaeshitemo- turn so many prayers back to earth
Watashi wa inori tsuzukeru- I will keep praying 
Douka kono ko ni ai wo -somehow, love for this child please
Tsunaida te ni kiss wo- kissing the joined hands 
 

         Juntou suas mãos às dela e aproximou seu rosto. Para dar um beijo NA BOCHECHA. Entendeu Kanda?? NA BOCHECHA.

                -Tsc. Não enche o saco Marie.- uma veia saltou da testa, ao ouvir o narrador- você, não pode mandar em mim. Rá. Muito menos me impedir.

                Puxou rapidamente  o rosto de Allen para si, mas ao invés de seus lábios irem ao encontro da bochecha, encontraram os lábios. Allen abriu os olhos assustado. Isto não estava no roteiro. O beijo era pra ser na bochecha, mas já que os lábios de Kanda tocavam os seus não podia parar, era impossível. Segurou no pescoço de Kanda e aprofundou um pouco o beijo, pelo menos até lembrar–se de onde estavam. No palco, em público. Empurrou o moreno e observou a plateia assustada. Todos em silêncio. As garotas nas primeiras filas não poderiam abrir mais a boca, Tyki não podia parecer mais surpreso (mesmo que sua expressão não seja lá das mais...Expressivas). Lavi quase entrou no palco para bater em Kanda. Olhou para Kanda em desespero . Este ainda o segurava na cintura livrou-se das mãos, o rosto vermelho como um morango e continuou como se nada tivesse acontecido. Os atores o seguiram.

                -O-ora. Veja só a Branca acordou!!- Chefe comemorou confuso

                -Ah, sim, o b-b-b-b-beijo do príncipe a acordou hahaha.

                -S-sim, estou acordada, vejam só! Um milagre. Nunca mais como dangos de uma estranha- foi recebida a abraços, Kanda resmungava tscs encostado na árvore.

                -Vamos, vamos dar uma festa!

                -A Branca cozinha!!

                Todos festejaram aquela noite. Foi anunciado que a tirana rainha Lavi havia falecido, portanto o trono agora pertencia à Allen e a seu marido, Kanda. Nunca haviam visto a princesa, mas ela se apresentou e se mostrou uma boa herdeira do trono.A pobreza que assolava o povo estava para terminar, iriam festejar vários e vários bailes para todos, com bastante comida. Johnny recebeu os dois no palácio, chorando de felicidade e preocupação. Os criados festejaram mais com a saída de Lavi  (Lavi:*snif*, como sou odiado...) e com a chegada de Kanda e Allen. Os anões também passaram a morar na cidade, já que não aceitaram o convite para o palácio, mas claro que faziam várias visitas ao casal. O espelho suspirou aliviado ao ver que realmente a garota estava sã e salva nas mãos de seu príncipe (agora rei...). Mas Allen nunca mais vira Daisya, o caçador.

                Assim termina a história de hoje. A história da garota mais bonita que encontrou seus momentos de felicidade com uma única pessoa. Festejando as núpcias e cantando juntos, agora para sempre, eles viveram felizes para sempre em seu castelo.

                -Vamos, Allen- Kanda a pega no colo- vamos, ali fazer bebês.

                -O-o que? Kanda não diga essas coisas com um rosto tão normal O///O

As cortinas se fecham e começa a salva de palmas. Komui aparece no palco para agradecer e dar avisos.

-OOOOII. Esperam que tenham gostado, mesmo com aquele incidente hahaha- uma gota caía de sua cabeça- obrigado por  assistirem, encerramos agora as apresentações das peças da Academia Gray!! Parabéns a todos os ajudantes e atores. Boa noite para todos!! Saíam com cuidado e ...NÃO TOQUEM NA LENALEE!!!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!!