~~~~~~~~~~~~~~~/Dois Dias Depois/~~~~~~~~~~~~~~

Acordo no quarto assustado. Estava ofegante e coberto por uma fina camada de suor. Em minha mão direita, a minha adaga estava posicionada. Quase pulo da cama ao ver o branco embaçado do quarto, mas lembro de onde estou.

Mas o quê...

Não.

Foi só um pesadelo.

Só um pesadelo.

Nada mais. Não pode ser nada mais que isso. Apenas um sonho bobo. Só um sonho. Apenas um sonho estúpido.

Fecho meus olhos com força e balanço a cabeça.

Só um sonho, Sky, uma droga de sonho.

Tento convencer-me disso, mas todo meu corpo treme quando eu revejo o que aconteceu na minha mente. Levanto-me, ainda tremendo, e vou direto ao banheiro. Deixo a água quente escorrer pelo meu corpo. A água não cai vermelha no chão e quase assusto-me com isso. Marina me curara um pouco depois de ver o ferimento.

Cinco minutos depois saio, sem nenhuma disposição, do banheiro.

Visto uma calça e um casaco, o qual escondo a minha adaga, e vou em direção á saída. Meu relógio, eu roubei, mas é meu, marcava sete para as cinco da manhã.

Saio pela porta e desço as escadas do prédio. Mesmo tão cedo, ele estava aberto. Três seguranças armados estavam de plantão, protegendo o Hall quase vazio, que apenas abrigava um recepcionista e um casal, que estava esperando o elevador.

Ando até o lago e caminho á sua volta.

Uma hora depois, vejo o céu ficar laranja. Deito-me na grama perto do lago e assisto o sol ascender-se por entre os prédios de Chicago.

Fecho os olhos e respiro o ar gelado, soltando-o alguns segundos depois. Quando o sol já estava completo, eu levanto-me e volto ao prédio, correndo dessa vez.

Meia hora depois chego ao prédio, agora movimentado. Um formigueiro gigante 1de pessoas saíam pelos grandes portões do prédio. Carros arrancavam do estacionamento todo o tempo, exatamente como carros que só agora chegavam.

Olho pra cada carro que chegava ao seu destino, imaginando de onde eles vieram.

Trabalho, imagino com um Corsa Sedan 2011 prata.

Balada. Com certeza, dessa vez, imagino com um Porsche Panamera vermelho.

Hum... Chegando da casa do namorado, com uma Ferrari rosa.

Certo. Esse eu não sei, com um gol 2012 amarelo.

Entro no prédio e subo as escadas, ignorando os elevadores lotados. Noventa e nove andares, e um monte de degraus, dos quais eu me arrependi de subir, depois, eu chego à porta do apartamento.

Toco o interfone.

-Eu meio que estou preso aqui fora.

A porta abre-se, revelando uma Seis sonolenta do outro lado.

Murmuro um “obrigado” e volto pro meu quarto. Tomo outro banho rápido, visto a minha última roupa limpa, e vou pra sala.

Nove e Seis estão num sofá, assistindo tevê e tentando não dormir. Sarah e Quatro estão na cozinha, fazendo o que eu acho ser o café-da-manhã. Ambos se dividem entre cozinhar e beijar. Quanto mais eu vejo essa cena, mais vontade de vomitar eu tenho. Como eles podem ser tão melosos? E como eles podem ter se envolvido tanto?

Não acho que isso vai ser muito saudável no futuro. Quatro terá que voltar pra Lorien, uma hora ou outra, e a loirinha vai ter que contentar-se em ficar.

Argh, a voz de Seis ecoa na minha cabeça. Preferia quando ela estava presa.

Sinto uma pontada no meu cérebro, mas sorrio.

Ok, a vez da voz de Nove. Vamos ver... Qual cantada eu uso hoje?

Sinto outra pontada, mas ignoro. Cara, isso é divertido demais.

O Nove tá pensando em outra cantada? A voz dela volta.

Bem... A voz de Nove ecoa. Vamos ver... Talvez a do...

Então sinto uma parte do meu cérebro explodir, mas meu sorriso não sai do meu rosto. Finalmente chego á cozinha. Eles estão fritando alguma coisa como Bacon (N/A: Vulgo, BEICO s2, s2.), mas não consigo me concentrar o suficiente pelo fato dos dois estarem no mesmo cômodo. Sério. Alguém devia nos pagar por aguentar esses dois. Por duas vezes, quis me afogar enquanto bebia a água, a única razão de eu ter atravessado as barreiras do amor do casal oxigenado e entrar na cozinha.

Dois dias cheios disso, e eu ainda não conseguia assistir sem querer vomitar, ou me matar.

Fujo da cozinha, onde BK roubava metade da comida, e sento-me no sofá vazio. O rosto de Nove se retorce assim que ele me vê. Seis bufa.

-Não importa o que você diga – falo -, eles estão por perto.

-Já faz mais de uma semana e meia que estamos aqui! – ele branda – Não tivemos nenhum problema!

-De nada por isso.

Ambos olham pra mim. Seis, mesmo que não queira deixar transparecer, esboça o começo de um sorriso, enquanto Nove está procurando o momento exato pra enfiar uma faca em mim.

-Não importa o que você diga. Vocês têm, no máximo, mais dois dias. Isso se tiverem sorte. Ah, e bom dia.

Nove balança a cabeça e volta-se pra tevê. Seis murmura um “bom dia” e também volta-se pra tevê.

-Tá pronto! – Quatro grita, fazendo Nove e Seis apostarem corrida até a cozinha.

-Não vem? – ela pergunta logo após levantar Nove com telecinese.

-Eu passei numa lanchonete no caminho de volta.

-Ah, ok.

Ela joga Nove no fim da sala e corre de novo pra cozinha.

-Isso não vai ficar assim! – Nove brinca.

-E o que você vai fazer? – Seis grita – Dar uma cabeçada no meu punho?

Ele corre em sua direção outra vez.

Dois minutos depois Sete aparece com mãos dadas á Dez. Algum tempo depois Oito marca presença.

Depois de um tempo, todos riem de uma piada feita por Nove. Vendo todos eles assim, sinto minha fé em Lorien retornar aos poucos. Imagino onde cinco está nesse momento.

Talvez, se ele ou ela tiver sorte, deve estar tomando café-da-manhã com seu cêpan. Ou, se for como eu, está lutando em algum lugar da Terra.

Só espero que, onde quer que esteja, ainda acredite em Lorien. Que ainda acredite que venceremos. Creia que Lorien, como uma fênix, renascerá das cinzas.