Recuei um passo rapidamente e arregalei meus olhos. Já havia ouvido aquele nome naquela manhã. Esse nome tinha sido dito por sua mãe. Peter Mooris. O verdadeiro filho de meus pais adotivos.

Ele pareceu ter ficado surpreso com a minha reação. Balancei a cabeça em negativa, dei as costas para ele e corri. Corri em direção à minha sala de aula sem olhar para trás. Não soube se ele havia me seguido, se chamou meu nome ou nem se tentou me impedir. A única coisa que passava pela minha cabeça era que isso era muita coincidência. Minha mãe tinha dito que eu e minha irmã éramos adotadas e que seu filho verdadeiro se chamava Peter, e o mesmo garoto aparece para mim na escola e dá a impressão de que já havia ouvido meu nome. Muita coincidência, sim ou claro?

Na hora do intervalo me encontrei com meus dois únicos melhores amigos: Madson e Max.

Madson é do tipo a amiga perfeita. Diferente de mim, ela é rica. Seu pai é um dos maiores empresários do país e sua mãe uma das designers mais famosas do mundo. E isso significa que eles não tem muito tempo para ela, então nunca a puderam mimar. Ela é inteligente e solidária, sempre pensa primeiro nos outros e só depois em si mesma. Seus cabelos e os olhos são castanhos. Naquele dia ela estava usando uma blusinha coral/rosa, um short jeans, um All Star cinza e suas joias preferidas. Ela é extremamente linda e tem tudo para ser paty, mas não é. E graças a sua mãe ela tem um amor incondicional por moda.

Max é o tipo de amigo palhaço. Ele sempre nos faz rir. Ele é filho do irmão da nossa diretora, então tem bons relacionamentos em toda a escola. Ele tem cabelos castanhos bagunçados e seus olhos são da cor de mel. Estava vestido com uma camiseta sem mangas vermelha e uma calça jeans.

Eles são incríveis, diferente de mim. Poderiam estar na turma dos populares, mas estão comigo. Uma fracassada.

Eles perceberam que eu estava com uma aparência deprê e logo trataram de tentar saber o que aconteceu:

– O que houve Valerie? E nem adianta fingir que não aconteceu nada! – Disse Max.

Contei tudo para eles. Ficaram surpresos ao decorrer da história. Tentaram me consolar e tal. Quando toquei na parte de que não tinha onde ficar, logo Madson apareceu com a solução:

– Você e a Annie Bell podem ficar na minha casa! – Sugeriu e eu tente discordar. – Nem tente dizer que não, Valerie! Meus pais adoram você! Sabe disso! Eles com certeza concordariam! Vocês ficam na minha casa até achar outro lugar melhor para ficar. E a questão da escola meus pais resolvem, já que provavelmente a Christine vai parar de paga-la pra vocês. E ponto final.

– Você não sabe como está ajudando, Mads! Nem sei como agradecer... – ela colocou sua mão em cima da minha e deu um sorriso confortante. Sorri de volta.

– Conte conosco para qualquer coisa, Vale. Somos seus amigos, e é pra isso que servimos – disse Max e meu sorriso se alargou mais.

O sinal tocou e nós voltamos para as aula.

*****

Não havia visto Peter na escola o dia inteiro, ainda bem. Quando as aulas acabaram, fui a até a sala da Anna, o mesmo lugar em que havia me esbarrado... Nele.

Peguei Anna e arrastei-a para fora da escola. No caminho de volta para casa, ela ficou me fitando com uma expressão esquisita. Era como se ela tentasse ler minha alma, e era como se conseguisse. Acabou me incomodando um pouco, então resolvi perguntar:

– O que foi? Por que está me olhando assim?

– Para onde vamos? Não podemos ficar mais naquela casa, sabe disso – dei um sorriso claramente falso.

– Vamos pegar todas as nossas coisas e iremos ficar por um tempo na casa da Madson. Está certo? – Disse pra ela, que assentiu. Annie ficou me fitando e pode perceber como eu estava mal. Para uma garota de 6 anos de idade, ela tem dons incríveis.

– Valerie, você está bem? – Perguntou, mas não tive a oportunidade de responder.

Senti uma mão em meu ombro e me virei rapidamente. Reprimi um grito de susto e sussurrei assustada para a pessoa que me encarava:

– P-Peter? – Recuei um ou dois passos enquanto Annie assistia tudo calmamente. – O que você está fazendo aqui?!?! Por que fica me seguindo?

– Primeiro, não fui eu que saí correndo assim que o outro disse seu nome! Segundo, não estou te seguindo! Minha casa fica para esse lado também! Vi você e decidi vim tirar essa história a limpo! E terceiro, qual é o seu problema? Por que você fugiu espantada assim que eu disse meu nome?

Não respondi. Só fiquei o encarando por alguns longos segundos e me virei irritada. Realmente era eu que estava errada nessa história. O garoto só estava tentando puxar conversa, e foi só muita coincidência ele ser o verdadeiro filho dos meus pais adotivos e morar com meus pais biológicos. Peguei na mão de Annie.

– Vamos embora. Temos que ir para a casa da Mads – a puxei, mas ela não saiu do lugar e ficou encarando Peter com uma expressão confusa.

– Quem é esse garoto? Por que você está tão irritada com ele? Tem alguma coisa a ver com o Peter, o filho de verdade dos nossos pais adotivos? Porque você não pode explicar porque você fugiu?

Peter ouvia admirado cada pergunta que ela fazia. Por um momento fiquei surpresa por ela fazer essas perguntas, até lembrar que ela era a irmã gênio que sabia de tudo.

– Respondo todas as suas perguntas depois de pegarmos nossas coisas e nos mudarmos temporariamente para a casa da Madson, agora va...

Não pude terminar a frase. Senti que tudo estava girando ao meu redor. Minha visão estava ficando turva e eu soube que ia acontecer de novo.