The War escrita por Moon


Capítulo 1
Athos




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Os Starks estavam alinhados do mais velho ao mais novo, de pé, atentos ao horizonte. Lorde Theodor Stark deu apenas mais uma última inclinada com a cabeça para ver se permanecia todos se comportando corretamente, apenas para sentir orgulho da família que havia criado e pena pelo o irmão que em breve estaria se juntando à eles. Seus dois filhos homens já não eram mais meninos e tinham suas habilidades na luta crescendo, juntamente de suas honras como homens verdadeiros e esforçados. Todos os três eram bem parecidos com os pais com feições duras e nortenhas, com olhos claros e cabelos negros com cachos a formar-se nas pontas. Apenas Lady Lyla Arryn Stark foi abençoada com os cílios longos e corpo curvilíneo, mas não deixou nada disso para sua filha Arwydd que além de reta, tinha seu rosto tão quadrado quanto os dos irmãos.

Augustus, o mais velho e herdeiro, apesar de ser um homem de riso fácil, estava concentrado em seu dever de representar a nova geração da família. Fizera a barba dois dias antes e conseguiu domar os fios para que permanecessem quietos, mesmo que os ventos de Winterfell não o favorecessem. O único momento em que saiu da postura séria foi quando seu irmão Tommen sussurrou uma piada sobre o vestido de Arwydd estar revestindo o corpo dela tão bem quanto revestiria uma mesa de jantar. Este segundo sendo obviamente o mais brincalhão e flertador, ouviu poucas e boas a respeito do seu tio Athos Stark. Na noite da carta de que a visita do parente havia sido marcada, o primeiro ato do Lorde Stark foi chamar Tommen para o quarto e fechar as portas para uma conversa séria. Tommen não brincou nesse dia.

Athos Stark foi um homem que fez o juramento à Patrulha do Norte, o lugar sombrio e solitário que trata de proteger a Muralha. Neste ato de honra, prometeu virar o melhor dos cavalheiros para o irmão, a quem o apoiou cegamente. A honra tanto querida havia sido conquistada e logo o fizera virar o comandante, mas tão cedo veio sua alegria, veio também seu pecado. Athos envolveu-se com uma das selvagens para-lá-de-além-da-Muralha e logo soube que esta carregava um bebê seu. Ela ficou aos cuidados secretos do homem durante os nove meses de sua gestação, mas entregou o bebê para o grupo de selvagens e se suicidou logo após o seu nascimento. O comandante da Patrulha do Norte, sem contar para ninguém do bebê, começou a ordenar patrulhas mais que nunca; seu novo objetivo era encontrar sua filha perdida. Kim.

Conseguiu encontrar e trocou a vida do grupo de selvagens pela posse da bastarda ruiva, foi o único jeito para que a mesma não fugisse. A carta com todas as informações do ocorrido, inclusive quem era Kim e como foi feita, foi enviada para Lorde Stark a fim de que deixasse-o a par das novidades para que tomasse uma decisão à altura. Tommen ficou aterrorizado com a história e demorou mais que duas quinzenas para que voltasse à ir aos Bordeis de Winterfell, mas nunca com a mesma freqüência que antes.

Theodor Stark, o Lorde, decretou que Athos viesse às pressas para Winterfell para decidirem o destino tanto dele quando da criança. E era para recepcionar o tio que todos os Starks estavam ali, olhando a estrada do Rei, esperando qualquer sinal de seus cavalos.

Pouco depois de alguns minutos foi possível ver a silhueta de uma carroça e Athos, seguido de dois homens à cavalo logo atrás dele. O homem desceu do animal tão logo estava próximo de Theodor e se abraçavam como dois irmãos que eram. Athos estava com o semblante triste, desonrado e sombrio que acordava a compaixão até do grande Lorde Stark.

- Irmão – O Patrulheiro falou, quebrando o silêncio e encarando tensamente o parente. Depois forçou uma cara simpática e girou a cabeça para observar a família – Lyla. Crianças – Um suspiro longo se fez e era perceptível que Athos unia forças em seu corpo para poder dizer as próximas palavras – Essa é a minha cria.

Ele se afastou novamente para abrir a carruagem de onde saiu uma garota com lá seus quinze anos, mesma idade de Arwydd. As impressões foram as mais diversas possíveis. Augustus pensou em como ela era baixa e magra e provavelmente era muito ágil e por isso demorou tanto para seu tio encontrá-la; Tommen pensou em como os cabelos alaranjados e longos eram bonitos e pareciam ser em chama viva conforme o vento percorria-lhe o corpo; e por fim Arwydd estranhou o casaco de pele e a calça de couro como vestimentas de uma dama, mas logo se lembrou que ela não passava de uma bastarda; Kim apenas permaneceu com as mãos presas por correntes, estendida ao lado do pai, encarando com ódio mortal todos aqueles que mais lhe pareciam inimigos que família.

Theodor foi o primeiro a sair do alinhamento em que os Starks estavam. Ele pôs as mãos nas correntes que prendiam a pequena e deu-lhe na mão de sua esposa, Lyla.

- Quero que a leve para os aposentos e a mostre as septãs que irão cuidar de sua saúde e atividades. Preciso ter uma conversa com meu irmão – Ordenou em um tom severo, virando-se de novo para Athos – Vamos comigo ao Bosque Sagrado. Para todos os outros, espero que retornem ao seu dia-a-dia.

- Agradeço as boas-vindas de todos. Estou muito grato com toda a gentileza do Norte – Fez uma reverência antes de sair com o irmão que mais soou como um adeus.

Todos seguiram seu caminho, inclusive os dois. Andaram por toda a extensão do Bosque até ficarem em frente à árvore-coração. Ela não mudava, era o mesmo casco branco com um rosto talhado em sua madeira. Todos os grandes segredos dos dois eram contados ali, sendo partilhado apenas por eles e os deuses antigos. Theodor não acreditava nos sete deuses novos e não respeitava nenhum Septão pregador dessa religião, apenas mantinha as aparências por gosto de sua mulher, para não contestar as crenças dela. Para ele, só os antigos contavam e para seu irmão também. E era isso que importava no momento.

Athos ficou de costas para o irmão, encarando nos olhos da árvore. Talvez estivesse esperando por uma espada vir trincar em sua coluna vertebral, mas o que sentiu foi uma mão em seu ombro, que o assustou tanto quanto a lâmina teria. Virou o rosto para encarar Theodor.

- Eu não sei se devo lhe pedir perdão. – Confessou.

- Eu acho que não, as leis são duras. Eu entendo o porquê você fez, e sei que entende o que eu devo fazer agora – Athos fechou os olhos, novamente imaginando sua morte sangrenta. Tratou de abraçar novamente o irmão, porém mais forte e íntimo, como se fossem apenas duas crianças.

- Eu quero que o faça. Quero que mantenha sua honra como Lorde Theodor Stark, do Norte. Mas o que eu lamento é pela a garota. Eu já condenei seu destino no instante em que pus a minha semente na barriga de sua mãe. Acredita que a selvagem se matou por desgosto de ter dormido com um homem da Patrulha, Theodor? Eu deveria fazer o mesmo! – Sua voz era alta e não se importava com quem pudesse ouvir, era o momento de confissão que ele havia esperado dezesseis anos para fazer – Eu deveria deixar de viver no instante que soube a merda que fiz. Mas vivi o suficiente para trazer sua sobrinha para cá. Eu espero, sinceramente, que me perdoe e a crie como protegida, irmão. E eu espero que você tenha boas lembranças de mim, quando tiver de arrancar minha cabeça com sua espada em meio à praça pública, e—

- Basta! – Theodor o interrompeu empurrando seu corpo – Eu vi sangue demais nos meus olhos, mas eu não quero ver o seu, irmão. Eu tive tempo mais que o suficiente para pensar sobre o assunto até minha cabeça doer e eu já cheguei à conclusão que não trará honra para ninguém, mas satisfação.

Athos arregalou os olhos à ação completamente não-nortenha que seu irmão estava tendo. Os Starks, conhecidos como homens de honra e verdadeiros, frios e calculistas para o que fosse melhor para o reino. E ali estava Theodor, pronto para mentir para a vida do irmão ser poupada. Athos ficou sinceramente confuso entre ficar feliz ou se decepcionar.

Escolheu a decepção até o irmão o convencer que realmente iria a fundo com esse plano.

- Parta essa noite, Athos – O Lorde continuou a bolar seu plano que parecia incompleto e ele ia se consertando a cada fala – Não, essa madrugada! Agendarei sua execução para amanhã e você irá fugir depois que todos forem dormir. Vá escalando até a torre quebrada, eu lhe juro que não é da maior das preocupações, não há ninguém lá. Depois quero que corra até conseguir chegar em Porto Branco onde irá procurar um barco com madeira avermelhada. É meu. Quero dizer, é seu. Estou dando-lhe uma escolha. Eu espero sinceramente que a aceite, irmão.

Sua mão acolhedora aqueceu o ombro tenso de Athos. Os dois trocaram incerteza no silêncio e agora ficara claro que a escolha de viver ou morrer era do Patrulheiro. De duas uma: ou ele fugia e viveria como exilado em uma cidade livre para além do mar dos reinos de Westeros, onde o Rei ou os Lordes não poderiam tocá-lo; ou ele encararia sua morte e nunca mais veria a cria, e ainda correria o risco do irmão não conseguir completar sua execução, pelo amor que um tinha pelo outro, e este acabar por perder a honra na frente de todos assim como Athos.

Sua mente doeu como nunca, e não conseguiu dormir naquela noite nem mesmo estando em um dos quartos mais confortáveis de Winterfell. Milhares de caminhos para fugir do seu destino foram feitos, mas nenhum parecia plausível. A escolha era simples: se tornar um homem, ou um rato. O que deixaria os deuses satisfeitos, ou seu pai orgulhoso? Athos não sabia. Mas em menos de 12 horas descobriria à força.

E quando chegou manhã do dia seguinte, ninguém teve notícias do Comandante da Patrulha do Norte.


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Notas finais do capítulo

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