The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 7
Capítulo 7




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Ela caiu pela segunda vez desde que saiu correndo do salão. Ela não poderia mais ficar no mesmo lugar que Niah, e principalmente quando esta não parava de rondeá-la.

Depois de colocar a máscara e o chapéu e de sair de trás do pilar acompanhada de Finn, o olhar de Niah recaia sobre ela, e nem que ela se escondesse seria possível evitá-lo. Todas aquelas pessoas dançando no meio da pista como se fossem normais, já a assombravam o suficiente, mas ter o olhar de uma assassina compulsiva sobre si conseguia ser pior.

Até que o baile não estava tão ruim quanto ela esperava. Quando Blake mencionou a festa, ela imaginou o lugar cheio de sanguessugas pagando uma de seres humanos e de bichos gigantes brigando entre si, na verdade ela imaginou uma certa carnificina fantasiada de festa e que todos as pessoas normais como ela teriam sido convidadas por meio de um engano, mas afinal, Katherine não era nenhuma convidada.

Depois de um tempo na festa, ela conseguiu, pelo menos por um minuto, não odiar tudo aquilo e tentar ver aquilo como algo bom. As pessoas que estavam lá dançavam como se nada mais na vida delas importasse, como se não precisassem se importar com o que acontecerá no próximo dia e se acordassem mortas elas continuariam sorrindo, porque não importava.

Ela tinha até conversado com um dos monstros que depois ela descobriu ser um Idric, mas ela não teve coragem de perguntar o que era isso. Ele não podia ter mais de trinta anos, e mesmo assim sua beleza a surpreendia. Finn tinha deixado-a sozinha perto da mesa cheia de comida e foi conversar com Blake.

Ela também queria conversar com ele, mas é claro que Finn não deixou, porque, segundo ele, o assunto dele era bem mais importante que o dela. Mas ela não tinha mais paciência para brigar com ele, então apenas deixou que ele fosse embora.

Mas agora ela estava ali, correndo no meio da floresta escura e que pregava peças nela a cada passo que ela dava. O chão parecia mexer-se a seus pés, mas ela não se importava, ela só queria estar longe daquele lugar.

Após algum tempo naquele lugar, Katherine começou a perceber que nada daquilo era real, a felicidade das pessoas, a música, era tudo da cabeça dela, ou pelo menos a felicidade era falsa, porque bem no fundo dos olhos daquele sujeito que ela tinha acabado de conhecer estava o que ele realmente sentia, e que ela sabia que todos ali, inclusive ela, estavam sentindo: medo.

Então ela apenas saiu do meio da multidão, tão silenciosa quanto o vento, não fazendo barulho ou chamando atenção, ela apenas saiu, e ao se encontrar do lado de fora, correu, correu sem parar ou olhar para trás. Ela não sabia aonde estava indo, ela só queria sair dali.

Só ao cair pela terceira vez que Katherine percebeu o quão longe do castelo ela estava. Quando começou a correr, ela pensou em ir para a caverna, mas é claro que ela não sabia como chegar até lá, então ela apenas correu naquela floresta infinita, sem olhar para trás.

Mas agora suas pernas não aguentavam mais, e seu pulmão doía, como se ela o tivesse esmagado no meio do caminho. Pelo menos ela não estava passando frio, seu corpo estava tão quente e arfante que o frio não parecia atingir sua pele, como se ela fosse imune a ele pelo menos uma vez.

Ela se sentou no chão úmido de terra e tentou respirar fundo, sua respiração estava desregulada e ela não parecia conseguir controlá-la.

Quando ela finalmente conseguiu parar de ouvir as batidas de seu coração como se ele estivesse em seu ouvido, ela olhou ao redor. A floresta parecia ser inteiramente igual, sem nenhuma mudança na vegetação, e como estava escuro, ela só conseguia ver suas silhuetas que acendiam com o brilho da lua. Ela olhou para o céu e se encostou no tronco de uma árvore grossa que estava perto dela, a lua era cheia e brilhava tanto que nem parecia ser real, realmente parecia ser algo mágico, e considerando o lugar em que se encontrava, maravilhoso.

Depois de um tempo para voltar a si, Katherine percebeu qual era o problema daquele lugar, ele era silencioso.

Não parecia haver uma alma viva naquele lugar, nem um ruído, nem um farfalhar de folhas e nem o vento, até o vento parecia ser silencioso. Parecia impossível que ela conseguia ouvir o som da própria respiração no meio de uma floresta que deveria ser ocupada por qualquer tipo de criatura, mas ela conseguia, e isso a assustava.

Então ela ouviu, não parecia ser nada grande, era apenas barulhos de pingos, primeiro ela pensou se tratar de chuva, mas não, o barulho parecia mais com uma torneira que alguém tivesse esquecido aberta. Ela se levantou e começou a andar na direção das gotas, elas pareciam resfriar a alma de Katherine, e ao mesmo tempo, a acalmavam.

Ela andou mais alguns metros até que o barulho se comparasse a de uma cachoeira, e com o brilho da lua, ela percebeu que estava certa. Entre um grande buraco da floresta havia uma cachoeira, tão grande e ao mesmo tempo imperceptível que nem ao menos parecia real. Ela chegou mais perto da borda e encarou a água. Ela não era preta, parecia ser prata, como se alguma estrutura brilhasse no fundo e refletisse nos olhos da garota.

Quando ela esticou os dedos ao se ajoelhar para tocar a água, alguém segurou seu ombro e ela se virou de um pulo, gritando.

Era Finn, que tampava seus ouvidos por causa do grito de Katherine mas não deixava de esboçar um sorriso.

– Mas que Diabos foi isso!?

A garota bufou e limpou as mãos na saia do vestido.

– Eu te procurei pelo salão toda, fui até o seu quarto pensando que você tinha ido descansar e encontrei o lugar vazio. Blake está furioso comigo, ela achou que Niah poderia ter pego você.

– Como se você realmente se importasse com isso - ela tentou parecer histérica - Você me largou sozinha lá, e um demônio deu em cima de mim!

É claro que ela estava mentindo, mas não custava nada vê-lo um pouco preocupado, mas diferente do que pensou, Finn achou graça da situação e começou a rir.

– Oh... - ele tentou retirar o sorriso do rosto e engrossar a voz - Isso é terrível, inaceitável eu diria!

Ela revirou os olhos e se agachou novamente para tentar tocar a água, mas ele segurou seu braço dessa vez e a levantou com um puxão.

– O que você pensa que está fazendo?

– Posso tocar a água em paz?

– É claro - ele soltou seu braço - Se você quiser ficar em coma pelo resto de sua vida, fique a vontade.

– Como se eu fosse saber disso!

– Bem, deveria.

– Eu deveria saber sobre essas coisa, já que, supostamente você me contou tudo o que deveria saber hoje de manhã.

Ele suspirou e procurou uma árvore para se encostar e se sentar no chão, depois olhou para ela com um olhar de "Você não vem?", e ela foi, tentando achar um espaço na árvore para se encostar também.

– Okay, pode perguntar.

– Aquele lugar onde nós dormimos, ele tem um nome? - ela sempre chamou aquele lugar de Castelo, mas ela tinha medo de se pegar conversando com um deles e de chamar o lugar de Castelo sabendo que ele na verdade tinha outro nome.

Ele se mexeu um pouco desconfortável.

– Não que eu saiba - ele disse - Quer dizer, tem um nome, nós só não sabemos qual é, dizem que certos nomes nunca deveriam ser pronunciados por serem muito fortes.

Ela pensou a respeito. Ela não acreditava muito nessa de que palavras tinham um grande poder, e que depois de ditas, não teria volta, para ela não passavam de palavras e que as pessoas a interpretavam como queriam, elas não tinham nada de especial. Mas isso não importava tanto para ela, tinha apenas uma pergunta que coçava em sua mente:

– Quem era aquela, quer dizer, Melinda, o que ela é?

– Mel é uma bruxa, mas diferente de todas as outras ela não quer nos matar a cada segundo. - um sorriso se brotou em sua fase, um daqueles que se formava no rosto do tipo de garoto que sua mãe te avisa para não se aproximar. - Ela tem um dom especial... digamos que ela sabe quem é seu verdadeiro inimigo.

– O que você quer dizer?

– Ela possui o dom da vidência - disse uma voz atrás deles - É um dom muito raro, até mesmo entre as bruxas.

Ela tentou se conter, mas uma pequena chama se acendeu dentro dela ao perceber que a voz era de Blake. Ele continuava com o terno e as roupas da festa, e assim como ela e Finn, estava com máscara, ele sorriu para ela ao se sentar ao seu lado e fez um aceno com a cabeça na direção de Finn.

– Parece que você a encontrou.

Finn deu de ombros.

– Sim, eu a encontrei quase tomando a água da cachoeira. - Blake arregalou os olhos, mas depois olhou para a frente e começou a encarar a água, como se tivesse algo para dizer mas não sabia como fazer isso.

Ela olhou para Finn - Posso continuar perguntando?

Ele fez que sim com a cabeça e ela indagou:

– O cheiro, aquele que eu senti na floresta e você quase me matou por causa disso, o que era?

Ele riu quando Blake virou para ele e levantou as mãos fingindo se defender.

– Okay me desculpe, mas eu não suporto mortais e principalmente os que reclamam.

– Eu não estaria reclamando se eu não estivesse praticamente morrendo!

– Então da próxima vez morra em silêncio, eu não preciso ficar ouvindo seus resmungos, morra com dignidade já que você não tem medo de morrer.

– Era como um alarme, uma proteção contra os mortais ou qualquer outro tipo de coisa que fosse fora do nosso mundo - Blake se interviu antes que Katherine pudesse responder Finn.

– Tudo bem - disse ela - Só mais uma pergunta então... - ela pensou muito se deveria perguntar esse tipo de coisa para eles, mas resolveu que era melhor sim, ou pelo menos sua raiva resolveu por ela - Os monstros, os que estão aprisionados lá na caverna, por que eles estão aprisionados, quer dizer, vocês não são amigos?

Os dois se entreolharam antes de Finn responder:

– Nós meio que nos ajudamos, e prender certos monstros é o mesmo que ajudá-los, estamos salvando-os das bruxas, tenho certeza que eles preferem mil vezes ficarem presos em uma dessas jaulas do que ficarem presos na mesma sala que uma delas.

Katherine engoliu em seco. Geralmente, quando ela era pequena e sua mãe contava história de magia e de bruxas para ela, sempre tinha uma má e uma boa, mas do jeito que eles falavam parecia que todas eram ruins, até piores que os Filhos do Diabo.


Eles já estavam no meio do caminho de volta ao Castelo, quando Katherine se lembrou de mais uma coisa:




– Minha mãe - ela disse - Eu nunca mais vou vê-la?




– Não temos certeza - Finn respondeu - Se conseguirmos te salvar de Niah você provavelmente vai voltar para casa e fingir que nada aconteceu. Você deveria se sentir honrada, nós nunca salvamos um mortal antes.


– Sim, honrada - ela murmurou para ela mesma - Estou muito honrada.

Eles cruzaram a última fileira de árvores da floresta e avistaram o Castelo. Quando ela saiu correndo em direção a floresta ela não percebeu a música que fazia as paredes e o chão tremerem e as luzes coloridas que cortavam a escuridão do salão.

Tudo aquilo era tão aleatório que chegava a ser engraçado, todas aquelas pessoas dançando sem nenhuma sincronia e ainda sorrindo mesmo sabendo que estavam no Inferno era algo estranho, os garotos começaram a balançar a cabeça no ritmo da música e foram em direção a entrada do salão, e Katherine os seguiu, mas os três foram barrados por uma figura que se estendia na porta segurando um copo na mão.

Primeiro, por causa do choque, Katherine pensou estar olhando para um espelho, mas exatamente como antes as roupas e a falta de uma máscara não batiam com a aparência de Katherine, e ela sabia se tratar de Niah.

Assim, de perto, seus olhos vermelhos se ressaltavam no rosto pálido e o lápis preto os destacava tanto que era impossível parar de encará-los. Ela estudou Katherine antes de se apoiar na porta e apontar o dedo de Blake a Finn.

– O que está acontecendo aqui? - seu tom era entediado e sua voz era tão parecida com a dela própria que ela se assustou ao ouvi-la.

– Como assim? - Blake tentou parecer descontraído - Só estamos entrando na festa.

– Quem é essa e o que ela faz com os meus meninos?

Katherine deu graças a Deus por estar de máscara, assim Niah não conseguia ver a cara de "Você só pode estar brincando" que Katherine lançou em sua direção, e se surpreendeu ao ver que Finn não tinha rido, apenas lançado um sorriso malicioso em direção a Filha do Diabo.

– É a minha acompanhante - Finn agarrou o braço de Katherine. - Pensei que você tinha dito que eu poderia levar alguém.

– É, eu disse. - ela desceu os degraus da entrada e ficou de frente para Katherine com um dos braços na cintura. - Mas eu não quis dizer que você podia trazer uma vadia qualquer.

Katherine não se aguentou e falou:

– Bem, não sou eu que me comporto como uma vadia a cada segundo de minha vida.

Ela se arrependeu no segundo em que pronunciou as palavras mas Niah apenas levantou uma sobrancelha como se estivesse diante de um desafio que ela fazia questão de ultrapassar.

– Ora, ora Finn, parece que você finalmente encontrou uma companheira a sua altura. - ela deu um sorriso torto a Katherine e depois sem falar mais nada arrancou sua máscara, fazendo com que o vento frio batesse em seu rosto de uma vez.

Katherine não saberia dizer quem estava mais espantada, ela própria, ou Niah, que conseguiu parecer mais branca do que o normal.

– O que diabos significa isso?



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Notas finais do capítulo

Ola queridos leitores, sei que eu geralmente não comento muito nessa fic, mas só estou aqui avisando que eu coloquei um link no meio da história, eu particularmente não gosto muito disso, mas eu pensei naquela música quando estava escrevendo e coloquei pra vcs ouvirem, eu gosto dela e acho que combinou com o momento, mas vcs podem imaginar de outro jeito, só estou dando minha opinião.
bjs



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