The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 26
Capítulo 26




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Se olhando mais uma vez no espelho, Katherine tentou cobrir as pernas. O grande dia chegou, a noite do baile, e todos no forte pareciam cada vez mais desesperados. O dia inteiro tinha sido assim, pessoas desconhecidas correndo para lá e para cá, pessoas trombando com ela, Niah no meio da multidão aos gritos, Katherine em seu quarto treinando sozinha pela última vez sua capacidade de parecer tranquila. Ela não tinha obtido muito sucesso nessa parte.

Quando desceu de manhã para a cozinha, ficou feliz em descobrir que aquele era o único lugar além do quarto dela onde ela poderia encontrar paz. Estava silencioso e quase deserto se não fosse pela forma escura que se estendia na frente do fogão moderno que ocupava o meio da bancada. Colton não levantou o olhar para ela quando ela entrou, mas desejou-lhe um bom-dia e deu um leve sorriso. Por mais estranho que aquele homem poderia ser, Katherine ficou feliz em descobrir que era ele que preparava as refeições do castelo a um monstro nojento.

Ela tinha que admitir que ele era um cara legal também. Não se comparava em nada com o homem que Finn descrevera em suas histórias e que tinha tornado possível que crianças inocentes se associassem ao diabo (ou ao Mestre, como todos ali o chamavam).

Katherine tinha passado muito frio a noite. Fazia muito tempo desde que ela chegara aquele lugar que isso não acontecia, mas ela se sentiu desprevenida quando aconteceu, e decidira, no meio da noite, que deveria tomar uma xícara de chocolate quente o mais rápido possível. Colton, com seus óculos pendendo relaxadamente sobre seu nariz, ofereceu-a uma xícara quentinha de chocolate, Katherine não poderia ter ficado mais grata. Talvez ele realmente não era uma pessoa ruim.

Mas agora ela já sentia frio novamente. Quando chegara em seu quarto, Um lindo vestido preto, porém curto, estava estendido em sua cama. Certamente seria aquilo que ela vestiria naquela noite, mas bem no fundo de seu ser, Katherine desejava usar um vestido muito mais longo, e de preferência bem quente. E ao invés disso, Niah separara para Katherine um de seus mais finos e curtos vestido.

O vestido era basicamente um bustiê preto, uma saia rodada também preta, um fino véu de renda que era coberto por paetês também pretos, e um cinto que o prendia perfeitamente em sua cintura. Katherine dava graças a Deus por todo o esforço e atividade que realizara desde chegara ao inferno, todo o trabalho tinha retirado a pele extra que se acumulava na barriga da garota e possibilitava que ela utilizasse vestidos como o que estava utilizando agora, que deixavam sua barriga completamente exposta. Ela tinha que admitir que o vestido era lindo, mas o vento frio que queimava sua pele não ajudava em nada.

Katherine não tinha certeza de como arrumar seu cabelo, ela não tinha certeza se o deixava solto ou se o prendia e uma trança, então começou a pensar em algo mais fácil e a se maquiar. Quando estava passando o batom cor de vinho, que tinha se tornado o seu favorito, alguém entrou no quarto, e Katherine quase deixou o batom pintar sua cara inteira.

Era Niah, mais deslumbrando do que nunca (se é que poderia ser possível). Seu vestido era quase tão curto quanto o de Katherine, na verdade, se parecia muito com o dela, tirando alguns detalhes como ele não ser aberto na barriga, e não possuir lantejoulas. A borda do vestido tinha uma cama de renda a mais; mesmo o vestido em si ser sem mangas como o de Katherine, o vestido de Niah possuía mangas compridas de rendas, que se era possível, deixavam Niah com um ar ainda mais sedutor. O cabelo dela estava ainda mais espetacular que o normal: estava solto, e Katherine percebeu que era ainda mais longo que o dela própria, chegava quase em sua cintura e tinha ondas maravilhosas que pareciam brilhar num tom de ruivo cada vez que ela se aproximava da pouca luz do quarto.

– Mas o quê...? - tentou perguntar Katherine, e Niah apenas sorriu.

– O quê? - perguntou ela tentando fingir inocência - Achou vulgar demais?

– Quem se importa se é vulgar? - ela riu - É maravilhoso!

Niah jogou o cabelo para trás e exibiu o par de sapatos que segurava uma das mãos, na outra ela segurava um grande colar de pérolas, que pouco tempo depois ela enroscou em seu próprio pescoço. Os sapatos pretos de salto altíssimos possuíam um laço discreto na frente.

– Eu não vou usar saltos novamente - declarou Katherine.

– Ah, vai sim - rebateu Niah - Se quiser ir nesse baile é melhor você colocar esses malditos sapatos. Todo mundo usa desse tipo, qual é o seu problema?

– Digamos que eu estou mais acostumada em usar tênis, muito obrigada.

– Coloque logo esses sapatos que eu vou arrumar o seu cabelo.

– Tem certeza? - quis confirmar Katherine - Quer dizer, o meu cabelo não é tão bom quanto o seu, ele é todo embaraçado.

– Seu cabelo é igualzinho o meu - disse ela - Pode apostar que eu estou acostumada a domar essa fera.

***

Katherine esfregou as mãos e as assoprou desesperadamente, só mais uns segundos e seus dedos cairiam. Ela, Niah e mais alguns filhos do diabo com suas acompanhantes estavam esperando na frente da caverna enquanto esperavam seus pares. No final, Niah tinha feito um coque meio solto no cabelo de Katherine e uma trança que o prendia. Ela tinha que admitir que estava linda, mesmo com vontade de se jogar em uma enorme banheira de água quente, Katherine se sentia linda, e ao mesmo tempo não conseguia sentir seus dedos do pé.

Wes se aproximou por trás dela e ela se virou para encará-lo, ainda esfregando as mãos. Ele estava quase lindo, pensou Katherine, com uma camisa social branca, o terno e a gravata meio frouxa em um colarinho aberto, ele sorriu para ela.

– Está com frio? - ela assentiu, o vento chicoteava seu rosto com força - Deixe-me cuidar disso.

Ele pegou as mãos dela e imediatamente ela se sentiu melhor, parecia que todo seu corpo tinha sido aquecido, como se um enorme cobertor invisível a envolvesse.

– Como você fez isso?

– É meu dom - disse ele estalando os dedos, uma pequena chama se formou em sua mão e logo desapareceu - Eu controlo o fogo, o que não é muito comum, considerando que...

Mas Katherine não prestou atenção na sua última fala, sua atenção se voltou completamente para outro lugar. Finn se aproximava dela com um sorriso, ele era o único de máscara, mas Katherine o reconheceria de qualquer lugar. Ele ainda não tinha arrumado sua gravata borboleta, que estava solta em volta de seu pescoço, ele estendeu uma máscara quando chegou perto dela.

– O quê seria isso?

– Tive a impressão de que você esqueceria sua máscara, então resolvi trazer uma.

– Sou tão previsível assim?

Ele sorriu e ela pôs sua máscara, tentando ao máximo não acabar com o coque que Niah perfeitamente fez nela.

– Você é linda - disse ele quando ela terminou de se arrumar. Sua voz não deixava uma brecha para que ela discordasse.

– Niah me arrumou, então não acho que dava para ficar ruim.

– Não estou falando sobre sua roupa - Katherine teve que morder seu lábio para que não começasse a sorrir que nem uma trouxa.

Niah se pôs ao centro da multidão com os braços enroscados em um Jim muito satisfeito.

– Todos lembram do plano, certo? - gritou ela para que todos a ouvissem - Ótimo, porque estamos entrando em um ninho de cobras, e qualquer brecha pode matar alguém. Não que eu não aprove essa prática, mas vamos tentar não morrer hoje, beleza?

Todos gritaram em acordo. Katherine não sentia mais frio, mas um leve calafrio passou por sua espinha quando ela percebeu que logo chegaria no lugar que ela estava menos ansiosa para entrar. Não que ela não quisesse salvar Ivy, mas um medo repentino se apossou dela ao se lembrar que entraria em um local cheio de bruxas, e pelo modo que todos ali falavam delas, elas não deveriam ser muito legais.

Reed apareceu em seu lado e interrompeu os pensamentos de Katherine, mas logo ela viu o que ele estava estendendo e ela arqueou as sobrancelhas.

– O quê é isso? - perguntou ela, pegando o aparelho fino de sua mão.

– É um celular - revelou ele para a surpresa de Katherine - Eu fiz uma modificação nos aparelhos e eles funcionam em qualquer lugar, inclusive aqui!

Ele sorriu orgulhoso de seu próprio trabalho e desapareceu na multidão antes mesmo que Katherine conseguisse perguntar como ele fizera isso, então ela sentiu um formigamento em suas costas e se virou. Finn estendia um braço para nela assim como fizera no baile de Niah, Katherine sorriu e guardou o celular em um dos bolsos de seu vestido (ela ainda se surpreendia com o fato de que os vestidos de Niah poderiam ter bolsos) e enroscou seu braço no dele.

Logo depois, vário casais começaram ir de dois em dois em direção a caverna e desapareciam em uma das portas do complexo. Katherine não se sentia tão estranha por entrar naquele lugar, ele tinha se tornado sua câmara de tortura nos últimos dias que ela vinha treinando e se ela tentasse esquecer da dor, o lugar chegava até a ser agradável. Ela e Finn chegaram a porta vermelha logo a frente de Niah e Jim, os dois parecendo muito sérios pela primeira vez na noite.

– Pronta? - perguntou Niah.

– E tem como não estar?

– Apenas se lembre que você está com as suas armas - disse ela - Finn apenas as deixou invisível para olhos humanos, e ele sempre estará perto de você, então tente não arrumar confusão.

– Não teremos que, sei lá, encontrar aquela tal bruxa?

– Pode deixar que se não a encontrarmos, ela nos encontrará.

Katherine olhou para Finn depois de respirar fundo, ele assentiu com a cabeça e eles atravessaram a porta.

A sensação de atravessar um portal não era ruim. Era exatamente como atravessar uma porta, mas tinha toda a sensação nova de estar em um lugar diferente, um solo diferente, um ar diferente, um castelo diferente...

Katherine arregalou os olhos quando se viu de frente para uma enorme basílica, ou pelos olhos de Katherine, o lugar mais lindo que ela já vira em toda a sua vida. Se parecia realmente com um castelo, mas as estátuas de anjos e de santos diziam que aquele lugar mais se parecia com uma igreja. Os vitrais cheios de momentos da Bíblia e muitos outros históricos que Katherine desconhecia cobriam quase todas as laterias do lugar. Era realmente lindo, uma áurea de luz cobria todo o lugar quase como se estrelas o rondasse, o brilho quase fazia com que os olhos de Katherine ardessem, mas mesmo assim ela não conseguiria parar de olhar.

Ela olhou para trás esperando ver mais daquele lugar esplêndido que se estendia a sua frente, mas ao invés de mais grandeza, atrás dela só possuía um enorme jardim-labirinto, Katherine já conseguia se ver perdida lá no meio. Finn começou a andar em direção as escadas da entrada e ela o seguiu ainda um pouco incerta se realmente deveria entrar naquele lugar. Então ela se lembrou de Ivy chorando atrás de Lane e um novo jato de coragem a fez continuar andando.

Ao chegar perto das grandes portas da entrada que pareciam ser muito mais antigas que todo o ar daquele lugar aparentava, se abriram sozinhas, revelando um imenso salão iluminado por todos os cantos, com lustres e mais lustres de cristais no teto. A decoração do lugar era tão incrível quanto o castelo por fora, milhares de pessoas com o mesmo brilho que Katherine vira em Melinda no baile de Niah dançavam por todo o piso lustroso de mármore. As saias das mulheres se arrastando de um jeito delicado pelo chão, os homens as conduzindo como faziam os cavalheiros nos desenhos de princesas de criança que Katherine via quando era pequena.

Tudo se parecia muito com um conto de fadas, a escadaria que acabava quase no centro do salão conseguia ser ainda mais formidável que todo o resto do lugar. Em várias lances da escada de madeira, uma estátua de ouro se estendia em seus preciosos pedestais, Katherine tinha vontade de tocá-las para ver se eram reais, tudo ali se parecia tão divino. Ela poderia se ver ali em seus sonhos, dançando no centro do salão como todas as garotas no mundo desejavam dançar.

Mas ela não poderia, ela não poderia porque não era como uma garota normal. Ela não era normal pois tudo o quê ela acreditava ser normal em sua vida tinha sido arrancado bruscamente dela, e tudo por causa das pessoas que se encontravam felizes ali, dançando divinamente. Mas ela não se deixaria levar, fora aquele lugar por uma razão, para se vingar de tudo o que perdera, todas as mentiras. Tudo. Não. Ela não se deixaria levar pela beleza daquele lugar, isso era fato.


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Notas finais do capítulo

Soooo, qrds leitores, vcs sabem que eu amo mto vcs, não? Então me desculpem pela quantidade de links que eu coloquei nesse capítulo, sei que é horrível ter que parar de ler no meio da história por causa deles, mas tive que colocá-los, acredito que o jeito que eu descrevo as coisas não é lá um dos melhores, então coloquei algumas imagens para ajudá-los a imaginarem toda a situação.
E se quiserem imaginar um pouco mais, eu imaginei o "divino" castelo das bruxas assim: http://data.whicdn.com/images/68144446/large.jpg
E a escadaria (que eu amei mto, aliás) assim: http://data.whicdn.com/images/68144545/large.jpg
E ohh, mais uma coisinha básica: ESTOU QUASE ACABANDO A HISTÓRIA! Creio eu que esse foi o meu penúltimo capítulo, mas fiquem calmos que farei um epílogo e essa história terá continuação (:
bjs



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