Ballare Tutta La Vita - Hiatus escrita por Anna


Capítulo 19
Capítulo 19.


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoas, aqui estou eu com mais um capítulo de BTLV! E com uma novidade: I'M BACK! Ok, acho que já deu para perceber... A ideia desse capítulo surgiu do nada no meio da aula de ciências, enquanto as vadias da minha turma fofocavam sobre sei lá o que, e os retardados que se acham o máximo colando chiclete no ventilador... Eu quero agradecer e muito todos os comentários do capítulo anterior, dedico esse capítulo totalmente a vocês, minhas leitoras que continuaram comigo até hoje, mesmo nos momentos difíceis para mim. Tenho que dizer que eu me emocionei - e cheguei a chorar porque sou uma pessoa extremamente sensível - em todos! Saber que a história é importante para vocês foi o melhor presente e a melhor notícia que recebi como autora. Então eu espero de coração de que vocês gostem deste capítulo, eu o fiz com muito carinho!



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Andei até a área da portaria; até onde os alunos podiam ir. Olhando por este lado, parece até que estudo em um lugar terrível, como aqueles internatos cheios de pessoas mimadas e com outras querendo fugir a qualquer instante, a qualquer momento, quando houver qualquer brecha que facilite o ato.

Eu nunca tive a imensa vontade de sair daqui, ao contrário disso, me divertia com as coisas mais simples e até mesmo fúteis que existia neste colégio – até mesmo com as aulas de história com o senhor professor bonitão. Porém, sempre tive a curiosidade.

A curiosidade de sair e ver como é e como está o meu país de origem, de ir até Siena e ver a minha antiga casa, reviver as memórias que estão contidas apenas em fotos já amareladas com o tempo e em simples e pequenos borrões em minha mente.

Há dias que bate uma vontade louca de fazer isso, e sinceramente não sei como me contento. Não sei como eu me prendo cada vez mais aqui, fechando os olhos para o lugar onde estou, e também não sei o que me contenta em perder todas as oportunidades que me são propostas para relembrar de tudo e de todos.

O final de semana livre para alunos – que era proporcionado regularmente e tínhamos o direito de sair pela Itália a fora com um aluno maior do que você, em relação a sua idade, ou então, um monitor supervisionando cada passo seu – já tinha se passado e eu fiquei quieta, apenas olhando a boa e bela oportunidade passar, levando assim, a minha chance de saber de umas boas e belas respostas e lembranças perdidas de minha família.

Andei pensando no que Elliot disse nessas últimas 72 horas.

"Você nunca passou por isso, Alana? Nunca perdeu alguém que ama?"

Mal sabe ele que sim, eu perdi, e por mais que eu não me lembre deles muito bem, lembro-me de alguns momentos de minha infância, que tudo parecia estar muito alegre e até mesmo amoroso. E isso faz com que eu tenha uma leve ideia de como era o meu relacionamento com meus parentes italianos, que se resumia a: minha avó e meu avô, minha tia e meu tio e minhas duas primas gêmeas – cujos nomes eu esqueci completamente –, por parte de pai.

Tenho uma vaga lembrança de cada um deles, algumas duram mais do que outras, mas... De qualquer forma são lembranças, e essa é uma das poucas coisas que me faz acreditar e obviamente lembrar de que algum dia eles vieram a existir. Um pouco rude de a minha parte dizer isso desta forma, porém, é mais do que a tremenda verdade. A verdade nua e crua.

Lembro-me de uma senhora com cabelos curtos em um tom de loiro desgasto com gentis olhos castanhos escuros e com a pele um tanto queimada por conta do sol. Esta parecia ser minha avó. Ela estava colhendo flores com uma garotinha gordinha ao seu lado; ao que tudo indica era eu.

Ambas estavam felizes à luz do sol de um belo e acolhedor fim da tarde. Colhiam tulipas amarelas e rosas de cor rosa, eu parecia estar bem contente e a vontade com aquele vestido azul que parecia ser extremamente quente.

De meu avô, meus tios e tias, juntamente com minhas primas, eu tenho apenas uma simples e curta lembrança. Tudo indicava que era o meu aniversário de quatro anos; um bolo com glacê branco – meu favorito – estava no centro da mesa, com uma vela na tonalidade de verde com o número quatro no meio.

Eu estava no meio sendo erguida por braços gentis. Olhei para quem estava fazendo isso, e aquela era a minha mãe um pouco mais nova. Todos estavam sorrindo e cantando parabéns em italiano.

E essa é a minha única lembrança de meus pais jovens e alegres na Itália, as outras são apenas de ambos chorando. Meu pai soluçando alto com o telefone nas mãos, as quais apertavam o aparelho de uma forma um tanto exagerada, enquanto minha mãe apenas chorava silenciosamente olhando para algum ponto fixo.

Eu não era – e nunca gostaria de ser – aquele tipo de garota que tem o passado misterioso, sofreu bastante toda a sua infância com mortes ao seu redor e cresceu revoltada contra tudo e contra todos. Mas alguns pontos eram quase impossíveis para mim.

Posso citar, por exemplo, o caso das mortes. Infelizmente perdi a minha família paterna, coisa que não desejo para ninguém, sendo inimigo meu ou não. Lembro-me de que na hora eu nem senti muita dor em meu peito, na verdade, só venho ter essa dor – denominada saudade – após algum tempo aqui no ADS.

De qualquer forma, vi meu pai sofrer pela morte de sua mãe, seu pai e sua irmã. E minha mãe tendo de abandonar o seu pequeno trabalho em uma peça em um teatro local e deixar de lado a sua ideia de criar um espetáculo teatral.

Ver a dor deles por assuntos pessoais me fez ficar triste. Não pelos meus entes queridos, mas sim, por meus pais. Talvez eu tenha até ficado triste por conta de minha avó, ou não, enfim... Não sei dizer agora ao certo, talvez sim, talvez não. Não posso voltar no tempo para descobrir como me senti naquela tarde – ou noite – do acidente.

Sai de meus pensamentos macabros sobre o meu passado e a dor de meus pais ao deixarem para trás tudo que amavam materialmente, quando cheguei ao "portão" dos alunos e dei de cara com o entregador de pizza.

– Senhorita Revelli? – o garoto que aparentava ter a minha idade e que estava vestido de vermelho com um boné em formato de uma pizza perguntou.

Apenas abri um sorriso, pegando a minha carteira que estava no bolso falso da minha calça, e entreguei o dinheiro ao garoto, que me deu as cinco pizzas em troca.

Sai daquele lugar andando cuidadosamente para não tropeçar acidentalmente em alguma pedra ou coisa do tipo, e assim derrubar todas aquelas gostosuras italianas no chão.

***

Estava de frente para o único espelho vertical do banheiro. Olhava atentamente para cada centímetro de meu corpo, agora já vestido e pronto para a "festinha" de despedida de Elliot.

Estava usando o vestido vermelho que comprei há mais ou menos um mês, com uma jaqueta de mangas curtas de couro preto, um sapato com um salto bem pequeno igualmente de couro preto. Meu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo meio altinho e estava sem nenhuma maquiagem – só com um brilho incolor nos lábios, mas isso não conta muito, eu acho.

Olhava-me em busca de alguma mísera imperfeição, como uma mancha que fora proporcionada por algum ato de um fantasma ou coisas do gênero. Na verdade, eu apenas queria ganhar tempo e, se tivesse sorte, chegar atrasada na tal festa.

Fui andando mais lentamente do que o normal e me sentei na cama, suspirando longamente por vários e vários segundos, que se tornaram minutos após um tempo.

Não estava nem um pouco animada para a festa – isso é um fato mais do que verídico – e não é pelo fato de eu não gostar muito de festas. Realmente não gosto, mas é que... Sei lá. Acho que estava um tanto errada em relação a Elliot – ou talvez não –, pensando bem que agora ele não é meu melhor amigo.

Agora ele é apenas um garoto que podia me entender sem que eu pudesse pronunciar qualquer palavra e que sempre tinha as palavras certas para me aconselhar, em qualquer ocasião.

Para falar a verdade, agora que estou revivendo tudo o que passei ao seu lado, revivendo as experiências, vejo que ele de certa forma me ajudou. Ou ele reabriu uma ferida que eu nem sabia que existia?

Ele me fez relembrar da minha antiga vida quase secreta aqui, na Itália. Fez-me relembrar de lembranças que estavam trancafiadas em alguma parte obscura de meu cérebro.

Não sei se isso é uma coisa boa ou ruim, apenas sei que é, seja o que for. Para o lado bom ou para o lado mal, está acontecendo, estou me lembrando de coisas que nem sabia que eram possíveis de lembrar.

***

Não tive como escapar da festa quando Brook fora me perguntar o motivo de eu estar demorando tanto. Depois de cinco falhas tentativas de explicar a ela que não queria ir – até inventei uma dor de dente falsa para que ela não me arrastasse consigo –, me senti uma inútil e péssima mentirosa por não ter adiantado nada.

– Não acredito que você iria ficar em nosso dormitório em pleno domingo à noite! E perder todo o trabalho que seus queridos amigos tiveram arrumando tudo... – ela dizia enquanto caminhávamos em direção à sala de jogos, a mesma sala em que falei que Elliot iria embora.

– Pensei que já tinha feito a minha parte comprando as pizzas e levando à sala de jogos – respondi.

A cada passo que nos duas dávamos em direção à sala de jogos, as batidas estrondosas da música que estava tocando aumentava, assim como o cheiro repugnante de álcool.

Espera... Álcool? Elliot não bebe, porque raios tem álcool?

E nesse meio minuto em que pensava sobre isso, presumi que quem arrumou uma boa parte das coisas devia ter sido Andrew. Tem a cara dele em cada lugar da festa, então, deve ter sido ele mesmo.

– Os monitores não vão reclamar da música alta? – perguntei a Brook.

Ela virou seu rosto para mim e depois para a porta a sua frente sem dizer nada, apenas revirando os olhos como se o meu comentário fosse um sussurro de mosquito. Ótimo, ela estava me evitando! E agora só resta eu saber o porquê disso...

– Tente ao menos parecer à vontade, ok? – ela disse após algum tempo.

A voz dela soou de uma forma estranhamente grosseira, como, se de alguma forma, não quisesse papo. E era exatamente isso que ela queria. Talvez a despedida de Elliot fosse de alguma maneira importante para ela, como uma reunião com seus amigos. Deve ser isso mesmo.

Abri a porta depois de seguir essa linha de pensamento, e as minhas conclusões de que fora Andrew que tinha arrumado tudo aquilo se concretizaram quando eu bati os olhos no lugar.

O local estava escuro, com luzes de neon – que em minha opinião de velhota machucam a vista – e desenhos fosforescentes colados na parede. A música agora estava muito mais alta do que se poderia ouvir lá fora, no corredor, além do cheiro, que agora era mais do que evidente.

Tinha várias pessoas dançando, pulando e até mesmo se atracando, ou então tentando engolir um ao outro, com se isso fosse humanamente possível. Enquanto observava tudo aquilo, perdi Brook, que era para estar ao meu lado.

Queria encontrar algum de meus amigos entre esse monte de gente. Mas, infelizmente, não estava conseguindo encontrar ninguém, o que me levava à questão: "Precisava me socializar urgentemente". E era verdade, não gostava de bancar a antissocial – coisa que eu não era.

Fui até o pequeno bar – deveria ter ali alguma coisa que não fosse alcoólica –, que já havia ali naquela sala, e me sentei em um de seus banquinhos, que mesmo sendo de uma altura um tanto pequena, deixava os meus pés a centímetros do chão, fazendo-os balançarem involuntariamente.

Fiquei batucando com os nós de meus dedos no balcão enquanto esperava alguém vir e, então, me atender.

– Ei, bailarina baixinha. – alguém falou, aparentemente comigo, me dando um susto.

Virei meu rosto para a esquerda, oposta a qual eu estava olhando. E vi a pessoa que estava me perturbando nos últimos dias, Oliver.

– Ei, músico desacertado. – respondi "docemente" ao seu cumprimento.

Oliver aparentemente não ficou com raiva ou alguma coisa do gênero, o que normalmente acontece quando digo essas palavras. Ele apenas se sentou ao meu lado com um sorrisinho de lado; um sorrisinho cafajeste e camarada.

– Já viu Elliot por ai? – ele perguntou, tentando puxar assunto.

– Não. Na verdade, eu cheguei agora, sendo arrastada corredores a fora por Brook com suas unhas enormes. – respondi com um tom mais do que exagerado e dramático. – E você?

– Já estou aqui há um tempo, mas não o vi também. – disse, me olhando de cima à baixo.

Não é nem ao menos necessário dizer que fiquei extremamente irritada e envergonhada, ao ponto de minhas bochechas começarem a queimar, certo? Pois bem, eu fiquei. Odiava que as pessoas me olhassem assim, elas sempre queriam alguma coisa a partir daquilo, seja ela boa ou ruim, boba ou grave.

– O que é? Algo errado?! – indaguei de uma forma exclamativa.

– Nada, é que sabe... Muitas garotas prefeririam vir com algo um pouco mais... Chamativo para uma festa. E você não. Por isso te considero legal... E careta.

Me virei para ele e perguntei:

– Como é que é?

– Sabe... Você é tipo: "Dane-se os padrões que a sociedade ridícula e vulgar de hoje em dia propõe, eu vou com o meu vestido vermelho e ser linda do mesmo jeito".

As minhas bochechas agora deveriam estar mais vermelhas do que o meu vestido quando ele disse isso, mas mesmo percebendo ele continuou:

– E é por isso que eu te considero careta e legal. Uma careta legal, eu diria.

***

À noite até que acabou sendo um tanto divertida, apesar de eu não ter conseguido encontrar Elliot em nenhum momento para me despedir antecipadamente. De qualquer forma, é só eu falar com ele antes do meio dia de amanhã.

E eu teria de ir, porque, afinal, ele me ajudou em certas coisas. E devo agradecê-lo por isso.

Voltando a narrativa sobre a noite... Tinha me acostumado com a música alta depois de curtos vinte minutos, e foi neste meio tempo que eu e Oliver saímos de lá e começamos a andar por ai, para qualquer lugar. E naquele momento eu apenas tinha que aturar as cantadas discretas – e também as indiscretas – por parte do garoto de olhos verdes.

E para a total decepção de ambas a parte, começou a chover uma hora após nós termos começado a andar e conversar, ouvindo claramente o que o outro dizia, sem ter nada que atrapalhasse.

Então tivemos que sair correndo iguais uns doidos pela chuva e ir cada um para o seu dormitório. E aqui estou eu, literalmente ensopada pela água da chuva e com um risco enorme de pegar um belo resfriado.

Ao contrário do que qualquer outra pessoa normal em meu estado faria – que seria tomar um banho e vestir uma roupa quentinha – fui pegar o meu notebook e abrir o meu e-mail, para ver se tinha alguma coisa nova.

E, para a minha total felicidade, tinha e era de meu pai – ainda sem nenhum senão minha mãe – e, para a minha total infelicidade, era bem pequena:

"Alana, hoje não posso fazer o uso de grandes saudações e de linhas e mais linhas jogando conversa fora. Tenho que ser bem direto, então... Há coisas que você deve e tem o total direito de saber, coisas extremamente importantes. Não posso falar quais são agora, mas, quando nos virmos falarei e explicarei o que puder.

E não fique tão ansiosa e curiosa; este dia não irá tardar. Na verdade, está um tanto próximo. Ah, outra coisa... Não responda essa mensagem, não sei se poderei dar-lhe uma resposta concreta e com nexo.

Beijos e até breve,

Seu pai".


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Notas finais do capítulo

Então, estrelinhas, o que acharam? Mereço reviews? Abraços? Socos? Favorites? Recomendações? Algum livro novo? ~lê eu sonhando - e brincando - nos dois últimos ~ Obrigada por lerem e espero seus comentários!

*Cap betado pela B. Castellan*