Estava andando por um dos corredores do prédio um, quando vi uma das minhas professoras de dança. Aquela aparecia ser a de ballet clássico. Ela em cima de um banquinho no meio do corredor, atrapalhando assim, a passagem de alguns alunos que estavam com uma cara não muito boa. Provavelmente estavam atrasados.

- Giovana Silva? - A professora chamava. Queria muito ajudá-la, porém, não fazia a menor ideia de quem seria essa tal de Giovana.  

- Alana Revelli? - Ouvi alguém me chamar e procurei o rosto do ser que estava fazendo isso, pude perceber que era a própria professora.

- Sim? - Me virei para a mulher baixinha vestida de preto e rosa, que estava a poucos metros de distância de mim.

- Você é quem? Giovana ou Alana? Enfim... De qualquer forma preciso de você na sala de dança agora. - Ela disse tentando parecer que estava nervosa.

- Eu sou a Alana, e já estou indo. - Olhei novamente para ela. Não parecia ser muito velha. - A senhorita vem? - Perguntei.

- Na verdade... Eu não sei, falta a outra menina. E também falta saber se eu vou conseguir sair viva daqui. - A professora murmurou a última parte, mesmo assim eu consegui ouvir.

Devo admitir que fiquei com pena da professora, afinal, ela estava praticamente sendo esmagada, massacrada pelos alunos que passavam por ali. Mesmo ela estando atrapalhando o caminho deles, senti pena. Mas... Se eu estivesse no lugar deles acho que faria a mesma coisa. Parece ser cruel ou egoísmo da minha parte, mas é a verdade.

Entrei na sala de dança e vi que quase ninguém estava lá. Apenas um garoto que estava entretido com o próprio celular, ou apenas com vergonha de puxar assunto com alguém, porque pelo menos quando eu estou com vergonha eu me escondo através do meu celular. Estaria perdida se não fosse ele, meu baby.

Além do garoto tinha duas garotas se alongando, dois garotos conversando animadamente, e mais uma garota mexendo no rádio.

A sala de dança era normal o que me decepcionou um pouco. As paredes eram até a metade de vidros, a outra metade que ia até o teto era pintada de um vermelho vivo que eu achei lindo mesmo não sendo a minha cor. O teto era repleto daquelas luzes fosforescentes, tinha umas duas estantes com livros, cd's e uma aparelhagem de som. Na frente e atrás tinham dois espelhos enormes além daquelas típicas barras que sempre encontramos quando vamos a alguma galeria de dança, ou uma sala de dança mesmo.

Se estivesse com o meu celular começaria a mexer nele, mas não estou, e também estou tentando me socializar... E sinceramente não sei o que está acontecendo porque simplesmente não consigo dizer nem um "oi". Será que é por conta da minha paranoia de ontem? Será que ela ainda está comigo hoje? Não sei...

Decidi seguir o mesmo exemplo daquelas garotas e fui em direção a uma daquelas barras me alongar. Eram coisas simples e que eu já sabia de cor, apesar de que, quando estava quase acabando quase que meu joelho acerta a cabeça do garoto que estava sentado no chão de madeira.

- Ai, meu Deus. Por favor, me desculpe, estava me alongando aqui, e não vi a sua cabeça ai. - Apresei-me em me desculpar. Se bem que quando disse estas palavras... Bem... Elas ficaram melhores na minha cabeça.

Ele riu, um riso meio que engraçado. Ri também. Só não sei se foi por conta do nervosismo ou porque o riso dele era contagiante.

- Tá tudo bem a culpa foi minha por estar sentado no chão como um preguiçoso e não começar a me alongar logo enquanto a professora não chega. - Ele disse enquanto se levantava.

- Bem... Eu não diria essas palavras desta forma, mas, é você deveria estar mesmo se alongando. - Ri fraco.

- O que posso dizer? Sou muito preguiçoso. Meu nome é Erin e o sua pessoa que não é preguiçosa? - Ele disse.

- Meu nome é Alana. Prazer em conhecê-lo Erin. - Disse.

- Igualmente. Tem ideia de onde a professora está? Ou então porque ela não entra logo? - Erin me perguntou.

- Ela está sendo massacrada pelos alunos que passam ali fora, e também está procurando por uma menina chamada Giovana. - Expliquei.

- Ai não ela se atrasou de novo! - Ouvi Erin exclamar. Parece que meus ouvidos amanheceram bem de mais hoje, não sei se isso é uma coisa boa ou ruim.

- Conhece essa Giovana?

- Sim, ela é minha prima. E só vive atrasada.

No instante em que ele disse isso a professora entrou na sala como um furacão seguida de uma garota, que parecia ser a Giovana. Ela e Erin não eram muito parecidos, a não ser por causa dos cabelos que eram igualmente pretos.

Giovana era muito mais baixa do que Erin, que era literalmente mais alto do que ela. Erin era moreno claro, enquanto Giovana era basicamente pálida. Ela tinha olhos pretos, bem pretos. E ele tinha olhos mel. Diferente, porém, do mesmo jeito eram lindos.

Fui até ela e a cumprimentei dizendo:

- Olá, acho que você é a Giovana. Eu me chamo Alana, como vai? - Disse sorrindo.

- É eu sou a Giovana, prazer em conhecê-la, Alana. Vou à procura do meu primo. - Ela disse sorrindo fraco.

- Erin? Ele está lá no fundo da sala, vou chamá-lo. - Virei-me e vi que Erin já estava atrás de nós com uma cara de um pouco de raiva.

- Giovana você me prometeu que iria chegar cedo hoje! - Erin começou a dar sermão em sua prima esquecendo-se por completo da minha existência.

Deixei os dois ali com suas brigas de família e fui me sentar no chão quase no meio da sala. Observei-me por uns meros segundos no espelho a minha frente, estava igual, não parecia que estava sofrendo de sentimentos bipolares. Acho que era esse o nome dado ao que estava acontecendo dentro de mim.

Não sei de onde essa alegria estonteante veio, e nem como ela veio, muito menos o porquê dela vir. Estava bem com a minha pequena paranoia. Mentira não estava bem, estava mal... Entretanto estava tentando não ligar para isso. Acho que essa "alegria" é uma forma de eu tentar parar de me importar com a paranoia.

Não tive tempo de pensar sobre os meus sentimentos confusos e bipolares, que ficam alternando de lado a cada segundo que passa - Será que estou ficando igual a Andrew? Será que estou ficando bipolar também? Não, estou apenas confusa, é isso - porque a professora que até agora não tinha descoberto o nome, começou a falar e pediu para que todos se levantassem.

Ela disse isso para mim, já que era a única sentada. Levantei-me e fiquei ao lado de Giovana e Erin, os dois primos que até o pouco tempo estavam discutindo esquecendo assim da minha pobre existência.

- Bom dia, alunos! Eu me chamo Laurie e sou a sua professora de ballet clássico, e adoraria saber o nome de cada um de vocês, amores. - A Laurie disse.

Assim que a professora disse isso começou a perguntar o nome de cada um presente naquela sala, e quando chegou a mim e em Giovana ela apenas sorriu e disse:

- Os nomes de vocês eu já tive a honra de saber. - Laurie disse contendo o riso.

- Os nomes de vocês eu já tive a honra de saber. - Laurie disse contendo o riso. - Bem o primeiro exercício que eu irei passar será bem simples, e vocês terão que fazê-lo em duplas, já que se trata de um exercício de confiança. - Ela continuou.

No final a minha dupla fora Erin e Giovana ficou com uma garota ruiva. Os exercícios eram os mais básicos dos básicos, e que em cima desses exercícios teríamos que fazer um trabalho. O meu primeiro trabalho na Arti Dello Spettacollo. Se eu estou sonhando apenas tenho um aviso para qualquer um que queria me acordar:

Não faça isso se ainda quiser ter sua cabeça no lugar em que ela deve estar!