Os Jovens Mutantes escrita por Dafine Kerouac


Capítulo 11
A Verdade Dói




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Dr.Alfredo arrumou lugares na casa para Raul, Marcelo, Levi e eu, deitamos. Logo que eu peguei no sono comecei a ter pesadelos novamente. Isso nunca havia acontecido comigo, eu não costumava ter sonhos ruins, já não bastava a vida real estar um inferno, tinha que ser perturbada nos sonhos também. Raul e Levi dormiam cada um de um lado do meu colchão. Fui um pouco para perto de Raul, ele passou o braço ao redor do meu ombro.

– Não consegue dormir?- ele perguntou baixinho

– É.

– Nem eu.

– Por quê?

– Pensando em Diana. Ela não merecia morrer... E você por que não dorme?

– Pesadelos.

– Tá com medo?

– Estou.

– Você já...

– Eu sei já sou grandinha pra ter medo de sonho ruim.

– Como sabia que eu ia dizer isso?

– Li seus pensamentos.

– Há, eu tinha esquecido, seu poder é legal. Me diz o que eu tô pensando agora?

"Posso te dar um beijo?"

– O quê?- fui pega de surpresa

Marcelo deu um tapa na cabeça de Raul.

– Dá pra namorar outra hora? Tem gente tentando dormir.

Raul sorriu.

– Acho melhor a gente dormir.- eu falei

– Quer que eu te ajude a ter sonho bom?

– Quero sim.

Raul segurou minha mão e eu logo dormi, tive os sonhos mais lindos que alguém poderia ter. O restante de minha noite foi tranquila com Raul me passando segurança. Dormi até quase meio dia. Quando acordei Raul estava sentado do meu lado.

– Bom dia Alice.

– Bom dia Raul... Você ainda está segurando minha mão. Faz tempo que você tá acordado?

– Mais ou menos. Umas horas... É que eu não queria que você tivesse pesadelos de novo, então fiquei aqui.

– Muito obrigada.- disse dando um beijo em sua bochecha

– Por nada, precisando...

– Onde está Raul?

– Desenhando na sala.

– Vamos pra lá?

– Como quiser.

Saímos do quarto.

– Até que em fim. A noite foi boa?

– Cara você não tem nada melhor pra fazer não?

– Além de fugir de um cara que pode me matar? Não, minha vida é um completo tédio, haha. E vocês foram os sortudos que eu escolhi pra perturbar.

– Aff... Bom dia Levi.

– Bom dia Lice.

Que fofo.

– O que você tá desenhando?

– Nossa família.

Família. Éramos uma família agora.

– Deixa eu ver.

Raul, ele, Marcelo e eu de mãos dadas.

– Que lindo.

– Quer dizer que a aberra...

Dei um tapa na cabeça de Marcelo.

– Ai!

– Pra aprender a não falar besteira.

– Tá bom. Deixa eu ver o desenho.

Marcelo olhou por alguns segundos, e depois sorriu.

– Ninguém nunca me incluiu na família. Vem, vamos lá fora que eu quero te mostrar uma coisa.

– Tá, são melhores amigos agora.- Raul falou

– Vou falar com Dr.Alfredo, nós precisamos mesmo ir embora.

– Tá bom, eu vou preparar um lanche pra viagem.

– Ok.

Fui até o laboratório, Anderson e Rogeslane discutiam com o cientista. Não sou de ouvir a conversa dos outros mais eu achei que o assunto fosse do meu interesse... E era.

– Você devia ter dito pra ela o nome de sua verdadeira mãe.- Rogeslane disse

Mãe. Minha mãe.

– Pra quê? Não sei nem se ela está viva, não vamos perturbar Alice com isso.

– Isso não está certo pai. Se fosse eu não importaria se estivesse viva ou morta. Eu iria querer saber.- Anderson falou

– Não, não e não! E vocês dois não se envolvam nessa história, não queremos causar mais dor pra ela.

Não me contive.

– C... C... Como pôde esconder isso de mim? Você soube o tempo todo sobre quem era minha mãe... Por que não me contou? Minha vida...

– Mas você disse que não iria querer saber.

– Se coloque no meu lugar, como se sentiria se fosse tratado apenas como um projeto cientifico e não tivesse vestígios de sua origem?

Ele ficou sem palavras.

– Muito mal né?

– Seu pai me pediu...

– Ele não é meu pai! Ele só se aproveitou do meu poder. E afinal de contas, vocês são todos iguais, um bando de seres inumanos e sem coração! Brincaram com nossa existência... Eu odeio todos os criadores do PM.

– Calma...

Ela ainda tinha coragem de me pedir calma. Suas palavras tinham efeito sobre mim.

– Fique calma Alice, respira fundo.

Não sei o que aconteceu eu me acalmei, há é claro ela podia controlar emoções além de atravessar as paredes! Já iria ficar com raiva novamente mas não consegui.

– Tudo bem, não, não tá nada bem, eu estou sendo cruelmente manipulada e ainda não consigo sentir raiva, dá pra parar de me controlar.

– Espere, eu vou lhe contar toda a história do seu nascimento, mas você precisa sentar.

***

Eu fui programada quando eles decidiram que queriam uma arma extremamente forte e que conseguisse vetar o poder dos outros mutantes e adquiri-los sem matar. Eles precisavam de uma boa reprodutora, como a pesquisa era extremamente confidencial, não podiam buscar ajuda de pessoas de fora do circulo cientifico, então lançaram o desafio para todas as mulheres que faziam parte do projeto. A única que aceitou foi ela a "cientista maluca" que já havia sido barriga de aluguel do rastreador, isso mesmo, o tal Jeff, ele é meu... Irmão. Em pensar que quase o matei, não sei se fico feliz porque não sou sozinha no mundo ou se fico triste por ele ser um cara do mal... Mas voltando ao assunto, seu nome era Keybe Melodee, eu pareço uma cópia dela, só que menor, quase chorei ao vê-la, era como estar me olhando no espelho do futuro, como eu seria daqui a vinte ou trinta anos... Questionei Dr.Alfredo sobre os motivos que levariam uma mulher em sã consciência a fazer algo desse tipo. Sua resposta não me foi satisfatória.

– Amor pela ciência, ela confiava no sucesso do projeto.

– Ela não pensou em mim nem por um segundo?

– O plano dela era criar você e participar sempre de seu desenvolvimento...

– Já chega. Eu não quero mais saber de nada. Vou embora.

Chorei, só por dentro, não derramaria uma lágrima sequer por aquela mulher.

– Não vá, não saia assim precipitadamente.

– Precipitadamente não, já devia ter ido embora a tempos. Adeus... E obrigada por tudo.

Sai da sala e ele ficou se perguntando se fez o certo em me contar tudo, e com tantos detalhes, só depois me dei conta de que havia me esquecido de uma pergunta importante:

"Quem era o meu pai?"

Não voltaria para o laboratório.

– Raul- chamei

– O que foi?

– Podemos ir embora agora?

– Você está bem?

– Não muito.

– O que aconteceu?

– Eu descobri tudo, sobre o meu nascimento, minha mãe... Se é que ela pode ser chamada assim.

Raul veio me abraçar. Me abandonei em seus braços.

– Vai ficar tudo bem.- ele disse




































































































































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