Esse pântano é muito lamacento e uma neblina não muito densa paira no ar. Árvores circundam a área de combate e nenhum dos jogadores se moveu ainda. Vejo que a garota dos Povan está um pouco assustada e com nojo da região que foi escolhida para eles lutarem.

“Patricinha”, penso. A garota dos Orlin é a primeira a se movimentar. Parece que ela avistou algo. Ela anda meio sem jeito pela lama grudenta até uma árvore pequena em relação às outras. De dentro da árvore ela retira algo que se parece uma bola cheia de espinhos que está presa a uma corrente. Ela dá um sorriso e se vira.

Todos que antes estavam parados agora já se movimentam cautelosamente pelo pântano.

Poças d’água estão por toda parte, e o garoto dos Tavan vasculha uma delas e tira de lá uma adaga. Ele sorri e olha para todos os lados verificando se alguém estava a espreita.

A garota dos Wenon sobe em uma árvore e lá ela fica. Parece que não está procurando lutar.

De repente ela olha para baixo e dá um salto. Percebo então que ela estava seguindo a garota dos Povan esperando o momento certo para atacar. Quando ela cai em cima da outra, as duas rolam pelo chão coberto de lama tentando imobilizar uma a outra. A Wenon consegue dar uma chave de braço na Povan que grita de dor.

– Gostei dela – Diz Bart ao meu lado.

Dou um sorriso e volto meu olhar para a tela.

A Wenon torceu o braço da Povan quebrando-o. Ela sobe em cima da outra garota e quebra seu pescoço. O corpo agora inerte da garota dos Povan se desmaterializa e segundos depois ela levanta assustada de sua cadeira aqui no salão. Triste ela sai da ala onde estão as cadeiras. O jogo continua.

O Tavan que havia encontrado a adaga está andando a espreita do Calin que está mexendo em uma poça. Parece que ele também encontrou algo.

O Tavan segue andando por trás do Calin que continua vasculhando a poça e se prepara para uma investida fatal. Só que segundos antes de acertar o Calin, ele se vira jogando água barrenta no Tavan que se desequilibra e cai. O Calin pula sobre ele tentando tirar a adaga que estava presa à sua mão.

O Tavan luta para se soltar do Calin que lhe segura as mãos.

Logo, a garota dos Orlin aparece e lança sua bola cheia de espinhos nas costas do garoto dos Calin. Mas antes da bola o acertar ele escorrega nos braços do Tavan e cai na lama.

– Sortudo. – Diz Jadson.

Ela investe novamente contra o Calin que rola para o lado fazendo-a errar novamente. O Tavan tenta se levantar, mas escorrega e cai. A garota dos Orlin solta uma gargalhada.

Ela se aproxima mais um pouco girando sua bola espinhada e a lança no Calin novamente mas dessa vez ele não consegue se esquivar. O Tavan aproveitou desse momento para fugir. O corpo do Calin começa a se desmaterializar. A garota dos Orlin começa a procurar alguém para eliminar e terminar logo com essa arena.

A Wenon está novamente em cima de uma árvore. Ela observa um pouco e avista a garota dos Orlin que vem em sua direção mas ainda não percebeu que ela está em cima de uma árvore só esperando para atacar. A corajosa Orlin continua andando e quando ela passa debaixo da árvore onde a Wenon estava, a Wenon pula. As duas rolam pela lama e a bola cheia de espinhos da Orlin solta de sua mão e cai perto da árvore em que a Wenon estava.

As duas lutam dando socos e tapas uma na outra tentando fazer com que a oponente fique desnorteada, mas ambas querem vencer e não desistem e continuam batendo uma na outra.

Elas se levantam e a Wenon está mais próxima da bola de espinhos. Ela começa a correr na direção do objeto e a Orlin a acompanha bem atrás dela.

A Wenon consegue pegar a bola, mas a Orlin a chuta nas costas fazendo-a bater com a cabeça na árvore. A Wenon cai levando a mão a cabeça e solta a corrente que segura a bola. A Orlin pega a bola e passa a mão por toda a corrente tirando o excesso de lama. Ela sorri e dá o golpe final na Wenon que se desmaterializa logo após o ataque.

A Wenon sai de sua cadeira indignada por ter perdido.

Saem vitoriosos da segunda arena a Orlin e o Tavan.

– Faremos uma pausa agora. Aproveitem para conversar com seus parceiros e parceiras de grupo. – Diz Dr. Castro.

– Camila, venha aqui! – Digo para minha pupila.

– O que foi? – Ela pergunta jogando os cabelos para trás.

– O que você está achando das arenas e dos jogadores que já passaram? – Pergunto esperando ansiosa a resposta.

– Estou me sentindo cada vez mais confiante. Espero poder vencer quando for escolhida para entrar na arena. Só não quero que minha arena seja num local como este que foi a segunda. – Ela responde.

– E aí pessoal. – Diz Anderson nos cumprimentando.

– Bem esse é o Rodrigo. Ele tem 19 anos e está cursando Engenharia Civil. Agora sim, vocês estão devidamente apresentados.

Meu coração bate mais rápido quando troco olhares com Rodrigo. Ele é realmente muito atraente, mas não posso me deixar levar pelas aparências. Eu amo o Saulo e mais ninguém.

– Oi. – Rodrigo diz.

– Oi. Tudo bem? – Diz minha pupila.

Eu fico calada. Saio dali de perto. Nem um “Oi” eu fui capaz de dar. Espero que isso não se torne uma paranóia.

Jadson aparece com Grazielle.

– E aí. Gostou do desenvolvimento da minha pupila na arena? – Jadson pergunta com um ar de deboche.

– Claro. Ela foi incrível. Parabéns Grazi. – Respondo tentando ignorar a sensação de náusea que começo a sentir por causa da minha “queda” por Rodrigo.

– Obrigada. – Ela responde.

– Bem, vamos chamar os outros e nos reunirmos. Temos que conversar sobre o que vai acontecer daqui pra frente. Um de nossos quatro pupilos já está nas oitavas. – Diz Jadson.

– Tudo bem. Vá chamá-los que eu te espero aqui. – Digo.

– Ok. – Ele responde e depois sai. Grazielle vai com ele.

Dr. Castro se levanta.

– Decidi que por hoje é só. As arenas continuarão amanhã.

20 minutos depois ele volta com o resto do grupo. Saímos do saguão e voltamos para o hotel.

Ao chegar lá seguimos para o refeitório e sentamos a mesa e conversamos por horas como nos velhos tempos.

Dentre essas conversas, foram discutidas estratégias e nós pudemos conhecer nossos pupilos melhor. Estou exausta e quero dormir. Despeço dos meus parceiros de time, dou um beijo em Saulo e vou para o meu quarto.

Tenho a sensação de que minha pupila estará em uma arena amanhã. Espero que ela não perca. Chego ao meu quarto, abro a porta, entro, fecho a porta e deito na cama. Agora tudo está escuro e adormeço.

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