A Loucura De Cthulhu escrita por Nyarlathotep


Capítulo 1
O chamado latente


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente quero agradecer a todos que lerem essa fic, pois serve de incentivo para que eu continue a aperfeiçoar minha escrita.
E antes de mais nada quero dizer que essa fic não agradará a todos, e nem a muitos. Mas espero que ela atinja meu alvo principal, que é um pequeno grupo de pessoas que conseguirão entendê-la, se identificarem com ela, assim como o Círculo de Lovecraft. Odeio admitir isso, mas minha escrita não está em sua melhor forma aqui, mas mesmo assim, espero que essas poucas pessoas, consigam sentir a essência do que escrevi. Sem querer me gabar, mas eu posso escrever melhor que isso, e verão se eu tiver a oportunidade de mostrar-lhes outras fics e contos, eu poderia dar uma melhorada, até porque consegui ter acesso às obras de H. P. Lovecraft enquanto escrevia essa fic, mas decidi não estender mais o tempo. Decidi escrever isso, no mesmo dia em que tive uma real noção da magnitude de Cthulhu e os Antigos. Entender isso foi um impacto forte na minha sanidade, e aproveitei esse momento em que eu estava no limiar da loucura, pois em vão tentei ter uma noção mais abrangente sobre o mundo onírico Lovecraftiano. Assumo que o mais impactante é tentar distinguir o que é fictício do que é real nessas obras, pois podemos ver traços semelhantes em tantas outras culturas, e até agora ninguém provou que sonhos são apenas coisas do nosso subconsciente. Mesmo sendo uma fic pequena, admito que ela me custou algum esforço, pois não dá para falar sobre a Loucura de Cthulhu, sem provar pessoalmente uma pequena porção da mesma. Foi um pouco assustador, mas gratificante. E mesmo depois de tantos anos, ainda resta aquela dúvida : Real ou ficção? Será que foram apenas sonhos, ou algo mais oculto? Pra falar a verdade, são sonhos... Sonhos de Cthulhu.



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O dia estava quente, provocando aquele zumbido típico na areia e no concreto escaldante. Eu estava em um parque, observando as crianças que ali brincavam, enquanto seus pais descansavam nos bancos e conversavam.
Há duas semanas eu havia ganhado um prêmio graças a um projeto usando os estudos de Freud como base. Para mim em particular, tudo que existia além daqui, era apenas uma forma das pessoas de fugirem de seu cotidiano, não enlouquecerem diante da rotina maçante, visto que todos têm uma consciência de que não são nada comparados à grandeza do universo. Esses tabus e dogmas, totens e preceitos que as pessoas impõem sobre si mesmos. Escravos de seus próprios demônios, vivem enjaulados com medo de suas próprias feras. Como podem crer em algo lá no alto? É totalmente contra o bom senso científico. O calor aumenta, não há vento nem na copa das árvores, e também não há nuvens no céu, apenas o tédio mortal e enlouquecedor. Me levanto e vou para casa, minha cabeça esquentava e começava a doer. Chego em casa - moro só - e vou até o quarto, pegar uma toalha, ao passar por lá, vejo que havia um livro na cabeceira da cama, cujo autor era Lovecraft, conhecido pelo seu modo de escrita único e aterrador. Admiro sua imaginação, mas ele era visivelmente um homem perturbado pelo seu subconsciente frágil e turvo. Entro no banheiro e tiro a roupa, ligo o chuveiro e deixo que a água caia sobre mim e me refresque. O calor era tanto que cogitava a ideia de ficar ali por pelo menos uma hora. Fecho os olhos, e tento afastar os pensamentos ruins da cabeça, até porque não tinha nada do que reclamar. Já havia lançado alguns livros, e recebido muitos elogios da imprensa. "Onde estão seus deuses agora Lovecraft?" sorrio ao imaginar minha futura carreira triunfante. - Eu estou além dos seus deuses...

Fecho os olhos, revistando meus pensamentos e deixo o silêncio pairar no ar, quebrado apenas pelo som relaxante da água fresca, mas houve um momento que havia um pensamento que eu não pude alcançar, estranhei e decidi relaxar ainda mais. Me via no meu próprio subconsciente, perdido atrás de algo desconhecido, mas que estava em mim. Era como se esse pensamento estivesse enterrado, talvez por ser terrível demais, talvez por ser inútil, mas eu precisava saber o que era. Fui mais a fundo, ignorando os outros pensamentos que insistiam. Ele estava perto, eu sentia. Precisei me desligar da realidade, e me soltei nos meus devaneios, finalmente havia encontrado...

"Cada deus traz sua própria loucura. Para conhecer o deus e ser aceito por ele, e sentir seus mistérios, bem, você tem que deixar que a loucura seja derramada sobre você e através de você."
De súbito volto à consciência como um clarão e sem pensar, afasto aquele pensamento do foco. Fiquei aturdido e olhava para as paredes, uma paranoia havia se formado naquele instante, sentia como se alguém estivesse me olhando. Desligo o chuveiro. Não queria nada mais se derramando sobre mim hoje...

Me enxugo e ponho uma roupa leve e branca. O apartamento não era grande, mas era bastante confortável. Me deito na cama e observo o teto, aquele pensamento havia me intrigado, de onde eu tirei aquilo?
Os pensamentos, nossos próprios pensamentos, estamos acostumados a ouvi-los com uma voz própria, mas o que me intrigou, foi que esse pensamento havia surgido com uma voz diferente, uma voz que não pertencia ao meu consciente. Fecho os olhos e relaxo, levando aquele fato para o esquecimento. Após alguns minutos, me viro de lado e abrindo os olhos, vejo o livro de Lovecraft do lado da minha cama. O encaro por alguns segundos e o pego, abrindo-o em qualquer folha. Para falar a verdade nem sabia porque tinha gastado dinheiro comprando isso. Era tudo tão... absurdo. "Cthulhu... o que você tem de tão especial que fascina tanto as pessoas? Não passa de um alien submerso".

Me levanto após algum tempo de leitura, admito, Lovecraft sabia perfeitamente fazer uma salada de terror e tensão, além de criar um clima sombrio e depressivo. Já estava anoitecendo quando vou até a janela do apartamento, ver as pessoas que transitavam por ali. Precisava jantar, pois... eu não havia almoçado...? Mas, como eu esqueci de almoçar? Me viro e vou até o quarto novamente, realmente eu não tinha almoçado. Olho para cama e ponho as mãos no bolso "peguei no sono e nem percebi". Sim, era isso, havia dormido nesse meio tempo. Logo percebo que meu estômago roncava. Desço o prédio e decido ir até uma lanchonete que havia por ali, era pequena, porém tinha uma comida divina.

Chego no local e abro a porta, que balança o pequeno sino que ficava em cima da mesma. Era uma lanchonete comum, vou até o balcão e peço alguma comida, e logo em seguida me sento em uma mesa, olhando para fora, além das grandes janelas do local que desciam do teto até a altura da mesa. Não conseguia entender como algumas pessoas conseguiam sobreviver com tão pouca informação e intelecto, de como elas simplesmente se abstinham em suas vidas pacatas e monótonas, onde existia apenas o caminho de casa para o trabalho, e vice e versa.

As obras de Lovecraft sempre deixaram claro que as pessoas sempre estiveram a um passo da bestialidade. Eu concordava em alguns pontos com isso... mas, porque estou pensando tanto nisso? Até cedo eu via Lovecraft como um louco, e agora estava concordando em algumas coisas com ele. Estranho...

Meus pensamentos são interrompidos quando um senhor vem me entregar meu pedido. Agradeço e sorrio para ele, mas ele encosta as mãos na mesa e olha para a rua, pensativo. Fito suas mãos, sem entender o que ele estava fazendo. Então ele começa a falar.

– Parece muito simples dizer que apenas ouvi o seu chamado, mas eu ouvi. Deuses geralmente não têm muito a dizer, mas vale a pena escutar o que eles dizem.

Minha expressão ficou pasma e perdida ao ouvir aquilo, o que ele queria dizer? Olho para ele e balbucio, isso precisava ser apenas coincidência. - O... o que disse?

Ele sem olhar para mim, assume uma postura ereta e anda em direção à porta da lanchonete, abrindo-a e andando pela calçada, até ficar de frente para minha mesa. Estávamos separados apenas pela janela de vidro do restaurante. O tempo todo o seguia com os olhos.

Ele anda até ficar na rua, então finalmente se vira para mim, o que faz com que eu sentisse um arrepio sutil na nuca. Ele balbuciava algo, mas eu não entendia. Ele continuou balbuciando a mesma palavra, até que decidi ir aos poucos me encostando na janela, e quando eu já estava com o nariz contra a janela, estreito o olhar e finalmente consigo entender o que ele queria dizer, então repito baixo - Sonhos... - nesse momento um grande caminhão se choca contra ele, fazendo com que seu sangue aspergisse na janela inteira. Dou um pulo para trás, em estado de choque. As pessoas imediatamente correm para fora, em direção ao local onde ele estava até alguns segundos atrás. Observo tudo aquilo com horror. Mas o que diabos acabara de acontecer aqui? Um velho louco me diz uma palavra e simplesmente se mata na MINHA frente? Aquilo com certeza me abalou, pois senti um forte zumbido na minha cabeça e uma tontura, seguida de uma visão turva. Caio no chão, as luzes brilhavam mais forte e me cegavam. Eu estava sem nenhuma noção de direção. Apalpo o chão até encontrar os pés da mesa, e tento me erguer, foi como se uma granada tivesse explodido a poucos metros de mim. Ponho a mão na cabeça que latejava, e esbarrando nas pessoas, saio dali.

Começo a andar rapidamente, sem olhar para os lados, não fazia ideia da direção que estava tomando, mas já passar por ali tantas vezes que meu inconsciente já havia decorado o caminho para meu apartamento.

Após alguns minutos, chego no apartamento, ainda com uma expressão atordoada. Vou até o elevador e aperto o botão várias vezes seguidas, até que ele se abre. Entro rapidamente e aperto o botão correspondente ao meu andar, e me encosto no canto.

"Mas o que diabos foi aquilo? Céus..." minha cabeça girava e as palavras ditas por aquele homem martelavam minha mente. Me sentia à beira de um abismo, pendendo para a queda certa. Olho para os cantos do elevador. Porque essas paredes estavam me olhando? Porque elas não paravam de me encarar e não me deixavam em paz?

– Parem... parem de me olhar! Parem de se fechar! Não quero que me esmaguem! - a claustrofobia antiga - que eu há muito superei - voltou com uma força estupenda. Sinto que minha cabeça iria explodir se eu não saísse dali. E após alguns segundos que se estenderam em horas, a porta se abre e saio daquele elevador engatinhando até a porta do meu apartamento, onde me encosto. Olho para o elevador que ainda não havia se fechado. Ele parecia uma besta de boca aberta prestes a me engolir. Imóvel e metálico, era assustador. Abro a porta com alguma dificuldade e submerjo na escuridão do meu apartamento.


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Notas finais do capítulo

Não sei se já perceberam, mas o/a personagem principal ainda não teve seu sexo, nome ou aparência descrito na história, e continuará assim até o fim, fiz isso para que pudessem vocês mesmos, criar seu próprio personagem, pois vocês irão encaixar o perfil que melhor os agrada.



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