Uma Grandeza Absoluta escrita por Kalhens


Capítulo 10
Mulher=Problema


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem pelo título, era necessário xD
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/341220/chapter/10

Acordar do lado de quem se ama é um dos maiores clichês da cena que as pessoas imaginam para ''felicidade''. Com o braço da pessoa passando por cima da sua cintura, então, é quase que a imagem dos sonhos que se quer ver em qualquer manga romântico, independente do gênero.

Eu só não fazia questão dos fios multi-coloridos pinicando meu nariz, mas tudo bem. Afinal, essa cena também indica uma vitória minha sobre o ''Lucas-de-cabelo-preto'', como aquele idiota costuma falar. Uma vitória sobre o passado.

Acordar poético e melodramático. Sempre.

Hoje é o último dos três dias da Larissa aqui comigo.

Não se se é por ela estar aqui mas, desde aquele dia, Matheus não deu mais sinal de vida. Não que isso realmente me preocupe. É uma coisa boa, apesar de ser... Um disparate. Depois de todos os problemas que me arranjou e de toda a encheção de saco e abusos que ele fez, simplesmente sumir é meio... Deselegante.

Que fazer. Se isso fosse um livro ou filme, este seria o momento da reviravolta. Aquele em que, depois de uma sequencia de cenas mais ou menos fofas e bonitinhas algum evento de aparência banal, como uma batida na porta, culminariam em uma avalanche de coisas, emoções e diálogos que fariam o público dizer ''wow'' e então, depois de uma pequena felicidade, chegaríamos ao final.

Feliz ou não.

Não que eu esteja esperando por algo assim.

Eu tenho a Larissa comigo.

Eu já deveria saber que ia acabar desse jeito. Desde o começo. De novo. Ele fugiu, exatamente como da última vez. A diferença é que agora eu não espero que ele volte. Eu não vou esperar que ele se arrependa... Se bem que ele se arrependeu no meio do caminho. Ou será que ele só queria brincar de novo?

Do meu lado Larrisa se ajeitou, me abraçando mais forte.

Acordei-a com um beijo na testa. Ela ia embora na hora do almoço. Levantei, botando uma calça de algodão comprida, a minha blusa no corpo dela. Infelizmente eu não era aquele tipo de namorado alto e forte cuja roupa virava um vestido na namorada. Nela parecia só... Uma blusa mesmo.

Íamos fazer um café da manhã de hotel como despedida. Ela sorria meio besta, os cabelos apontando para todos os lados. Estávamos parecendo um comercial desses que passa entre uma novela e outra na TV Globo.

Para não perder a linha do clichê, a minha campainha tocou enquanto eu mexia os ovos na frigideira. A Larissa reclamou alguma sobre eu estar semi-nú, mas não deu tempo, mandei que el assumisse o controle da frigideira.

– Belos peitorais.

– Pela quantidade de mordida, a noite foi boa, hein?

….Maravilha. Deu pra ouvir minha futura ex-namorada bufando atrás de mim, querendo jogar os ovos mexidos na garota que deu um tapa na minha barriga com as costas das mãos.

– Bom dia, Jéssica e...

– Mariana. Prazer, acho que a gente ainda não se conhece.

Não mesmo. Eu lembraria de uma menina com essa cara de ''você está transformando meu oxigênio em carbono para nada, seu merda''.

– Então... O que vocês fazem aqui a essa hora da manhã? Não tem aula não?

– Normalmente a gente tem. Não somos que nem esse povinho de humanas que pode acordar as dez da tarde em plena terça feira, sabe. Mas nosso professor sumiu.

– É. Simplesmente não apareceu. Não que eu me importe. Odeio cálculo numérico. E ai a gente resolveu aproveitar o tempo extra para resolver um problema de mútuo interesse.

– Que seria...?

– Olha- a tal da Mariana encostou no meu ombro, fazendo uma cara séria. Muito contato físico aqui, licença- pede pra sua noivinha botar uma calça e convida a gente pra entrar? Não queremos discutir a homossexualidade alheia aqui no corredor, sabe.

''Homossexualidade alheia''.

Pelos Deuses. Como eu odeio os clichês.

A Larrisa estava do meu lado, penteada e arrumada. Convidou as duas para entrarem, só lamentando de modo nem tão sutil que elas tinham chego bem na hora que a gente ia comer.

O cheiro de ovos pairava no ar.

Jéssica me olhou com uma cara de ''mau gosto da porra'' quando passou.

As duas mocinhas de exatas (certeza que a Mariana faz alguma dessas engenharias) sentaram nos espaços vagos do meu sofá. Tentei convencer a Larissa a ir na padaria enquanto a gente conversava, mas ela me respondeu sentando do modo mais floreado possível na cadeira da minha pseudo-cozinha-que-na-verdade-é-parte-da-sala.

Mulher dá tanto trabalho...

– Então, Lucas- a Jéssica unia as mãos para falar, como se estivéssemos em uma reunião- o fato é, a gente precisa que você dê um jeito no Matheus.

Direto ao ponto, como sempre.

– E o que o meu namorado tem a ver com isso?

A Larissa se meteu. Socorro.

– E eu sei lá, mas a Jéssica disse que a culpa dele ter ficado encarando o giroscópio com mais cara de retardado do que o normal ao invés de coletar os dados era desse tal de Lucas. Por isso eu resolvi vir junto pra olhar da cara do cidadão que está atrapalhando meus relatórios de física experimental.

O que raios é um giroscópio?

– Que argumento mais estúpido. Por que vocês não vão achar o que fazer?

Minha namorada é uma barraqueira. Sempre esqueço.

– O quê? Pra ter que aguentar o senhor ''onde você está?''. Mulher, a gente teve que mandar ele ir se fuder pra conseguir vir aqui sem ele grudado! Se pelo menos ele entrasse na depressão e ficasse sozinho como qualquer pessoa normal, tudo bem, a gente aguentava, mas hoje ele me pediu um abraço porque ''estava carente''. Eu não preciso de um marmanjo de vinte anos babão atrás de mim!

E isso é culpa minha?

– Pior sou eu. A gente faz três fodendo matérias juntos, duas delas precisam de trabalho em grupo. Mas sempre que eu falo com ele é só ''ain, desculpa, não estava prestando atenção'', ''ain, desculpa, eu não queria ter feito isso'', ''ain, desculpa, sou gay demais para e concentrar nessa integral''.

… Integral é coisa de... Cálculo?

– E de onde as senhoritas tiraram que isso tem a ver com o Lucas? O menino pode estar tendo qualquer tipo de desilusão da vida, pode até ser com uma guria que vocês nem conhecem!

...Eu queria me defender também... Mas ok, ela está fazendo um ótimo trabalho sozinha...

– Porque ele fica falando o nome do Lucas enquanto dorme! Isso é tãaaao gay- obrigado, Jéssica, tá ajudando muito – E, bom, até onde eu saiba esse Lucas aqui é o único que ele conhece.

Ótimo, além de babar e se mexer ele ainda fala dormindo. Tem pessoa mais inconveniente?

– E ai, seu Lucas, será que você pode ajudar a gente? Eu realmente não quero ter que bater na cara do Matheus com meu livro de física de novo.

As duas me olhavam do sofá, de cara amarra e braços cruzados. Larissa não estava lá muito diferente. Todas as três esperando uma resposta, um posicionamento.

Cara.

Mulher dá muito trabalho!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a quem quer que tenha lido :)
Alias, domingo passado eu percebi que minhas aulas voltam nessa segunda, YEY.
Pensa alguém que morreu :)

Beijos,
Kalhens.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Grandeza Absoluta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.