Love Game escrita por Dayara Cabral


Capítulo 8
Realeza Moderna




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Bryce tentava não vomitar no edredom branco de Charlotte. "A centopéia humana" acabara, e ele logo soube que esse filme o perseguiria pelo resto da vida.

Já Charlotte dormia tranquilamente em seu ombro, como uma criança que ficara entediada no meio de um filme sobre pôneis. Só que ela tinha 17 anos e conseguira a proeza de dormir em um dos filmes mais perturbadores que Bryce já tivera a infelicidade de ver.

– O filme acabou? - Perguntou a ruiva, erguendo seus olhos verdes ao despertar.

– Acabou. Graças a Deus que acabou. Nunca fiquei tão feliz ao ver um filme acabando. Quero me casar com os créditos finais desse filme de tão aliviado que fiquei por ele ter acabado. - Disse Bryce, dramaticamente.

– Não exagera. - Charlotte ergueu sua cabeça e encarou o menu do DVD, Bryce ficara tão perturbado com o filme que seu corpo ficara pesado, impedindo-o de levantar.

Ficou tão tenso que nem percebeu que Charlotte usava Chanel Allure. E ele sempre percebia quando ela usava Chanel Allure.

– Que chato, dormi na metade do filme. - Disse ela, pegando o controle. - Posso voltar?

– Nem pense nisso sua sádica cruel! - Bryce arrancou o controle de sua mão, arrancando uma risada de Charlotte.

– Tudo bem então. - Ela se levantou e guardou o DVD, voltando para a cama. - O que achou do filme?

– Fico feliz por ter um jatinho e não precisar pedir informação no meio de florestas.

– Quanta humildade. - Disse Charlotte, pegando um travesseiro e jogando no rosto de Bryce.

– Sou uma pessoa muito humilde. - Ele riu, jogando o travesseiro de volta nela, que se esquivou.

– Com certeza. - Ela riu, se preparando para jogar outro travesseiro.

Mas quando ia jogar Bryce se jogou em cima dela, impedindo-a.

– Nem pense em me acertar novamente.

Ambos riram, mas logo o riso de Charlotte desapareceu. Por um segundo ela olhou para Bryce e não viu apenas seu amigo de infância. Ela viu um homem. E ela era uma mulher.

– Char... - Ele sussurrou de repente, prendendo-a ainda mais em seus pensamentos. - O que você sente por mim? - Soltou antes que pudesse perceber.

Charlotte estava em choque para responder, sabia que continuavam jogando, mas pela primeira vez ela se sentia como se fosse perder.

– Bryce... - Sussurrou de volta, sem saber o que responder.

– Charlotte, querida! - Interrompeu Phoebe, entrando no quarto da filha e se deparando com Bryce em cima dela. Primeiro ficou surpresa, mas logo sua expressão mudou para um sorriso. - Vocês finalmente resolveram assumir o namoro?

– O que? Não! - Gaguejou Charlotte, saída de seu tranze e empurrando Bryce. - Só estávamos brincando. O coitado do Bryce ficou meio com medo do filme que estávamos vendo.

– Ah. - Suspirou a Sra. Lewis, decepcionada. - Tudo bem.

– Não é medo, é mais repulsa. - Bryce tentou se explicar. - Você tem que proibir Mason de comprar essas coisas.

– "A centopéia humana"... - Phoebe leu a capa do DVD. - Não tenho certeza se esse filme é adequado para crianças.

– Até que enfim alguém com senso. - Bryce murmurou, aliviado.

– Filha, tenho uma coisa para você. - Disse Phoebe, passando um manuscrito para a filha.

– "Realeza moderna - Os Lewis"... - Charlotte leu a capa do manuscrito. - O que é?

– É sobre o novo filme de seu pai. - Disse a loira, sentando na ponta da cama.

– E por que esse nome, é sobre... Nós? - Perguntou a ruiva.

– Sim... Filha, ele está falando sobre você e... Você sabe.

– O caso com Peter? - Perguntou a garota, sem muita importância.

– Não. - Os olhos azuis de Phoebe pareceram maiores e mais úmidos. Ela ia chorar. - Apenas leia a página 204.

Dito isso, Phoebe se retirou. Era doloroso continuar ali.

Charlotte correu os olhos pela página instruída, logo parando para morder seus lábios, contendo a raiva.

– O que ele está pensando? - Estourou a garota, uma lágrima perdida correu pelos seus olhos.

– Char? O que é? - Perguntou Bryce.

– "Aquilo sobre o que não falamos."

– Ah. - Fez o garoto, arrependido de ter perguntado.

Quando Charlotte tinha 8 anos, antes do Holocausto Canibal e do "Caso com Peter", chegou chorando na antiga mansão dos Miller. Vestia um vestido branco com gola peter-pan e tinha seus cabelos ruivos presos em duas maria-chiquinhas. Ao ver Bryce o abraçou e começou a chorar.

Por sua vez, o garoto ficous sem reação, limitando-se a abraçá-la. Assim que a garota se acalmou ele puxou seu rosto e perguntou sobre o que tinha acontecido, ela se recusou a dizer. Ele não insistiu nisso, o que chamaram apenas de "Aquilo sobre o que não falamos."

Ao ver a amiga tão atordoada novamente, ele sentiu um aperto no coração.

Quando deu por si, Charlotte estava falando com o pai no celular.

– Pai! Como você pôde fazer isso comigo? - Gritou a garota assim que Mason atendeu.

– Filha... Pelo jeito já sabe. - Disse o pai, sem dar muita bola. Por trás de sua voz poderia se ouvir uma música. Quando não estava em casa ele gostava de passar um tempo ajudando atores iniciantes na Broadway.

– Pai! Como você pode querer expor sua filha desse jeito?

– Eu já tinha combinado com sua mãe desde quando você era um bebê. Nem nós sabemos a verdade sobre isso, e queremos descobrir.

– Por que não fez um letreiro enorme na Times Square? Seria bem mais discreto.

– Filha... Entenda.

Então Mason desligou.

– Aquele velho! - Resmungou Charlotte, arremessando seu celular o mais longe que conseguiu.

– Char? - Bryce tocou seu ombro, fazendo com que ela se virasse, revelando uma cara assustadora.

– O que é?

Tudo bem, essa cara estava ganhando da Centopéia Humana.

– Quer ver o filme de novo? - Arriscou. Tudo para não ver aquela cara novamente.

– Não! - Gritou a garota, dando ainda mais medo.

Bryce então a puxou pelo braço, voltando a posição que estavam antes da mãe de Charlotte entrar no quarto.

– Se acalme. - Disse ele, como se estivesse falando com uma criança.

– Me acalmar? - Protestou a ruiva, mas logo Bryce passou a mão em seu rosto, impedindo-a de ficar brava.

– Calma... - Sussurrou. Dessa vez, Charlotte apenas assentiu.

Por um minuto ela se sentiu protegida, como quando ela chegou chorando na casa de Bryce quando pequena. Ela se sentia leve. Se sentia bem.

– Bryce... - Sussurrou, quase sem voz.

– Preciso ir agora. - Ele sorriu ao ver que ela tinha se acalmado. - Me chame se precisar de algo.

Ainda sem voz, Charlotte assentiu com a cabeça. Parecia ter se esquecido do que a aborrecera.

– Até mais, Char. - Bryce se aproximou e deu um beijo em sua testa, saindo do quarto em seguida.


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