Charlotte acordou com a empregada deixando um pacote em sua mesa, ao qual ela foi abrir rapidamente. Uma ex empregada de Bryce que ainda tinha o uniforme tinha o emprestado para Charlotte, o que seria perfeito para entrar no hotel Miller sem ser reconhecida. Claro, por ser a melhor amiga de Bryce Miller e filha de seus pais era só sorrir para a recepcionista que poderia entrar automaticamente, mas queria surpreender Bryce de forma que ele não resistiria.

Após o banho vestiu o uniforme, que ficara perfeito em seu corpo, bem melhor do que muita empregada que ela via no hotel. Por sorte a primeira mudança que a mente pervertida de Bryce Miller fez no hotel assim que o assumiu foi mudar o uniforme das camareiras para uma versão mais curta e cheia de babados.

- Filha? - Phoebe entrou no quarto, analisando Charlotte. Pensou em dizer alguma coisa sobre o figurino ousado da filha mas mordeu os lábios, os jovens eram loucos.

- O que foi mãe? - Perguntou a ruiva, passando várias camadas de perfume em seu pescoço.

- Hoje é domingo, quer que Naomi prepare um almoço especial?

- Não, vou almoçar no Miller hoje. - Disse a garota, sem demonstrar muito interesse.

- Ah. - Phoebe fez, sem conseguir conter a felicidade. - Sei que pergunto isso todos os dias, mas falta muito para vocês começarem a namorar?

- Falta mãe. Falta uma vida ainda.

- Não seja tão cruel.

Charlotte jogou o celular e a carteira na bolsa Chanel e calçou um par de loboutins, saindo pela porta.

- Uma empregada comum não usaria Chanel e Loboutins.

A garota ignorou a mãe, saindo pela porta do quarto.

Chegou no hotel, sentindo a adrenalina de quem estava prestes a fazer algo errado. Entrou pelas portas dos fundos e subiu as escadas até a área de serviço, onde vários carrinhos haviam sido preparados para servir os hóspedes.

Checou seu relógio, 08:20. Ótimo, Bryce não acordava antes das 09:00 aos domingos mesmos. Dê poder a um garoto e ele se torna apenas mais um preguiçoso rico herdeiro de uma empresa bilionária.

Pegou um carrinho e foi até o elevador, recebendo os olhares dos hóspedes. Tudo bem, ela era bonita de mais para ser uma empregada, e a maioria lá já tinha a visto nas revistas ao lado de Phoebe ou Mason Lewis. Ótimo, acabou seu desfarce perfeito.

Chegou no quarto de Bryce, ouvindo uma música que reconhecera como "Bad Things", e com certeza ele não estava vendo True Bloods.

- Bom dia senhor Miller. - Disse ela entrando no quarto, com um sorriso em seu rosto ao ver que ele não estava sozinho. - E bom dia senhorita "loira misteriosa".

- Oi. - Disse a loira, levantando a cabeça. Ela espremia os olhos para poder enxergar a ruiva, um claro sinal de ressaca.

- Ah. - A ruiva sorriu ainda mais ao reconhecer a mesma loira do bar de ontem. - Natasha Parker da Brown!

- Como você sabe quem eu sou? - A loira finalmente abriu os olhos completamente, ajustando sua visão.

- Bom dia. - O garoto finalmente acordou, no mesmo estado que a loira. - Char? O que faz aqui? - Perguntou ele, antes de notar o que ela vestia.

- Estava conversando com sua amiga. - Charlotte riu, tirando da bolsa alguns comprimidos. - Vou pegar água e você vai beber isso, enquanto o faço mostre a saída para a doce Natasha.

- Que empregada abusada.

Ao dizer isso, Bryce finalmente notou o que a amiga usava. Nunca o uniforme de empregada do Miller ficara tão bem em uma garota.

- Ela tem razão, é melhor você ir. - Ele sorriu para a loira, que parecia indignada.

- Essa empregada manda no poderoso Bryce Miller?

- Empregada? - A ruiva voltou ao quarto, desligando o dvd que agora tocava "Animal" do Neon Trees. - Querida, sou Charlotte Lewis. Grave esse nome.

- Lewis? - Natasha a encarou, reconhecendo-a. - Por que a filha de Mason Lewis estaria trabalhando de empregada em um hotel?

- A vida é chata. - A ruiva respondeu, levando um copo de água e alguns comprimidos para Bryce. - Aqui Bryce querido.

- Pode ir agora, por favor? - Bryce pediu novamente, Charlotte estava tão perto que ele não conseguiria resistir mais tempo. Aquele beijo só serviu para que ele sentisse mais vontade ainda de beijá-la.

- Tudo bem. - A loira se deu por vencida, levantando e se vestindo.

Antes de sair do quarto ela percebeu um pequeno porta-retrato com uma foto de uma garotinha ruiva de olhos verdes abraçada com um garotinho com cabelos e olhos castanhos. É, algumas coisas nunca mudam.

- Pelo jeito já perdi esse round. - Ela disse, apontando para a porta em que a loira acabara de sair.

- Ela não disse as 3 palavrinhas mágicas. - O garoto sorriu, odiando a amiga por ter coragem de usar aquela roupa e parecer tão linda. - Além do mais, estou concentrado em outro jogo no momento.

Antes que Charlotte pudesse dizer qualquer coisa sentiu-se sendo puxada pelo garoto, caindo ao seu lado na cama.

- Entendi seu jogo. - Ele se aproximou, seus rostos estavam tão próximos que Charlotte se sentiu corar.

- Qual jogo? - Ela perguntou, se livrando dele e sentando-se. - Seja mais específico, você sabe que tenho milhões de jogos.

Antes que ela pudesse se afastar foi puxada novamente, dessa vez ele subiu em cima dela, impedindo-a de se mexer. Ela tentou protestar, mas antes que dissesse qualquer coisa seus lábios foram calados com um beijo.

- Específico o bastante para você? - Ele riu, afastando seu rosto.

- Não. - A garota se recuperou do susto, fazendo com que um sorriso cínico nacesse em sua cara. Era sua vez.

Ela puxou a cabeça do garoto mais perto, aproximando seus lábios. Logo estavam se beijando novamente, um beijo que Phoebe pagaria para ver.

- Agora sim foi espicífico.

- Lindo Char, mas quando vai me contar o porquê dessa roupa? - Ele perguntou, nervoso por causa do último beijo.

- Por que, não gostou?

Ela se levantou de forma que o amigo pudesse analisar sua roupa.

- Já esteve melhor. - Ele deu de ombros, se admitisse o quão bonita ela estava não conseguiria se controlar.

- Que pena. - Ela sorriu, passando as unhas bem feitas pelo zíper lateral do vestido. - Se você não gostou, terei que tirá-lo.

- Detestei. - Ele falou rapidamente.

Charlotte desceu o zíper o mais lento que podia, e antes de tirar o vestido desatou o laço do avental, que caiu perfeitamente no chão.

- Senhor Miller? - A voz do tutor de Bryce o chamou, batendo na porta

- Sim, Dereck. - Bryce bufou, decepcionado. Charlotte apenas sorriu maliciosamente e voltou a fechar o vestido, sentando-se na cama como se tivesse acabado de curar o amigo de uma ressaca, como fizera antes.

- Alguém viu a senhorita Lewis em roupas de empregada andando pelo hotel, sabe alguma coisa sobre isso?

Charlotte sorriu e deu um selinho no amigo, indo até a porta logo em seguida.

- Bom dia, Dereck. - Ela abriu a porta, sorrindo amigavelmente.

- Charlotte, a quanto tempo. - Disse o homem, ironicamente.

Dereck Lohin tinha 38 anos e era o sócio de mais confiança do pai de Bryce. Quando o amigo morreu ee foi encarregado de cuidar de Bryce, e de certa forma também virou babá da Charlotte, que vivia grudada no amigo.

- Também te amo, Dereckzinho.

Charlotte voltou até a cama, sentando-se e pegando o copo de água que deixara no criado mudo antes de ser atacada por Bryce. 

- O que faz aqui tão cedo, senhorita Lewis? - Dereck perguntou, aproximando-se também.

- Já que você não cuida o bastante de Bryce para impedir que loiras de farmácia durmam com ele, eu que tenho que limpar a sujeira de manhã.

- E a roupa de empregada?

- É simbolico. - Disse a ruiva, trazendo os comprimidos para mais perto de Bryce.

- Estou muito fraco para tomá-los, pode me dar com a boca? - Ele perguntou, maliciosamente.

- Claro. - Charlotte riu, se aproximando. Quando seus lábios estavam á centimetros de distância ela parou e soltou uma gargalhada. Logo em seguida sorriu e virou para Dereck. - Pode dar as honras, senhor Lohin?

- Claro. - O homem riu quando a garota disse isso, mas quando estava quase colocando os comprimidos na boca ouviram o protesto de Bryce.

- Já estou bom o bastante para tomá-los.

- Ótimo.

Bryce tomou os remédios, sentindo seu corpo mais relaxado, odiava Dereck por estragar a melhor parte do show.

- O que faz aqui, Dereck? - O garoto perguntou, fuzilando Dereck mentalmente por estragar sua felicidade.

- Estava preocupado em deixar a senhorita Lewis sozinha com você, ainda mais nessa roupa.

Dereck agora parecia analisar a ruiva, que continuava sentada ao lado do amigo. Bryce logo percebeu, o velho realmente estava pedindo para apanhar.

- Seu velho pervertido! - Bryce gritou, bravo.

- Ciúmes, Bryce? - A ruiva se levantou, rindo. - Está parecendo que estou mais próxima de ganhar esse jogo, afinal.

- Jogo? Estão jogando de novo? - Dereck perguntou, ele odiava quando eles começavam um jogo novo.

- Não te convidamos para jogar. - Bryce bufou. - Agora pode ir.

- Tudo bem. - O homem foi até Charlotte e pegou suas mãos. - Se Bryce te fizer algum mal não hesite em me contar.

- Tudo bem, senhor Lohin. - Ela sorriu, provocando o amigo.

- Sai daqui! - Bryce gritou, atirando uma almofada no homem.

- Coitado. - Charlotte se deita ao lado do amigo, como sempre fazia.

- Quer dizer que gosta de caras mais velhos? - Ele perguntou, ficando em cima da ruiva.

- Claro. - Ela riu, ironicamente.

- Vamos continuar da onde paramos? - Ele pediu, aproximando seus lábios dos delas.

- Desculpa. - Ela impediu que ele completasse o percurso até sua boca. - Mas me bateu um sono de repente.

Sorrindo, ela se virou, reconfortando-se na cama.

Tudo bem, ela não estava com sono, apenas não queria ser tão extrema com o amigo, o qual ela respeitava de mais.

Ela pôde sentir ele tocando suavemente seus ombros e os beijando, fazendo-a se sentir relaxada. Logo estava dormindo.

Ao perceber que a amiga havia dormido ele fechou os olhos também, ele não queria machucá-la, portanto se sentiu aliviada quando ela o impedira, mas ele não deixaria ela escapar tão fácil assim, afinal ele sabia que já tinha começado o jogo como um perdedor.