Just Give Me A Reason escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 1
Just Give Me A Reason (Único)


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal!
Quanto tempo não é?
Sei que querem atualizações e prometo que estou lidando com isso. Mas já que elas não chegam logo, aqui está uma pequena one-shot para vocês.
Considero, talvez, uma das melhores coisas que eu tenha escrito por aqui.
Espero que gostem e, por favor, escutem a música-título!
Boa leitura :)



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1. Right from the start you’re a thief, you’re stole my heart and I, you willing victim. I let you see the parts of me that weren’t all that pretty and with every touch, you fixed them.


- Ele é um tremendo cretino, Quinn! – Rachel disparou furiosa para a amiga, a loira apenas se encolheu no sofá do apartamento da morena em New York, visivelmente assustada com a explosão de sentimentos. Os olhos de Rachel marejavam, ela estava suspirando pesado e Quinn bem sabia que ela não choraria porque isso feria o seu enorme orgulho. – Qual o meu problema?

Quinn revirou os olhos, Rachel estava naquela maldita técnica de achar que era desnecessária para as pessoas que a abandonavam. A loira colocou-se em pé e segurou o pequeno corpo moreno pelas laterais dos braços, forçando Rachel a olhá-la. Assim que os olhares se tocaram, Rachel se sentiu pequena diante da intensidade verde que a estudava. Respirou fundo e abaixou a cabeça, derrotada. Quinn suspirou e, puxando a amiga para um abraço, disse sabiamente:

- O problema é com ele. Finn sempre te deixou, nunca aconteceu o contrário. Ele sequer teve peito para vir contigo para New York... Mas se quer uma resposta, essa é: você é dependente dele. Ele atua como uma droga em você, você parece viciada nessa ideia de que ele pode ser príncipe encantado.

Rachel engoliu em seco e o soluço significou o início de um choro dolorido. As duas se separaram e Quinn passou o indicador levemente por sobre os olhos da amiga, colhendo as lágrimas com um sorriso conciliador, de quem dá a bronca, mas vem com a cura em seguida. Rachel segurou a mão da amiga junto ao rosto e perguntou:

- Por que você tem que ser tão verdadeira?

- Porque eu sou a sua amiga e quero que você saiba de tudo, se te machuco, é porque quero te consertar depois. – Quinn respondeu séria e afagando a mão da amiga, puxou Rachel para o sofá em que estava anteriormente sentada e, olhando-a nos olhos, continuou. – Sempre foi assim, desde o começo.

- Então você estava sendo verdadeira até quando me ofendia? – Rachel perguntou risonha, com as lágrimas ainda brotando irritantemente de seus profundos olhos castanhos. Quinn limpou mais algumas e entre risadas, acenou com a cabeça, para depois dizer brincalhona:

- Você é egocêntrica, sonhadora, gananciosa, insistente... Mas esses motivos são alguns dos muitos que me fazem admirá-la e gostar de você cada vez mais.

Rachel corou levemente e ganhou um beijo da bochecha. Ficou ainda mais envergonhada e baixou os olhos, sendo pega em um abraço de urso que a tranqüilizou e lhe fez compreender que, realmente, não havia problema nenhum.



2. Now you’ve been talking in your sleep, things you never said to me. Tell me that you’ve had enough of our love.


- Onde você estava, Rachel?! – Quinn questionou severa, olhando a esposa chegar por cima dos óculos de leitura e sentada na poltrona da sala. Papéis estavam jogados sobre a mesa, ela estava envolvida na dissertação de seu pós-doutorado em Arte Contemporânea e naquele momento, segurava o manuscrito de sua tese. Rachel entrou cambaleante no apartamento e revirou os olhos discretamente.

- Eu estava na festa de lançamento do musical, Quinn. Eu te disse. – Rachel respondeu contrariada, tendo dificuldades para colocar a chave na bolsa e fechar a porta, o álcool em seu sangue estava confundindo todas as suas ações. Impaciente, Quinn levantou-se bruscamente da poltrona e marchou até a esposa.

Rachel recuou amedrontada para porta. Ela já tinha visto Quinn daquele jeito e tinha medo de quando ela ficava assim, mas não sabia porque insistia em tirá-la do sério e porque esse tipo de comportamento estava ficando freqüente. Quinn não gostava que ela bebesse, ainda mais desacompanhada.

Quando foi que as duas se afastaram tanto?

O estrondo da porta batendo bruscamente fez Rachel sair de seus devaneios e encarar as duas esferas verdes que estavam frias e intocáveis, como icebergs. Quinn crispou os lábios e praticamente arrancou os óculos dos olhos, apoiou na parede contrária a Rachel e cansada, esbravejou:

- Tudo bem você não me assumir para a Broadway, tudo bem você ir sozinha às festas de confraternização e sequer me mencionar em suas conversas... Mas por favor, não beba quando eu não estiver com você!

- Eu posso me cuidar sozinha. – Rachel respondeu irritada e com a voz embolada, esbarrando em Quinn pelo caminho e tomando o corredor para o quarto. Quinn apertou a ponte entre os olhos e apressou o passo atrás dela, com a certeza de que aquela seria mais uma noite de discussões. Rachel bateu a porta do quarto e quando Quinn entrou, ela disse irônica. – Além do mais, Jessie estava lá comigo. Ele cuidou bem de mim.

Quinn paralisou todo e qualquer momento que estava fazendo naquele momento. Ela simplesmente saiu do quarto e rumou para sala, enfiando-se no meio de seus papéis e tentando ignorar os olhos a arderem e a visão a embaçar devido às lágrimas que lutava para que não caíssem.

Passaram-se minutos ou horas, mas ela, enfim, voltou ao quarto. Quinn deitou-se ao lado da esposa e beijou-lhe a testa, Rachel remexeu-se entre os próprios sonhos e machucada, Quinn disse para a escuridão.

- Eu não quero mais discutir contigo.

Rachel, na imensidão de seu sono, murmurou algumas palavras sem sentido. Mas no meio delas, Quinn escutou perfeitamente um nome:

- Finn.

As dúvidas voltaram, a incerteza a possuiu e ela, simplesmente, chorou.



3. Just give me a reason, just a little bit’s enough, just a second we’re not broken just bent and we can love again. It’s in the stars, it’s been writing in the scars on our hearts: we’re not broken just bent and we can love again.


Finn tinha finalmente saído de sua vida e Quinn entrava nela de vez. A morena olhava para ela com certa adoração, as duas acordaram de manhã juntas pela primeira vez. E dessa vez, ninguém fugira, ninguém discutira. As duas simplesmente continuaram deitadas. Rachel sorriu para a face serena a sua frente que dormia tranquilamente.

A respiração quente e lenta de Quinn tocou a sua fronte e ela entortou o nariz, segurando uma sonora risada. Até mesmo dormindo, Quinn continuava linda e ela mesma se perguntava em que ponto as duas se apaixonaram. Só sabia que a noite anterior tinha sido de verdades e certezas.

A verdade máxima? Quinn estava apaixonada por ela.

A certeza incontestável? As duas estavam juntas agora.

Rachel não conseguiu segurar o sorriso, achou-se boba por estar ali, às 7 da manhã sorrindo idiotamente para a bela deusa adormecida em sua cama. Mas estava encantada demais, contemplando aquela mulher que derrubou todos os seus defeitos e construiu, ao seu redor, uma redoma de proteção.

Sua mão direita apoiou seu rosto enquanto a mão esquerda percorreu o corpo pálido da cintura descoberta até a altura do pescoço. Quinn mexeu-se mais acordada e Rachel não perdeu o belo sorriso sonolento que tomou-lhe os lábios rosados antes que os olhos verdes se abrissem.

Os olhos de Quinn eram a parte do corpo dela que Rachel mais amava e não sabia o porquê. Eram intensos, verdadeiros, sinceros, puros... Eram “Quinn”. Na impressão daquele olhar, havia tudo que a loira era. Desde a sua falsa força até o seu coração machucado e sobrevivente. Eram retratos da vida que Quinn vivera.

E Rachel ficou feliz quando reparou que aqueles olhos a observavam com uma adoração inestimável. A luz fraca do sol de inverno batia sobre eles, tornando-os ligeiramente dourados, mas não menos bonitos e sinceros. A loira aproximou-se sorrateira e dedilhando a pele morena por baixo dos lençóis, sussurrou próxima aos lábios carnudos:

- Bom dia, minha linda.

Rachel não conseguiu responder, pelo menos, não verbalmente. Ao sentir aquelas sutilezas por todo seu corpo, este imediatamente respondeu e ela colocou-se por cima de Quinn, colando-as em um abraço. Quinn gargalhou sonoramente e ganhou um beijo no pescoço, Rachel ergueu o rosto para a loira e ofegante, respondeu:

- Bom dia!

- Não pense que eu não sei que a senhorita estava me observando há minutos. – Quinn disse maliciosa, passando uma mão atrevida no interior das pernas morenas, sem tocar em uma região que, imediatamente, tornou-se quente. Respirando profundamente, Rachel afundou o rosto no pescoço de Quinn e aspirou o perfume doce que só ela possuía. Quinn riu do iminente embaraço de sua parceira. – Mas pode me olhar, eu posso me acostumar com isso. Desde que ganhe algo em troca.

Rachel ergueu o rosto bruscamente, pensando que encontraria uma expressão maliciosa e / ou safada no rosto de Quinn. Mas pelo contrário, encontrou bochechas róseas e olhar lacrimoso. Quinn desviou-se dela e as duas sentaram-se na cama. Quinn não a olhava e foi preciso que Rachel erguesse seu rosto para perguntar curiosa:

- O que quer em troca?

- Desde que você me ame, eu deixo você me olhar todas as manhãs, sempre que conseguirmos nos encontrar entre aulas de faculdade e distâncias... – Quinn dissera baixinho, mais para as próprias mãos do que para a sua espectadora. Rachel arqueou a sobrancelha, confusa e sem saber o que deduzir daquela frase. Quinn respirou fundo e ergueu os olhos, dessa vez, mais segura. – Quer ser minha namorada?

Rachel engoliu em seco, mas sentiu seu coração acelerar de tal forma que ficou até difícil de respirar. Os olhos arregalaram e ela abriu a boca diversas vezes, sem saber o que responder. Claro que gostava de Quinn, claro que a amava... Mas será que daria certo? Ela queria arriscar e não queria ficar sozinha. Quinn nunca a deixaria sozinha, ela tinha certeza disso.

Quando voltou à realidade, Quinn a observava, ansiosa, remoendo-se em dúvidas. Rachel sorriu para aquela menina-mulher tão estranhamente frágil a sua frente. Os olhares das duas se encontraram e não bastou nada para que ambas soubessem qual era a resposta. Rachel abraçou a loira e aconchegou-se em seus braços, deixando-se ser levada novamente para a cama.

Prestes a adormecer, Rachel, ainda acordada, pode ouvir algo que ela tinha certeza que Quinn esperava que ela não escutasse:

- Eu te amo, pequena.

Rachel entregou-se a Morfeu, com um sorriso nos lábios, murmurando preguiçosamente o nome de Quinn para os cobertores.



4. I’m sorry I don’t understand where all of this is coming from. I thought that we were fine (we had everything)... Your head is running wild again, my dear, we still have everythin’ and it’s all in your mind (but this is happenin’).


Frieza, isso era tudo que Rachel sentia vindo de Quinn.

Ela não sabia quando tudo aquilo começara, nem mesmo sabia o porquê. Mas os olhos de Quinn não encontravam mais os seus, assim como as mãos dela não mais tocavam seu corpo. Claro, sabia que não estava sendo a melhor esposa do mundo, mas as duas sabiam que seria assim. Prometeram que venceriam tudo, sejam os melhores ou piores momentos.

Mas Quinn estava cada vez mais longe de si. Ela só conseguia ver a loira se afastar e sequer olhar por cima dos ombros, procurando-a. Ela sequer sabia quando Quinn estava em casa, tamanho era o silêncio em seu apartamento quando ela voltava para o que achava ser seu lar. Quinn vivia enfurnada no escritório, digitando freneticamente. Ou sentada na sala, lendo um livro qualquer sobre Arte.

E naquele final de semana, que Rachel reservara para as duas, parecia que a situação continuaria a mesma. A morena despertou e encontrou o lado da cama vazio e frio. Caminhou pelo corredor e encontrou a luz do escritório acesa. Olhou para o relógio digital na sala e constatou que ainda eram 5 da manhã. O que Quinn fazia acordada àquela hora?

Entrou sorrateiramente no escritório, ainda de pijamas e caminhou devagar até atrás de Quinn que trabalhava freneticamente no computador. Observou, com um sorriso no rosto, quão bonita sua esposa era.

O pescoço longo tensionado. Os braços bem definidos, cujos músculos trabalhavam na digitação, com rapidez e tamanha força. As costas eretas, encontrando o encosto da cadeira e os ombros curvados. Rachel adorava vê-la trabalhar, era revigorante e excitante...

Insegura, pois há tempos não tocava a mulher, Rachel deixou-se guiar por seus instintos e abraçou-a pelos ombros, sem colocar peso algum. Quinn tencionou ainda mais os membros, mas não deixou de trabalhar, olhando fixamente para o computador, sentindo algo dentro de si remexer-se, enojado.

Rachel, não encontrando rejeição, beijou-lhe o pescoço, deixando uma marca molhada no local. Ficou contente ao perceber o efeito que ainda possuía sobre a esposa, os pelos da nuca de Quinn arrepiaram-se e a pele local instantaneamente tornou-se quente. Deslizou os lábios pelo pescoço, até encontrar a orelha, respirou fundo no local e rouca, perguntou:

- No que está trabalhando?

- Fazendo as últimas alterações em minha tese de pós-doutorado. – Quinn respondeu ligeiramente trêmula, mas incisiva. Rachel percebeu que alguma coisa estava errada, a loira não manifestara qualquer reação voluntária ao seu toque. Quinn clicou no ícone de “Imprimir” e levantou-se bruscamente, caminhando até a impressora que ficava do outro lado do escritório.

Rachel observou-a sem entender nada, já vira aquele olhar determinado e aquele ar frio e inalcançável. Era a “Ice Queen” que estava ali, não a sua esposa. Ela observou as costas de Quinn, sentindo algo dentro dela se apertar e incomodar seus pulmões, o ar, inevitavelmente, faltou. A morena apertou os punhos e caminhou até onde Quinn estava parada, abraçando-a pela cintura. Quinn não recuou o toque, mas não se manifestou. Amedrontada, Rachel perguntou:

- Por que está fazendo isso?

- A apresentação da minha tese é nessa semana, estava só dando os últimos retoques antes de enviá-la para a banca examinadora. – Quinn respondeu vagamente, apanhando as folhas e colocando-as na impressora. Rachel bufou e soltou-se dela, depois, a virou bruscamente para si. Os olhos verdes rebateram os castanhos, Rachel não conseguiu enxergar nada dentro de sua mulher além da escuridão.

- Você sabe que não estamos falando disso... Por que está me punindo?! – Rachel perguntou desesperada, quebrando-se diante de Quinn e prestes a desabar em lágrimas. Quinn permaneceu parada, como uma fria estátua de gesso, sem sequer demonstrar quanto machucava ver a sua mulher daquele jeito.

Mas foi Rachel que procurou aquilo.

- Eu não estou te punindo, Rachel... – Quinn anunciou cansada e ligeiramente irritada com mais um confronto no dia-a-dia com Rachel. A ausência do apelido fez Rachel erguer o rosto e enxugar as lágrimas, confusa e temerosa. Quinn aproximou-se dela e suspirou. – Eu estou dando exatamente aquilo que você sempre quis: liberdade.

Rachel não entendeu, ela não compreendeu em que momento pediu por aquilo. Mas só entendeu que, seja qual fosse a liberdade, ela não a queria sem Quinn.



5. You’ve been real bad dreams, you used to lie so close to me, there’s nothing more than empty sheets between our love.


Rachel observou o lado da cama que estava intocado. Já era madrugada e Quinn ainda não viera se deitar. Agora havia mais isso, a loira estava evitando deitar-se ao seu lado. Tudo começou com a desculpa de que ela precisava estudar ainda mais para a apresentação de sua tese e agora, Rachel compreendera que aquilo nada tinha a ver com tese alguma.

Era tudo culpa dela. Culpa da sua falta de limites e de seu deslumbramento. E também, da sua impossibilidade de largar o passado.

Ela sabia, ela sentiu que quando Finn apareceu em seu camarim na semana passada, com um buquê de flores em mãos, que tudo estava encaminhando para um desastre. Ainda mais quando chegou em casa completamente bêbada depois de um jantar e de certa ação física com o rapaz.

Rachel traíra Quinn e essa era uma das coisas que ela jamais admitiria para si mesma.

Mas agora sabia que Quinn percebera isso tudo muito antes. Era por isso que as coisas saíram do controle. Era por isso que a loira tinha nojo dela. Quinn sabia que havia sido traída e Rachel rezava para que ela não soubesse com quem havia sido.

Rachel se perguntava, todas as noites, desde aquele fatídico jantar, o porquê de ter permitido aquilo. Era feliz com Quinn e as duas só passavam uma daquelas fases de adaptação no início do casamento. Quinn demorou a pedi-la em casamento, mas o fez e as duas estavam felizes. Mas aí veio o pós-doutorado de Quinn, a falta de tempo e as apresentações de Rachel. Tudo contribuiu, mas Finn foi o pavio para a explosão.

Dentro dela, tudo se revirava, inclusive seu coração. Doía mais nela do que doeria em Quinn, ela tinha certeza. Afinal, machucara quem mais amara... Quão doloroso isso poderia ser? Ela não suportaria ver Quinn quebrar-se a sua frente, ela sabia como era e sabia como aquele tipo de coisa a atingia. Quinn era forte e não queria derrubá-la, de novo.

O arrependimento amargou em sua boca e sem conseguir dormir, Rachel se levantou e foi de encontro à esposa. Quinn estava na sala, a TV ligada na reprise de um jogo de baseball e dormindo profundamente no sofá. Toda desconfortável e com a mesma expressão de tranqüilidade da primeira vez em que acordaram juntas e ela a pediu em namoro.

Mais um golpe em seu coração e, Rachel teve que se apoiar na mesa para não cair.

Caminhou silenciosamente até a loira e agachou-se, colocando-se no mesmo nível que ela. Rachel remexeu nos cabelos loiros e beijou-lhe a testa, Quinn despertou, já se afastando do seu toque com uma expressão emburrada. Rachel amargou a perda do sorriso, da cumplicidade e do beijo.

- Vamos dormir na cama, amor. – Rachel chamou, indecisa e esperançosa, acreditando fielmente que as coisas poderiam se ajeitar, pois o amor superaria tudo... Como as duas haviam prometido no casamento. Mas os olhos de Quinn ao observá-la só lhe deram a certeza de que não, aquilo não havia volta. A loira sentou-se no sofá, desligou a TV e apanhou os papéis que repousavam na mesinha de centro, entediada, respondeu:

- Eu só fiz uma pausa, já estou voltando aos estudos.

- Tudo bem, eu vou te esperar na cama, então... – Rachel anunciou fracamente, a voz trêmula indicando que as lágrimas não tardariam a serem derrubadas. Deu às costas a esposa e algo cortou suas entranhas ao perceber que Quinn não se importava se ela caminhasse para longe. Ao chegar ao corredor, ela pode escutar, novamente, Quinn murmurar algo para si mesma e as palavras, dessa vez, não eram de amor:

- Não, você não vai me esperar.



6. Just give me a reason, just a little bit’s enough, just a second we’re not broken just bent and we can love again. It’s in the stars, it’s been writing in the scars on our hearts: we’re not broken just bent and we can love again.


- Sim, eu aceito. – As duas mulheres responderam juntas ao juiz, sendo declaradas esposa e esposa logo em seguida. Quinn não esperou o juiz terminar de falar, porque no segundo seguinte, já estava abraçada a Rachel e girando a pequena morena em seus braços. As duas trocaram um olhar sincero entre lágrimas e sorrisos, beijaram-se brevemente e Quinn, diante da felicidade absurda que transbordava em seu peito, declarou:

- Eu te amo, sempre vou te amar e sempre vou te querer.

O peito de Rachel encheu-se de algo que ela nunca tinha sentido. E foi ali, naquele momento, que ela se apaixonou eternamente por Quinn Fabray.


7. Tear ducts and rust, I’ll fix it for us. We’re collecting dust but our love’s enough. You’re holding it in, you’re pouring a drink, no nothing is as bad as it seems, we’ll come clean.


- Não é bom você beber antes de sua apresentação. – Rachel decretou preocupada ao chegar à sala, calçando os sapatos e observando Quinn, já vestida com o terninho risca-giz para apresentação, servindo uma dose exagerada de uísque em um copo. A loira revirou os olhos e irônica, respondeu:

- Engraçado que você tenha me dito isso agora.

- O que você está insinuando? – Rachel questionou indignada, mas estranhamente feliz por finalmente observar alguma reação em Quinn. A loira tomou toda dose em um gole só, ignorando o comentário de Rachel e apanhando a maleta sobre a mesa. Rachel bufou. – Eu não sou nenhum tipo de alcoólatra e...!

- Rachel, eu estou indo embora. – Quinn anunciou cortante, como uma faca. Rachel parou em meio as suas justificativas, vendo todas elas quebrarem e apenas essa frase ecoar em seu cérebro. Quinn levantou os olhos, o verde estava choroso. – Minha defesa da tese não é hoje. Você esteve tão preocupada em me esconder sua traição que se esqueceu que ela é daqui a um mês e, também, não percebeu que eu esvaziei o meu lado do guarda-roupa.

Rachel ficou estática para, depois, explodir em lágrimas. Ela rompeu a distância que a separava de Quinn e totalmente fora de controle, beijou a esposa nos lábios. O alívio veio quando Quinn a correspondeu, mas logo desapareceu quando sentiu-se ser afastada. Quinn segurava seus pulsos e a olhava.

Aquele olhar, a quebra. O fim.

Quinn não lhe disse nada, apenas apertou a maleta na mão direita e deu-lhe as costas. O coração de Rachel explodiu em seu peito, dilacerando qualquer esfera vital que ela possuía em si. Quinn parou receosa na porta e Rachel, vendo a deixa, disse:

- Eu posso explicar, eu só...

- Rachel, eu sei quem é e imagino quando foi. – Quinn disse com um sorriso triste nos lábios, o próprio coração doendo e vendo o amor que possuía ser substituído por algo que ela não sabia o que era. Rachel olhou para ela, dilacerada e vencida pelos próprios erros. Quinn teve pena dela, não pela situação, mas por não mais amá-la. – Eu não queria que você se explicasse, eu só queria um pedido de desculpas e isso foi o que mais me matou, eu esperei por você, como sempre.

Dizendo essas palavras sinceras e sôfregas, Quinn se foi. Vencedora, não derramou uma lágrima sequer. O coração não apertou e ela sabia que lidaria com as conseqüências de sua decisão mais tarde, sabia que amava Rachel, como mulher e talvez, ainda a amasse como esposa.



7. We can learn to love again...


Rachel correu atrás de Quinn e alcançou-a já na portaria do edifício. Quinn parou os passos antes mesmo da morena se aproximar dela, com uma expressão amargurada, virou-se e pediu:

- Não venha atrás de mim, por favor.

- Você prometeu que ficaria comigo para sempre, você me ama, Quinn! – Rachel disparou acusatória, desesperada, quebrando toda a sua resistência e quase humilhando-se. Mais um sorriso triste, e Quinn respondeu:

- Você me ama e também me prometeu ser fiel.

- Podemos ao menos aprender a nos amarmos de novo? – Rachel perguntou dolorida, jogando suas últimas fichas naquela pergunta que valia seu coração e sua alma. Quinn respirou fundo, uma única lágrima escorreu pela sua pele alva. Ela piscou os olhos e tristemente, respondeu:

- Eu não posso, Rachel. Até porque ainda te amo, só não como esposa.

Rachel nunca compreendeu o real significado dessa frase, mas compreendeu a distância e todas as tentativas frustradas de reaproximação. Aquele era o fim, o fim que ela mesma provocara.


Fim


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Notas finais do capítulo

Reviews?
E antes que me perguntem, isso é Faberry para mim, tendo essa Rachel da season 4 em foco. Espero que compreendam!
Beijos e até a próxima,
FerRedfield