Doze Passos Para Esconder Um Amor escrita por Lizzie-chan


Capítulo 4
Controle sua boca, ela é seu pior inimigo


Notas iniciais do capítulo

Taí mais um pra vocês *O*
Esse ficou meio longo xD
Boa leitura, lindos!!!



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Elesis sentou-se, irritada, bufando e puxando o travesseiro para prensá-lo contra o rosto, soltando um grito abafado. Ela não sabia se estava feliz ou triste.

Feliz porque, oh Deus, Lass havia deitado naquela mesma cama em que ela estava agora. Ela quase podia sentir o cheiro ainda, lembrando-se do momento maravilhoso e, ao mesmo tempo, vergonhoso que tiveram.

Triste porque era a quarta noite seguida que não conseguia dormir de tão nervosa que estava devido a esse fato. Talvez ela devesse só pegar o travesseiro e o cobertor e deitar no chão, com certeza teria uma noite de sono melhor do que naquela cama.

Mas a felicidade e a certeza de que nem o carpete felpudo a salvaria de uma bela dor nas costas se dormisse no chão a fizeram optar por ficar, e então a única opção que tinha para tentar se acalmar e conseguir algum sono era ir até a cozinha pegar um bom copo de leite quente.

Afinal, leite quente sempre resolvia seus problemas. Pelo menos bem mais do que esperar.

Então se levantou, esfregando um pouco os olhos ao ligar a luz do quarto e seguindo até a porta. O corredor estava escuro e frio, realmente desagradável, mas ela tinha de passá-lo para chegar até a cozinha. E dar uma de medrosa seria a última coisa que faria.

Saiu e andou a pequenas passadas, tentando ignorar os arrepios que lhe subiam a espinha. Quem diria, por mais corajosa que fosse a líder da Caçada, todos temos um ponto fraco. E o dela, aparentemente, eram lugares escuros. E fantasmas.

Seguiu atentamente, esfregando as mãos nos braços numa vã tentativa de mantê-los aquecidos. Seria melhor, com certeza, do que ficar rolando na cama outra vez, por mais quente e aconchegante que fosse seu pequeno ninho vermelho. Acordar cedo não combinava com ela, ainda mais dormindo pouco.

Desconfiava que àquela hora Mari provavelmente ainda estava de pé, programando alguma coisa em suas armas. Se não fosse porque a conhecia muito bem, a ruiva poderia jurar que ela nem sequer dormia.

Rapidamente seus pensamentos voltaram para o albino. Ele também devia estar acordado. Conhecendo-o como o conhecia, ela desconfiava se era capaz de dormir por mais do que algumas horas.

Afinal, a vida dele não era das mais fáceis. Antes de se apaixonar, as noites dela eram cheias de sonhos dolorosos com seu pai. Depois de Lass, podia dizer que ainda tinha sonhos dolorosos, mas que só a machucavam quando acordava e descobria que não passavam de uma ilusão de sua mente.

Às vezes, ela desejava nunca acordar. Para que não tivesse de encarar o fato de que ele nunca seria dela de verdade.

Era nisso que estava pensando quando entrou na cozinha. Seguiu até a geladeira, abrindo-a e pegando a caixa de leite. Seguiu até a pia, colocando-a sobre o mármore antes de virar-se para ir até o armário das panelas.

Foi então que algo, alguém, ou seja lá o que for, pigarreou.

E ela paralisou, surpresa, seus olhos quase saindo das órbitas. Em uma fração de segundo já estava de volta a pia, tremendo dos pés à cabeça e rezando mentalmente para que os fantasmas de seus ancestrais – tirando o que estava vivo, é claro – viessem salvá-la.

A luz da cozinha repentinamente se acendeu, e ela já estava preparada para ter um ataque quando viu quem havia apertado o interruptor.

Elesis sinceramente não sabia se preferia ter visto um fantasma.

Mas ele quase era um, considerando que tinha os cabelos e a pele tão claros quanto neve. Tudo o que o denunciava eram seus oceanos oculares que a fitavam intensamente.

Por que parecia que Lass sempre aparecia quando ela estava pensando nele? Será que ele podia ler seus pensamentos ou algo assim? Era realmente frustrante!

Não pode deixar de notar que ele segurava um copo com leite em uma das mãos, enquanto a outra estava no interruptor de luz.

- Elesis - cumprimentou ele, cordial, seguindo até a pequena mesa que havia no canto da cozinha e sentando-se numa das três cadeiras brancas. – Há quanto tempo.

Ela engoliu em seco.

Havia o evitado desde o acontecimento em seu quarto. Quer dizer, como ela poderia encará-lo sem lembrar-se de quão próximos haviam estado? Era quase impossível. E entre ter de passar esse vexame e ficar longe do albino, ela escolhera a segunda opção.

Uma vez que não ia deixá-lo descobrir que o amava nem em um milhão de anos, o mínimo que podia fazer era honrar seu desejo se afastando dele, certo? Mas parecia que Lass não queria deixá-la fazer isso.

- Adorei o pijama – zombou ele, dando um sorriso de canto enquanto a observava encolhida contra a pia.

Elesis rapidamente verificou o que vestia, fazendo uma nota mental para nunca mais deixar seu quarto sem averiguar sua aparência antes.

Ela estava com seu pijama favorito, uma calça rosa clara e uma camiseta branca cheia de dinossauros vermelhos. Nem bem era esse o problema, não fosse o fato de que havia um dinossauro maior no peito da camisa, que sorria e do qual saía um balão de fala cheio de corações escrito “Love”.

E era exatamente disso que o ninja estava rindo.

Como se já não bastasse o nervosismo, ainda tinha de fazer o favor de zombar dela. Ele realmente não lhe daria um desconto.

Na verdade, Lass estava meio ansioso também. Olhá-la depois de tanto tempo só serviu para confirmar suas suspeitas de que não se esqueceria do cheiro da ruiva tão cedo.

Alguma coisa em torno de lavanda, talvez advinda de um sabonete floral que ela usava. O que quer que fosse, o havia embriagado.

Ele estava certo anteriormente, ela realmente não parecera a garota que conhecia naquele momento, mas agora estava normal novamente, a jovem dos mesmos cabelos bagunçados e pose desleixada com a qual ele já se acostumara. A velha Elesis de sempre.

É, com certeza fora só uma impressão sua. Provavelmente porque fora a primeira vez que se aproximara tanto de uma garota. Sua mente e seus instintos o estavam iludindo.

Quer dizer, ela o amava, e ele já sabia disso, mas era Elesis. Com certeza fora somente alguma coisa do momento.

Isso não explicava porque ele não conseguia se esquecer do cheiro dela, mas o albino preferia ignorar esse detalhe.

- Enfim, o que está fazendo aqui? – perguntou, então, tomando um gole de seu leite e observando-a como ela se mantinha quieta do outro lado do cômodo.

A ruiva apenas se manteve quieta, olhando da caixa de leite sobe a pia para o albino, e de volta. Ela abriu a boca algumas vezes, gaguejando coisas ininteligíveis, mas nada mais do que isso.

- Tá, eu entendi que você veio tomar leite – incentivou Lass, terminando de tomar o dele e seguindo até a pia para lavar o copo.

Quando passou ao lado dela, não pode conter-se em respirar fundo, sentindo aquele mesmo odor de lavanda maravilhoso. Olhou-a de esguelha. Ela observava-o, estática, parecendo não ter nenhum pensamento em mente. Apenas tinha olhos para ele, só e só para ele.

Não sabia porque isso parecia tão importante. Pigarreou, tentando frear sua linha de raciocínio, e voltou o olhar para a pia, abrindo a torneira e enchendo o copo com água. Deixou-o lá, no dia seguinte terminaria o trabalho.

Virou-se para sair, então, preparando-se para sentir o cheiro de lavanda novamente. Quando deu um passo, porém, uma mão segurou a manga de sua camisa. Virou-se e olhou a ruiva.

Os dela brilhavam tanto que por alguns instantes o ninja se perdeu naquele mar de fogo. Seria essa a essência de um olhar apaixonado?

Ela não disse nada, apenas encarando-o, e ele a encarou de volta. Ficaram assim por alguns minutos mais. Poderiam ficar por horas, talvez dias ou semanas, mas eles não tinham todo esse tempo.

Logo iria amanhecer, e não estariam mais sozinhos.

Não que estarem sozinhos fosse tão importante assim. O que importava é que estavam um com o outro. Mas é claro que nenhum dos dois admitiria isso, quer dizer, o ninja não admitiria. Porque para ele aquilo era coisa do momento.

- Não... Não... – ela começou, gaguejando. – Não... Não, não me deixe!

E ele apenas olhou-a, um tanto surpreso.

- Deixá-la?

E Elesis percebeu que o que havia dito parecia um tanto comprometedor.

Ela só não queria ficar sozinha ainda, com medo da escuridão. Mesmo que isso significasse ficar nervosa ao redor do albino, era o que ela preferia.

Mas então seu pedido parecia uma declaração de amor indireta. E isso era a última coisa que a ruiva ia desejar que ele parecesse.

- Não... Não, eu... – mas não conseguia dizer as palavras. Respirou fundo, tentando se acalmar. – Eu quis dizer que não quero ficar sozinha...

- Ah – ele arregalou os olhos por um momento, e então tossiu de leve, afastando sua mão da dela. – Ótimo. Eu espero você.

E seguiu até a mesa, sentando-se de costas para onde ela estava e amaldiçoando-se em pensamento.

Por um instante, Lass achou que ela iria se declarar. Ele não sabia o que faria se ela fizesse isso. Quer dizer, como responderia, que já sabia? Ia magoá-la, e sabia disso.

Além disso, imaginar as palavras deixando os lábios dela novamente o deixava nervoso. Não seria como da outra vez, seria intencional, ela estaria esperando algo dele.

Provavelmente a tensão que se instalou em seu ser era devido a isso, que teria de respondê-la, mas acreditava que tinha muito mais a ver com o fato de que não sabia ainda as respostas daquelas perguntas. O jogo não podia acabar sem que ele soubesse as respostas!

E se ela descobrisse sobre isso, provavelmente o odiaria para sempre.

Pensar isso também o fazia sentir-se estranho. Perguntava o quão curioso realmente estava para encontrar aquelas respostas.

Por enquanto, ele ainda teria de lidar com isso, uma vez que ela não dissera as três palavras novamente. Ainda lhe restava algum tempo.

Mal sabia ele que o verdadeiro jogo só estava começando.

Mas enfim, um pequeno mal entendido era capaz de deixar o par completamente tenso. Lass estava inquieto como sempre ficava desde que ouvira a ruiva falar em seu sono naquela floresta. Acreditava realmente estar ansioso para descobrir as respostas de suas perguntas.

Elesis, por outro lado, estava ainda mais nervosa do que normalmente, e suas mãos tremiam ao colocar o leite na panela para esquentá-lo no fogão. Ela só podia agradecer a Deus que o albino estava de costas para ela.

Por um instante, apenas por um instante, parecia que ela havia dito que o amava. E isso a fazia ficar um tanto mais tensa.

Então, se você não quer que mal-entendidos revelem os seus sentimentos, se você não quer realmente ser descoberta, sempre controle sua boca. Não importa se são pequenos gaguejos ou frases desconexas, qualquer um pode dar as cartas sobre seus sentimentos, ainda mais orações horríveis como a que ela usara anteriormente, que eram quase como declarações de amor feitas ao acaso.

Logo, sua voz, sua boca e seu autocontrole: dome-os. Eles com certeza são seus piores inimigos.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Ficou bom? =D
Eu achei esse cap meio monótono, porque não rola... nada, no fim das contas né xD Quer dizer, é um pequeno começo para esses dois. Um beeeeem pequeno começo xD A estória vai devagar, hein, preciso de conteúdo pra 13 caps, me deem sua compreensão xD
Mas eu prometo que o próximo cap vai ser mais legal! Ele já tá escrito aqui, eu adorei ele *o* Depois eu posto ele kkkkkkk
Espero que tenham gostado! Me deem suas opiniões, a autora insegura adora ouir uns elogios e, quando necessáio, críticas que me ajudem a crescer! Muito obrigada a todos que estão lendo e acompanhando a fic, àqueles que comentaram, favoritaram ou não fizeram nenhum dos dois! Espero que continuem comigo até o final!
Beijitinhoooooos