Doze Passos Para Esconder Um Amor escrita por Lizzie-chan


Capítulo 3
De jeito nenhum deixe que entre em seu quarto


Notas iniciais do capítulo

Taí, mais um pra vocês!
Boa leitura!



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O dia estava relativamente normal. Ela estivera a manhã inteira gostosamente deitada na cama de casal que possuía, um livro de amor que roubara do quarto de Arme em seus braços, o qual ela supostamente deveria estar lendo.

Não era o caso.

Estava muito ocupada gastando seus neurônios para pensar nele, somente nele, que sempre invadiria sua mente. Mais especificamente, estava sonhando acordada com a pequena refeição que haviam repartido outro dia, uma simples panela de ovo mexido fazendo dela a garotinha mais feliz do mundo.

Quer dizer, ele havia elogiado sua comida. Por favor, o garoto que não elogia nem a comandante por trabalhar tanto havia elogiado um simples ovo com sal que ela havia batido na panela! Não era todo o dia que algo assim acontecia.

E apesar de tudo, ela sabia que ele fora sincero, uma vez que o albino não gastaria saliva para mentir para ela. Ele nem tinha motivos para isso, de qualquer modo, então a ruiva podia ficar tranquila.

Aliás, o máximo tranquila que uma menina apaixonada podia ficar.

De qualquer jeito, ela estava gastando maravilhosamente sua manhã de folga encarando o teto branco de seu quarto, as palavras dele se repetindo de novo e de novo em sua mente. Ela ainda podia lembrar-se bem da cena.

Em sua cabeça, Lass sorria o sorriso mais sedutor do mundo enquanto girava o garfo nos dedos, seus dentes reluzindo em um estilo de galã, e dizia, a voz máscula e viril.

Elesis, essa é a melhor refeição que já provei em toda a minha vida! Por favor, continue cozinhando para mim até que eu morra, minha deusa das panelas.

Ela suspirou, deixando que seus lábios exprimissem o contentamento que sentia com aquelas palavras. Seus doces sonhos de adolescente estariam longe de acabar, não fosse aquela maldita luz.

Aparentemente, a lâmpada de seu quarto estava para queimar. O modo como piscava incessantemente era mais do que prova disso. E aquilo estava começando a irritá-la.

Ela podia muito bem desligar a luz, afinal, o dia estava claro e bonito, não precisaria dela tão cedo. Mas sabia que quando anoitecesse seria necessária, e não teria a menor vontade de trocar a lâmpada no escuro.

Além disso, o modo como piscava era quase como um desafio silencioso a ruiva. E ela nunca desistiria de um bom desafio.

Com isso em mente, deixou um pouco seus devaneios de príncipe encantado de lado e seguiu para fora do quarto, procurando no estoque por alguma lâmpada nova.

Não demorou muito a encontrar uma, e logo voltou para o cômodo, subindo na cama a fim de alcançar a luz.

Esticou os dedos, que coçavam para tocar o vidro, provavelmente quente pelo tempo em que a lâmpada estivera ligada, mas não era capaz de alcançá-lo. Ficou nas pontas dos pés, esforçando-se ao máximo a fim de chegar a seu objetivo, mas não teve sucesso. E, bufando, jogou-se sentada na cama novamente, irritada.

Ela estava perdendo a batalha.

Elesis realmente odiava perder.

Lembrou-se, então que da última vez que precisara trocar sua lâmpada, Ronan fizera-lhe o favor de alcançá-la por ela, já que era baixa demais para isso. Teria só de pedir novamente, e depois poderia se divertir o quanto quisesse com a desgraçada luz irritante antes de jogá-la fora.

Levantou-se novamente, dessa vez seguindo pelos corredores até a cozinha, onde provavelmente o grupo estaria fazendo o desjejum. Adentrou o cômodo sem muitas cerimônias.

– Alguém pode trocar a minha lâmpada para mim? – pediu ela, indo direto ao assunto. Levantou a embalagem com a nova lâmpada para dar ênfase.

E então o que menos esperava aconteceu.

– Eu faço – respondeu Lass, enfiando o resto de seu pãosinho com manteiga na boca e seguindo até onde a ruiva estava.

Ela apenas o observou, estática, a boca semiaberta em total descrença conforme ele passava por ela e continuava pelo corredor, seu destino o quarto da garota.

Lentamente voltou a si, seguindo-o rapidamente, praguejando mil maldições em sua mente. Como pudera esquecer que Lass podia se oferecer? Devia ter pedido a Ronan de uma vez!

Observando os dois saírem, Amy, a astuta mestra em racionamentos, franziu a testa.

– Hey, vocês não acham que Elesis está agindo meio estranho? – perguntou ela, sua mente recapitulando a cena que acabara de presenciar.

– Ué, ela não foi sempre assim? – perguntou Ryan, enfiando um grande croissant na boca e esticando os dedos para pegar o próximo.

– Deixe para os outros também, seu guloso – e Lire bateu em sua mão, ignorando a expressão magoada que ele lhe dedicou após o ocorrido. – Sobre Elesis, hm, está estranha sim. Quase vi a saliva escorrendo da boca dela de tão aberta que estava.

– Eca, não fale isso enquanto eu como – reclamou Arme, mostrando a língua e franzindo o nariz.

– E o Lass também. Fala sério, ele se ofereceu. Quando foi a última vez que vocês viram ele se oferecer para fazer alguma coisa? – perguntou a dançarina, botando os cotovelos sobre a mesa e o queixo sobre as mãos, pensativa.

Ninguém respondeu

– Aí tem coisa...

*

Elesis observou quieta conforme Lass entrava em seu quarto e fechava a porta após ela passar. Ele olhou para o teto, localizando o inimigo, e seguiu até a cama, dedicando a sua dona um pedido silencioso com seu olhar antes de subir no móvel.

A ruiva, nervosa, assistiu como ele sentava no colchão antes de tentar algo com a lâmpada, pensando como seria capaz de retirá-la. Então os olhos dele pegaram algo que até então não havia localizado.

– Elesis, isso é um livro de amor? – perguntou, indicando o objeto jogando entre os travesseiros da cama.

A ruiva mais que rapidamente se atirou por cima, cobrindo a capa com o casal se beijando. Seria o fim de sua vida se Lass descobrisse que ela gostava de estórias de amor.

Quer dizer, já não bastasse o fato de ele estar em seu quarto, em seu pequeno cantinho privado de prazer, sem a menor cerimônia. Aquilo certamente renderia bons sonhos no futuro.

Ela só podia agradecer a Deus que não era maníaca o bastante para ter uma foto do albino escondida pelo quarto. Ele era um ninja, com certeza ele veria. E aí sim ela estaria ferrada.

– Não, não é não. Do que você está falando, Lass? Está louco? – perguntou ela, dando uma risada falsa conforme se acomodava sobre o livro em uma posição um tanto dura de nervosismo.

Ele apenas levantou as sobrancelhas, cínico.

– Eu vi, nem tente me enganar – ele rebateu, seco.

Ele odiava quando as pessoas mentiam para ele.

Acreditava que isso era um pouco injusto de sua parte, uma vez que já sabia o segredo mais íntimo da garota e o estava usando a seu favor. Além disso, ele estava meio que mentindo também ao agir como se não estivesse ciente de nada.

É claro que mesmo que ela não tivesse falado em seu sono, a esta altura ele já saberia, ou ao menos teria fortes suspeitas. Os sintomas estavam bem claros para ele.

Ela sempre gaguejava e ficava nervosa em sua presença. Além disso, corava com frequência. Se não era amor, então a líder da Caçada tinha sérios problemas mentais.

– Não sei do que está falando – respondeu ela, dando outra de suas risadinhas falsas. – Você está vendo coisas, Lass! Além do mais, enganar você? Até parece que eu conseguiria.

Pelo menos essa última parte era verdade.

O albino resolver deixar o assunto de lado, fingindo não notá-la escorregar o livro para debaixo dos travesseiros. Eventualmente daria uma espiada, sem que ela percebesse.

Levantou-se então, dando à ruiva a embalagem com a lâmpada nova e pegando a velha, girando-a e retirando, estendendo também para a garota.

– Me ajude – pediu, simplesmente, esticando os dedos à espera do novo objeto para trocar.

– Ah, claro – respondeu ela, parecendo acordar de algum transe mental no qual entrara quando lhe passou a nova luz.

Deu-a para ele, colocando delicadamente a inimiga sobre o criado-mudo, sua mente muito ocupada com o fato de que o albino estava em seu quarto para pensar sobre as coisas terríveis que faria com o objeto eventualmente.

Quando subiu na cama de novo, o ninja já acabava de rosquear a nova lâmpada. Satisfeito com seu trabalho, começou a virar-se para descer, mas por algum motivo desconhecido pareceu perder o equilíbrio.

Elesis, em um impulso, estendeu a mão para ajudá-lo, e quando deu por si novamente os dois estavam caídos sobre sua cama, o ninja por cima dela.

Ele lentamente afastou-se, olhando-a corado e intrigado, os orbes azuis expressando coisas inimagináveis. Ela estava parada, estática, perdida em qualquer coisa em sua mente enquanto o observava.

Eles estavam tão próximos... Eles se encontravam em seu quarto, sobre sua cama, e ele estava em cima dela, e ela podia sentir seu cheiro, seu calor. Todas as fantasias irreais que jamais sonhara em realizar pareciam tomar forma de uma vez só.

Ele também estava surpreso. Inicialmente planejava usar a queda como uma desculpa para olhar sorrateiramente o título do livro sob os travesseiros esbranquiçados, mas de repente lá estava ela, seu corpo pequeno e cálido sob o dele, se encaixando tão perfeitamente, de um modo que nada mais poderia.

O ninja teve ciência, então, de quão feminina ela realmente era. Mais do que pensara anteriormente, ao vê-la de avental, aquela situação tornava o fato palpavelmente evidente. Além de ser uma garota apaixonada e ler livros de amor, ainda era tão pequena e frágil e macia e perfeita. Mesmo que agisse como se nunca se importasse, ela instantaneamente ficava nervosa em sua presença, as inseguranças femininas vindo à tona.

Ela era só tão... Diferente do que ele sempre imaginara. Daquela Elesis que ele tinha tanta convicção de que conhecia.

E aquela garota distinta... Ele não sabia o que pensar sobre ela.

Levantou-se, então, sem dizer uma palavra sequer, e seguiu para a porta, deixando o quarto e a confusa jovem. Precisava espairecer, ordenar os pensamentos, analisar novamente tudo o que sabia, rever os fatos.

Ela, por outro lado, só pensava no quão incrível fora aquela aproximação, por mais curta que tivesse sido. Lass... Poderia ser ainda mais perfeito do que aparentava aos olhos da ruiva?

Talvez se não quisesse que ele percebesse seus sentimentos, tão claros na cara de peixe que fizera ante a surpresa após tê-lo tão próximo de si, não deveria deixá-lo entrar em seu quarto novamente. Talvez nem devesse tê-lo permitido da primeira vez. Mas a cena certamente renderia boas lembranças, apesar de todo o teatrinho falso que fizera devido ao livro.

Pelo menos dessa vez ela não falara besteiras demais. Era seu único consolo.

Quer dizer, tirando o fato de tê-lo contrariado quando ele estava obviamente certo. Mas isso ela nem sequer lembraria direito, muito ocupada com o fato de que quase podia sentir ainda o calor que aquele corpo deixara no seu com a aproximação, surpresa de que uma pessoa de personalidade tão fria pudesse ser tão quente e cômoda.

E ela estava se apaixonando cada vez mais pelo albino.


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Notas finais do capítulo

Gente, hoje vou falar rápido porque já tenho que ir estudar! Estou postando agora porque não resisto xD
Espero que gostem, por enquanto esse é o meu capítulo favorito! Me digam o que acharam quando virem, sim?
Muitíssimo obrigada a todos que leram, comentaram ou favoritaram. Espero sinceramente que estejam gostando!
Nos vemos na próxima! Beijitinhooooos!!!