POV Katniss

Para minha surpresa, aquele homem moreno que se apresentara com o nome de Gale me deixou espantada. Ele tinha um rosto que seria único em um milhão, e o modo como ele beijou a minha mão conseguiu me deixar desconcentrada. Acho que a única coisa que me conseguiu deixar presa à realidade foi o facto de Peeta e sua irmã, Johanna começarem a fazer graças a fim de distrair o menino. Em minha cabeça rodava uma infinidade de coisas. Os rostos de Peeta e de Johanna eram bastante familiares, será que o facto de eles terem em tempos vivido em Londres fez com que eles me conhecessem? Conheceria eu Peeta? Estava na hora de saber.

- Peeta? – Perguntei assim que ele se sentou à minha frente com as duas latas de coca e uma sanduiche vegetariana para mim e um hamburguer no pão para ele. Os seus olhos vieram para os meus e ele em fez um gesto para que eu proseguisse. – A gente se conhece? – Continuei.

- Porque você acha isso? – Ele ergueu uma sobrancelha. Estaria ele surpreso pela minha pergunta ou achando que eu era uma maníaca qualquer? Caramba, Katinss. Larga de ser preocupada em relação ao gurio! Não! Não, não, não, não, não. Merda! Para de falar e responde! Meu subconsciente parecia estar no meio de uma III Guerra mundial enquanto eu buscava pelas palavras para responder ao loiro na minha frente. Olhei em volta primeiramente e depois em seguida peguei na minha sanduiche dando uma pequena dentada. Quando acabei de mastigar e engoli, finalmente tinha em mente o que responder. Porquê mentir?

- É que seu rosto é bastante familiar, Peeta… Depois de que você disse que viveu em Londres também, eu fiquei curiosa em relação a isso. Você alguma vez me conheceu? Eu… sei lá, não me lembro, mas lembro… mas não lembro, porra! – Tentei explicar.

- Eu não sei. – Respondeu frio.

- Tem a certeza disso? – Voltei a questionar. – Não parece não saber…

- Pois, mas não sei.

- Você é bipolar? – Ergui a minha sobracelha perante a mudança de humor tão repentina. – O que aconteceu?

- Você é bastante curiosa, não é mesmo?

- Sou. – Admiti.

O silêncio chegou assim, tão rápido quanto a mudança de humor que passara por Peeta. Para minha surpresa, ele parecia mesmo não estar interessado em falar comigo,e se não fosse por ele estar ali e parte de mim querer estar com ele, foi o que me impediu de sair do restaurante o mais rápido que consegui sem sequer olhar para trás. Quando acabei de comer a sanduiche, minha coca ia a meio, então eu dei mais um pequeno gole na bebida e em seguida é que decidi fitar o que me rodeava. O restaurante estava quase vazio, e acho que isto estava mais encaixado na categoria de ser um bar, e não realmente um restaurante. As paredes eram vermelhas e havia um longo balcão com a forma de um L, várias máquinas de café e por trás de uma porta que ali estava, aposto que estaria a cozinha. Quando voltei a minha atenção para a nossa mesa novamente, foi no momento em que Peeta estalou os dedos à minha frente retirando-me daquele transe em que me encontrava.

- Você está bem Katniss? – Perguntou.

- Você é mesmo bipolar. – Afirmei. Em resposta: ele riu-se daquilo e acabou a cabeça de um lado para o outro. Possível que suas mudanças de humor fossem assim tão rápidas? Minha cabeça ficava doendo com aquela mudança.

- Eu apenas acho que você deveria saber as coisas por você mesma, Katniss. Desculpe se fui um pouco… sei lá, rude?

- Então a gente se conhece mesmo, não é? – Insisti.

- E se conhecessemos?

- Então porque você continua falando comigo assim?

- Assim como?

- PARA COM AS PERGUNTAS! – Gritei e dei um salto do banco. As pessoas que estavam naquele lugar voltaram os seus rostos para a gente, algumas assustadas com a minha reação. – Eu estou cansada de perguntas! Perguntas é o que roda na minha mente desde há dois meses! Me pergunto todos os dias o que seria de mim, caso eu tivesse voltado a casa mais cedo como devia e talvez tivesse impedido a morte de Cato! Me pergunto o que seria se eu nunca o tivesse conhecido e feito com que ele e Clove acabassem! Ele estaria vivo e eu não estaria aqui, falando com você, um bipolar que se passa por psicólogo para os únicos que se importam mesmo comigo! – Falei tudo talvez num tom um pouco alto demais enquanto o loiro me olhava, com uma certa pontada de dor, com toda a certeza. Talvez eu tivesse sido bruta demais. Fui?

Você só faz merda, Katniss. Eu te avisei! Da próxima tome controle, mano. Disse a minha propria mente fazendo com que eu tivesse a reação mais impensável de todos os tempos.

 – Cala a boca! – Acabei por dizer com um novo grito e em seguida dei conta de que realmente aquilo não devia ter acontecido. As pessoas olhavam em nossa direção e eu havia acabado de gritar para o meu proprio subconsciênte. Levei as mãos ao cabelo e então me apressei a sair daquele lugar com passadas fortes. Este era um daqueles momentos em que eu amaria ter um lugar qualquer para me enfiar e nunca mais sair de lá: simplesmente sumir do mundo. As minhas passadas pela rua abaixo foram noticia para algumas pessoas que por ali passavam. Claro que eu não fazia qualquer questão de voltar atrás e pedir desculpa por ter empurrado algumas delas para fora do meu caminho, uma vez que eu só queria voltar a achar o meu caminho para casa… talvez ela me guiasse também a quem eu era antes, certo? Quando ouvi uma voz atrás de mim, a vontade de correr foi maior ainda.

- Katniss! Katniss, não vá tão rápido! Katniss, porra! Onde você pensa que vai sozinha? – Assim senti uma mão forte segurar em meu braço e me virei imediatamente para trás a fim de fitar Peeta com a maior raiva que conseguisse arranjar dentro de mim, se bem que não sabia ao certo onde ir buscá-la toda.

- PORQUE MERDA VOCÊ NÃO RESPONDE ÀS MINHAS PERGUNTAS?

- Porque você precisa saber de tudo por si mesma, Katniss.. – Ao dizer isto ele soltou de meu braço e levou sua mão até ao meu rosto para acariciar a minha bochecha, tal como havia feito de manhã. Fechei meus olhos ao sentir a sua mão quente em cima de meu rosto tão frio devido ao vento que passava por ali. Ainda por mais andando rápido, sentia que meu rosto era um cubo de gelo. Foi então: que algo bastante surpreendente aconteceu. Quando dei conta, senti uma respiração cada vez mais proxima de meu rosto e ao abrir os olhos vi o rosto de Peeta quase tocando o meu.

- AI ESTÁ VOCÊ KATNISS EVER… Oh. – Disse uma voz, conhecida, com um determinado toque de raiva e eu me afastei de Peeta que abriu os olhos e fitou Finnick com raiva. Ao seu lado Annie me olhou com um sorriso no rosto e soltou uma gargalhada.

- Larga de ser besta, Finnick. Vamos voltar para trás?

- POR NADA DESSE MUNDO. KATNISS EVERDEEN, VOCÊ VEM COM A GENTE. AGORA!