O dia ainda não havia amanhecido em Seattle. Na verdade, faltava ainda duas horas até que o sol se levantasse do horizonte. Mas isso não impedia que a cidade já estivesse em ação. Da sacada do quarto de hotel alugado na cidade, já era possível notar a movimentação das primeiras horas da manhã.
Com uma xícara de café na mão, abri a porta de vidro que dava acesso a pequena varanda de 2x3 e me deixei levar pelo ar gelado da manhã.

A qualidade do ar não era boa, senti a dificuldade de se puxar o ar para o pulmão, a fuligem suspensa no ar. Mas mesmo assim era bom.Não tão bom quanto de ar puro e pacato de Forks, mas bom.

E por falar em Forks, meus pensamentos foram novamente inundados pelo caso do homicídio de Forks. Os relatórios preliminares como exames de sangue, toxicológico e tomografias não apresentavam anormalidades (tirando as mordidas humanas). Depoimentos dos jovens exploradores que haviam encontrado o corpo não levavam em nada. As únicas coisas realmente úteis eram as evidências físicas.

Voltei a examinar as fotos do corpo como fora encontrado no local. O corpo havia sido jogado com violência contra uma arvore,pela contusão no osso ocipital. As fotos da arvore indicavam o ponto onde a cabeça do homem havia atingido a arvore: a 1,70m do chão.

"A evidencia aponta que o corpo foi arremessado contra a arvore, e o ponto de impacto foi a 1,70m do chão. Levando em consideração que a vitima tinha 1,76, o atacante tinha uma força sobre humana, além de ser alto, por volta de 2 metros, 2,10."

Disse concentrado, anotando as novas informações ao canto de um dos relatórios do caso.

Outro fato intrigante era a descoloração da terra, além dos vários particulados espalhados pelo corpo e cena do crime, todos em sacos de evidencia esperando a analise.

Então por hora eu precisava de duas coisas: um entomologista e alguém para reconstruções.

E por sorte eu conhecia as duas melhores pessoas para isso.

Olhei para o relógio de meu smartphone, 07:10 am, "Eles já devem estar acordados".

Navegando pela agenda, achei o contato que iria me ajudar nesse caso: Michael Vincent Hodgins, entomologista forense no Jeffersonian e amigo de bebedeiras.

Disquei o numero e após varios toques, finalmente uma voz embriagada pelo sono me atendeu:

— Alô... Alô, quem... Michael na linha...

— Michael! Bom dia! Lhe acordei?
Perguntei inocente.

— Mas o que? Puta que pariu Rick, são 07 da manhã! O que você pode querer a 07 da manhã!
Indagou Michael, com o seu habitual "bom humor" matinal.
— Olha Michael, eu diria que é um desafio horripilante, topa? Ah, isso inclui Christine também, Crhistine está aí com você?
Christine Booth, filha da lendária Dra. Temperence Brennan era uma artista, que assim como a mãe de Michael, cuidava das reconstruções no Instituto Jeffersonian.
— Christine! Christine acorda... A MEU DEUS A CASA ESTÁ PEGANDO FOGO!

Foi o que eu conseguir ouvir através do telefone, seguido por um grito agudo e alto, que me fez afastar o telefone da orelha.

— Bom dia amor, Rick está na linha e tem um desafio a nos propor.
Disse Michael, cheio de falsa ternura na voz. Então só que pude ouvir foi gemidos de dor e risos do telefone.
— Michael... Vincent... Seu idiota, você quase me matou de susto! Ah, e bom dia Rick!
Gritou Christine para o telefone, enquanto aparentemente batia em alguma coisa (ou em alguém).
— Bom dia Christine, então, o é o seguinte...

Ouvi apenas murmúrios de concordância enquanto explicava todas as informações até agora que eu havia descoberto do caso, tentando ser breve pela chamada.

— Ok, topamos.
Disse Christine animada.

— Nos espere no aeroporto amanhã cara, estamos juntos nessa.
Disse Michael, com a animação de Chris na voz.
Pronto. Minha equipe estava formada. Parecia que as peças estavam começando a se juntar, mas mal sabia eu que mais um jogador iria se juntar ao jogo.