Semanas se passaram.

Raquel e Everton seguiam bem com o namoro, mas as coisas não andavam tão boas para Barbara e Renato.

Ela passou a evitar o namorado, mas nunca dando motivos que fossem convincentes.

Certa noite ele foi busca-lá em casa para saírem e dar uma volta. Quando chegou ela estava no banho, então ficou na sala esperando enquanto conversava com Raquel.

– Você é muito amiga da Babi não é Raquel?

– Sou sim. Conheci a Barbara nos primeiros dias de facul, mas é como se nos conhecêssemos a anos.

– Então ela confia em você pra se abrir, contar sei lá, algum problema.

– A Barbara é muito reservada Renato... Mas porque essas perguntas? Aconteceu alguma coisa?

– É o que gostaria de saber.

Raquel não entendeu e Renato resumiu tudo.

– Ela anda esquisita Raquel. Eu nunca forcei a Barbara a nada, nunca mesmo, mas tenta se colocar no meu lugar. Ela é linda, sou louco por ela entende? Sou homem Raquel, não sou de ferro. Admito que algumas vezes eu passei um pouco dos limites, mas nunca fiz nada que ela não quisesse.

– Entendi. Mas Renato, na boa, não acho que a Barbara te evite entendeu? Ela te ama muito, disso tenho certeza.

– Então o que é Raquel?

– Não posso dizer nada por ela, mas posso te garantir que o problema não é você.

– Me fala o que é Raquel, por favor. Sei que você sabe.

Raquel fica impaciente.

– O certo seria ela te contar e não eu. Ela confiou em mim, não quero quebrar a confiança dela.

– E não vai. Ela nunca vai saber do que conversamos, pode confiar em mim.

Raquel pede um minuto e sai, indo na direção do banheiro. Quando volta aumenta o volume da televisão e começa a falar.

– Estou confiando em você Renato, não faça eu me arrepender.

– Garanto que não vai. Fala.

– A Barbara tem meio que um trauma de um namoro passado. Ela gostava muito do cara que se achava por isso sabe? Fez ela sofrer demais, machucou ela demais também.

– Algumas vezes conversamos sobre namoros que tivemos, mas não entravamos em detalhes. Mas esse namoro dela acabou já faz tempo pelo o que sei.

– Tem um tempinho mesmo, mas algumas vezes ela tem medo de viver a mesma historia. Com você.

– Comigo?

– É Renato. Ela tem medo de se envolver mais do que já esta e você perceber que não quer seguir adiante. E acho que você sabe o tipo de "envolvimento" que ela mais tem medo.

– Nunca parei pra pensar nisso. - diz pensativo.

– Bom, só quem pode dizer realmente o que sente é ela, mas pelo o que eu sei, esse medo tem essa origem. Entendi tudo o que você falou sobre achar a Bah linda, a amar e tudo isso, mas como você pediu pra eu me colocar no seu lugar, agora se coloca no lugar dela Renato.

Assim que termina de falar, Barbara aparece e dá um selinho em Renato.

– Oi. Faz muito tempo que chegou?

– Nem cinco minutos. - diz olhando para Raquel que disfarça.

– Podemos ir quando quiser então.

Eles se despedem de Raquel e saem. Dentro do elevador Renato pergunta onde Barbara quer ir.

– Não pensei em nada, achei que como você deu a ideia já tinha um lugar em mente.

– E tenho, mas pensei que você gostaria de ir em algum lugar em especial.

– Qualquer lugar com você é especial.

Ela lhe dá um beijo rápido nos lábios, o que faz com que ele de um sorriso pra ela.

Renato a leva para uma sorveteria recém inaugurada. Ficaram lá por horas conversando e curtindo aquele tempo. Quando enfim foram embora, ficaram um tempo conversando no carro. Ele acariciava o rosto dela enquanto sorria.

– Sabe o que isso me lembra? A primeira vez que beijei você.

– Lembra mesmo?

– Com certeza. Lembro de tudo ligado a você.

Barbara abaixa a cabeça por alguns segundos e quando a levanta olha fixamente nos olhos de Renato.

– Re, sei que esses tempos tenho sido muito fria com você, distante. Me perdoa.

– Está tudo bem. Me perdoa também se dei alguma pisada de bola com você.

– Não deu não, pelo contrario. Você merece o troféu paciência na verdade.

Renato ri.

– Quem ama espera Babi.

Ela o olha surpresa. Renato segura sua mão e a beija.

– Sei que não fui tão paciente quanto você disse. Algumas cheguei a meio que forçar uma barra ou criar uma situação pra nós dois... Você sabe. Fui um imbecil fazendo isso. Mas prometo que não vai mais acontecer.

– Renato...

– É sério Barbara. Nem sem querer nem por querer, nada disso. Eu te amo e não quero forçar você a nada, seja ir a um lugar que você não quer, que não goste ou fazer algo que não queira, ou não se sinta pronta, a vontade.

– Porque está me falando essas coisas?

– Quero que saiba que pode confiar em mim. Sempre.

Barbara abre um sorriso sincero e seguro, abraçando Renato.

– Prometo que no momento certo vou te contar tudo ta bom?

– Tudo bem amor, tudo bem.

Ela se afasta do abraço e o olha.

– Re?

– Hum?

– Eu te amo. Obrigada por me amar também.

– Boba. Fala como se te amar fosse algo difícil. Vem cá.

Renato destrava o cinto de segurança de Barbara e segura seu rosto.

– Como da primeira vez. Viu como eu lembro?

Barbara sorri e eles se beijam. Algum tempo depois ele a deixa em casa e vai embora.

Já na sua casa, lembra da conversa que teve com Raquel horas antes.

"Entendi tudo o que você falou sobre achar a Bah linda, a amar e tudo isso, mas como você pediu pra eu me colocar no seu lugar, agora se coloca no lugar dela Renato".

Também lembrou do que Barbara deixou escapar na conversa deles, talvez mesmo sem se dar conta.

"Prometo que no momento certo vou te contar tudo ta bom?".

– Aconteceu algo com ela e não foi algo simples como um namoro que acabou sem explicação. Tem muito mais por de trás dessa história, mas afinal, o que pode ser?