Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 38
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Foi uma baita jornada, de longos dias e belas noites (Um beijo pra quem lê A Torre Negra! HAUAHAUHA), que agora chega ao final pela segunda vez. Repostar Blessed e ver que vocês ainda estimam tanto essa história que escrevi há dois (!!) anos faz a garotinha que eu costumava ser, que sonhava em escrever alguma história longa e de verdade, se sentir tão bem! A história ainda tem muito o que ser melhorada e eu pretendo trabalhar nisso. Mas saibam que, se um dia virem qualquer livro escrito por alguma Mariana Bonaldo nas livrarias, vocês fizeram parte disso.
Eu gostaria de agradecer à Wal. A gente levou a cumplicidade do site para a vida pessoal, e se não fosse por ela ter se oferecido para postar Blessed pra mim eu estaria com a corda no pescoço! Walzinha, você fez um ótimo trabalho e roubou o coração das minhas leitoras. A história pode ser minha, mas todo o resto é seu então Blessed é nossa ♥
E agora, espero mesmo que vocês apreciem o epílogo. Pela última vez aqui nessa história, desejo pra vocês uma boa leitura!



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Finn Hudson andou pelo corredor comprido, ricamente enfeitado, até encontrar a porta que levava a placa com os dizeres “Suíte da Noiva” acima dela. Ele respirou fundo, e deu uma leve batida na superfície de madeira. Alguns segundos depois, e a voz doce de Sophie Puckerman atravessou a porta, chegando aos seus ouvidos.

- Ethan, é você?

Ela parecia brava com a possibilidade de seu noivo tentando vê-la antes do casamento e Finn sorriu. Aquela era sua Sophie.

- Não. É o tio Finn.

Finn pôde ouvir o barulho de saltos altos batendo contra o piso de madeira, e logo o barulho da trinca sendo aberta. Alguns momentos depois, a imagem de uma Sophie vestida de noiva fez o seu coração bater mais lentamente. Os cabelos loiros estavam perfeitamente presos no alto da cabeça, o corpo esguio de bailarina estava coberto por um vestido de princesa. Sophie Puckerman era a perfeita imagem da mãe, Quinn Fabray Puckerman.

- Você é uma noiva deslumbrante. – ele disse, honestamente, e logo os lábios pintados de uma nuance pêssego sorriram abertamente para ele, enquanto Sophie afastava o seu corpo da porta, dando passagem para que o tio entrasse.

Uma vez dentro da suíte, os dois encararam-se por alguns segundos. Nada precisava ser dito entre aquele homem de cinqüenta e seis anos e a bela garota de vinte e cinco. Sophie correu até Finn, passando os braços ao redor do tio, que correspondeu ao abraço com vontade.

- Onde é que está a minha garotinha dos recitais de ballet? – ele disse, tentando controlar a emoção na voz. Sophie deu um riso baixo e abraçou-o com mais pressão.

Quando separaram-se, Finn observou a mulher em sua frente, tentando buscar os traços da garota que um dia ela havia sido. O mesmo sorriso doce brotava os seus lábios. O sorriso que a havia acompanhado durante toda a sua vida, uma vida que era possível graças a bondade de outra pessoa.

Finn Hudson observava a mulher a sua frente, totalmente absorta no bebê em seus braços. No bebê que era seu filho. Ele sorriu e levantou-se da poltrona onde se encontrava, andando até a cama de hospital que, naquele momento, abrigava os seus dois maiores tesouros: a sua mulher e o seu filho.

Rachel tirou o olhar de Ethan Hudson e levantou-o, sorrindo para Finn. Ele, por sua vez, passou um dos braços ao redor de seu ombro e com a mão livre acariciou a cabeçinha loira do filho, que dormia.

- Ele é a sua cara. – Rachel disse, ainda sorrindo para o marido. Ele assentiu, e deu um leve beijo em seus lábios. Logo, o olhar dos dois estava voltado para o bebê recém-nascido de novo.  

Finn e Rachel sentiam-se em uma realidade paralela. Durante nove meses, nove complicados meses, os dois haviam esperado por aquele momento: quando teriam Ethan Hudson em seus braços, finalmente.

Rachel havia abandonado o emprego que amava, e começado um negócio próprio: Uma delicatessen ao estilo europeu, onde ela podia exercer outra de suas paixões: a culinária. Finn, por sua vez, havia perdido a conta de quantas vezes a mulher, grávida, havia molhado sua camisa de lágrimas quando ele voltava de alguma operação, sempre com algum novo machucado, amedrontada com a ideia de perdê-lo. Além disso, o estresse do casamento de ambos havia gerado muitas noites em claro por parte da noiva. No fim, a cerimônia simples, no campo, havia sido perfeita. Havia tido, ainda, o aborto espontâneo de Quinn. Após meses de tratamento, ela havia conseguido finalmente engravidar. Mas havia perdido a criança, aos três meses de gestação, e desistido da ideia de ser mãe. Finn ainda se lembrava de ter entrado no amplo apartamento que dividia com Rachel e a ter encontrado agarrada em um dos bichinhos de pelúcia de Ethan, parecendo muito assustada.

Mas naquele momento, com o filho nos braços da mulher que amava, Finn sentia que tudo havia valido a pena. De repente, Rachel o olhou novamente, como se lesse os seus pensamentos.

- Eu gostaria que a Quinn sentisse a mesma coisa que sinto agora.

- Eu também, amor. Talvez um dia ela possa sentir.

Rachel balançou a cabeça, negando.

- Não sem a ajuda de alguém. – ela mordeu os próprios lábios. – Finn, eu quero ser a barriga de aluguel da Quinn.

Finn lembrava-se de, no inicio, ter achado a ideia de ver a sua mulher grávida do filho de outras pessoas estranha e até mesmo assustadora. Mas, com paciência, Rachel o havia convencido de que não eram simplesmente “outras pessoas”. Eram Noah e Quinn. Além disso, ela emprestaria somente o seu útero. O embrião seria gerado em laboratório, com o óvulo de Quinn e o esperma de Noah.

E, dessa grande confusão, havia surgido Sophie Puckerman. Finn e Rachel afeiçoaram-se a garotinha – sua afilhada – como se ela fosse sua própria filha. Assim como, Finn tinha certeza, Quinn e Noah eram apaixonados por seu próprio afilhado, Ethan.

E agora, ali estava Sophie, aos vinte e cinco anos, uma grande bailarina, prestes a se casar com seu amor de infância, Ethan Hudson. Finn sorriu, lembrando-se de como o filho e Sophie eram afeiçoados um ao outro quando crianças. Ele e Puck costumavam brincar que os dois casariam-se algum dia. Rachel e Quinn trocavam olhares cúmplices e sorriam, como se guardassem uma certeza que só as duas sabiam. Quando Ethan tinha dezoito anos, e Sophie dezesseis, eles se apaixonaram. Finn e Puck, cabeças duras que eram, não acreditaram que o amor duraria. Rachel e Quinn ainda limitavam-se a trocar olhares e sorrisos. Agora, Finn tinha certeza que as duas sabiam desde o início, que seus filhos estavam destinados um ao outro. “Uma mãe sempre sabe”, havia dito Rachel quando Ethan e Sophie anunciaram o noivado para as duas famílias.

- Vai ser ótimo ter você oficialmente na família, Sophie.

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Finn saiu da suíte da noiva alguns momentos depois, repleto de emoção. No meio do caminho, uma Samantha Hudson trombou com ele.

- Desculpa papai. – disse a garota, voltando a correr logo depois. – Tenho que ajudar a Sophie a colocar o véu. – continuou, com um gritinho excitado no final. Finn riu, balançando a cabeça. Samantha tinha dezesseis anos, e ao contrário do irmão, levava pequenos traços da mãe, como os cabelos castanhos e encaracolados, e a altura abaixo da média. E como uma boa afilhada de Santana, Samantha adorava escandalizar. Por qualquer coisa.

Finn sentia saudades de ter Santana e Brittany por perto. Após o casamento de ambas – que teve de ser adiado, graças à gravidez de Rachel – elas passaram quatro anos em Nova Iorque. Mas aquela cidade, onde as pessoas se amontoavam e 24 horas em um dia não pareciam ser suficientes, não era onde elas pertenciam. Então o casal resolveu mudar-se para Elba, a cidade mágica, onde tudo de mais importante havia acontecido nas vidas delas e de seus dois amigos. Uma vez lá, Santana e Brittany decidiram adotar uma criança. Se apaixonaram à primeira vista por Cora, uma garotinha órfã e adorável. Levaram anos para que a adoção fosse possível, mas elas não desistiram. De alguma forma, Cora estava destinada a ser a garotinha de Santana e Brittany. E assim aconteceu. Quando Rachel descobriu que estava grávida de Samantha, não fora muito difícil escolher a madrinha: Santana. E mesmo de longe, a latina ajudava a cuidar de sua afilhada, ensinando-a espanhol e atitudes práticas para livrar-se de seus problemas. Finn sabia que sua filha adolescente, linda e popular, não contava todos os seus problemas para o pai ciumento e a mãe neurótica. E tranqüilizava-o saber que sua garota podia contar com a força de Santana para ajudá-la.

Olhando para frente, Finn avistou um cabelo castanho, cortado na altura do maxilar que ele conhecia muito bem. Logo Rachel se aproximava, vestida em um longo azul marinho, tão linda quanto na época em que se conheceram. Estavam casados a quase trinta anos, e Finn achava incrível o fato da mulher ainda fazer o seu coração acelerar.

- Me promete que a Sam nunca vai se casar. – disse ele, fazendo Rachel rir e passar os braços ao redor de sua cintura, quando estava próxima o suficiente.

- Ela está bem animada com o casamento. Você conhece as garotas de dezesseis anos, não?

- Não conhecia, até ser pai de uma. – ele respirou fundo. – Se lembra quando ela era pequena e não gostava dos banhos? Ela dizia “não toca em mim” com a voz brava, do alto de seus três anos. Eu só queria que ela continuasse dizendo isso a vida toda.

Rachel deu uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.

- Uma garota precisa se divertir, Finn.

- Ela pode se divertir. Desde que nunca apareça com um namorado na minha casa.

Rachel desviou o olhar, mordendo os lábios.

- Ah meu Deus! – disse Finn, sentindo o ciúme tomar conta de seu ser. – Você sabe de alguma coisa que eu não sei, Rachel Hudson?

Rachel enrolou um pouco, e quando ia responder, Noah apareceu ao seu lado.

- A noiva está desesperada atrás da “tia” Rachel. Ela se nega a colocar o véu, sem que você esteja presente também. – disse Noah – antigo Puck – com uma expressão de “mulheres-e-seus-chiliques”.

- Desculpa, tenho que ir. – disse Rachel para Finn, com um sorriso, saindo de perto do marido e do amigo logo depois.

Finn suspirou, e colocou as mãos nos bolsos, virando-se para Puck .

- Como você conseguiu superar a ideia de que outro cara, que não é você, encosta na sua filha?

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“Queridos papai, mamãe, tia Rachel e tio Finn,

Escrevo essa carta da varanda de nosso bangalô no México. Ethan ainda está dormindo, mas eu simplesmente me neguei a perder esse maravilhoso nascer do sol. É minha lua de mel e eu provavelmente não deveria estar escrevendo para vocês. Mas, enquanto eu observava o céu um pouco mais cedo, me dei conta de que tudo isso – eu ter me tornado esposa do homem que eu amo – só foi possível graças a vocês.

Mamãe e papai, vocês me ensinaram que tudo pode se tornar realidade. Eu me lembro de quando eu era criança, e mamãe me dizia que as gotas de orvalho de uma manhã depois de uma noite de chuva eram lágrimas de fada. A fantasia sempre fez parte do meu dia-a-dia, e eu agradeço vocês por nunca terem me desestimulado a sonhar. Tudo o que eu espero é ser uma mãe tão maravilhosa para os meus filhos, assim como mamãe foi para minha. E espero que Ethan seja o pai mais incrível da face da Terra, assim como você foi, papai. Mas quanto a isso não me preocupo. Porque Ethan foi criado por Finn e Rachel.

Muito obrigada, por terem transformado o Ethan no homem maravilhoso pelo qual me apaixonei. Na minha vida toda, considerei vocês dois como segundos pais. E vocês nunca me abandonaram. Obrigada tia Rachel, por ter me ouvido desabafar sobre coisas que eu não me sentia preparada para revelar para mais ninguém. Obrigada tio Finn, por ter me protegido como se eu fosse sua filha. Sempre.

Vocês quatro me mostraram que eu poderia sonhar e acreditar no que eu quisesse. Quando eu era adolescente, assim como a Samantha, o amor era superestimado. Meus colegas achavam besteira se apaixonar. Eles me diziam que amores e relacionamentos não duravam. E quando eu fraquejava, chegava em casa e via meu pai abraçar a minha mãe por trás, enquanto ela cozinhava, e roubar algo da panela. Minha mãe se virava e batia nele, que ria. Logo os dois se beijavam ou simplesmente ficavam ali, se observando como se não houvesse mais ninguém em volta. Ethan me disse, ontem, que sempre acreditou no amor. Nunca deixou de duvidar de sua existência. Porque Finn olhava para Rachel, depois de vinte e nove anos de casamento, como se ela fosse única no mundo. Porque, para ele, ela é a única.

Se hoje eu estou aqui, no México, casada, feliz, e apaixonada, foi porque eu tive maravilhosos pais – e estou falando de vocês quatro – que me mostraram que o amor era possível. E o amor não é grandes gestos, apesar deles fazerem parte da concepção também. O amor é um abraço no meio da madrugada. É sentir-se mais seguro e completo simplesmente por ter a outra pessoa ao seu lado, seja assistindo televisão ou olhando as estrelas em uma noite quente. O amor são as brigas, porque só quem ama demais, se importa ao ponto de discutir. O amor verdadeiro para mim nunca foi o dos livros de Nicholas Sparks. Para mim, ele sempre esteve dentro da minha própria casa ou no lar vizinho. Obrigada a todos vocês, por terem me ensinado o significado do amor.

Com (verdadeiro) amor,

Sophie Puckerman Hudson.”


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