Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Seguinte: esse capítulo é muito triste para Quick, então eu não vou falar nada porque eu sempre choro com ele.



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Ela não dormiu. Sua garota saiu da cama no meio da madrugada, silenciosamente e partiu para a sala de estar. Puck ouviu o seu choro baixo e sentiu-se um inútil por não poder consolá-la. Porque daquela vez a culpa não era dele. A culpa podia ser atribuída somente a uma brincadeira sem graça do destino.

Há uma semana ela começara a sentir enjôos pela manhã. Depois sua menstruação atrasara. Ela tinha tanta certeza de que estava grávida! Por isso marcara uma ginecologista para a manhã. Quando voltara para casa, seus olhos estavam inchados.

- O que tem de errado, babe? – perguntara Puck, preocupado.

Quinn limitara-se a deixar algumas lágrimas escaparem de seus olhos amendoados e abraçara o namorado.

- E-eu pensei que estava grávida. – dissera ela, deixando Puck estático. Grávida? – Não se preocupe, - ela grunhira ao sentir a reação dele – isso nunca vai acontecer.

- O-o que você está dizendo? – ele perguntara, passando as mãos levemente nos braços macios.

- Eu não posso ter filhos, Puck – Quinn começara a chorar com mais intensidade quando proferira as mesmas palavras dolorosas que ouvira algumas horas antes. – Os meus óvulos podem ser fecundados, mas depois disso, eles não conseguem se dirigir para o meu útero. Eles ficam presos na minha trompa de falópio. E, por mais que a fertilização ocorra, eu sempre vou matar o meu filho. Porque um bebê não tem espaço para se desenvolver ali.

Quinn chorara desesperadamente e Noah sentira-se perdido. A mulher da sua vida – a que ele pretendia se casar e construir uma família – não poderia ter filhos. Aquilo o atingira como uma bala no peito, mas ele sabia que não poderia se entregar a própria tristeza. Não naquele momento, quando ela precisava tanto de sua força.

- Amor... – ele dissera, a envolvendo nos braços com delicadeza. Ela deixara-se ficar ali, molhando sua camisa preta com as lágrimas dolorosas, por alguns momentos. Depois o empurrara e começara a andar para fora do apartamento. – Aonde você está indo? – Puck perguntou, preocupado.

- Eu vou para o Central Park. – ela dissera, alcançando um casaco branco e grosso que estava pendurado perto da porta de entrada. – Não me siga, por favor. Eu realmente preciso ficar sozinha agora.

A única coisa que Puck pudera fazer fora balançar a cabeça, aprovando suas palavras. Não poderia forçá-la a ficar em sua companhia, se isso deixava a situação ainda mais dolorosa para ela.

Quando Quinn voltara, Puck ouvira a porta bater com delicadeza, mas não a procurara. Ele tinha certeza de que ela o procuraria quando estivesse pronta. Ele ouvira o barulho do chuveiro e sentira o peso do corpo dela deitando-se ao seu lado na cama. Só o fato de tê-la ali, exalando o maravilhoso cheiro de rosas de seu sabonete, conseguira acalmar o coração ferido de Puck, e dera a ele a tranqüilidade necessária para fechar os olhos por algumas horas.

Mas agora ela estava fora da cama novamente, chorando sem parar, e Puck não tinha mais certeza se ela o procuraria. Por isso levantou-se da cama também, seguindo o som dos seus soluços baixos. Encontrou-a abraçando um elefante de pelúcia antialérgica, com o corpo encostado no pequeno sofá azul claro acoplado a janela. Aproximou-se dela em silêncio, colocando as duas mãos sobre os ombros delicados e encostando o queixo no topo da cabeça loira que ele tanto amava.

A simples presença reconfortante do homem que ela amava foi o suficiente para fazer com que os soluços que estivera segurando saíssem em alto e bom som agora, enquanto as lágrimas molhavam o seu rosto bonito. Puck dizia palavras reconfortantes em seu ouvido, abraçando o seu corpo por trás, mas era tudo tão difícil...

Apesar do instinto aventureiro e de sua vaidade, Quinn Fabray sempre imaginara-se mãe. Quando pequena, vestia-se com as roupas de sua própria mãe, Judy Fabray, e segurava suas bonecas nos bracinhos pequenos como se elas fossem suas filhas. Ela penteava os seus cabelos, beijava as suas bochechas de plástico e dizia o quanto ela as amava. Exatamente como faria quando tivesse os seus próprios filhos.

Quando os enjôos começaram, ela ficou assustada com a possibilidade de uma gravidez. Passara o dia inteiro pensando no que faria se fosse tornar-se mãe em breve e chegara à conclusão de que era o momento perfeito para iniciar sua família.

Ela finalmente tinha encontrado a pessoa certa, morava em um apartamento enorme na cidade que amava com todo o seu coração, era bem sucedida em seu emprego e, além disso, a sua melhor amiga estava grávida de um mês. A única coisa que estava faltando para deixar aquele quebra cabeça completo, era um filho lindo e saudável.

Mas tudo aquilo tinha sido destruído agora. O filho maravilhoso, que seria tão amado por ela, nunca chegaria.

E ainda havia Noah. Ele era tão perfeito e merecia uma mulher que pudesse dar-lhe tudo: Um casamento, uma casa de veraneio e filhos com seus lindos olhos verdes. Quinn Fabray nunca poderia ser essa mulher.

- E-eu estou te deixando. – ela conseguiu informa-lo com a voz baixa, por entre algumas lágrimas que insistam em cair, mesmo agora que os braços fortes de Puck a envolviam confortavelmente.

- O que? – ele sussurrou depois de alguns minutos e ela sentiu que o seu corpo tremeu levemente.

- Eu não posso te dar uma família, Noah. Eu nunca vou poder. – ela respirou fundo, sentindo como as lágrimas a invadiam com força novamente. – E eu simplesmente amo você demais para te privar do futuro que você merece. Eu quero que você tenha tudo, Noah Puckerman, porque você é o cara mais especial que existe e eu me considero a mulher de mais sorte por simplesmente ter tido a chance de passar um tempo com você.

Puck ficou em silêncio, deixando que as palavras doces e tristes de Quinn penetrassem sua mente.

- Você é o que me torna especial, Quinn. Eu não ligo se não podemos ter filhos, porque essa pequena família composta apenas por você e por mim já é o suficiente. – Ele acariciava os cachos loiros de Quinn, sentindo a sua cabeça leve encostar-se no seu coração que batia forte agora. De medo e amor. – É o suficiente porque você é uma mulher maravilhosa, e eu não consigo mais me imaginar longe do seu perfume gostoso, da sua pele macia e da sua comida queimada. – os dois riram um pouco quando Puck trouxe a tona o mau desempenho de Quinn na área culinária. – Mas principalmente eu não consigo ficar longe do seu amor. Não dá mais.

Quinn endireitou-se em seus braços, puxando a cabeça de Noah para perto da sua e deixando que os seus lábios se tocassem com amor. Sem pressa, eles sentiram seus sabores e caricias, enquanto os corações batiam descompassados, no ritmo das borboletas que voavam em seu estomago.

- Eu vou procurar outros especialistas. – ela disse, quando os seus lábios se separaram, com a testa ainda colada na de Noah. – Eu quero isso Puck. Eu quero ter um pedaço seu. Um pedaço nosso. – Puck sorriu levemente. – Por isso eu vou consultar trinta médicos diferentes e vou me submeter a todos os tratamentos possíveis, até que eu possa te dar uma família.

- É... – ele respondeu, ainda sorrindo. – Acho que eu gostaria de uma pequena Quinn, exigindo saltos altos aos quatro anos. – Os dois riram.

- Mas enquanto isso...

Quinn saiu de perto dele, levantando a própria camisola de seda. Seu corpo nu, branco como leite, ficou exposto e Puck soltou um pequeno palavrão, sentindo a calça de malha apertar-se.

- O que acha de praticar, Sr. Puckerman?

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Finn sentou-se nervosamente ao lado de Rachel no consultório de seu obstetra pelo tempo em que estivessem na Itália. Estavam ali para sua primeira consulta pré-natal, e consequentemente, para a primeira ecografia. Ela estava com cerca de cinco semanas agora e o exame seria feito para estipular o tempo exato de gestação e como ia o bebê.

Ele havia recebido a noticia da gravidez há quatro dias e ainda não sabia como se sentia em relação a toda a situação. Mas sabia que entrar em um consultório de obstetrícia era totalmente apavorante.

Havia pessoas por todos os lugares, conversas entre marido e mulher, lágrimas de felicidade e tristeza, e principalmente barrigas enormes. Finn olhou para a morena pequena ao lado dele, tentando-a imaginar com uma daquelas grandes barrigas daqui a alguns meses.

- Que foi? – ela perguntou, curiosa.

- Não sei, só não consigo te imaginar com um desses barrigões. – Finn deu uma risada baixa e Rachel sorriu. A relação entre os dois estava bem melhor desde que a gravidez fora descoberta: Apesar de todas as diferenças e as brigas, eles compartilhavam algo inédito, algo que haviam criado juntos.

- Bem, o bebê tem que crescer... – Rachel disse, colocando as duas mãos sobre o ventre e olhando para a própria barriga. Ela nunca admitiria, mas todos os dias levantava-se da cama e olhava o próprio corpo no espelho, em busca de qualquer saliência. Rachel mal podia esperar para que a barriga começasse a crescer.

Finn observou Rachel acariciar a barriga com um sorriso no rosto. Um orgulho incontrolável de saber que aquela era a mãe de seu filho abateu-se sobre ele. Um orgulho mesclado com pitadas amargas de tristeza, é claro. Ao redor deles, um casal animado conversava, provavelmente sobre o filho prestes a nascer – pelo menos era o que a barriga enorme da mulher negra informava. O homem tinha um dos braços ao redor do pescoço fino da mulher, que ria com tranqüilidade.

Rachel podia estar carregando o seu filho, mas eles nunca seriam aquele casal. Não quando ele havia quebrado o seu coração e agido como um completo idiota depois. Ele sabia que agora tratariam-se com educação, gentileza e compartilhariam bons momentos juntos, mas tudo pela criança no ventre dela.  E aquilo simplesmente o matava.

A mãe de seu filho não o amava, e havia deixado a situação bem clara na ultima vez em que os dois haviam estado juntos. E o orgulho de Finn não o deixava informa-la sobre o amor que nutria por ela. Então, todos os dias, ele guardava para si os elogios que se passavam por sua mente e havia aprendido a controlar muito bem a vontade de beijar aqueles lábios carnudos toda vez que eles sorriam para ele. Mas todas aquelas coisas eram um peso que Finn carregava todos os dias, não deixando Rachel saber de seus verdadeiros sentimentos por ela.

Além disso, ele não queria machucá-la. Não novamente. Se mais alguma vez tivesse que observar aqueles olhos castanhos derramando lágrimas por ele, nunca se perdoaria. Então, sempre que ele era impulsionado até Rachel, lembrava-se de que ela merecia alguém melhor do que um homem inseguro e orgulhoso.

- Eu gostaria que já pudéssemos senti-lo. – A voz doce dela disse ao seu lado. Finn sorriu, olhando para a sua barriga.

- Senhora Birkin? – a voz grossa da recepcionista chamou, fazendo Finn e Rachel despertarem-se de seus pensamentos. Finn levantou e estendeu a mão para Rachel, como vira tantos pais fazerem com suas mulheres grávidas.

- Eu ainda posso levantar sozinha, Liam. – ela disse, olhando-o de um jeito engraçado e sorrindo. – Talvez daqui a alguns meses você tenha que me ajudar a colocar os sapatos, mas por enquanto ainda consigo levantar sozinha.

Finn tirou a mão de seu frente, colocando-a para trás, sem graça. Em qualquer outra ocasião, aquela simples resposta seria motivo para que as brigas iniciassem. Mas naquele momento ele simplesmente não podia esperar para ver como ia seu filho.

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Rachel fez uma careta quando sentiu o bastão com gel ser colocado dentro dela. O nervosismo tomava conta dela. Tinha descoberto a gravidez a pouco tempo, mas vinha fazendo tudo certo desde então: ela comia as coisas corretas, exercitava-se e tentava não estressar-se tanto. Mas e se o seu filho não estivesse bem? E se ele tivesse algum problema de desenvolvimento? Como toda mãe, ela estava preocupada. Finn deveria ter percebido, pois logo a sua mão apertava a dela, dando-a conforto.

Era impressionante como Finn havia mudado desde que adentrara a porta da casa com um presente nas mãos, a cinco dias atrás. Rachel tinha ao seu lado um Finn que nunca imaginara existir: Cuidadoso e educado, que colocava o bem estar dela e de seu filho acima do seu. Além disso, ele sempre tinha aquele olhar doce no rosto, que transmitia segurança a ela sempre que Rachel recordava-se da bagunça que sua vida estava: Ela estava grávida de um homem que não a amava, no meio de uma missão secreta, organizando o casamento de duas mulheres maravilhosas e seus pais ainda nem sabiam sobre o neto que estava a caminho. Um caos. Mas ainda sim, um caos reconfortante, toda vez que ela pensava sobre o seu filho e o incrível pai dele.

Ainda sim, ela era cautelosa. Havia aprendido a controlar a sua dor e não gostaria que ela voltasse a tomar conta de suas ações. Rachel tinha certeza que sempre amaria Finn, mas merecia muito mais do que ser a segunda opção na vida dele. (N/A: Antes de sentirem raiva da Rach, lembrem-se que o Finn a magoou e nunca chegou a se declarar a ela rs.) Isso não significava que ela não invejasse Ally a cada momento de seus dias, porque ela invejava.

- Prontos papais? – sorriu a doutora Olly Riga, obstetra de Rachel. Os dois assentiram quase simultaneamente, e a mão de Finn segurou a de Rachel com ainda mais pressão. Os dedos dele estavam gelados e Rachel tinha certeza de que ele era um poço de nervosismo naquele momento.

Logo o aparelho tocava a barriga de Rachel, causando leves cócegas nela. Finn e ela observavam com atenção a tela em sua frente, que mostrava manchas cinzas e pretas, mas nenhum dos dois entendia nada ou conseguia decifrar qual daquelas pequenas manchas era o seu filho.

Os olhos de Olly arregalaram-se e Rachel retesou-se.

- Tem algo errado? – ela perguntou, sentindo o ar sumir. Durante a última semana aprendera a amar o seu filho mais do que qualquer outra coisa e simplesmente não poderia imaginar alguma coisa saindo errado em sua gravidez ou em sua criança.

Olly balançou a cabeça, colocando um sorriso no rosto.

- Vocês são pais de sorte, Sr. e Sra. Birkin! Algumas pessoas, com tão pouco tempo de gestação, só conseguem visualizar o saco gestacional. Mas eu consigo perfeitamente visualizar o embrião! Ele mede 3,3 mm e a Sra. Birkin está com seis semanas de gestação.

- Estão vendo esse ponto? – continuou a doutora, apontando para uma pequena macha negra, no formato de um feijão. – Esse é o seu filho.

A respiração de Finn desapareceu, enquanto ele olhava para o pequeno ponto. Rachel sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, enquanto sorria. Parecia tudo tão real agora... Eles realmente iriam ser pais. Em breve, teriam um bebê nos braços.

- Obrigada por isso. – Finn disse suavemente, sentindo o amor por aquela mulher aumentar de uma forma tocante.

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- O que acha desse? – disse Finn, retirando um livro grosso da prateleira, com o título: “Reproduzi... E agora?”.

Rachel balançou a cabeça para os lados, rindo.

Os dois estavam no shopping de Elba, especificamente na livraria. Depois do choque de realidade, quando perceberam que realmente teriam uma pequena pessoa que dependeria somente deles para tudo; decidiram que precisariam de preparo. Artilharia pesada.

Então partiram para o shopping, e agora os braços dos dois estavam carregados com livros sobre gravidez para o pai, gravidez para a mãe, o parto, os primeiros meses do bebê, a alimentação do bebê, doenças... E todo o resto.

Finn e Rachel estão rindo quando saem da livraria, com ele carregando duas sacolas cheias. Eles andam pelos corredores lotados do shopping, decorados com esmero para o Natal, e parece tão natural que eles dêem as mãos agora que estão observando a vitrine de uma loja de roupas infantil, que eles simplesmente trançam os seus dedos e não soltam mais. Porque nenhum dos dois realmente quer terminar aquele contato físico. Eles sentem-se completos com aquele simples toque de mãos, porque dessa forma eles sabiam que tudo aquilo não era um sonho. Realmente estava acontecendo.

E o peito de Rachel infla de orgulho a cada olhar feminino repleto de inveja que ela recebe, porque ela tem aquele cara enorme ao seu lado, e ele lhe pergunta sempre como ela está se sentindo, carrega todas as suas sacolas e lhe aplica beijos delicados no topo da cabeça. Além disso, ele é tão bonito e aquele casal parece tão feliz, que é impossível para os passantes não olharem com inveja para os jovens com uma grande diferença de altura, que simplesmente não conseguem tirar o sorriso de seus lábios. O amor é tão exteriorizado ali, naquele simples momento de lazer.

E eles orgulham-se de cada um daqueles olhares invejosos, mesmo sabendo que são alimentos para a ilusão de que um dia talvez eles realmente seriam aquele casal impressionante que aparentavam ser.

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Rachel não sabe se é o seu instinto maternal que aflorou-se de repente, ou se é simplesmente o enjôo de novo. Mas ela tem uma má sensação. A sensação começa em seus dedos dos pés e vai até o seu estomago.

Ela está confortavelmente sentada no banco de passageiro da caminhonete preta que Finn alugara na semana passada, enquanto ele guarda as compras do bebê na carreta. O dia fora maravilhoso, mas ainda sim ela sentia que algo estava errado. Muito errado.

- Liam, venha logo para o carro, por favor! – ela grita, colocando a cabeça para fora da janela. Finn responde algo que ela não consegue decifrar, e Rachel apertas as mãos enluvadas de vermelho, sentindo-se nervosa.

Pelo retrovisor ela consegue enxergar quem sai pela porta do shopping. Em sua maioria são adolescentes e seus namorados, ou pais e mães fazendo as compras de Natal com seus filhos pequenos correndo ao redor deles.

Rachel tenta focar-se no Natal, seu feriado predileto, dizendo a si mesma que a sensação não é nada demais. (N/A: Gente, na fic a Rachel não é judia, pelo simples fato de que não conheço direito a cultura dos judeus e prefiro não escrever sobre algo que não é do meu conhecimento). Mas então ela o vê. Há um homem encostado na parede do shopping. Ele usa um casaco preto, tem cabelos grisalhos e um cigarro nos lábios. Ele definitivamente não é o namorado de alguma das adolescentes e não parece o tipo de homem que está no shopping fazendo compras de Natal. Seus olhos negros estão fixos na direção da caminhonete preta. Eles estão fixos em Finn.

O corpo de Rachel dá um espasmo trêmulo, mas não é por causa do frio.

- Liam! – ela chama novamente, a cada segundo que Finn passa fora do carro seu nervosismo aumenta.

- Eu estou aqui, Char. – diz Finn, colocando a cabeça na janela do banco de motorista, a olhando de um jeito estranho.

- Podemos, por favor, ir embora? – Rachel pergunta, a sensação ruim ainda a preenchendo.

Finn assente e desliza para dentro do carro, o ligando e dando ré para sair da apertada vaga. Ele sente a tensão de Rachel ao seu lado.

- O que foi?

Ela balança a cabeça para os lados, fazendo um sinal negativo com o movimento. Ela não tem certeza se precisa realmente se preocupar com aquele homem ou se a culpa é de seus hormônios descontrolados.

- Podemos pegar um caminho contrário ao de casa? – Ela morde os lábios nervosamente.

- O que está acontecendo? – Finn pergunta novamente.

- Eu vi um homem parado na porta do shopping, e ele era diferente de todos os freqüentadores. Além disso, ele olhava especialmente para você. Eu não sei se são os meus hormônios, mas... Eu realmente prefiro prevenir.

Finn assente com a cabeça e vira para o lado esquerdo, ao invés do direito. Um carro prata está atrás de sua caminhonete, e Rachel fica cada vez mais nervosa. Ela tem quase certeza de que eles estão sendo seguidos, e teme pela vida de seu filho e do pai dele.

- Acelera, Finn. – ela pede, enquanto aperta o cinto de segurança.

Ele imediatamente obedece, acelerando o carro na rua vazia. O carro prateado acelera também, e quando eles menos esperam, a dianteira do carro bate na traseira da caminhonete, lançando o corpo dos dois para frente.

- Merda! – Rachel deixa escapar, amedrontada.

- Você está bem? – Finn pergunta, enquanto pisa ainda mais fundo no acelerador.

- Eu to legal. – ela responde, olhando pelo retrovisor para tentar identificar o motorista. Mas os vidros do carro são cobertos por uma camada bem escura de insufilm, mais do que é permitido por lei, ela tem certeza.

Finn pega a primeira curva que aparece, tentando acelerar o quanto pode e ainda assim mantê-los a salvo.

- Eu preciso que você pegue a arma que está dentro do porta luvas. – ele diz para Rachel, tentando mantê-la preparada para qualquer eventual emergência.

Ela assente e, com o corpo tomado pela adrenalina, pega a arma nas mãos, verificando se está carregada.

- Eu não quero ter que usa-la. Eu sempre odiei matar pessoas, é a pior parte do meu trabalho. – Rachel diz à Finn.

- Eu vou tentar despistar o carro.

Finn vira na próxima curva novamente, acelerando quando passa por ela. Ele deixa os olhos caírem no retrovisor, mas o carro prata ainda está lá, aproximando-se a uma velocidade perigosa.

- Se segura. – ele pede à Rachel, e quando o carro prata os alcança, Finn joga a caminhonete em sua direção, fazendo-o sair de linha reta por alguns momentos. Momentos que são bem aproveitados por Finn, que pisa fundo no acelerador, até o velocímetro quase alcançar o seu limite. Rachel dá um pequeno grito ao seu lado, quando Finn vira para o lado direito e depois para o esquerdo, entrando em uma rua movimentada. Ele diminui a velocidade, e passa no meio da fileira de carros, tentando misturar-se.

Ao olhar para o retrovisor, não vê mais o carro prata.

- Está tudo bem agora. – ele diz à Rachel, que tem o corpo todo retesado e assente lentamente. – Podemos ir para casa.

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O caminho até a casa de Finn e Rachel fora silencioso. Todas as conversas e a felicidade que tomavam conta de seu dia pareciam ter ido embora. Como o motorista do carro sabia onde os dois estavam? Como ele sabia quem eles eram?

Quando Finn virou a caminhonete na rua onde a casa se encontrava, Rachel percebeu que havia algo estranho.

- Porque tem um carro parado em frente a nossa casa? – ela perguntou, sentindo o nervosismo do qual ela nem havia recuperado-se totalmente, vir a tona de novo.

- Rach... Está tudo bem. É só um carro. É provavelmente de uma família de turistas que achou mais fácil estacionar aqui e descer para a praia.

- Em pleno inverno? Sério? – Rachel o olhava, incrédula. Finn deu de ombros e desceu do carro, para colocar a senha que abriria a porta de casa. Depois voltou e estacionou o carro na garagem.

Rachel desceu e pegou duas das cinco sacolas que encontravam-se na carreta, e logo depois saiu pela porta da garagem, pisando na neve macia enquanto dirigia-se para a porta de entrada da casa.

Ao olhar para a frente da casa, viu o carro ainda estacionado. Ela respirou fundo e aconchegou as sacolas em um só braço, tentando dispersar os pensamentos amedrontadores. Ela estava assustada com a pequena perseguição. Só isso. Não significava que...

- Se abaixa! – a voz de Finn gritou à alguns poucos metros de distância, e a próxima coisa que Rachel viu foi um buraco de bala sendo feito na porta à sua frente.

Ela deixou as sacolas caírem, enquanto jogava o corpo ao chão.

- Finn! – ela gritou também, procurando pelo homem, enquanto dirigia-se novamente para a garagem, agachada na neve rigorosamente gelada.

Sem obter resposta, ela continuou traçando o seu caminho, já pensando na fuga. Teria que ser rápida ao entrar na caminhonete, e mais ainda ao alcançar a arma que Finn levava no porta luvas. Ela tinha esperanças de que, estando grávida, as coisas ao seu redor fossem ser um pouco mais normais. Péssima ilusão.

- Vem! – disse uma voz masculina, puxando Rachel para cima e a colocando rudemente no banco passageiro do carro, enquanto ouviam-se mais disparos na direção em que Rachel estivera a poucos segundos. Ao sentir o cheiro amadeirado próximo de si, Rachel sentiu um alivio imediato. Finn. – Você está bem? – ele perguntou, tocando o seu braço, e em seguida o seu rosto, como se precisasse senti-la para se convencer de que nada acontecera com ela.

Ela assentiu com a cabeça, enquanto colocava a mão pequena no porta luvas em busca da arma. Quando a encontrou, jogo-a para Finn.

- Eu dirijo grandão. – ela disse, enquanto eles trocavam de posição dentro do carro, passando um por cima do outro.

Finn carregou a arma, colocando o dedo sobre o gatilho.

- Você está pronta, babe? – ele perguntou, a olhando.

Rachel sentia a adrenalina pulsando dentro de si, expulsando todo o nervosismo.

- Você está falando com Rachel Berry. – ela respondeu, sorrindo maliciosamente para Finn. – Eu estou sempre pronta.


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Notas finais do capítulo

Poha, acho que é o maio capítulo de Blessed até agora :s
Quick, venham aqui que irei amá-los e tal ♥
E agora vai ter ~ação~
Beeeeijos