A Ditadura Stradivarius escrita por Flari


Capítulo 5
Incertezas




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Inglaterra, 2014

  Tempo, por que é tão cruel, por que tão brutal e impiedoso com aquelas jovens criaturas...  

  O dia nasceu ensolarado, mas era como se o sol não tivesse nascido, não haviam muitas pessoas nas ruas, Londres parou, assim como Berlim, São Paulo, Rio de Janeiro e quase Nova York, o mundo ocidental havia parado em tristeza, medo e aflição, os números assustavam e os jornais mais ainda mais, poucas pessoas nas ruas e muitas nas igrejas, sinagogas ou mesquitas, as pessoas tinham tristeza em praticamente todo o mundo, a notícia fora chocante e instantânea, as que não tinham religião estavam confinadas as suas casas pensando sobre o futuro, isso pelo menos com a maioria que se importava ou fingia se importar.

 Na noite anterior não houve nada que parasse uma explosão de  6 megatons no meio da cidade do Rio de janeiro, estimados 600.000 mortos, 200.000 feridos e ainda haviam os incêndios secundários,  e radiação residual,  a situação era mais complicada do que parecia, dentre os mortos estava o presidente dos Estados Unidos da America, Barack Obama que estava na cidade do Rio em visita oficial durante a copa do mundo para um encontro pacífico de embaixadores e chefes de estado, não seria nada importante na verdade por que nada seria decidido, como sempre, mas naquele momento se tornou. Trinta e cinco minutos depois os EUA estavam em Defcon 1, foi um míssil ou um asteróide, ninguém sabe, sabem apenas que os números de mortos foram avassaladores, os Russos estavam com as armas todas em prontidão, e com os escudos anti missil também, os Chineses acusavam os americanos pela morte de dois embaixadores chineses e os EUA acusavam os Chineses pela morte do presidente, e os coreanos teriam ajudado, os Brasileiros entravam em um quadro de estado de caos total enquanto os Europeus se lamentavam pela morte de aproximadamente 700 alemães, 900 ingleses , 300 franceses e 500 poloneses,  muitos estavam feridos e em hospitais pelas redondezas, cientistas de todo o mundo tentavam explicar o fenômeno para evitar a guerra total, militares embarcavam em seus navios prontos para lançar todo um arsenal em seus supostos inimigos, soldados patrulhavam fronteiras com ordens de atirar para matar e realmente o faziam, as coisas estavam ficando complicadas.

 Na Inglaterra um grupo de terroristas explodiu uma van em meio a uma praça publica, 13 mortos e 45 feridos, a insanidade parecia se espalhar, praticamente ignorando a tristeza e as lágrimas de um pai e de uma mãe, uma família que agora chorava por um filho morto, um filho inocente, Erick andava pelas ruas junto a todos ali, o primeiro ministro havia declarado luto na nação,  era um protesto pacífico, uma passeata em nome das 600.000 famílias destruídas, em nome de todos aqueles que morreram, a passeata andava lenta e dolorosamente, muitos choravam, muitos carregavam velas, nomes de pessoas, o lugar não fora gentil, o calor humano era intenso enquanto alguns policiais observavam Erick andava com o pensamento distante, estava ao lado de Joanna e ambos andavam tristes, ele havia se cortado muito e quase quebrado a casa inteira em um acesso de raiva e tristeza, exatamente no momento em que recebera a notícia, imaginara como estariam as outras famílias naquele momento e como estaria a situação no Brasil, pobre país e agora mais destruído do que nunca, tudo estava ruindo, países acusando uns aos outros, soldados em prontidão e tudo isso em menos de um dia, quem poderia dizer o que se passaria dali duas horas, duas semanas... O próprio tempo era tão incerto quanto a vida naquele momento,  nada era previsível.

  A passeata não demora a ser dispersa, a polícia foi dura e conseguiu dispersar a multidão depois de um tempo, mas não usaram força, tudo o que eles não queriam era uma bomba explodindo no meio de um aglomerado de cidadãos pacíficos, ia ser mais um golpe enorme na moral da população e um problema para o governo, que mesmo com o incidente do outro lado do oceano as coisas se espalharam com tamanha velocidade que era impossível controlar, a internet se tornou um antro de teorias da conspiração que cresciam mais e mais enquanto os jornais tentavam abstrair o mínimo de verdade, Erick tinha lido na internet que os Coreanos teriam lançado a bomba para conter o avanço de um vírus que seria implantado nos estádios para controle da mente, desenvolvido pelos EUA, ele mesmo não conseguia acreditar no nível de imbecilidade daquilo, mas estava rolando na internet coisas piores...

 Estes voltam para casa, uma mãe e um pai agora sem filho, perderam também outros parentes, o que tornava a dor ainda pior, a casa estava escura, pois não abriram as cortinas ou sequer as janelas, a casa estava pouco arejada e com um clima de tristeza, em uma pequena cômoda, ao lado da porta havia três velas acesas na frente das fotos de seu filho, Joanna acende as luzes, estava vestindo uma roupa comum, calças jeans e uma camisa de manga comprida preta, com gola um tanto quanto alta, em sinal de luto, o silêncio imperava ali, Erick ligou a  televisão para ver o noticiário enquanto Joanna preparava algo para comerem, não haviam ido ao mercado ainda, tinham algumas sobras de alimento guardadas na geladeira as quais ela pegou e preparou algo para comerem.

Erick – as vezes eu escuto ele... – olhava tristemente para o noticiário

Joanna – eu também amor... Mas não vamos pensar nisso tudo bem? Vamos comer algo ... Você não come nada dês de ontem..

Erick – Estou sem fome querida...

Joanna pegou o prato e o deixou cair na pia, olhando incrédula para Erick, ele parecia estar cada momento mais deprimido, ela anda ate ao lado dele com passos curtos, e se sentou ao lado dele e o olhou profundamente nos olhos, estava triste, tinha perdido um filho, mas a ligação de Erick com Willian era algo extraordinário e quase fora do comum, ele tinha uma real ligação paterna com o garoto e a morte dele trouxe mais tristeza ao mesmo  do que esta poderia imaginar, ele também perdera o irmão mas ela sabia que a morte que mais estava o deixando triste era a morte de Willian, ele não falava, não olhava para ninguém e  mal comeu naquelas horas que se passaram, o que seria esperado nas primeiras horas mas ele estava entrando em um quadro preocupante ela olha para ele e segura na  mão dele e Erick olha para ela, com olhos tristes e cheios de água, não foi preciso mais palavras para que ela o abraçasse e aguardasse as lágrimas deste o que não demorou, ele estava recebendo treinamento militar mas ate os homens mais fortes precisam de apoio.

Erick – por que... Em nome de Deus por que ele? – dizia entre prantos – ele era tão novo e tinha tudo pela frente ainda... Por que ele? Em? Por que nosso filho....

Joanna – Amor... Por que todos eles? Por que tantos? – dizia com lágrimas nos olhos enquanto acariciava a mão enfaixada de Erick, sorrindo tristemente para o mesmo o olhar era de não só tristeza, mas também medo, medo do que viria, há 20 horas saberiam exatamente que acordariam no outro dia, iriam trabalhar ligar para o filho, assistir a um programa na televisão à noite e dormiriam juntos na mesma cama, uma rotina, porém uma rotina comum, mas daquele dia em diante não sabiam o que aconteceria, os dias se tornaram incertos, a polícia estava cada vez mais rígida e os militares sendo requisitados, as pessoas falavam sobre frotas marítimas no canal e no atlântico, e sem falar que metade dos países do mundo estava com armas levantadas o amanha tornou-se incerto.

Joanna – Vem querido... Precisamos dormir um pouco estamos os dois cansados e exaustos, o dia foi difícil e amanhã vai ser ainda pior... – esta olhava para Erick mais preocupada do que imaginaria, acariciava as mãos feridas deste com carinho e delicadeza, com um sorriso triste no rosto, ele a fita com os mesmos olhos tristes mas tenta um sorriso

Erick – sabe o que é pior... Não poderemos nem enterrá-lo... Querida... – olha para a mesma a abraçando com algum carinho e derramava algumas lagrimas – eu consigo ouvir a voz dele... consigo vê-lo... Eu daria tudo para ver ele correr por aqui só mais uma vez... Por que? Por que ele?...

Joanna – vamos.. – disse o abraçando, ela não sabia o que dizer, se levantou junto dele.

 Uma curta noticia começou:

‘’ novas informações sobre o evento ocorrido, recebemos a informação que o cientista astrofísico francês Jean Chervalier teve informações previas sobre um corpo que iria atingir a Terra cerca de 23 horas antes de este chegar ate ao planeta, todas as tentativas de contatar o mesmo foram frustradas ‘’

 As imagens eram praticamente de uma perseguição da imprensa ao homem, ele tentava se esquivar, afastava aos microfones e as câmeras, gritava coisas em Frances e outras em inglês, todas relacionadas a deixá-lo em paz ou simples ofensas, a polícia teve de intervir.

‘’ o homem não quis se pronunciar sobre o fato...’’

A noticia chamou muito a atenção de ambos... Mais do que deveria...


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