Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Um dos capítulos mais fofos que eu já escrevi, espero que vocês gostem! Ah, avisando que estamos quase na reta final, então eu não recuso recomendações e comentários! Lembrando que algumas coisas serão mudadas na história para encaixar Lena, principalmente a partir desse capítulo.



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Capítulo 17

– Eddie. - Lena chamou o moreno, ainda segurando-se em sua cintura para não cair de cima de Wings.

– O que foi? - ele perguntou, ainda sobrevoando muito acima nos céus. O castelo ali daquela altura parecia apenas um pequeno pontinho na imensidão do precipício.

– Eu quero ver se há sobreviventes. - disse ela, engolindo em seco.

– Você tem certeza? - Edmundo virou seu rosto, olhando-a com um ar amistoso. - Pode não ser algo muito agradável para você ver.

– Tenho, Eddie. Pode ter alguém ainda vivo ali. - ela insistiu.

– Só não diga que eu não avisei, Lena. - ele disse.

Segundos depois, Wings já sobrevoava o castelo, o mais próximo que conseguia, e Lena pode ver o que realmente significava uma guerra. Lá embaixo, no chão, jaziam vários e vários corpos. Narnianos e soldados. Rebaixados lado a lado a um nível tão medíocre e morumbo que, no mesmo instante, Lena sentiu as lágrimas escorrendo por sua face.

– Va-vamos embora, Eddie... - ela implorou, gaguejando por entre os soluços.

– Está chorando? - ele perguntou compassivelmente.

Ela não respondeu, apenas fungou e Edmundo levou isso como um sim. Sem nada a dizer, ele soltou uma das mãos dela que estava agarrada à sua armadura, e segurou, entrelaçando seus dedos aos dela. E se o não fosse um momento tão criticamente emocional para ela, por estar vendo pela primeira vez os resultados de uma guerra, ele diria que suas mãos se encaixavam perfeitamente.

~*~

Ao pousarem, Edmundo rapidamente pulou de Wings e ofereceu ajuda a Lena, que já não mais chorava, mas tinha os olhos vermelhos. Quando esta já estava com os pés firmes no chão, envolveu-lhe os ombros, como um apoio, e recebeu um sorriso triste de volta. Se aproximaram dos outros reis e Lena pode ver Lúcia vindo em direção a eles, esperando-os juntamente com os outros que permaneceram ali na entrada da fortaleza.

– O que aconteceu? - perguntou a pequena.

– Pergunte a ele. - Pedro respondeu desgostosamente, indicando Caspian com um aceno.

– Pedro. - advertiu Susana.

– A mim? - perguntou Caspian, parando de frente ao loiro. Lena estava torcendo para que não discutissem ali, quando ela mesma estava em luto por aqueles que não conhecia. Claro que suas preces foram em vão. - Você podia ter cancelado. Ainda dava tempo.

– Não dava, graças a você. - retrucou Pedro, também parando. - Se tivesse seguido o plano, os soldados estariam vivos agora.

– E se tivesse ficado aqui como eu sugeri, eles com certeza estariam! - exclamou o príncipe, já cheio das ordens do loiro.

– Você nos chamou, não lembra?!

– Meu primeiro erro. - disse Caspian friamente.

– Não. - contrariou Pedro. - Seu erro foi achar que podia ser líder. - ele disse, já virando-se e seguindo em direção à entrada.

– EI! - Caspian chamou sua atenção de volta e sibilou algo que estava há muito entalado em sua garganta. - Acho que não fui eu que abandonei Nárnia.

– Você invadiu Nárnia. - acusou Pedro, apontando para o rosto do príncipe. - Não tem mais direito de livrá-la de Miraz! - Caspian, antes mesmo de terminar de ouvir, passou por Pedro, empurrando-lhe o ombro. - Você, ele, seu pai... - conseguiu retomar a atenção moreno. - Nárnia está melhor sem gente da sua laia.

Em um ato reflexo, ambos desembainharam as espadas, e apenas não se cortaram as cabeças, pois Lena gritou um "PAREM!" alto e claro nessa hora. Estava cheia de brigas assim, como se já não bastasse a guerra que enfrentavam. Edmundo, que estava ao seu lado, soltou-a imediatamente e virou-se em direção aos guerreiros narnianos. Quando Lena viu que ele ajudava NCA, que estava no colo de um minotauro, percebeu exatamente o que deveria dizer.

– Tem coisas mais importantes do que brigar por algo que já passou. - Lena disse, antes de se virar e ajudá-los a colocar NCA no chão de pedra.

Quando rei e príncipe abaixaram as espadas, Lúcia veio correndo em direção a eles, retirando um frasco de um saquinho na cintura que Lena rapidamente reconheceu. Era o elixir de cura. Lúcia se agachou ao lado de NCA e pingou uma ou duas gotas em sua boca. Lena levantou os olhos e viu que Caspian entrava na fortaleza, sendo seguido por um anãozinho que tinha uma feição tão... Obscura... Que fazia Lena se arrepiar da cabeça aos pés. NCA engasgou rapidamente, mas logo abriu os olhos.

– Por quê estão parados aqui? - ele perguntou. - Os telmarinos logo vão chegar. - Lúcia estava prestes a se levantar, quando ele segurou-lhe o pulso. - Obrigado... Minha cara amiga.

Lúcia sorriu singelamente antes de levantar.

– A você também. - NCA disse a Lena, que também sorriu amigavelmente.

~*~

Lena estava sentada no mesmo lugar já há algumas horas. À beira da pedra em que sentara-se antes de começar a treinar e onde ela não sabia que Edmundo sentara-se para vê-la durante seu treino. Não sabia bem o que pensar, mas também não era bem hora de pensar. Queria simplesmente esquecer. Esquecer que entrara naquele mundo paralelo onde nada fazia-lhe sentido. Esquecer que aquele era um mundo onde guerras existiam e animais falavam. Esquecer que um dia chegara a beijar Edmundo. Esquecer que um dia ele a beijara também. Esquecer tudo isso, apenas para apagar da sua mente a memória de ter visto dezenas de corpos jogados nos pátios do castelo de Telmar, no que fora um campo de batalha sangrento.

– Você está bem? - ela ouviu alguém dizendo às suas costas, mas não fora preciso virar-se para descobrir de quem pertencia a voz.

Reconheceria a voz de Edmundo em qualquer lugar.

– Eu não sei. - ela respondeu, enquanto sentia-o sentar-se ao seu lado. Ela semicerrou os olhos à brisa fresca da tarde. - E você?

– Eu não sei. - ele deu de ombros e Lena virou-se confusa para ele.

Edmundo envolveu-lhe a cintura e Lena deitou confortavelmente sobre seu ombro.

– O que aconteceu? - ela perguntou delicadamente.

– Lembra quando descobrimos que aqui era uma fortaleza construída em volta da Mesa de Pedra? - ele perguntou, ambos engolindo em seco para evitar falar do beijo que acontecera logo em seguida.

– S-sim. - ela tentou não gaguejar, mas foi impossível. Estava receosa de que ele também se lembrasse como aquela ocasião fora marcada.

– Acho que já estou pronto para contar o que me aconteceu durante o tempo em que estive aqui. - ele suspirou, abaixando o olhar para os campos lá embaixo, preferindo isso a olhar diretamente nos olhos da menina.

– Não precisa contar se não quiser. - ela avisou, sabendo que, mesmo que estivesse extremamente curiosa, era o melhor a se fazer.

– Não, eu preciso. - ele disse, finalmente olhando diretamente em seus olhos castanho-esverdeados e quase se afogando nesta imensidão. - Vou me sentir melhor quando contar.

~*~

Algum tempo depois e Edmundo acabava sua narrativa, deitado sobre o colo de Lena e com esta acariciando-lhe os fios negros. Ele havia lhe contado não apenas sobre sua primeira vez em Nárnia, como também dissera-lhe o que ocorrera na câmara da Mesa de Pedra.

– Então a Feiticeira simplesmente usou você? - Lena perguntou, depois de alguns segundos de pausa. - E agora a pouco tentara a mesma coisa com Caspian e Pedro para que eles a trouxessem de volta?

– Isso mesmo. - ele respondeu, analisando-a tentamente, à espera de qualquer outra reação mais parecida com julgá-lo, batê-lo, xingá-lo e depois ignorá-lo. Mas nada disso veio. Veio algo que o fizera se sentir animado e fizera-lhe rir.

– Que filha da mãe miserável! - ela exclamou, olhando embasbacada para o céu.

– Pelo menos não xingou a mim! - ele comemorou.

– E por quê eu teria feito isso?! - ela perguntou, mesmo já sabendo a resposta.

Edmundo sentou-se, afastando-se levemente de Lena. - Ah, não sei! - exclamou de forma irônica. - Talvez porque eu tenha traído Nárnia e meus irmãos!

Lena se ajeitou sobre onde estava sentada, segurou o rosto dele entre suas mãos pequenas e delicadas e olhou profunda e amigavelmente nos olhos negros de Edmundo.

– Acredite, Eddie. Não tem por que julgá-lo por um erro que cometera no passado e foi perdoado por todos. Cara, você foi coroado O Justo! Isso não é para qualquer um! Seu erro foi perdoado, reparado e recompensado. Você, mais do que ninguém, sabe o quanto você batalhou para recompensar isso e não há nada mais honrável do que aprender com os erros e se redimir por eles. E, pelo que percebi aqui, todos confiam em você e já perdoaram. Agora, falta apenas você mesmo se perdoar.

Edmundo sorriu espontaneamente, um sorriso que há muito não abria e sabia que apenas Lena poderia proporcionar-lhe.

– Você é incrível, Lena. - ele disse, tocando-lhe a face e acariciando com o polegar.

Ele viu-a corar neste momento, enquanto sentia as mãos da menina se dirigindo para sua nuca. Ele sabia exatamente o que iria acontecer. Seria inevitável. E mal podia esperar, claro. Lena foi inclinando aos poucos, ansiando pelos lábios dele tocando nos seus. Mas antes ela precisava dizer-lhe apenas uma coisa. Algo que com certeza marcaria. Senão aquela não seria Elena Stryder.

– Eu sei. - ela disse, vitoriosamente.

– E convencida também. - ele sussurrou, já de olhos fechados, e sorriu no momento em que sentiu os lábios finos e macios dela de encontro aos seus.

Lena sentiu um milhão de fogos de artifícios estourando em seu peito, um dragão brincando com seu estômago, sua pressão brincando de corrida, suas pernas fingindo ser gelatinas e uma escola de samba dançando em seu coração. Tudo isso e muito mais. E por mais que estivesse nervosa, quando Edmundo envolveu sua cintura e aprofundou o beijo, ela não recuou.

Desta vez, ela não fugiu do que esperara muito para conseguir.


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