Depois que Bruno saiu para buscar sua namorada, eu levantei do sofá e fui me arrumar para o meu "encontro". Abri o guarda-roupa e peguei uma camisa branca, nela estava escrito "All you need is love" , espero que ela não pense outra coisa. Peguei uma calça preta jeans bem colada e um all star preto e branco. Sempre fiquei bem naquela roupa. Assim diziam meus amigos.

Depois pranchei todo o meu cabelo. Nem estava aquilo ressecado por que eu cuido muito bem dele. Passei um delineador e um lápis de olho preto, e fiquei esperando. Quando deu 20:30 ela chegou.

—Atrasada! -Sorri. —É, eu sei. Desculpe. —Então, vamos? -Perguntei. —Sim.

Marie estava muito sem jeito, e aquilo me fazia rir. Era legal.

—Então, onde vamos? —Bem, eu não quero que você pense que eu estou tentando criar um encontro pra ter um clima entre a gente... -Ela dizia nervosa. —Não, não. -Ri. —É, sério. -Ela riu. —Tudo bem. Não pensarei. —Que bom. —Mas então, para onde iremos? —Eu tinha uma festa para ir. E tinha que convidar alguém. —Mas e a Annie? —Ela não quis vir. Está na casa da Juliana. -Fiquei um pouco triste por dentro. —Hum... Então, que bom que me convidou. -Sorri.

Entramos em uma casa, que por sinal, era uma enorme casa. Muitos adolescentes e um palco do lado de fora. Uma garota passou ao meu lado e disse algo do tipo "gostozaaaa", mas ignorei de imediato já que ela estava bêbada.

—Que tipo de festa é essa? -Perguntei pegando o primeiro copo que vi um garoto trazendo em uma bandeija. —É a "Colorful Party". Uma festa onde acontece de tudo, e onde você vê principalmente todos os tipos de casais. Até pessoas que transam com ursos de pelúcias. -Eu ri. —E quem organiza? —Uma amiga minha. -Entramos na casa e o som estava muito alto.

—Então, esse é o encontro? -Gritei. —Não é um encontro. Eu só te chamei pra sair. -Ela gritou de volta. Ambas rimos.

Uma garota se aproximou de nós e cumprimentou Marie, que nos apresentou.

—Thaíz, essa aqui é a Laura. A pessoa que organiza as melhores festas que eu já vi e fui na vida. -Apertei sua mão. —Laura, essa é a Thaíz, uma amiga da Annie, que agora é minha também. —Sua o que? Namorada? -Laura perguntou. —Amiga, Laura. Minha amiga. -Marie ficou sem graça.

Enquanto conversávamos, vimos um casal de lesbias passando ao nosso lado. Depois fomos para o terraço da casa, já que era o único lugar onde não havia "bagunça".

—Então, aqui até que é bem legal. -Eu disse. —É. —Mas fala aí, o que você faz da vida? —Eu trabalho de manhã e estudo á noite. E você? —Eu estudo de manhã e ensaio as vezes á tarde. —Hum... Legal. —É!

Fizemos silêncio por um momento encarando as luzes das ruas. Eu pensava em várias coisas, até mesmo na Annie.

—Então, como está esse namoro da Annie com a Juliana? —Sei lá. Está uma coisa bem melosa. -Ela riu. —É porque ela não para de presentear a Annie, e a Annie não para de ir na casa dela. -Eu podería ficar sem ter ouvido isso. Fiquei um pouco triste por dentro. Quando você gosta de uma pessoa, demora muito pra deixar de gostar dela. Principalmente quando você á vê todos os dias. —Tudo bem. -Tentei mudar de assunto. —Mas, Marie. Tenho que te fazer uma pergunta um tanto incômoda.  —Sim, pode falar. —Você está afim de mim? -Percebi que ela mudou de cor. —Eu? Não, cara... -Ficou nervosa. —Tudo bem. Eu não vou te dar um fora. -Sorri. —Está bem. Eu estou afim de você. Mas eu também sei que você está afim da Annie. -Nossa, meio que gelei. —Eu? Afim da Annie? —Thaíz, tudo bem. Eu não ligo. -Ela virou o rosto tirando-os de minha direção. —Está bem. Eu estava afim dela. Mas agora, apenas amizade. —Hum...

Pareceu convincente?

Estávamos sentandas uma ao lado da outra, em um desses bancos de praças que as pessoas sentam para dar migalhas de pão aos pombos. Eu escorreguei meu corpo para mais perto dela e pude sentir o seu corpo quente. Estava começando a ficar frio ali.

—Mas por que a pergunta? -Ela questionou. —Ah, porque eu achei que tinha percebido isso. Mas devo estar enganada. —Hum... —Desculpe te dizer, mas eu te achava muito cara de pau. -Eu ri sobre o meu comentário. —Ah é? Nossa, não era essa a minha intenção sabe... Quer dizer, eu não sou assim "cara de pau", eu estava eufórica com a sua chegada, ao conhecê-la. Queria falar com você o quanto antes. —Então, estava tentando me impressionar? —Tipo isso. Achei que você gostasse. -Rimos. Logo fizemos silêncio mais uma vez, eu odiava isso. Silêncio em uma conversa que precisa ter assunto, não é uma coisa legal.

Deixei todo o pensamento "Annie" de lado e fiquei naquele momento que estava presenciando. Sentada ao lado de uma garota que gostava de mim. Uma garota que, possívelmente me faria sorrir mais vezes.

Olhei novamente para as luzes das ruas e percebi que gostaría de fazer uma coisa.

Olhei pra Marie que agora me encarava, olhei para seus lábios que estavam molhados e pensei "tenho que beijá-la!" Aproximei meu rosto ao dela, e ela já sabendo o que eu queria, fez o mesmo, fazendo com que nossos lábios se encontrassem.

Foi bom, ela beijava bem até. Agradeci muito por não ter pensado na Annie naquele momento.

Continuamos á nos beijar, e eu aproximei meu corpo bem mais perto do seu para que ela me abraçasse. Me envolvi em seu abraço que primeiro era bem apertado, mas depois foi leve. Voltamos á nos beijar. Eis que alguém nos interrompe.

—Meninas! -Laura chama animada. Eu olho sem jeito para Marie, que olha para Laura. —Estava procurando vocês. -Ela deu um sorriso largo. Eu me arrumei ao lado de Marie. —Ah sim, pode falar. —Bem, tem um bolo bem inusitado lá embaixo. Achei que você gostaría de fotografar. -Laura riu. —Isso antes que o devorem. -Marie fez que sim, com a cabeça.

Laura deseu e logo atrás, eu e Marie. Chegamos no que se diziz ser "a sala" e demos de cara com um tipo bolo/palco de boate. Bonecos semi-nus e pisos xadrez rosa e preto.

—Incrível. -Eu disse. —Incrível mesmo.

Esperamos partirem o bolo, e não eram apenas um. Eram quatro. Depois decidimos ir embora.

—Então... -Eu disse. —Ah, por que você me beijou? -Eu não sabia responder essa pergunta. Droga, ela tinha mesmo que perguntar isso? —Eu, não sei... —Como assim não sabe? Tivemos um clima que eu diria "ótimo", você me beijou e foi incrível. Mas não entendo o "por que?"

Droga, Marie tem uma certa facilidade para estragar os bons momentos. Chegamos á minha casa, e ela ficou parada na grama de frente para mim. A luz do quintal estava apagada, fazendo com que, onde estávamos, também estivesse um pouco escuro.

—Eu... Acho que.. —Você acha que...? —Eu estou... -Eu não consegui dizer. Não sabia se era certo. Então, corri para a porta e entrei. Deixei Marie com cara de taxo ao lado de fora. Não quis espionar pela janela, sabia que ela ainda estava ali se perguntando por que eu fiz isso, porque eu a beijei e etc...

Subi para meu quarto e me joguei na cama. Nem procurei me informar se minha mãe já havia chegado do trabalho.