Paranoid Android escrita por chibi_cold_mari


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora!
A gente, tô estudando muito!Passei na olímpiada de física, daí agora tenho que estudar DEMAIS X_X
Mas ta aí a recompensa, espero que vocês gostem *-*



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            Minhas mãos deslizaram mortas sob as dele, pendendo pesadamente ao lado de meu corpo, não me importei com a dor, não consegui senti-la. Meus olhos arregalados fitavam de forma desfocada o rosto tão formoso e amargurado de Jess a minha frente, minha audição resumia-se a zunidos, como se estivesse embaixo d’água.Eu não estava entendendo, meu cérebro não conseguira decodificar as palavras que saíam rispidamente de seus lábios, soando de forma tão maravilhosa para meus ouvidos.Com o choque, rapidamente a adrenalina fizera efeito, me fazendo imaginar mil coisas enquanto ele me encarava ansiosamente esperando por uma resposta.

“Ele não é humano, não é... O que ele é? Seu braço, sua força, sua voz, seu rosto... Ele. Não é real, não é orgânico então? O que é? O que é? O que é isso na minha frente?

Os pensamentos passavam rapidamente pela minha mente, me fazendo até ficar mais confusa.

Pelo o quê meu coração bate tão forte?

 

Meus olhos se fecharam violentamente, em meio à escuridão absoluta, tentei recuperar meus sentidos, encarando o fato de frente, sabendo que eu não sonhava e que aquilo era real. Abri-os, Jess ainda me encarava daquela forma amargurada, sua face tornando-se até melancólica em contato com a luz fraca proveniente da lua que iluminava meu quarto, abri a boca e lhe proferi.

-Então... O que você é, Jess? – A pergunta tão ansiada por ele, saiu rouca, devido às emoções que não conseguia controlar.

Ele proferiu um sorriso sarcástico, fitando-me longamente e logo após fechando os olhos, aumentando o clima tenso e a minha ansiedade por sua maldita resposta. Ele respirou fundo, concentrando-se e tomando forças para me contar algo que nunca contara a ninguém, desenterrando o segredo das profundezas de sua garganta.

Ele abriu os olhos. Os azuis me fizeram prometer-lhe guardar o segredo, por toda a eternidade, sendo-lhes fiel para todo sempre.

 

 

-Eu sou um andróide... -Disse-me em um único fôlego, retomando o ar logo após.

 

 

O encarei incrédula, minha boca estava escancarada em sinal de um misto de susto e pavor. Seus dedos habilmente se moveram para o braço despedaçado, alargando a pequena fenda que ali havia, de forma tão grotesca que cheguei a menear o rosto para não vê-lo cometendo tal atrocidade contra seu próprio corpo. Uma de suas mãos fechou-se em meu rosto, obrigando-me a ver o resultado de tal ato.

Agradeci por não haver luz suficiente, se houvesse, eu certamente soltaria um grito de pavor.

Não havia um braço propriamente dito. Havia pele para todos os lados, despontando da grande fenda que ali havia, dando um aspecto necrosado para seu “membro”. Seu dedo repousava em um osso?Não!Aquilo não era um osso, do contrario,  não faria o barulho metálico que proferiu quando Jess bateu seu dedo sob ele. Era uma viga metálica, cercada por finos canos, parecia igualar-se a veias.

 -Meu Deus... –Proferi assustada.

 

 

-Não tenho um braço direito, não de forma orgânica. –Ele disse monotonamente, seu dedo apontou para os canos. – Vê?Eles levam óleo para as terminações metálicas, vê esses blocos? –Perguntou-me enquanto rasgava mais pele, dessa vez, seus cotovelos foram mutilados.

Tal ato revelou-me mais metal, dessa vez os canos se perdiam em meio a estrutura similar a um osso, dando lugar à um pequeno bloco que se esfarelou restando apenas uma parte do original, localizado na ligação entre uma viga e outra.

“O antebraço e o braço.”

-Fulereno. -Disse limpando o pó que caíra e sujara sua camisa azul.

Pelo pouco que me lembrava das aulas de química naquele momento consegui distinguir o que era tal material. Fulereno era o melhor tipo de lubrificante que existe, em forma sólida, dura muito mais do que o efeito do óleo, além de ser milhares de vezes mais eficiente. Pisquei incrédula, ele é extremamente caro.

-Vídea. –Disse ele apontando para a grande e compacta estrutura metálica, seus ossos. –É extremamente duro, indestrutível. –Disse com um sorriso sarcástico.

-V-você... É inteiro... A-assim? –Perguntei um tanto apavorada com as descobertas.

Sua mão se soltou de meu rosto, indo de encontro com as minhas mãos, pousando-as sob seu tronco desnudo, trabalho que sua outra mão ocupou-se em executar. Reclamei baixo com a dor de tal ato, mas logo entendi o que ele queria que eu fizesse.

-Descubra. –Disse-me a voz amargurada tornando-se rouca, incapaz de me contar até onde iria a sua anormalidade.

Sem sentir novamente a dor, tomada somente pela ânsia de descobrir a verdade, continuei com aquilo e toquei-lhe sua face do lado direito.

-Orgânico. –Disse num tom mais animado, mesmo assim monótono.

Toquei-lhe o outro lado.

-Inorgânico. –Disse fechando os olhos, comprimindo os lábios, como se lembrasse de algo ruim.

Minhas mãos se moveram para seu ombro direito.

-Metal.

Toquei seu braço esquerdo.

-Orgânico.

Retirei-lhe a camisa, tornando a exploração mais fácil. Sutilmente toquei seu peito, do lado direito.

-Não tenho pulmão. Isso que sobe e desce em meu peito é um “exaustor”, para as réplicas de órgãos não superaquecerem.

Deixei escapar uma exclamação de susto, seu rosto se contorceu ao ouvi-lo.Pousei minhas mãos sob o lado esquerdo, temendo a resposta.

-Tenho um coração, já que tenho partes orgânicas que precisam de sangue. –Disse como se fosse obvio, respirei um pouco mais aliviada a escutá-lo, ignorando seu tom de voz. -Ah! O exaustor serve para a corrente sangüínea também, leva oxigênio para o pouco sangue que preciso. -Disse como se esquecesse do “pequeno” detalhe.  –Tenho um “segundo coração”, ele bombeia óleo para as réplicas e para meu braço. -Disse desanimado.

Arregalei os olhos. Deslizei as mãos até a altura onde deveria estar seu diafragma, observando que em alguns lugares, a pele se arrepiava quando eu lhe tocava, descobrindo ali novos pontos orgânicos.

-Não tenho todo o sistema respiratório e digestivo, incluindo qualquer órgão que deles façam parte.

Ah!Era tanta coisa que ele não tinha!Tanta coisa que era substituída de forma tão complexa!Atormentava-me tanto o fato de que ele fosse mesmo uma aberração - tinha arrepios quando pensava dessa fora-, que nem percebi que minhas mãos se movimentaram sob o seu peito, deslizando para seu ventre, quase tocando em partes mais baixas.

-Ei! –Ele exclamou baixo quando percebeu onde minhas mãos iriam chegar, pelo menos sua voz retomou alguma vida. – Daí para baixo é tudo meu... –Disse sussurrando com um sorriso reprimido, entendendo tudo errado.

Eu não corei só me deixei cair sob seu peito, exausta, tanto física quanto mentalmente. Meus pulsos doíam de forma latejante, agora que havia dado por minhas necessidades biológicas, algum dos dois tinha que ser humano, não é?Ele então entendeu o que se passava comigo e desfez o quase-sorriso de seu rosto, me deitando e cobrindo, a fim de me confortar.

-Durma, Marina... –Disse-me enquanto acalentava meus cabelos, ele então chegou mais perto. -Me desculpe por te fazer tão infeliz, por te colocar nesta confusão... Sou tão egoísta!-Disse por fim sufocado.

-Não se torture. –Gemi exausta.

-Me desculpa... Durma... Eu te amo. –Sussurrou a voz de tenor em meu ouvido.

 

 

Tão repentinamente quanto a ida dele, foi a escuridão que se seguiu.

Tomada por milhares de sonhos e pesadelos com aquele "novo Jess" que conhecera a pouco.

 


 


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Viuuu?Minhas fics te ensinam quimíca, princípios básicos de robótica e a magia da sedução -q!



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