Paranoid Android escrita por chibi_cold_mari


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Melhor capítulo, opinião minha *o*



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            Dito isso, ele instintivamente apertou-me ainda mais contra seu corpo, como se me protegesse de algo.Não resisti, apenas deixei-me levar ao seu impulso, chorava tanto e de tal forma, que não conseguia abrir os olhos devido às lágrimas que rolavam incessantemente.

            -Quem fez isso?-Perguntou-me num tom quase de silvo, a voz tornando-se seca e áspera de repente.Nojo, talvez?

            Encolhi-me em seu colo, a imagem dele veio em minha mente.Antes fora só isso!Logo veio sua voz, a sensação de meu corpo ao receber cada toque seu...A repulsa, o medo...

            -Ugh!- Gemi encolhendo-me ainda mais.-Foi...Foi...O meu pai- cuspi as palavras de forma trêmula, como se fosse um palavrão.

            As imagens passavam de forma acelerada, os sons distorcidos de forma a parecerem um torturado grito de pavor, agonizantemente repetindo-se, e repetindo-se, e repetindo-se...E novamente eu estava fora de mim, com os dedos cravados em minha cabeça, puxando brutalmente punhados de meus cabelos pela raiz.Jess segurava firmemente meus pulsos, chacoalhando-me freneticamente a fim de me fazer parar com minha punição.Ele chamava por meu nome insistentemente, tentando me fazer voltar do transe que minhas memórias provocavam.

            -Céus!Marina, me diga o que houve!-Disse-me com a voz num misto de fúria e preocupação...Tão indistintos em sua voz de arcanjo.

            Abri os olhos, tentando me livrar das lágrimas que afogavam meus olhos em plena penumbra.Minha visão logo se tornou trêmula, mesmo que sem foco, talvez fosse pelo esforço repentino que fizera para enxergar algo, totalmente em vão, já que as lágrimas escorressem contra a minha vontade.Virei meu rosto para ele, pensei ter visto sua bela face desmanchar-se em uma careta de horror, mas tão rápido quanto a vi, logo já estava recomposta naquela expressão enigmática que sempre tivera, e que eu sempre amara.

            “Estou tão deplorável?Ele conseguiu me deturpar tanto assim?”.

            Só me deprimi mais ainda com o pensamento, encolhi meus ombros, recostando minha cabeça em seu ombro.Inspirei profundamente tentando conter os soluços que se aglomeravam de tal forma, que faziam a minha garganta doer.E então, sem pensar racionalmente e em um tom rouco e monótono, contei-lhe tudo o que acontecera na noite passada.Ou pelo menos tudo que eu sabia que não me faria cair aos pedaços novamente.

            Observava as veias em seu pescoço enquanto falava, talvez fosse um modo que eu encontrara de não pensar no que falava e de não tornar a ficar catatônica como já fizera duas vezes naquele dia.Elas pareciam não pulsar ritmado, mas mesmo assim, sobressaíam-se em sua pele de marfim, demonstrando a tensão que ele não conseguia esconder.

            -Ele nunca fez isso antes...Ele só passava a mão em mim...- Uma de suas veias – a maior que logo reconheci como uma artéria – pareceu saltar mais. – Ele só se excitava, daquele jeito nojento dele, me tocando com a mão imunda de cigarros e bebidas.-Cuspi as palavras.Ouvi seu maxilar trincar, suas veias pareciam estar prestes a explodir de tão inflamadas.

            Pela primeira vez, percebi que seus pulsos estavam fechados contra meu corpo, pressionavam-me brutalmente contra seu tronco desnudo.Só fiquei ali a fitar a nossa imagem refletida no espelho que havia ali, olhando a estranha de olhar frio e cruel que me encarava de forma assustadora.

            -Me desculpe...

            Olhei repentinamente para seu rosto.

            Seu semblante era de pura dor, transformando seu belo rosto em uma máscara de arrependimento, de forma tão sublime que parecia até ser mentira o fato de ele estar sofrendo.

            Pisquei incrédula, tentando entender o que ele dissera, afastando a fantasia boba que envolvia a tão maravilhosa face.

            -O que você disse?-Perguntei-lhe com um fio de voz.

            Ele me encarou, seu cenho franzido, dava-me a impressão de que poderia chorar com seus olhos tão azuis a lacrimejar...

            -Eu não pude fazer nada...Você sofreu tanto.-Disse em tom sustenido com a voz em um fio.-Não gosto de te ver assim.-Dito isso, ele abaixou a gola de minha blusa, exibindo as grandes marcas avermelhadas que ali existiam.

            Seu rosto tornou-se novamente de pura dor, de forma tão verdadeira, que cheguei a me odiar por fazê-lo ficar daquele jeito.Repentinamente, ele posou a mão sobre as marcas, mesmo que elas não doessem, senti-as queimar sob a sua mão gelada.Encolhi-me um pouco por causa do contato, mesmo assim não deixei de fitar seus olhos.Estavam torturados, o azul tão profundo que me acalmava antes, agora só me trazia mais mágoas, tantas e tantas, me faziam querer poder abraçá-lo, só para que aqueles olhos nunca mais ficassem tão tristes e lacrimejantes.A medida que os observava, eles pareciam ficar cada vez maiores, como se me prendessem de modo a ficar ali para todo o sempre, provando daquela agonia.

            Os olhos não estavam ficando maiores, estavam ficando próximos.

            Jess estava com a testa colada na minha.

            Sua respiração incontida soprava em meu rosto, de modo que faziam cócegas.Subitamente senti meu rosto enrubescer, arregalei um pouco os olhos, surpresa.

            -Não te quero ver sofrer...-Disse fechando os olhos momentaneamente.

            Ele abriu demoradamente os olhos, encarando-me novamente.Senti meu coração vacilar quando ele fez isso.

-Eu te amo- Sussurrou ele contra meus lábios.

E então ele me beijou.

 


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Notas finais do capítulo

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