"Sei que você já não quer o meu amor,
Sei que você já não gosta de mim,
Eu sei que eu não sou quem você sempre sonhou,
Mas vou reconquistar o seu amor todo pra mim."

Anna Júlia - Los Hermanos

Bruno tentou. Ele realmente tentou. Fatinha estava irredutível. Qualquer tentativa de aproximação era cortada, se a conversa ficava pessoal demais ela mudava de assunto. A loira não dava nenhuma brecha. Ele já estava ficando desesperado com a possibilidade de ter perdido de vez o amor dela.

O moreno chegou a pensar em ligar para a Ana para ver se conseguia despertar alguma reação na Fatinha, mas desistiu com medo de que a situação piorasse.

Ele encontrou a solução conversando com a irmã, uma romântica incorrigível, dedicada a operação BruTinha.

–Está sendo mais difícil do que eu pensava Ju. A Fatinha não dá nenhuma brecha, ela nem conversa comigo direito. –Ele desabafou.

–Bruno, você ama ela, certo? –A it-girl perguntou.

–Mais do que eu deveria. –Ele respondeu.

–E você já disse isso pra ela?

–Não.

–Pois é aí que você está errando. Você precisa se declarar pra ela Bruno!

–O problema Ju, é que ela não me dá nenhuma brecha! Eu não posso chegar de supetão com um “Bom dia Fatinha, eu te amo”.

–E por que não?

–Porque ela não vai acreditar em mim. Sei lá, eu preciso fazer algo grande. Tenho que pedir desculpas a ela e me declarar.

–Já sei! Por que você não faz um jantar romântico? –Ela sugeriu.

–Como assim? –Ele perguntou interessado.

Ju explicou a ele o que ele deveria fazer, e o moreno também teve algumas ideias. Fatinha, que estava trabalhando naquele horário, não fazia ideia da grande surpresa que a aguardava.

(...)

No final do dia Bruno deixou o estágio confirmando as suas encomendas. O restaurante japonês tinha prometido a entrega da barca sem atrasos, a floricultura também. O tempo fechado desagradou o moreno, mas ele preferiu deixar de lado o clima e focar em coisas que ele realmente poderia intervir.

–Fatinha? –Ele anunciou a sua presença na casa.

Ju apareceria dali alguns minutos para tirar a loira de casa. Esse seria o tempo que ele teria para organizar a surpresa.

–No meu quarto. –Ela respondeu.

A porta estava fechada, então Bruno preferiu não incomodar. Ele decidiu tomar banho para que mais tarde ele só precisasse se preocupar em deixar o ambiente perfeito.

Vinte minutos depois o moreno já estava de banho tomado, mas Fatinha continuava trancada no quarto. O rapaz estava curioso com a demora dela, mas acabou se distraindo com uma ligação da mãe, que tinha ficado sabendo pela irmã da surpresa que ele estava preparando.

Por fim, ele teve que acalmar Marta que estava muito empolgada, e depois falou com a irmã que avisou que logo subiria para pegar Fatinha.

E foi então que a loira finalmente saiu do quarto.

–Uau. –Foi o que Bruno disse assim que a viu.

Fatinha estava com uma calça marrom escura, uma camiseta de manga branca com vários cavalinhos estampados, um cinto marrom abaixo do seio, e uma ankle boot de salto médio. O cabelo ela tinha deixado solto e feito alguns cachos grandes, e a maquiagem era mínima.

–Então, você acha que ficou bom? –Ela perguntou insegura.

–Você está linda. –Ele disse.

–Ai, eu estou nervosa. –Ela disse andando de um lado para o outro.

Foi só então que uma coisa passou pela cabeça de Bruno.

–Você vai sair? –Ele perguntou.

–Vou jantar fora hoje.

–E por que você não me falou? –Ele perguntou irritado.

Se ela fosse jantar fora, a surpresa estaria arruinada.

–Eu estou te falando agora. –Disse ela sem entender a irritação dele.

–E eu posso saber aonde você vai, e com quem vai?

–Não é da sua conta, mas eu conversei um amigo de anos atrás e nós vamos sair. –Ela disse.

–Que amigo? –Bruno estava ficando cada vez mais irritado.

–O Eriberto. Você não conhece.

–O seu ex-noivo?

A campainha tocou e Fatinha foi atender, ignorando Bruno.

–Uau, que gata! –Ju disse assim que a viu. –Tudo isso é para sair comigo?

–Sair com você? –A loira perguntou confusa.

–Bruno, eu te pedi para avisar a Fatinha que a gente ia sair hoje! –Ju o repreendeu entrando no apartamento.

–Eu ia avisar assim que chegasse em casa, mas ela já estava de saída. –Bruno disse sem disfarçar a irritação.

–Desculpa Ju, mas não vou poder sair com você hoje. –Fatinha se desculpou.

–Sem problemas amiga, e você vai aonde?

–Ainda não sei.

–Como assim você vai sair e não sabe para onde? –Ju estava confusa.

–Vou te explicar desde o inicio. Hoje, assim que eu cheguei em casa depois do meu turno, eu recebi uma ligação do Eriberto.

–O ex-noivo dela. –Bruno ressaltou.

–Por favor, não interrompa a conversa Bruno. –Fatinha o repreendeu. –Voltando ao que eu dizia, eu fiquei surpresa com a ligação dele, já que a gente não se falava há meses. Aí ele me disse que estava chegando no Rio de Janeiro e que queria me encontrar, perguntou se a gente podia sair pra jantar e eu concordei.

–Estranho, o que será que ele quer? –Ju comentou.

–Não faço a menor ideia. –Fatinha disse.

–E aonde vocês vão se encontrar? Ele vai te pegar aqui? -A it-girl perguntou.

–Não, ele me ligou agora a pouco e disse que está hospedado no Hostel, aí eu disse que iria para lá daqui a pouco.

–Entendi.

–Eu estou muito nervosa. Tem certeza que eu estou bonita? –Ela perguntou.

–Você está linda. –Ju disse.

–Mas não está demais? Ou de menos?

–Você está perfeita! –A it-girl a tranquilizou.

–Então eu acho que eu vou. Não quero me atrasar. –Disse a loira. –Tchau gente, beijos.

Quando Fatinha deixou o apartamento Bruno finalmente explodiu.

–Deu tudo errado! Todo o planejamento para nada!

–Calma Bruno, eu sei que as coisas não estão saindo como o planejado, mas você não pode se dar por vencido. Por que você não a surpreende quando ela chegar? –Ju sugeriu.

–Já não vai fazer nenhum sentido. Ela pode voltar desse jantar como noiva desse tal Eriberto.

–Você não pode continuar nesse pessimismo. Tente ser mais otimista.

–Otimista... –Bruno bufou. –E você Juliana, nem para ajudar, né?!

–E você esperava que eu fizesse o quê? Amarrasse a Fatinha na cama?

–Sei lá, você podia falar que a roupa não estava boa. Vocês mulheres sempre ficam pilhadas com o que vão vestir, ela ia acabar cancelando o encontro por causa disso.

–Não Bruno, isso é muita maldade. A Fatinha estava linda e eu não nem se quisesse poderia dizer o contrário. O que nós podemos fazer é torcer para que esse jantar não dê em nada.

–Eu não quero perder a Fatinha, Ju. –Bruno disse agoniado.

–Você não vai perdê-la, ok?! Tenho certeza que ela ainda te ama. –Ju afirmou.

–Estou contando com isso. –O moreno disse.

O telefone de Ju apitou, indicando a chegada de uma mensagem. Ela pegou o celular e Bruno ficou observando a indecisão que havia surgido no rosto dela.

–O que foi? –Ele perguntou.

–Ah, nada. É o Gil me convidando para ir ao Misturama. Ele está tocando com a Lia e o Nando, mas eu vou falar que prefiro passar a noite com o meu maninho lindo. –Ju disse abraçando Bruno.

–Nem pensar, você não vai perder a sua sexta-feira na fossa comigo. Eu preciso organizar as minhas ideias, e vou aproveitar a noite livre para trabalhar no meu TCC.

–Mas... –Ela tentou argumentar.

–Mas nada Juliana. Você vai sair com o seu namorado e a sua amiga e eu vou ficar aqui. Não precisa se preocupar comigo, estou adotando uma postura otimista. É só um jantar. –Disse Bruno.

–Tem certeza que você vai ficar bem sozinho? –A irmã perguntou.

–Absoluta, vai curtir a sua noite. –Ele respondeu levando a it-girl até a porta.

–Boa noite maninho. –Ju se despediu.

–Boa noite Ju.

Assim que a irmã saiu, Bruno se jogou no sofá decepcionado.

No Hostel, Fatinha dava algumas dicas para Pilha enquanto esperava Eriberto.

–É Pilhote, o negócio é caprichar na simpatia. Mas eu acho uma boa você procurar um cursinho de idiomas, tem um online que é de graça, vou te passar o link depois e você dá uma olhada, ok?

–Minha Deusa, assim eu me apaixono mais. E o curso é só de inglês?

–Tem de vários idiomas. E os gringos adoram ajudar também.

–Maria de Fátima? –Eriberto perguntou quando apareceu.

–Eriberto. –Ela disse simplesmente.

Pilha foi chamado por um hóspede e saiu, deixando os dois a sós na porta do Hostel.

–Eu não sei nem o que dizer. –O homem quebrou o silêncio que havia surgido.

Ele estava desconcertado.

–Fiquei surpresa com a sua ligação. –Fatinha disse.

–É, eu vim para o Rio resolver algumas coisas do trabalho e pedi a sua mãe o seu número. Nossa, você está maravilhosa.

A loira riu da mudança de assunto brusca.

–Você também, não está nada mal. –Ela brincou.

–Eu falo sério, você está maravilhosa grávida. –Ele repetiu o elogio. –Eu não consigo parar de pensar que era pra ser eu do seu lado nesse momento.

–Eu sei como é. Depois do tempo que nós passamos juntos eu já tinha na minha mente o meu futuro com você. –Ela concordou.

–É estranho te ver assim, grávida, linda, feliz, e perceber que o mundo deu uma volta tão grande que o que era certo pra mim, deixou de existir.

–E tudo mudou em um Sarau. –Ela comentou.

–As coisas entre nós terminaram meio que sem terminar. –Ele concordou.

–Talvez nós devêssemos conversar em outro lugar. –Fatinha sugeriu. –Para onde nós vamos?

–Bem, eu estava pensando em te levar a um restaurante beira-mar que uns colegas de trabalho recomendaram, mas eu acho que com esse clima não vai ser uma boa ideia. –Eriberto disse.

Fatinha olhou para o céu escuro, carregado de nuvens, estava claro que logo choveria.

–É verdade. –Ela comentou.

–Você tem alguma sugestão de restaurante bom aqui perto? –Ele perguntou.

–Bom, para situações como essa nós sempre teremos o Misturama. –Ela apontou para o estabelecimento do outro lado da rua. –É dos pais de uma amiga minha do colégio.

–Então vamos lá? –Ele ofereceu o braço a ela, que aceitou.

–Você continua o mesmo Eriberto de sempre não é?! –Ela comentou rindo.

–Exatamente o mesmo. –Ele concordou rindo.

Quando os dois chegaram ao Misturama, Fatinha viu que o lugar estava cheio de conhecidos.

–Vou te apresentar a alguns amigos. –Ela disse ao Eriberto.

Nando tocava com Gil e Lia. Vitor e Ju estavam sentados nos banquinhos do bar.

–Oi galera. –Fatinha cumprimentou.

–Fatinha, você por aqui. –Vitor comentou.

–Gente, esse aqui é o Eriberto. Eriberto esses são os meus amigos, Lia, Vitor, Gil e Ju, e o Nando que é dono do Misturama.

–É um prazer conhecer vocês. –Ele disse educado.

–E você dona Juliana, dois segundos atrás estava na minha casa e agora já está aqui? –Fatinha comentou surpresa.

–Pois é, tenho superpoderes. –Ela contou.

–É claro que tem. –Fatinha concordou. –Bom, nós vamos jantar agora. Depois a gente conversa mais.

Fatinha e Eriberto pediram licença e se sentaram em uma das mesas. Logo Tizinha veio com o cardápio.

Ju pegou o celular na mesma hora e mandou uma mensagem para o irmão.

–A Fatinha está com o Eriberto aqui no Misturama.

A resposta foi imediata.

–Eu vou para aí agora.

–Nem pense nisso Bruno! A Fatinha nunca vai te perdoar se você armar uma cena. Eu vou ficar aqui de olho e te falo o que estiver acontecendo.

A campainha do 801 tocou e Bruno foi atender. Era o moço da floricultura. Ele havia se esquecido de cancelar o serviço. O moreno deixou que ele entrasse sem prestar muita atenção. Ele estava mais focado na conversa que estava tendo com a irmã.

–Onde eu ponho as flores? –O rapaz perguntou.

–Aonde você quiser. –Bruno respondeu.

O rapaz deu os ombros e começou a espalhar os vários buquês encomendados pela casa. As pétalas de rosas foram espalhadas pelo chão da sala.

–Onde é o quarto do casal? –Ele perguntou e Bruno apontou, ainda focado no celular.

O rapaz continuou a fazer o seu trabalho, estranhando a falta de interesse do contratante. Quando ele já tinha terminado o seu trabalho, ele voltou à sala e falou o preço. Bruno pagou sem nem conferir o serviço prestado e levou o rapaz até a porta.

–Cara estranho. –O sujeito comentou entrando no elevador.

Voltando ao Misturama, Fatinha e Eriberto já tinham terminado de fazer os pedidos, e estavam tomando as bebidas trazidas por Tizinha.

–Voltando ao que nós estávamos falando antes... –Eriberto começou.

–Eu preciso te pedir desculpa primeiro Eriberto. Eu não devia ter fingido ser quem eu não era para você. Nós sempre fomos amigos antes de tudo, e eu devia ter conversado com você sobre o que estava acontecendo. Eu sei que nada justifica a humilhação que eu te fiz passar, mas foram tempos terríveis para mim. A mudança pro Rio eu usei como escape de tudo o que me trazia tantas memórias ruins, e quando eu percebi eu havia me tornado outra pessoa.

–Eu admito que por muito tempo fiquei magoado com você. Achei que já tinha superado tudo, mas foi só você aparecer em Carambolas naquelas férias para eu perceber que ainda faltava muito. Você diz que nada justifica, mas eu compreendo a situação. A perda do Francisco foi um baque. De repente tudo pareceu insignificante. Eu percebi que você estava diferente, mas eu imaginei que a mudança de ares faria bem para você, e fez, só que não da maneira como eu esperava. Eu gostaria que você tivesse contado comigo quando precisou.

–Eu sei. Eu me arrependo tanto de ter me fechado. Hoje eu percebo o tanto que isso me fez mal.

–Mas agora, conversando com você, eu percebi que já não guardo mais mágoas. Na verdade, eu tenho é que te pedir desculpas pela falta de educação que eu fiz na sua visita a Carambolas. Eu merecia aqueles chumbinhos, mas mesmo assim você parou o seu pai.

Fatinha riu com a memória.

–Então Eriberto, amigos? –Ela estendeu a mão para ele.

–Amigos Maria de Fátima. –Ele concordou apertando a mão dela.

–Ok, já que nós somos amigos, você podia tentar me chamar de Fatinha. É muito estranho ser chamada de Maria de Fátima. –Ela pediu rindo.

–Posso tentar. O seu pai me falou que tem uma netinha a caminho, é isso mesmo? –Eriberto perguntou mudando de assunto.

–Sim, daqui a dois meses a Beatriz já vai estar com a gente fazendo muita farra. –Ela disse orgulhosa.

–Nome bonito. Sua mãe me disse que você arrumou o pai mais babão do mundo pra Beatriz, é verdade? –Eriberto jogou verde.

–É o Bruno é um babão mesmo. Não só ele como toda a família. Sabe a Ju que eu te apresentei?

–A morena, certo?

–Exato, ela é irmã do Bruno. Ela vai ser a madrinha da Bia, mas ainda não sabe. Nós estamos fazendo um mistério sobre isso. –Fatinha confidenciou.

–Eu quero conhecer esse Bruno. Quero saber pra quem eu perdi a noiva mais bonita de Carambolas. –Eriberto brincou.

–Por incrível que pareça, eu acho que vocês vão se dar muito bem. O Bruno é todo certinho, politicamente e ecologicamente correto, o estilo de genro que os meus pais sempre quiseram.

–Então parece que você não fugiu tanto das raízes.

–Ih, o fruto está mais perto da árvore do que você imagina. No inicio eu me perdi um pouco assumo, mas agora eu estou percebendo que eu mudei bem menos do que eu pensava.

–Ainda é obcecada pelo Edward? –Ele perguntou.

–Meu Deus, você se lembra! É claro que eu continuo sendo team Edward. –Ela disse rindo.

–Claro que eu me lembro! Você me obrigou a ir ao cinema com você umas três vezes e ficava o filme inteiro gritando “Edward, casa comigo!”, como seu namorado na época era meio humilhante, mas eu relevava.

Fatinha riu com a lembrança.

–Eu era uma namorada malvada.

–Espero que eu não tenha sido o único a sofrer com isso. O Bruno assistiu no mínimo “Amanhecer, Parte 2” com você?

–Ih, o meu relacionamento com o Bruno sempre foi complicado demais. Pra ser sincera, a primeira vez que nós fomos ao cinema juntos foi há alguns meses. –Ela disse perdendo o sorriso.

–Ei, por que essa carinha triste? Tenho certeza de que vocês poderão ir ao cinema muitas vezes. –Eriberto perguntou percebendo a tristeza repentina da garota.

–Eu e o Bruno brigamos há algumas semanas, nós não estamos mais juntos.

–Todo casal briga às vezes, vocês ainda vão se acertar.

–Ai Eriberto, não sei, a briga foi feia. Eu percebo que ele está querendo se aproximar de novo, mas eu estou com medo de me machucar. Às vezes eu tenho a impressão de que eu o amo mais do que eu deveria.

–Ei, você não pode se fechar de quem você ama, lembra disso? Tenho certeza que esse amor todo é recíproco. Eu olho para essa barriga linda e tudo o que eu vejo é muito amor.

–E desde quando você ficou tão romântico assim? –Fatinha perguntou sorrindo.

–Digamos que eu estou saindo com alguém. –Eriberto disse.

–Mentira! Quem é a sortuda e quando é o casamento?

–O nome dela é Clarice, e nós não estamos pensando em casamento ainda. Ela está focada na carreira de psicóloga, e eu também tenho me esforçado muito no meu trabalho.

–A Clarice, que estava fazendo estágio na clinica de Carambolas? –Fatinha perguntou chocada.

–A própria, mas como você a conhece?

–Eu e os meus pais fizemos terapia com ela depois do Franz! Meu Deus, ela é uma psicóloga excelente, além de ser gata. Se deu bem, Eriberto! –A loira brincou.

Enquanto isso no 801, Bruno comia a barca que havia sido entregue sozinho. Ele estava a ponto de enlouquecer, pois Ju não respondia as mensagens dele.

–Meu Deus, Bruno! Acalme-se, por favor. Eu estava conversando com o Vitor. –Juliana finalmente respondeu.

–Você está sendo uma péssima ajudante. Estava quase indo para aí. Agora me diz, o que está acontecendo?

–A mesma coisa que eu te disse na última mensagem. Eles estão conversando!

–Sobre o quê?

–Como é que eu vou saber Bruno? Eu não consigo escutar a conversa deles, e não da pra ficar fazendo leitura labial.

–Poxa Juliana, achei que você fosse me ajudar a reconquistar a Fatinha.

–Ei, estou totalmente concentrada na operação BruTinha, mas realmente não está acontecendo nada demais. Eles estão só conversando. De inicio o clima parecia meio pesado, mas depois parece que eles se entenderam e começaram a falar de coisas engraçadas.

–Eles estão rindo de que?

–Não sei Bruno, eu escutei eles falarem alguma coisa de “Edward, casa comigo”.

–An?

–Acho que eles estavam falando sobre Crepúsculo. Agora eles estão falando de outra coisa. A Fatinha ficou um pouco triste.

–Por quê? Ele foi rude com ela?

–Não. Agora ele falou alguma coisa com ela sobre amor e a Bia, não entendi muito bem. Já mudaram de assunto.

–E qual o assunto agora?

–Ainda não sei Sr.Ciumento. A Tizinha chegou com o jantar deles. Vai querer saber o que eles estão comendo também?

–Não precisa, sua chata. Só continue observando, ok?

–Sim senhor.

Bruno deixou o telefone de lado e passou a olhar em volta. Lá estava ele sozinho, comendo uma barca cheia de comida japonesa do jeito que a Fatinha gosta e com a casa rodeada de flores. Naquele instante o moreno parou de comer e se levantou irritado.

–Ela deveria estar aqui comigo e não com um ex-noivo que ela nunca mais viu. –Ele disse.

Naquele instante, Bruno saiu decidido do apartamento. Ele iria atrás da loira dele.

O moreno chegou ao Misturama um pouco molhado, por causa da chuva que havia começado a cair. Ele encontrou Eriberto e Fatinha rindo de alguma coisa.

–Posso saber do que vocês estão rindo? –Ele perguntou irritado.

–Bruno? –Fatinha não estava acreditando no que estava vendo.

–Então esse é o famoso Bruno. –Eriberto disse se levantando para se apresentar ao rapaz.

–Famoso por quê? Estava falando de mim para esse cara Fatinha? Era de mim que vocês estavam rindo?

–Bruno, por favor. –Juliana tentou intervir.

–Não estou acreditando que você está fazendo isso Bruno. –Fatinha disse.

–Fazendo o quê? Eu só estou querendo entrar na conversa. –Ele disse cínico.

–Você está fazendo uma cena no Misturama, eu não sou obrigada a aturar isso. Vamos embora Eriberto?

–Hn, claro, eu só vou ali pagar a conta. –Ele disse indo até o balcão, confuso com o que estava acontecendo.

–Você não vai embora com ele. –Bruno disse.

–Eu vim com ele, e vou embora com ele sim Bruno. Você não vai me impedir de conversar com o meu amigo.

Eriberto voltou naquele instante.

–Então vamos?

–É clar... –Antes que Fatinha terminasse a frase, Bruno a pegou no colo carregando-a para fora do Misturama. –Bruno, me põe no chão agora!

Eriberto até tentou ir atrás deles, mas foi impedido por Ju.

–Acho melhor você ficar aqui com a gente. –Ela disse.

–Mas a briga parece feia. –Ele disse preocupado.

–Ah, não liga não, com esses dois é sempre assim. Eles brigam, brigam, brigam, mas se amam tanto que é provável que essa briga termine em reconciliação. –Lia disse.

–Vamos torcer por isso, né? –Vitor disse.

Fatinha foi gritando o caminho inteiro para que Bruno a soltasse, mas ele não cedeu. Severino ia comentar alguma coisa quando os viu chegar encharcados na portaria, mas preferiu não dizer nada.

Bruno só colocou a loira no chão quando o elevador fechou as portas e começou a subir.

–Eu estou encharcada e a culpa é toda sua! Agora eu vou ter que ligar para o Eriberto, e me desculpar pelo seu comportamento Neandertal. –Fatinha esbravejou.

–Você não tem que fazer nada. Você nem devia ter se encontrado com esse cara.

–Bruno, eu sinceramente não te entendo. Você diz que nunca poderia amar alguém piriguete como eu e depois vem com crises de ciúmes no meio da rua. Não é a primeira vez que isso acontece! Por que você faz isso? Você só me confunde com as suas atitudes! Será que dá pra você me deixar em paz, por favor?

A porta do elevador abriu, e Fatinha saiu na frente pegando a chave para abrir a porta do apartamento.

–Será que você não vê por que eu faço tudo isso? –Bruno perguntou. –Fatinha, eu faço essas coisas porque eu te amo tanto que eu não consigo me controlar! Por que desde a primeira vez em que eu te vi, você mexeu comigo. Quando eu estou com você, eu não quero te deixar nunca mais. E quando eu te vejo com outro cara, a minha vontade é de matá-lo por querer roubar você de mim.

Fatinha parou de rodar a chave. A porta já estava destrancada, mas ela não abriu. Ela virou para Bruno.

–Repete o que você disse. –Ela pediu com os olhos carregados de lágrimas.

–Minha loira, eu te amo. Eu te amo. –Ele repetiu.