Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 12
Capítulo 11




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"Sound of the drums
Beatin' in my heart
The thunder of guns
Tore me apart
You've been - thunderstruck"

Thunderstruck - AC/DC


Depois de todo o ocorrido na casa dos pais, Bruno precisou de muitos argumentos para adiar a visita de Marta que queria de todo jeito conhecer a mãe do futuro neto. Por fim ela concordou que a Fatinha precisava se acomodar primeiro antes de conhecer gente nova.

O moreno voltou para casa, silencioso e assim ficou o resto da noite, apenas conversando amenidades com a loira.

O final de semana chegou e foi embora sem muitos acontecimentos. A única novidade foi Fatinha “conhecer” Nélio e Rasta, ambos amigos do Bruno.

Era uma segunda-feira, e Fatinha voltaria às aulas e ao trabalho no Hostel. Ela tinha acordado mais cedo, inicialmente enjoada, mas havia aprendido com a Raquel que a melhor maneira de acalmar o estômago seria comendo biscoito água e sal antes de sair da cama.

No dia seguinte a saída do hospital ela havia levantado normalmente para logo depois correr para o banheiro. A sorte é que como ela tinha dormido um pouco mais, o Bruno já não estava em casa evitando assim um momento de muita vergonha para ela. E naquele mesmo dia quando Raquel tinha passado lá para levar os resultados dos exames ela aproveitou para perguntar sobre o famoso enjoo matinal.

Enfim, voltando a segunda-feira, após comer os biscoitos Fatinha esperou alguns minutos antes de se levantar, por fim, quando achou seguro, deixou a cama e pegou as coisas para tomar banho.

A roupa que ela usaria já foi escolhida com mais facilidade, afinal a loira já estava ciente das roupas que tinha e imaginava várias maneiras de torná-las mais apropriadas. Sendo assim ela optou por colocar uma blusa básica por baixo do uniforme, não deixando a barriga exposta, e uma calça jeans.

Depois de pronta Fatinha se analisou no espelho de todos os ângulos. A barriga dela estava rígida e um pouquinho saliente, mas nada que pudesse ser percebido sem alguns minutos de observação. Ela olhou no relógio e viu que estava muito adiantada, então decidiu preparar o café da manhã.

Quando Bruno levantou, se deparou com a mesa posta e com muita variedade.

–Uau, estou me sentindo em um hotel cinco estrelas. –Ele comentou.

–Bom dia Bruno. –Ela o cumprimentou, constrangida com o elogio. –Eu vou fazer uma vitamina para mim, está interessado?

–Bom dia. Agradeço pela oferta mas vou ficar com o meu café de todos os dias. Quer ajuda com alguma coisa?

–Na verdade não. –Ela respondeu terminando a vitamina.

O moreno assentiu e sentou na mesa se servindo. Passado alguns segundos Fatinha se juntou a ele com um mega copo de vitamina de banana com mamão. Os dois comiam em silencio ainda desconfortáveis com esse ambiente casal, e não era pra menos, afinal a única vez que eles tomaram café da manhã juntos Fatinha tinha brigado com ele e deixado a casa antes mesmo de aproveitar a refeição.

–Nós te atrapalhamos a dormir ontem, não foi? –Bruno começou puxando assunto.

–Por mais incrível que pareça, eu deitei na cama e apaguei. Não escutei mais nada.

–Impossível com o tanto de barulho que o Rasta e o Nélio estavam fazendo. Eu pedi que eles maneirassem, mas os imbecis não conseguem matar zumbis sem a gritaria.

–Pois eu não me senti nem um pouco incomodada. Tenho dormido igual uma porca nesses últimos dias, então é bem possível que se você desse uma festa durante a noite eu continuaria dormindo.

–Bom saber. –Ele brincou. –E então, animada para voltar para o Quadrante?

–Não muito, mas como o meu atestado chegou ao fim acabou a mamata. Ah, e como nós vamos fazer com o almoço?

–Então, como eu chego em casa antes eu posso preparar o almoço, além do mais o meu estágio só começa às duas, já você tem que estar no Hostel que horas mesmo?

–Uma da tarde. Vou ter que comer e ir correndo pra lá. Como você vai fazer o almoço, eu posso ficar por conta do jantar, beleza?

–Beleza. –Ele concordou.

Fatinha que estava esfomeada voltou a atenção para a comida. Ela tomou a vitamina, comeu torradas, vários morangos, gelatina, bebeu suco de maracujá e por fim pegou um iogurte só para garantir. Bruno assistia a cena embasbacado, segurando para não rir.

–Meu Deus, pra onde vai isso tudo?

–Não faço a menor ideia. Sempre comi igual uma louca, mas o meu apetite parece ter aumentado. Enfim, de fome eu não morro. –Respondeu ela bem humorada.

Ainda faltava vinte minutos para o inicio das aulas, mas Fatinha preferiu sair de casa mais cedo.

–Vai voltar às aulas hoje Fatinha? –Severino perguntou.

–Pois é Severino, acabou a folga. Me deseje boa sorte. –Ela pediu.

–Boa sorte Fatinha! Tenho certeza que você vai causar! –A loira não entendeu muito bem a parte do causar, mas agradeceu o incentivo.

O colégio era tão perto de casa que era quase impossível que ela se perdesse. Assim que chegou no portão, foi abordada por um rapaz com bigode.

–Oi Fatinha, só dando sustos na gente né?! Ah, o meu querido diretor Mathias pediu que eu te encaminhasse até a sala dele antes do inicio das aulas, então vamos?

A garota não fazia ideia de quem era o cara do bigode, mas ele era muito simpático e obviamente um funcionário do Quadrante.

–Diretor Mathias, a aluna Maria de Fátima chegou.

–Ah, obrigado Robson.

O diretor se levantou e foi até a porta receber a aluna. Robson continuava na sala, curioso para saber o desenrolar da conversa.

–Robson, está na hora de voltar para o seu posto, certo?!

–Certo, meu diretor. –Robson respondeu saindo da sala.

Mathias pediu que a garota sentasse e o fez o mesmo.

–Maria de Fátima, há alguns dias sua mãe esteve aqui e me explicou a sua situação. Conversei também com os seus médicos que me deram várias orientações e creio que a melhor maneira de começarmos será tratando você como uma aluna nova. Sendo assim, eu me apresentarei. Meu nome é Mathias, sou diretor do colégio e gostaria que você me considerasse um amigo. Você precisará de ajuda aqui no colégio e espero que venha até mim sempre que necessário.

Fatinha estava sentada, apenas ouvindo o que o diretor dizia. Ainda lhe era estranho perceber que as pessoas sabiam mais sobre a vida dela do que ela mesma, mas foi com alivio que ela recebeu a noticia de que a direção do colégio já estava a par de toda a situação.

–Agradeço a oferta Mathias, e gostaria de tirar algumas duvidas. Como vai ser a minha avaliação escolar? E também, como eu devo direcionar os meus estudos?

Mathias estava impressionado com a garota que estava a sua frente. Era tão diferente da Fatinha que ele conhecia, quase como uma outra pessoa. Ou será que a própria Fatinha era mais Maria de Fátima do que deixava transparecer?

A conversa com o diretor tomou o primeiro horário quase todo, mas foi de muita ajuda. Logo depois ele a acompanhou até a sala de aula e foi um frio na barriga que ela encarou os outros alunos.

–Peço desculpas por interromper a sua aula professor Jorge, mas é por uma boa causa. A aluna Maria de Fátima está de volta e participará das aulas normalmente. Alunos, não há necessidade de dispersão, no intervalo vocês poderão colocar a conversa em dia.

Fatinha foi encaminhada a única carteira vazia, no fundo da sala, e logo se viu rodeada por três rapazes, dentre eles o tal Orelha.

–Minha Deusa, estava tão preocupado com você! O que seria do Pilha aqui sem a minha Pilhazete preferida? –Disse o baixinho.

–Você está confundindo ela Pilha. –Orelha falou.

–É, esqueceu que ela está com magnésia?! –O grandalhão falou.

–Não é magnésia Fera, é amnésia! –Orelha o corrigiu.

Fatinha observava a interação dos três tentando não rir. O tal Fera ainda estava confuso mas fingiu compreender. Um quarto rapaz surgiu do lado dela, e ele era simplesmente lindo. Pele branquinha, cabelos negros e olhos azuis, uma combinação deslumbrante.

–E vocês por acaso se apresentaram? Aposto que vocês estão deixando a Fatinha confusa. –Disse os olhos azuis. –Esse é o Frederico Massafera, mais conhecido como Fera. Aquele ali é o Orelha, mas eu acho que você já teve o desprazer de conhecê-lo.

–Para de me amar, Edward. –Orelha disse mandando um beijinho para o gato.

–E esse aqui... –O Edward foi continuar com as apresentações, mas foi interrompido pelo baixinho.

–E eu sou o Pilha. –Ele disse fazendo uma reverência. –O seu maior fã, súdito e eterno apaixonado.

–Eu só ia dizer Leonel, mas OK. E eu sou o Vitor, acredito que o seu melhor amigo. –Ele disse com um sorriso torto.

–Se o seu nome é Vitor, porque ele te chamou de Edward? –Fatinha perguntou, confusa.

–Fatinha, olha pra esses olhos azuis e me diz se esse mané ai não se parece com o Edward de Crepúsculo. –Orelha explicou e a loira começou a rir.

–É um prazer “conhecer” todos vocês. –Ela disse sorrindo.

Jorge já tinha desistido de recuperar a atenção da turma, e como o horário já estava no fim deixou todos a vontade.

–Incrível, até o Vitor foi lá paparicar a miss. E você Gil, não ouse dar um passo na direção daquela ali. –Ju disse irritada. –Não sei como você suporta isso Lia.

–Eu não tenho que suportar nada, o Vitor não é meu namorado.

–Isso porque você não quer. –Falou Ju.

O sinal bateu anunciando o fim da aula de Jorge e o início da de Cezar.

–Bom dia! Ah, olá Fatinha, é bom ver você novamente conosco. –O professor cumprimentou assim que a viu.

–Aê fessor, se apresenta aí, porque se você não sabe a Fatinha tá com amanésia. –Fera disse fazendo todos rirem.

–Fera, não é magnésia e muito menos amanésia. O correto seria amnésia! –Orelha corrigiu-o pela segunda vez.

–Obrigado pelo lembrete Fera. Maria de Fátima, meu nome é Cezar e eu sou o seu professor de Biologia. –O professor se apresentou dando um beijo na mão da aluna, que ficou constrangida. –Já que você está tão sabido Frederico, poderia me explicar o que é a amnésia?

–Claro meu professor. –Fera se levantou para responder. –O que aconteceu foi que a Fatinha bateu a cabeça e machucou o cérebro, apagando algumas memórias. Isso é que é a A-M-N-É-S-I-A. Falei certo dessa vez, Orelha?

Todos riram da explicação confusa do aluno.

–Não é exatamente isso Fera, mas a tentativa foi válida. A amnésia, minha gente, pode ter várias causas inclusive emocional. –O professor explicou.

–E como é possível saber se a pessoa não está fingindo? –Ju perguntou, olhando de relance para Fatinha.

–Os médicos fazem uma série de exames antes de dar o diagnóstico.

–Mas os médicos às vezes erram. –Lia comentou.

–Errar faz parte da natureza humana, mas este tema não é o que está sendo tratado na nossa aula. –Cezar retomou o foco da aula e continuou a falar sobre a amnésia.

Fatinha nunca havia sido ofendida tão descaradamente, não que ela se lembrasse ao menos. Os olhos dela marejaram, mas com um pouco de esforço ela conseguiu segurar as lágrimas que ameaçavam cair.

(...)

Na hora do intervalo Fatinha foi acompanhada até a cantina por Pilha. Ela pegou o lanche e quando foi se virar acabou trombando em uma pessoa que passava, sujando a camiseta dela de mamão.

–Não acredito que você fez isso! –Vociferou a garota. –Você não olha por onde anda, não?

–Desculpa, eu não tive a intenção de te sujar. –Pediu a loira, assustada com a irritação da garota.

–Olha aqui Fatinha, não adianta você bancar a sonsa comigo. Você pode até ter convencido o meu irmão com esse teatrinho de quinta, mas eu não vou deixar isso barato.

Vitor, ao perceber a briga resolveu intervir.

–Ei Ju, foi só um acidente. Calma.

–Claro, foi só um acidente. –Disse Ju, para logo depois jogar o suco que tinha em mãos na camiseta de Fatinha. –Nossa, desculpa! Foi um acidente.

Dito isso a morena saiu, sendo seguida pelo namorado que estava assustado com o que havia acontecido.

–Acho melhor você ficar longe da minha amiga, e de quebra fica longe de mim também. –Lia disse para Fatinha.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que o final ficou meio vago, mas do contrário eu não conseguiria terminar o capítulo hoje.
Aceito comentários!



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