Sakuraku escrita por maroto_10


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Fulga


Notas iniciais do capítulo

Benvenutto! Antecipando logo aqui o cenário: Japão em início de industrialização. Cidades tradicionais dando lugar à modernidade. Mas há vilas, como a vila em que a história ocorre, que mantém aquele velho cenário tradicional japonês. Casas de madeiras, pessoas de kimono, plantações... Quem assistiu ao filme "O último samurai" vai saber. Pode até pesquisar imagens. =)
Espero que gostem. É só um 'protótipo' não revisado, pra saber opiniões. Se gostarem, eu finalizo a fic.



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Sonhou que estava caminhando por uma estrada ladeada pela relva verde e por árvores de cerejeira. A primavera finalmente havia chegado e o sol conseguia amenizar um pouco do frio. Enquanto serpenteava pelas árvores, o vento parecia conversar com ele, mas o homem não conseguia entender o que dizia. Foi quando o vento tentou avisar-lhe uma quinta vez que as folhas róseas das cerejeiras começaram a cair dos galhos. Aos poucos, elas voavam na direção dele, paravam a uma pequena distância e então voavam em círculos.

Passado algum tempo, as árvores já não possuíam mais folhas e o vento uivava. O uivo provocou um súbito arrepio no homem e o fez sentir medo. As folhas começaram a ataca-lo. Elas se apregaram em seu corpo, uma a uma, duas a duas, três a três, gradativamente, ele não conseguia mais contar. Seu corpo estava envolto dos pés ao pescoço pelas folhas, como num casulo. E então as folhas atacaram seu rosto, entraram por suas orelhas, por suas narinas, por sua boca e sua respiração ficava cada vez mais rarefeita. Por mais que tentasse puxar o ar, só sentia as folhas róseas, que não paravam de vi. E então o vento gritou.

Kakashi acordou ofegante devido ao pesadelo. O suor percorria seu pescoço e molhava a camisa que havia vestido para dormir. Sentou-se para ver se conseguia se acalmar, mas constatou infeliz que o súbito pânico que preencheu seu corpo não seria amenizado por tão pouco. Levantou-se e andou sobre o chão amadeirado, indo em direção à janela. Abriu-a e deixou um pouco do vento do inverno soprar-lhe o rosto.

Aos poucos, o medo foi passando. Ele foi tomado pela agradável sensação do suor esfriando quando se unia ao frio. Lá fora, as pessoas começavam a habitual vida matinal japonesa. Alguns saíam de casa com kimonos fortificados contra o frio para ir ao mercado pelas ruas pavimentadas com paralelepípedos de granito. Outros iam pela estrada de terra batida, em direção às plantações da cidade. E também havia um grupo mais novo de pessoas.

Esse grupo era composto por pessoas cuja companhia muitos procuravam evitar. Vestiam-se de maneira ocidental, mas vestiam-se mal. Usavam calças gastas e geralmente rasgadas em vários pontos. Blusas ou camisas surradas e largas demais. As expressões eram tristes e cansadas, de uma noite de sono mal dormida e uma jornada de trabalho desumana. Eram os trabalhadores das fábricas.

Desde a Revolução Meiji, o Imperador havia instituído a implementação de várias fábricas por todo o país, com o objetivo de modernizá-lo. Ele, no entanto, não conseguia atingir muitos lugares que insistiam em manter-se tradicionais, preservando a cultura milenar da plantação e colheita, como a Vila de Ikarigaoka, distante algumas horas da capital Tóquio.

Mas isso não era coisa em que Kakashi deveria pensar naquele momento. Precisava ele mesmo tomar coragem para começar seu dia e ir ao trabalho no novo jornal da cidade de que tanto gostava. Era um dos que revisava e escrevia as notícias da edição vespertina.

Vestiu-se adequadamente para o trabalho, com os já comuns ternos ocidentais. Penteou os cabelos grisalhos, tentou amenizar a feiura da cicatriz no olho esquerdo, resultado de um acidente e saiu para o frio da rua pavimentada.

Conforme passeava pela cidade, percebeu como crescia e como a cultura ocidental invadia seu país. Além do bairro onde morava, no qual as casas japonesas tradicionais ainda eram grande maioria, as ruas passaram a ser ladeadas por altos prédios fabris, onde trabalhavam os operários. Kakashi sabia que era uma questão de tempo até o Imperador conseguir seu intento, mas ele era indiferente à história. Uma hora, os ninjas dos vilarejos tradicionais teriam de partir para a briga contra o exército real, que conseguira armas de fogo poderosas do oriente, e ele preferia permanecer fora de qualquer confusão, desde que pudesse continuar a trabalhar no seu jornal.

Após as ruas ladeadas pelas fábricas, ele passou pelo jardim das cerejeiras, cujas folhas começavam a brotar indicando o fim do inverno. Aquilo o lembrou do seu sonho e o grisalho não pôde deixar de sentir-se um pouco aflito com a lembrança. No jardim, vários homens trabalhavam retirando as árvores de lá. Passou as mãos pelos braços, como que com medo dos eventuais calafrios e voltou o olhar para seu caminho. Desde que as folhas permanecessem longe dele, estaria tranquilo. Seu local de trabalho não estava longe.

Quando passou pelas cerejeiras, adentrou em outra rua cercada por prédios fabris e encontrou-a diferente do resto da cidade. Assim que virou a esquina, uma enxurrada de pessoas corria na direção contrária à sua. Colocou a mão em frente ao rosto para se proteger de eventuais choques, mas em vão. Seus pés foram pisados ao menos três vezes cada, suas costelas esmurradas cinco vezes e deu um encontrão tão forte com outro homem que quase caiu. Sons, que ele sabia serem balas de armas de fogo, ecoavam por toda a extensão da rua. Kakashi pensou imediatamente em se esconder, mas tão rápido quanto o som de tiros começou, terminou.

Mancando, caminhou para um pequeno beco entre dois prédios, para se proteger de um eventual confronto com a guarda real. Só poderiam ser eles. Apenas eles possuíam aquele tipo de armamento. Pelo jeito como aquelas pessoas correram, só poderiam ser revoltosos contra a Revolução Meiji. Kakashi não queria ser confundido com um deles.

Sentou-se,  as pernas esticadas, encostado no prédio, sentindo uma dor enorme nas costelas do lado esquerdo. Seu dia mal havia começado e já tinha passado por um grande aperreio. Definitivamente, ele iria se manter o mais longe possível dessa guerra civil que estava prestes a cair em seu país.

– Por favor.

Com o susto, Kakashi teria se levantado, se pudesse, mas as costelas ainda doíam barbaramente. Ele apenas se afastou da mulher loira que colocara a mão em seu ombro e falara com ele. Ela estava sentada nas sombras e ele não a vira. Trajava roupas sujas e surradas e sua expressão era de tristeza e dor. Só poderia ser uma operária. Levava um embrulhinho nos braços, envolto em vários cobertores. A dor, o grisalho logo percebeu, era também física. Em sua barriga, uma mancha vermelha revelava que ela havia sido atingida por uma bala. Alguém do exército atirara nela. Só eles possuíam armas.

– Por favor. Leve-a com você. – pediu a mulher, estendendo o embrulhinho a Kakashi.

Para a surpresa do jornalista, o embrulho se moveu. Era um bebê. Kakashi tirou a mão de cima das costelas e pegou a criança nos braços. Possuía os cabelos róseos e olhos eram enormes órbitas verdes.

– Eu... Eu não posso. Eu não... – Kakashi não encontrou palavras para se desculpar. Não poderia levar a bebê.

– Por favor, se você não leva-la, ela irá morrer aqui. Não terei forças para pedir ajuda a outra pessoa. – ela passou a mão na blusa e ergueu-a cheia de sangue. – Ninguém irá se compadecer com uma operária. - ela cuspiu um pouco de sangue. - Ela não tem nome ainda. Não dá sorte para o bebê receber nome tão cedo...

– Tem outra pessoa a quem eu possa recorrer? Um parente ou amigo seu?

– Tenho uma irmã. Ela mora perto do jardim das cerejeiras. – ela descreveu direito como chegar ao lugar. Kakashi entendeu perfeitamente onde era.

– Certo. E... – Kakashi pensou em perguntar se não poderia ajudar a mulher loira. Mas ele sabia que não. Os médicos ainda não conseguiam tratar devidamente um ferimento feito com arma de fogo. E ela já havia perdido muito sangue. Não conseguiu dizer nada.

A mulher sucumbiu ao peso e deitou-se no chão, a cabeça apoiada nas pernas de Kakashi. Ela segurou forte em sua perna, como numa última tentativa desesperada e prender-se à vida e à filha. Lágrimas rolavam pelo seu rosto e desaguavam nas pernas do homem grisalho.

Kakashi olhou para o céu nublado. A mão que segurava sua perna enfraqueceu até não conseguir mais apertar e cair. Uma última lágrima rolou. A suavização de sua expressão a deixou mais jovem. Talvez a vida cansativa de operária a tivesse deixado parecer mais velha. A criança em seus braços parou de se mexer também, mas o homem viu que ela respirava. Estava só dormindo.

Ficou ali por um tempo que não saberia dizer quanto. Tinha junto de si a morte e o início de uma vida. Como a vida havia sido irônica com ele. Ainda tinha um dever a cumprir. Teria de levar o bebê para casa. Avisaria também a localização do corpo da mãe.

O jornalista colocou a bebê ao seu lado e tirou o terno, colocou-o no chão, fazendo um pequeno volume. Repousou a cabeça da mulher sobre o volume macio. Dar um pouco de conforto à morte era o mínimo que poderia fazer. Ninguém deveria morrer daquela maneira, muito menos uma mãe com a filha nos braços.

Kakashi segurou o bebê e percebeu que conseguia se levantar, embora com cuidado. Sentindo um pouco de dor, deu um primeiro passo. Assim que saiu do beco, um único transeunte passava por ali, do outro lado da rua. O homem viu Kakashi com o bebê nas mãos e o sangue em suas pernas e parou. Parecia horrorizado com a cena. Desviou o olhar para dentro do beco e viu o corpo da mulher loira. Pela expressão, parecia horrorizado.

Antes que o jornalista pudesse explicar qualquer coisa, o homem saiu correndo. Antes que Kakashi pudesse virar para correr na direção oposta, em direção ao jardim de cerejeiras e à casa onde a bebê deveria ser deixada, ele viu o homem falando com um membro do exército real.

Correr mancando e com dores nas costelas não era uma tarefa fácil, mas era necessário. Precisava chegar à tia do bebê em seus braços antes que o exército real o alcançasse. A tia seria sua testemunha de defesa de que ele não havia cometido crime algum. Passou pelo jardim das cerejeiras, entrou em uma rua à esquerda e chegou à casa com uma pequena horta na entrada. Só poderia ser ali. Era uma casa humilde e pequena, feita toda de madeira.

Subiu os dois degraus e bateu na porta. Não ouviu resposta. Bateu mais uma vez e mais outra, cada vez mais forte, desesperado por uma resposta. Mas de dentro da casa não houve resposta alguma. Por Deus.

– Ei, você não vai encontrar ninguém aí. – disse um homem de cabelos loiros e olhos claros, a expressão de descaso. Comandava uma carroça levada por um cavalo. Em cima dela, havia outros camponeses, todos homens também, vestidos em kimonos. Eram quatro no total.

– Como sabe? – interrogou Kakashi.

– A mulher loira que morava aí foi trabalhar. A outra foi para uma vila próxima daqui, ver nossa mãe.

– Nossa?

– Sim, as duas são minhas irmãs. Mas me diga, você tem cara de ser um nobre da cidade. O que quer com pessoas pobres como nós?

Kakashi, meio incerto se deveria mostrar, levantou o embrulhinho que dormia em seus braços. A expressão do homem na carroça mudou do descaso para a preocupação.

– O que aconteceu...?

– Não pense errado de mim, por favor. – apressou-se Kakashi em dizer. – Houve um tumulto, mais cedo... Ela levou um tiro... E faleceu. Sinto muito. Antes de falecer, porém, ela me deixou a filha dela para entregar à irmã.

O homem moreno ergueu os olhos para a criança, ainda horrorizado com a trágica notícia sobre a irmã.

– É ela mesmo... Reconheceria o cabelo rosado à distância. Meu bom senhor, onde está corpo? – disse ele, com a voz um pouco embargada.

– Em um beco, um pouco depois do jardim de cerejeiras.

– Pode me levar até lá?

– Não, infelizmente acho que o exército real acha que eu sou o culpado, porque fui visto perto dela. Preciso encontrar sua irmã, urgentemente. Ela é a única que pode depor a meu favor. Se ela disser que a mãe desta criança estava no meio do tumulto, posso me livrar das acusações.

– Aqueles filhos da puta. Todos sabem que apenas eles possuem armas de fogo, mas se aproveitam do primeiro inocente para se livrarem da culpa. E o Imperador de merda acha que está fazendo algo certo e seguro para todos. Seguro? Veja o que aconteceu com minha irmã. Se não fosse por ele, as armas de fogo não teriam entrado aqui. – uma fina lágrima caiu de seus olhos.

Kakashi não gostou do jeito como o homem falou. Soou como um ninja. Confraternizar com ninjas era a última coisa que ele iria querer fazer naquele momento, com o exército real atrás dele.

O homem moreno se levantou e desceu da carroça, ordenando:

– Minato, leve este homem em nossa carroça para a vila de Ikarigaoka. Lá ele encontrará minha irmã e com ela se livrará da culpa injusta que carrega. Cuide também de que ela receba o bebê perfeitamente bem. Comande a carroça.

Um homem loiro pulo da carroça para o banco do comando e assentiu em resposta.

– Eu vou atrás do corpo da minha irmã. Suba na carroça, meu caro senhor.

Kakashi obedeceu. Com a ajuda dos outros dois homens, conseguiu colocar a bebê a bordo e subir, por mais que suas costelas protestassem em dor. Quando a carroça partiu, não pôde deixar de pensar que só poderia voltar ao seu trabalho quando estivesse com a sua situação limpa e alcançar isso seria trabalhoso.

Aos poucos, a estrada de chão batido foi chegando mais perto e o pavimento paralelepipédico foi ficando para trás. Estava frio, então Kakashi abraçou o bebê mais para junto de si. Era incrível como ainda não havia acordado com os barulhos que a carroça fazia. Não pode deixar de se perguntar se o homem moreno havia encontrado o corpo da mulher loira.

Kakashi ergueu os olhos para a estrada em direção à cidade e não pôde deixar de notar três vultos ao longe. Eles estavam a cavalo. Imediatamente soube que não era o homem moreno, tio da criança. Só poderia ser uma coisa.

– Minato... – disse um dos homens que dividiam a carroça com Kakashi, também percebendo. Ele tinha cabelos castanhos longos e olhos cinza-claros. – Parece que o exército real quer nos fazer algumas perguntas.

– Tem certeza, Hiashi?

– Sim. Consigo distinguir armas de fogo.

A carroça parou subitamente. Minato, Hiashi e o outro homem se levantaram ao mesmo tempo. Minato desceu da carroça, desprendeu-a do cavalo e disse para Kakashi.

– A partir daqui você deverá seguir sozinho com a pequena. Vá direto para a vila. O exército real ainda não tem coragem o suficiente para chegar lá. Estarão seguros.

Kakashi entregou a bebê para Minato, enquanto ia da carroça para o cavalo. Quando finalmente conseguiu montar, pegou a bebê com um das braços e usou a mão livre para comandar o cavalo. Kakashi se sentia mal por deixar outras pessoas arriscarem suas vidas por ele. Minato pareceu ler seus pensamentos.

– Não se preocupe. Somos ninjas. Lutamos uns pelos outros. Essa garota é uma de nós, merece nossa proteção e faremos o que for necessário para deixa-la a salvo.

– E as armas de fogo?

– Eles têm as armas deles. – o homem loiro tirou de dentro do bolso uma faca afiada com vários pontos de corte. – Nós temos as nossas. Vão. – Minato deu um tapa no cavalo, que desatou a cavalgar. Antes de criar uma boa distância, Kakashi ouviu gritos. Torceu para que não fossem os de Minato.

Cavalgar com costelas quebradas e uma criança nos braços não era fácil, ainda mais naquela velocidade. Durante um bom tempo, Kakashi não teve coragem de diminuir a marcha e de olhar para trás. Só o que interessava era a segurança que encontraria depois que chegasse ao vilarejo. E pensar que há algumas horas estava saindo de casa para trabalhar...

Após meia hora, viu ao longe um pequeno amontoado de casas de madeira se aproximando. Era um pequeno vilarejo, cercado por pequenas plantações da comunidade autossuficiente. Sentiu uma enorme onda de alívio preencher seu corpo.

O alívio, todavia, foi momentâneo. Atrás de si, ouviu o som de um cavalo galopando velozmente e Kakashi sabia que em uma velocidade muito maior que a dele. Fosse quem fosse, logo os alcançaria. O barulho do cavalo foi se aproximando. Cada vez mais perto. Quando o barulho ficou tão perto que causou medo, a dor foi insuportável.

Kakashi sentiu uma mão segurá-lo no ombro e arremessá-lo para longe do cavalo. Fez todo o esforço que podia para evitar que a bebê caísse ou que ele caísse por cima dela. Conseguiu cair de costas, a pequena segura em seus braços. Finalmente ela acordou e chorou.

– Então você é o vagabundo culpado pela morte de uma operária inocente e pelo sequestro da filha dela. – o homem desceu do cavalo e tirou o capacete preto. Tinha a expressão dura e fria de um verdadeiro membro do exército real. Significava que os ninjas estavam mortos. Os cabelos eram ruivos e os olhos verdes. Pegou a arma e apontou-a para Kakashi. O homem chutou as costas de Kakashi. – Me entregue a criança agora, te darei uma morte limpa.

Kakashi virou-se de lado, dando as costas ao homem. Precisava proteger a criança.

– Eu disse... – o ruivo chutou as costas do grisalho. – Me dê a criança. – chutou mais uma vez. – Muito bem. Em nome do Imperador, condeno-o à morte. – apontou a arma para Kakashi e um tiro foi ouvido.

Antes de apertar o gatilho, o homem parou em pé, estático. Uma mancha de sangue surgiu em seu abdômen e seu raio foi se alargando, até tomar toda a sua barriga e ele cair no chão. Ao longe, um Minato muito ferido apontava uma arma de fogo para o soldado do exército em cima de um cavalo.

– Senhor... Está tudo bem com você e a criança? – perguntou o loiro, descendo do cavalo.

– Com a criança sim. – respondeu Kakashi, entregando a criança a Minato. – Mas acho que eu quebrei mais uma costela. Os outros... Eles...?

– Eles estão feridos, mas bem. Nenhum tiro nos pegou, mas tivemos trabalho para derrubá-los dos cavalos e tomar posse deles. Esse aí se adiantou para tentar te pegar. Desculpe a falha. Hiashi vem aí. – o homem de cabelos longos cavalgou reto, em direção à vila, dando uma rápida olhada em Minato, Kakashi e na criança. Parecia ter caído no chão. Estava completamente sujo. – Acho que ele vai pedir ajuda. Inoichi está vindo logo atrás com o corpo da irmã dele. Pobre Sakuraku. O outro homem que estava na carroça, Gai, está esperando por ele em algum ponto da estrada.

Minutos depois, Hiashi retornou em seu cavalo, uma mulher loira, com seios fartos e olhos verdes logo atrás, na garupa. Ela era linda. Era uma boa visão após a corrida tortuosa que Kakashi havia acabado de ter.

– Minha querida sobrinha. – ela desceu do cavalo e correu na direção de Minato, para ver o pequeno bebê rosado nas bochechas, de tanto chorar, e no cabelo. – É verdade o que aconteceu com Sakuraku? – algumas lágrimas escaparam-lhe do rosto.

– Sim. – respondeu Minato. – Mas este homem conseguiu salvar a criança.

– Eu não salvei, eu só... – Kakashi não soube o que dizer.

A mulher loira virou-se para ele e correu em socorrê-lo.

– Meu bom homem, se você a trouxe até aqui você a salvou. Agora vou ajuda-lo. Tenho conhecimentos medicinais, posso cuidar de você se quiser. Depois podemos voltar à cidade e livrar você da culpa injusta que foi colocada sobre você.

Kakashi não gostaria de voltar para junto do domínio do Imperador. Se até aquela manhã não havia assumido um lado em toda a disputa, o modo como o soldado real havia atirado-o do cavalo sem preocupar-se com o bebê o fizera decidir. O jornal não importava mais.

– Não precisa. Gostaria de ficar aqui na vila, se eu puder. – disse Kakashi, colocando uma mão sobre as costelas quebradas.

– Você não é um ninja. – disse Hiashi.

– Mas irá ficar. Ele salvou um dos nossos. – defendeu Minato. – mas aviso-o: a proteção é temporária. Irá chegar o dia em que o exército caíra sobre nós. Meu caro senhor, como posso chama-lo?

– Me chamo Hatake Kakashi.

– Você dispõe de nossa hospitalidade. Perdoe o meu amigo. – Minato olhou feio para Hiashi.

– Tudo bem. – disse Kakashi, fazendo um gesto de indiferença.

– Agora, tragam-no para mim em minha casa. Vou cuidar dele. – disse a mulher loira, pegando a criança dos braços de Minato. – Ela nem ao menos possui um nome ainda. Não traz boas coisas colocar nome assim tão cedo. Mas acho que depois dessa aventura, já está na hora.

– Eu tenho um. – Kakashi levantou-se, apoiado em Minato. Lembrou-se do sonho. Se não a tivesse salvado, poderia ter sido sufocado pela mão impiedosa do arrependimento. – Sakura.


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Notas finais do capítulo

O engraçado é que eu achava que o capítulo teria só 500 palavras, mas eu fui escrevendo e escrevendo e aí deu no que deu. kkkk
E aí? Quero opiniões. :)