Eu era, enfim, capaz de senti-lo contra mim — Ilyusha Krat

Naquele tempo em que estávamos tristes pela perda do Teito e do Frau, eu descobri uma coisa: seu calor era bom.

Sempre que eu estava meio desanimado, quando eu tentava esconder a tristeza, você ainda via. Via as lágrimas invisíveis, e ficava ao meu lado. Abraçava-me, acalentava-me.

E... Você era quente.

Seu coração batia forte contra o meu, e eu sentia seu calor se espalhando pelo meu corpo. Pela primeira vez, você me abraçava e eu sentia o que deveríamos sentir. Porque, pela primeira vez, nós estávamos vivos enquanto nos abraçávamos.

Não um corpo reanimado pelos fantasmas... Mas o nosso corpo de volta. Nosso. Com coração batendo, calor de pele, e tudo isso. Quando eu lhe toquei, dessa vez, não senti aquele gelo desumano, e pude sentir o palpitar de seu coração contra minha mão.

E me senti realmente feliz.

Porque, apesar de ainda estar triste por termos perdido dois amigos importantes — duas pessoas de nossa família —, eu agora podia estar com você e saber como era de verdade.

Porque quando você me acalentava, eu podia senti-lo por completo.

E isso era o suficiente para retirar meus pensamentos de coisas infelizes, e acalmar minha mente. Isso servia perfeitamente para me animar.

E eu gostava.