(N/A: coloque carregar essa música: ~clica~)

-Isa, eu... – Largou o violão e vestiu a camiseta. Corou.

-Me desculpa! Eu te espero lá em baixo! – Falei tudo de uma vez, envergonhada tanto quanto ele.

-Não precisa, eu já tô descendo.

-Tua voz é linda.

-Obrigada...?

-Posso te perguntar uma coisa?

-Claro – me olhou nos olhos e coçou a nuca.

-Porque eu nunca tinha visto você tocar antes?

-Sei lá. Minha mãe, meu pai e a Gio são os únicos que sabem, eu acho.

-E porque você nunca contou? – Ele desviou o olhar, deu de ombros e correu até a sala e eu fui atrás.

-A gente podia colocar um colchão no chão, né? – Perguntei.

-Aham, você me ajuda pegar o lá do quarto de hóspedes?

-Claro.

Como quarto de hóspedes ainda fica no andar de baixo fomos rápidos. Jogamos as roupas de cama no canto do quarto e carregamos o colchão até a sala. Voltamos até o quarto de hóspedes e pegamos todos os travesseiros e almofadas. Pegamos também três edredons. Arrumamos tudo na sala, afastamos a mesa de centro para frente da televisão e pegamos cinco copos com gela para quando Linho e Lua chegassem do mercado com as "porcarias". Deitamos no colchão, que acabou ficando na frente dos sofás e eu contei aquele meu sonho/pesadelo e ele quase fez xixi na calça de tanto rir da minha cara. Ele chegou a ficar com soluço e eu tive que ir buscar água pra ele.

-Toma – Entreguei o copo a ele.

-Valeu.

-Idiota.

-Chata.

-Retardado.

-Não fui eu quem sonhou que o Sr. Fofinho tinha ficado surdo.

-E eu não tenho culpa do que eu sonho!

-Bobinha.

-Bocó – Falei e ele mordeu meu ombro. MORDEU meu ombro – Ai! Seu canibal insensível! – dei um tapinha (tapão) no braço dele.

-Desculpa, flor... – fez beiçinho.

-Tá bom, coisa cuti-cuti da tia! – Belisquei as bochechas dele igual àquelas tias velhas, sabe? E não, nós não somos bipolares. Ok, talvez um pouco. Só um tiquinho. Quase nada. Parei.

-Liga o rádio? – agora quem fez beiçinho fui eu. E funcionou. Pois é, ninguém resiste ao meu charme. E olha que eu nem sou convencida. Tava tocando hero, do Enrique Iglesias. Eu AMO essa música.  (N/a: play na música )

Would you dance

Você dançaria

If I asked you to dance?

Se eu te chamasse pra dançar?

Would you run

Você correria

And never look back?

E nunca olharia para trás?

Would you cry

Você choraria

If you saw me cryin'?

Se me visse chorando?

Would you save my soul tonight?

Você salvaria minha alma esta noite?

-Dança essa comigo? – ele me perguntou, estendendo a mão, e eu aceitei. Miguel colocou a mão em minha cintura e eu em sua nuca, enquanto as duas restantes ficavam ao lado de ambos os corpos.

Would you tremble

Você tremeria

If I touched your lips?

Se eu tocasse seus lábios?

Would you law?

Você sorriria?

Oh, please tell me this

Oh, por favor me diga isso

Now would you die

Agora você morreria

 For the one you love?

Por quem você ama?

Hold me in your arms tonight

Prenda-me em seus braços esta noite

Olhei em seus olhos e ele nos meus. Aquelas íris azuis e brilhantes me hipnotizaram, me congelaram. Em seus lábios formou-se um sorriso doce, inocente. Nossos pés brincavam com o chão, pareciam tentar testar a gravidade, flutuar.

-I can be your hero, baby – olhou-me nos olhos novamente, mais intensamente, parecia ler minha alma. Acompanhou a música. – I can Kiss away the pain – aproximou-se mais de mim, de meu corpo, de meu rosto – I Will stand by you forever – seus lábios brincavam com as palavras – You can take my breathe away – colou nossas testas e de repente a música parou, a sala ficou escura por um instante, mas logo a luz voltou, estragando todo o "clima". Miguel puxou minha mão e sentou no colchão, com as pernas cruzadas, naquela posição de índio, sabe? E eu deitei e joguei meus pés no seu colo. Seguiu-se um silêncio que, pelo menos pra mim, foi meio angustiante.