Quero voltar para casa depois de um dia cansativo no trabalho e ver suas fotos espalhadas pela estante da sala. Vou sorrir ao lembrar cada momento e nelas, haverá duas pessoas jovens, cheias de incertezas. Você, por sua vez, roubará toda a atenção pela beleza que carrega, pelos traços perfeitos e pelo olhar profundo. Eu sou a coadjuvante: a garota que sonhava demais, que passava horas numa fila e não media esforços para estar ao teu lado. A gente até formaria um belo casal, se não fossemos de realidades tão diferentes. Houve quem dissesse que você morava numa cidade ao norte do Paraná; outros, que moravas no céu, exercendo teu papel de estrela. Mas eu, intimamente, sabia que o teu lugar sempre foi aqui dentro, do lado esquerdo do peito. Ainda olhando as fotografias, coloco minha música preferida e, como de costume, ao ouvir tua voz um sorriso se desenha em meu rosto… depois outro, depois outro. O primeiro é espontâneo, inevitável, surreal; o segundo é porque, mesmo depois de tanto tempo, eu não consigo não sorrir ao te ouvir cantar; e o terceiro, mas não menos importante, é por eu ainda ser essa garota boba, que se derrete inteira por um cara que se faz presente em cada pequena coisa que ela faça. Eu quero que, independente de tudo, você seja a única certeza que vou levar aonde eu for. Que apesar da idade avançada, tua imagem continue nítida em minha memória e quero ter força para não padecer ao estremecer quando ouvir teu nome. Quero ser essa garota que te escreve cartas e que estará na primeira fila de algum show, pronta para te ver bilhar. Porque as estrelas realmente moram no céu, mas a minha tem duas pernas, um cabelo cuidadosamente arrepiado e uma voz capaz de curar qualquer ferida, até aquelas que a saudade abre.